Mauro Ferreira no G1

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quarta-feira, 18 de março de 2015

Conduzida por Domenico, Zabelê alça seguro voo solo em disco moderno

Resenha de CD
Título: Zabelê
Artista: Zabelê
Gravadora: Pommelo Distribuições
Cotação: * * * *

A voz e o visual de Zabelê Gomes escancaram o DNA da mãe, Baby do Brasil. Mas Zabelê - o álbum gestado em 2013, gravado em 2014 e lançado neste mês de março de 2015 - tira a cantora e compositora carioca de seu ninho familiar. Guiada por Domenico Lancellotti, produtor do disco mixado por Moreno Veloso, Zabelê alça voo seguro na rota contemporânea que pauta este seu ótimo primeiro trabalho solo. O CD alinha dez músicas inéditas assinadas por um dream team da moderna música carioca. A sonoridade e o repertório do disco conduzem Zabelê a um porto seguro e distante do pop industrializado do SNZ, pop ouvido nos três álbuns desse trio - formado por Zabelê com as irmãs Nãna Shara e Sarah Sheeva em 1999  - que virou dupla em 2003 com a saída de Sheeva e que foi desativado em 2009. Sim, há ecos do som de Baby do Brasil e de Pepeu Gomes nos anos 1980 no disco Zabelê, notadamente nas faixas Atenção (Marcelo Callado e Quito Ribeiro) e Cara de cão (Gustavo Benjão e Domenico Lancellotti), esta formatada com a voz adicional de Moreno Veloso e com as guitarras suingantes de Pedro Sá. Da mesma forma, Céu - parceria de Zabelê com Pedro Sá e com Domenico, criada no estúdio em clima de jam session - reverbera uma ideologia nova baiana em versos de espírito zen como "Sentir o calor / Rolar na tarde de sol / Saber perdoar / Ter paz". De todo modo, o disco tira Zabelê da asa da mãe e do pai. Mesmo que Prática seja música assinada por André Carvalho, filho do leãozinho novo baiano Dadi Carvalho, Zabelê parece ter encontrado a sua turma, longe da redoma familiar. E que turma! Produtor musical mais requisitado da atualidade para pilotar discos de A a Z, Kassin surpreende positivamente como compositor de uma das músicas mais saborosas do disco, Enquanto desaba o mundo, neobolero aclimatado na mesma atmosfera romântica e leve que ambienta Colado (Alberto Continentino e Domenico Lancellotti) e também Nossas noites (Alberto Continentino e Domenico Lancellotti). Contribuição da cantora e compositora paulistana Luísa Maita, Na paz sopra introspecção de tom etéreo que contrasta com o balanço extrovertido de Sabadá, música em que seu compositor Rubinho Jacobina cai no suingue com influência de mestres como o compositor e pianista acriano João Donato. Gravada com ótimo arranjo em que sobressai o fender rhodes pilotado pelo tecladista Ricardo Dias Gomes, Livre (Domenico Lancellotti) completa o repertório, evidenciando o único defeito do disco: o canto por vezes sem viço de Zabelê. Mas o fato é que o repertório e a sonoridade do álbum Zabelê são tão sedutores que encobrem eventuais apatias vocais (nesse ponto, a cantora não puxou a mãe), fazendo com que o disco solo de Zabelê Gomes já se imponha como a boa surpresa do ano fonográfico de 2015.

8 comentários:

Mauro Ferreira disse...

♪ A voz e o visual de Zabelê Gomes escancaram o DNA da mãe, Baby do Brasil. Mas Zabelê - o álbum gestado em 2013, gravado em 2014 e lançado neste mês de março de 2015 - tira a cantora e compositora carioca de seu ninho familiar. Guiada por Domenico Lancellotti, produtor do disco mixado por Moreno Veloso, Zabelê alça voo seguro na rota contemporânea que pauta este seu ótimo primeiro trabalho solo. O CD alinha dez músicas inéditas assinadas por um dream team da moderna música carioca. A sonoridade e o repertório do disco conduzem Zabelê a um porto seguro e distante do pop industrializado do SNZ, pop ouvido nos três álbuns desse trio - formado por Zabelê com as irmãs Nãna Shara e Sarah Sheeva em 1999 - que virou dupla em 2003 com a saída de Sheeva e que foi desativado em 2009. Sim, há ecos do som de Baby do Brasil e de Pepeu Gomes nos anos 1980 no disco Zabelê, notadamente nas faixas Atenção (Marcelo Callado e Quito Ribeiro) e Cara de cão (Gustavo Benjão e Domenico Lancellotti), esta formatada com a voz adicional de Moreno Veloso e com as guitarras suingantes de Pedro Sá. Da mesma forma, Céu - parceria de Zabelê com Pedro Sá e com Domenico, criada no estúdio em clima de jam session - reverbera uma ideologia nova baiana em versos de espírito zen como "Sentir o calor / Rolar na tarde de sol / Saber perdoar / Ter paz". De todo modo, o disco tira Zabelê da asa da mãe e do pai. Mesmo que Prática seja música assinada por André Carvalho, filho do leãozinho novo baiano Dadi Carvalho, Zabelê parece ter encontrado a sua turma, longe da redoma familiar. E que turma! Produtor musical mais requisitado da atualidade para pilotar discos de A a Z, Kassin surpreende positivamente como compositor de uma das músicas mais saborosas do disco, Enquanto desaba o mundo, neobolero aclimatado na mesma atmosfera romântica e leve que ambienta Colado (Alberto Continentino e Domenico Lancellotti) e Nossas noites (Alberto Continentino e Domenico Lancellotti). Contribuição da cantora e compositora paulistana Luísa Maita, Na paz sopra introspecção de tom etéreo que contrasta com o balanço extrovertido de Sabadá, música em que seu compositor Rubinho Jacobina cai no suingue com influência de mestres como o compositor e pianista acriano João Donato. Gravada com ótimo arranjo em que sobressai o fender rhodes pilotado pelo tecladista Ricardo Dias Gomes, Livre (Domenico Lancellotti) completa o repertório, evidenciando o único defeito do disco: o canto por vezes sem viço de Zabelê. Mas o fato é que o repertório e a sonoridade do álbum Zabelê são tão sedutores que encobrem eventuais apatias vocais (nesse ponto, a cantora não puxou a mãe), fazendo com que o disco solo de Zabelê Gomes já se imponha como a boa surpresa do ano fonográfico de 2015.

Rafael disse...

Eu ouvi o disco... Não chega ao ponto de entrar na lista dos melhores do ano, mas é até bom.

Raffa disse...

Tem umas cinco boas (Céu, Enquanto Desaba o Mundo, Atenção, Colado e Sabadá), duas que passam (Nossas Noites e Cara de Cão) e três meia boca (Prática, Na Paz e Livre).

Concordo com o Mauro quanto ao canto da Zabelê. Nem sempre um arranjo salva.

Vinicius Valente disse...

Onde posso ouvir este álbum?

lurian disse...

Achei o disco interessante. Melhor até do que a principio eu esperava. Fez lembrar o som pop da Baby Consuelo dos 80.

Marcelo disse...

É a nova Alice Caymmi!!!! ;)

Rafael disse...

Vinicius, o álbum pode ser ouvido gratuitamente no Deezer.

Anderson Nascimento disse...

Bom disco, muito bem tocado...me surpreendeu.