Mauro Ferreira no G1

Aviso aos navegantes: desde 6 de julho de 2016, o jornalista Mauro Ferreira atualiza diariamente uma coluna sobre o mercado fonográfico brasileiro no portal G1. Clique aqui para acessar a coluna. O endereço é http://g1.globo.com/musica/blog/mauro-ferreira/


quinta-feira, 30 de abril de 2015

Gadú revela, através de vídeo-teaser, título de seu terceiro álbum de estúdio

Guelã é o título do terceiro álbum de estúdio de Maria Gadú. O nome do disco - que chega ao mercado fonográfico em maio de 2015 em edição do selo Slap distribuída pela gravadora Som Livre - foi revelado pela cantora e compositora paulista através de vídeo-teaser postado em sua página oficial no Facebook. Guelã sucede Mais uma página (Slap / Som Livre, 2011) na discografia de estúdio da artista projetada em 2009. Ainda não divulgado, o repertório do disco é essencialmente inédito e autoral.

Autorizada, biografia de Vinil é grande reportagem que superestima o artista

Resenha de livro
Título: Kid Vinil - Um herói do Brasil
Autor: Ricardo Gozzi e Duca Belintani
Editora: Edições Ideal
Cotação: * * 1/2

"O fato é que não se pode falar em rock no Brasil sem falar em Kid Vinil". A sentença proferida ao fim do texto exposto na biografia autorizada do cantor, compositor, radialista, DJ e VJ paulista Kid Vinil dá o tom e a pista sobre o livro escrito pelo jornalista Ricardo Gozzi com o músico, professor e produtor musical Duca Belintani. Lançado para festejar os 60 anos completados pelo artista em 10 março deste ano de 2015, o livro Kid Vinil - Um herói do Brasil superestima a importância do artista, como cantor e compositor, na cena roqueira que emergiu e explodiu no Brasil na primeira metade dos anos 1980. Mais do que uma biografia, o livro é uma grande reportagem biográfica sobre Vinil. Os fatos são expostos sem um maior aprofundamento em narrativa guiada pelos depoimentos de Vinil aos autores do livro. A historia em si de Antonio Carlos Senefonte - um office-boy fissurado por música e discos que virou executivo de gravadora, popstar e radialista que apontou bandas e tendências na era pré-web - é muito boa. De certa forma, a biografia apresenta somente um lado dessa história, o lado de Kid Vinil. Mesmo sem o aprofundamento esperado em uma biografia, a narrativa flui bem. Kid Vinil é uma enciclopédia do rock. Sua maior contribuição ao longo de suas três décadas de carreira multimídia talvez tenha sido justamente compartilhar com generosidade seus conhecimentos musicais. Como popstar, Vinil teve seus 15 minutos de fama no posto de vocalista da banda Magazine, surgida a partir do Verminose, grupo de rock mais pesado que nunca chegou ao mainstream. Kid teve papel fundamental na composição de ambos os grupos, mas o Magazine foi o que lhe deu fama. Pegando a onda da New Wave, o grupo estourou em 1983 com Eu sou boy (Ted Gaz e Aguinaldo), música que parecia contar a história pregressa de Kid Vinil e que foi sucedida, em 1984, por outro grande hit radiofônico do Magazine, Tic tic nervoso (Marcos Serra e Antonio Luz). A regravação de Comeu - música lançada por seu compositor Caetano Veloso em 1984 e recriada pelo Magazine, a convite da TV Globo, para a abertura da novela A gata comeu (1985) - estendeu o sucesso da banda mais famosa de Kid Vinil. Mas o fato é que o Magazine não segurou a onda e as  pressões do sucesso e Kid Vinil, entre idas e vindas do Verminose, alcançou mais relevância desde então como antenado VJ e executivo de gravadoras como Eldorado e Trama (embora Vinil nunca tenha abandonado a carreira musical, desenvolvida às margens do mercado). Enfim, mesmo que os autores jamais escondam as rusgas e rixas surgidas ao longo do caminho, sua adoração por Kid Vinil está impressa em cada uma das 144 páginas da biografia autorizada. Sim, por sua improvável história de vida, Kid Vinil é um dos muitos heróis do Brasil. Mas o fato é que, sim, é possível falar em rock no Brasil sem falar em Kid Vinil.

Gravação ao vivo dos 40 anos do Ilê ganha edição comercial em DVD (e CD)

Lançado em 2014 pelo projeto Natura Musical sem distribuição comercial, o DVD comemorativo dos 40 anos de vida do grupo baiano Ilê Aiyê, Bonito de se ver, chega efetivamente ao mercado fonográfico neste mês de abril de 2015 - com outra capa - em edição da gravadora Universal Music. Além do DVD, a gravação ao vivo do show feito pelo Ilê na Concha Acústica do Teatro Castro Alves, em Salvador (BA), em 31 de janeiro de 2013, também está sendo editada no formato de CD. Clique aqui para conhecer o repertório de Bonito de se ver, gravação feita pelo Ilê Aiyê com adesões de cantores baianos como Carlinhos Brown, Daniela Mercury, Margareth Menezes e Saulo Fernandes, entre outros.

Zezé Di Camargo & Luciano se defendem com (mais um) DVD e CD ao vivo

A gravadora Sony Music põe nas lojas, em maio de 2015, o quinto registro audiovisual de show da dupla sertaneja Zezé Di Camargo & Luciano. O DVD registra show feito pelos irmãos goianos em 16 de janeiro deste ano de 2015 no Citibank Hall de São Paulo (SP). A gravação ao vivo vai estar disponível também no formato de CD. Em rotação desde março, o primeiro single de Flores em vida ao vivo é O defensor, música de Fred Liel e Marco Aurélio, inéditas nas vozes de Zezé e Luciano, mas já gravada por Fred em seu álbum Sertanejeiro (2014). No show captado para dar origem ao DVD, a dupla cantou mais uma música inédita em sua voz, Manda um sinal, tema do cancioneiro da dupla Carlos & Jader, mas tal composição saiu na seleção final do CD e DVD. Flores em vida ao vivo já está em pré-venda.

quarta-feira, 29 de abril de 2015

Disco em que Leila canta Billie espera liberação da Justiça para ser vendido

Por força das circunstâncias, o álbum em que a cantora carioca Leila Maria dá sua voz privilegiada e bela a músicas do repertório de Billie Holiday (1915 - 1959) talvez seja enfim lançado neste ano de 2015 em que o universo pop festeja o centenário de nascimento da cantora norte-americana de jazz. O disco Leila Maria canta Billie Holiday in Rio foi gravado e fabricado entre 2012 e 2013 com produção do pianista, compositor e arranjador Paulo Midosi. Só que continua aguardando aval da Justiça para ser comercializado porque o CD ficou vinculado ao espólio de um empresário do Norte do Brasil que patrocinou a gravação do disco, mas que faleceu antes da comercialização da primeira tiragem do CD, laureado na edição de 2014 do Prêmio da Música Brasileira na categoria Melhor álbum em língua estrangeira mesmo sem edição comercial. Tão logo se resolva a questão jurídica, a gravadora Biscoito Fino lançará o álbum em que Leila Maria canta o repertório de Billie Holiday com sua rara voz jazzística.

Eis a capa de 'A nova guarda', álbum autoral de Lafayette & os Tremendões

Com uma capa retrô, assinada pela designer Bady Cartier, o segundo álbum de Lafayette & Os Tremendões - grupo criado em 2004 no Rio de Janeiro (RJ) em torno da figura icônica do tecladista e organista carioca Lafayette Coelho Vargas Limp - vai ser lançado no fim de maio de 2015 pelo selo carioca Discobertas. Intitulado A nova guarda, o disco tem produção assinada por Berna Ceppas e Renato Martins. O repertório do sucessor do ótimo álbum As 15 super quentes de Lafayette & Os Tremendões (Arterial Music/Rob Digital, 2009) é inteiramente inédito, da lavra dos integrantes do grupo.

Eis, na ordem, as músicas e os compositores do disco 'Estratosférica' de Gal

Gal Costa gravou pela primeira vez uma música do compositor paulista Guilherme Arantes. Vou buscar você pra mim é uma das duas músicas exclusivas da edição digital do vindouro álbum Estratosférica. O outro bônus exclusivo da farta edição digital é Átimo de som, parceria dos compositores paulistas Arnaldo Antunes e Zé Miguel Wisnik. Com lançamento programado para 26 de maio de 2015, em edição da gravadora Sony Music, Estratosférica vai ser lançado nos formatos de vinil (com 12 músicas), de CD - com 14 músicas, sendo as 12 do vinil, Muita sorte (Lincoln Olivetti e Rogê) e a gravação de Ilusão à toa (Johnny Af, 1961) feita para a trilha sonora da novela Babilônia (TV Globo, 2015) - e em edição digital que inclui as 15 músicas inéditas e, como bônus desvinculado do conceito do disco, Ilusão à toa. Produzido por Kassin e Moreno Veloso sob direção artística de Marcus Preto, Estratosférica traz o último arranjo do maestro fluminense Lincoln Olivetti (1954 - 2015), falecido em 13 de janeiro. Lincoln arranjou a música-título Estratosférica, de autoria de Céu, Pupillo e Junio Barreto. Eis, na ordem, as músicas e os compositores do álbum de Gal - em foto de André Schiliró - que sucede Recanto (Universal Music, 2011) e o CD e DVD Recanto ao vivo (Universal Music, 2013):

Vinil
Lado A
1. Sem medo nem esperança (Arthur Nogueira e Antonio Cícero)
2. Jabitacá (José Paes Lira, Junio Barreto e Bactéria)
3. Estratosférica (Céu, Pupillo e Junio Barreto)
4. Ecstasy (João Donato e Thalma de Freitas)
5. Dez anjos (Milton Nascimento e Criolo)
6. Espelho d'água (Marcelo Camelo e Thiago Camelo)
Lado B
1. Quando você olha para ela (Mallu Magalhães)
2. Casca (Jonas Sá e Alberto Continentino, 2010)
3. Por baixo (Tom Zé)
4. Amor, se acalme (Arnaldo Antunes, Marisa Monte e Cezar Mendes)
5. Anuviar (Moreno Veloso e Domenico Lancellotti)
6. Você me deu (Zeca Veloso e Caetano Veloso)

CD
1. Sem medo nem esperança (Arthur Nogueira e Antonio Cícero)
2. Jabitacá (José Paes Lira, Junio Barreto e Bactéria)
3. Estratosférica (Céu, Pupillo e Junio Barreto)
4. Ecstasy (João Donato e Thalma de Freitas)
5. Dez anjos (Milton Nascimento e Criolo)
6. Espelho d'água (Marcelo Camelo e Thiago Camelo)
7. Quando você olha para ela (Mallu Magalhães)
8. Por baixo (Tom Zé)
9. Casca (Alberto Continentino e Jonas Sá, 2010)
10. Muita sorte (Lincoln Olivetti e Rogê)
11. Amor, se acalme (Arnaldo Antunes, Marisa Monte e Cezar Mendes)
12. Anuviar (Moreno Veloso e Domenico Lancellotti)
13. Você me deu (Zeca Veloso e Caetano Veloso)
14. Ilusão à toa (Johnny Alf, 1961) - faixa-bônus

Edição digital:
1. Sem medo nem esperança (Arthur Nogueira e Antonio Cícero)
2. Jabitacá (José Paes Lira, Junio Barreto e Bactéria)
3. Estratosférica (Céu, Pupillo e Junio Barreto)
4. Ecstasy (João Donato e Thalma de Freitas)
5. Dez anjos (Milton Nascimento e Criolo)
6. Espelho d'água (Marcelo Camelo e Thiago Camelo)

7. Quando você olha para ela (Mallu Magalhães)
8. Por baixo (Tom Zé)
9. Casca (Alberto Continentino e Jonas Sá, 2010)
10. Muita sorte (Lincoln Olivetti e Rogê)
11. Amor, se acalme (Arnaldo Antunes, Marisa Monte e Cezar Mendes)
12. Anuviar (Moreno Veloso e Domenico Lancellotti)
13. Você me deu (Zeca Veloso e Caetano Veloso)

14. Vou buscar você pra mim (Guilherme Arantes)
15. Átimo de som (Arnaldo Antunes e Zé Miguel Wisnik)
16. Ilusão à toa (Johnny Alf, 1961) - faixa-bônus

Amores Brutus edita single de disco que sairá em maio por selo de Arantes

Na sequência do lançamento do single A quem falaremos de amor, posto em rotação em 7 de abril de 2015, a banda paulista Amores Brutus apresenta hoje o segundo single, Natália, do álbum que vai lançar em 5 de maio em edição do selo Coaxo do Sapo, do cantor e compositor paulistano Guilherme Arantes. Intitulado Amores Brutus, o disco tem produção dividida entre Pedro Arantes, Gabriel Martini, Paulo Duarte  -  o vocalista (e também guitarrista) da banda -  e  Artur Gouveia  (o guitarrista do grupo). 

terça-feira, 28 de abril de 2015

Parceria de Tulipa com Felipe Cordeiro é o segundo single do álbum 'Dancê'

Na sequência de um primeiro single que frustrou expectativas, Proporcional (Tulipa Ruiz e Gustavo Ruiz), a cantora e compositora paulistana Tulipa Ruiz apresenta hoje, 28 de abril de 2015, o segundo single de seu álbum Dancê. Mais envolvente, Virou é a música eleita para continuar os trabalhos promocionais do álbum que tem lançamento programado para 5 de maio de 2015 em edição da Pomello Distribuições. A música surgiu em 2014 a partir de conexão da artista com o cantor, compositor e guitarrista paraense Felipe Cordeiro (com Tulipa na foto de Fábio Piva). Virou é parceria de Tulipa com Cordeiro, Gustavo Ruiz, Luiz Chagas e Manoel Cordeiro. As guitarras de Felipe Cordeiro - que canta a música com Tulipa - e de Manoel Cordeiro dão o toque nortista da faixa, formatada com a guitarra de Luiz Chagas, com o baixo de Marcio Arantes e com a percussão e bateria de Stephane San Juan.  Assim como Proporcional,  a faixa pode ser baixada no portal Natura Musical.

Virou
(Tulipa Ruiz, Felipe Cordeiro, Gustavo Ruiz, Manoel Cordeiro e Luiz Chagas)


Era pra ficar no chão. Deu pé, decolou.
Era pra ter sido em vão. Como é que durou?
Era pra ficar ali e por aí caminhou.
Era pra ser menos sério. Mais cara-de-pau.
Era para ser só nuvem e precipitou.
Podia não ter dado em nada.
Então como é que virou?

Varia o jeito de olhar.
Varia o jeito de ser.
Varia a hora e o lugar.
Só não varia você.
Varia o jeito de olhar.
Varia o jeito de ser.
Varia a hora e o lugar.
Só não varia...
Varia, veria, viria, voaria.
Voaria, viria, veria, varia.
Varia, veria, viria, voaria.
Voaria, viria, veria, varia.

Sem anúncio oficial, o fim do Kid Abelha pode ser tão somente um recesso

EDITORIAL - Nas entrevistas que vem concedendo para divulgar a agenda da turnê nacional de Transbordada, show baseado em seu homônimo terceiro álbum solo, Paula Toller tem admitido o fim do grupo Kid Abelha. Não haveria mais motivação para a gravação de discos e a criação de shows, argumenta a Abelha rainha. Contudo, esse fim jamais foi anunciado oficialmente, seja com um comunicado postado no Facebook ou enviado via assessoria. O que abre caminho para que o fim possa ser, a rigor, um recesso por tempo indeterminado. Certamente inexiste motivação no momento em que Paula - em foto de Flávio Colker - está na estrada para promover disco solo em que mais lembra o som do Kid. Até porque a resposta do público à turnê solo da cantora e compositora carioca tem sido muito boa Brasil afora. Não por acaso, Paula canta pela primeira vez muitos hits do Kid em show solo, favorecida pelo fato de a sonoridade pop do CD Transbordada (Som Livre, 2014) evocar a pegada da música do trio até então formado por Paula com George Israel e Bruno Fortunato. Mas outros outubros - e discos e shows - virão. E, dependendo de como se desenvolverem as carreiras individuais dos integrantes do grupo, pode ser que a motivação reapareça no futuro. Nesse caso, o fato de inexistir anúncio oficial do aposentadoria do Kid Abelha poupa Paula Toller, George Israel e Bruno Fortunato do constrangimento de, em um futuro incerto, admitir que o fim ora admitido informalmente foi tão somente recesso por tempo indeterminado, como acontece com muitas bandas no universo pop...

No céu, Elba oferece farto banquete de sons no show 'Do meu olhar pra fora'

Resenha de show
Título: Do meu olhar pra fora
Artista: Elba Ramalho (em foto de Mauro Ferreira)
Local: Teatro do Sesc Vila Mariana (São Paulo, SP)
Data: 25 de abril de 2015
Cotação: * * * * *

 Lançado em março de 2015 com distribuição da gravadora Coqueiro Verde, o 33º álbum de Elba Ramalho, Do meu olhar pra fora, é marco na discografia da cantora paraibana pela coesão do repertório e, sobretudo, pela sonoridade pop contemporânea formatada pelos produtores Luã Mattar e Yuri Queiroga. Intérprete de carga teatral, Elba consegue transpor para o palco - habitat natural dessa cantora que já foi atriz - a inquietude, a pressão e a coesão do disco. Em plena forma vocal, a cantora abre mão da teatralidade que regeu seu majestoso espetáculo anterior - Cordas, Gonzaga e afins (2014), gravado ao vivo para ser lançado em ainda inédito DVD - neste show igualmente primoroso, calcado mais na musicalidade do que na dramaticidade, ainda que o canto maturado da Leoa do Norte já embuta naturalmente a teatralidade depurada em 40 anos de palco. Do meu olhar pra fora exterioriza visões de uma artista que tem propagado sua fé na paz e no amor. O show repõe em pauta assuntos que interessam a Elba, mas sem cair em tom panfletário. Em cena, Elba oferece banquete de sons e signos harmonizados pela pegada pop do disco. Aberto com a récita do poema Feitio de oração (Waly Salomão, 2000), o segundo ato resulta especialmente antológico. É quando Nossa Senhora da Paz (Clayton Barros, Emerson Calado, José Paes Lira, Nego Henrique e Rafael Almeida, 2002) - música do repertório do desativado grupo pernambucano Cordel do Fogo Encantado (1997 - 2010) - traz toda luz que há no céu e brilha, acionando  o motor do show com pressão. Na sequência desse número emocionante, Ave anjo angelis (Jorge Ben Jor, 1964) - título menor do cancioneiro do Zé Pretinho - se afina em compasso próximo do rap com a aura desse momento de temas sagrados e sons profanos. Elba canta os mistérios do céu com a pegada da terra. Iguaria do roteiro, Banquete de signos (Zé Ramalho, 1980) é música jogada na lama do Mangue Beat, revolvendo o som icônico da Nação Zumbi e preparando o clima para o maracatu Nó cego (Pedro Osmar) - outra música gravada por Elba no seu segundo álbum, Capim do vale (CBS, 1980) - e para o oportuno revival de Caranguejo dance (Moraes Moreira, 1995), grande (e até então esquecida) música do álbum Paisagem (PolyGram, 1995). E também para Risoflora (Chico Science, 1994), declaração de amor de caranguejo apaixonado. Nesse vibrante segundo ato, encerrado com o rock-repente Fazê o quê? (Pedro Luís, 1997), Elba junta rock e maracatu, revolvendo as raízes nordestinas de seu repertório com as antenas parabolicamarás ligadas nas maravilhas contemporâneas do universo pop planetário. E o andar de Elba pelo mundo sempre foi aonde tem um forró, como ela já explicita na música que abre o primeiro ato, Olhando o coração (Dominguinhos e Climério Ferrreira, 2014). Sem negar essa andança festiva da artista, o show Do meu olhar pra fora repõe em cena Do jeito que a gente gosta (Severo e Jaguar, 1984) - música título de álbum lançado há 31 anos pela cantora, então no auge da popularidade e das vendas de discos - no arretado medley  que faz a festa forrozeira com a lembrança de dois sucessos do cantor e compositor paraibano Jackson do Pandeiro (1919 - 1982), Sebastiana (Rosil Cavalcanti, 1953) e Na base da chinela (Jackson do Pandeiro e Rosil Cavalcanti, 1962). A vinda dos sete músicos para a frente do palco, juntos e misturados com Elba, é o sopro de novidade que impede o número de soar déjà vu. Antes, Patchuli (Chico César) perfuma o baile com a essência de uma nordestinidade pop que também pauta a funkeada Só pra lembrar (Dani Black e Zélia Duncan). Banhada por músicas de várias latitudes, a nação nordestina propaga tanto um baião como Estrela miúda (João do Valle e Luiz Vieira, 1955) - iluminado pela vivacidade de Elba - quanto um reggae made in Bahia como Árvore (Edson Gomes, 1991), música fincada na positividade irradiada pelo disco e show Do meu olhar pra fora. Este título se afina na discografia da cantora - pelo arrojo, pela diversidade e pela sonoridade pop - com o antenado álbum Qual o assunto que mais lhe interessa? (Ramax / Brazimúsica!, 2007). Deste disco (mal) lançado há oito anos, Elba sagazmente pinça músicas como Dois pra sempre (Lula Queiroga, 2007), Noite severina (Pedro Luís e Lula Queiroga, 2001) - composição inspirada, valorizada em cena pela projeção de paisagem lunar - e Gaiola da saudade (Jam da Silva e Maciel Salú, 2007), música revivida com arranjo fiel ao do disco. Dois pra sempre é - com ressaltou a cantora em cena - balada com a cara das canções românticas de Dominguinhos (1941 - 2013), cuja obra é uma das referências da música nordestina. A presença eterna de Seu Domingos ronda o show, sobretudo em Contrato de separação (Dominguinhos e Anastácia, 1979) - número em que sobressai o acordeom de Meninão - e nas duas músicas que Elba amalgama em Do meu olhar pra fora em travessia atlântica que começa pelo fado Nos ares da Lisboa e voa direto até o Nordeste nas asas de Um passarinho enganador.  Parcerias de Dominguinhos com o compositor cearense Fausto Nilo, essas duas músicas foram gravadas simultaneamente por Elba e por Nilo, que as registrou no disco comemorativo de seus 70 anos de idade, Palavras abandonadas (Pão e poesia, 2014). No céu da vibração, Elba alça altos voos como cantora em Do meu olhar pra fora. Os graves encorparam sua voz agreste, que atinge os mesmos tons de outrora em Marim dos Caetés (Alceu Valença, 1983). Enfim, após discos e shows de menor ambição artística, Elba Ramalho vive novamente fase de plenitude, iniciada com seu projeto anterior Cordas, Gonzaga e afins. Do meu olhar pra fora é grande show à altura do disco que o inspirou, um (farto) banquete de signos e de sons que expõem a Flor da Paraíba em novo desabrochar.

Elba canta o que lhe interessa no roteiro de seu show 'Do meu olhar pra fora'

Elba Ramalho alinha assuntos e músicas que lhe interessam no roteiro do show Do meu olhar pra fora, cuja estreia nacional aconteceu em temporada no Sesc Vila Mariana, em São Paulo (SP), de 24 a 26 de abril de 2015. O diálogo sutil dos repertórios dos álbuns Do meu olhar pra fora (Coqueiro Verde Records, 2015) e Qual o assunto que mais lhe interessa? (Ramax / Brazilmusica!, 2007) - discos que se afinam pela sonoridade pop contemporânea e pelo leque mais aberto de ritmos - deu o tom do roteiro do show no qual a cantora paraibana também dá sua voz maturada a músicas da inicial fase agreste de sua obra fonográfica, casos de Nó cego (Pedro Osmar, 1980) e Banquete de signos (Zé Ramalho, 1980), recriadas na pegada incandescente do maracatu roqueiro da Nação Zumbi. E por falar no Mangue Beat, a intérprete mergulha na lama recifense para pescar Caranguejo dance (Moraes Moreira, 1995), pérola do álbum Paisagem (PolyGram, 1995). Estruturado em dois atos, o roteiro inclui versos do poema Feitio de oração (2000), da obra do escritor e compositor  baiano Waly Salomão (1943 - 2003). Produtor do álbum Do meu olhar pra fora ao lado de Luã Mattar, Yuri Queiroga pilota sintetizadores e guitarra na banda formada por Anjo Caldas (percussão), Durval Pereira (zabumba), Marcos Arcanjo (violão e guitarra), Meninão (acordeom), Ney Conceição (baixo) e Tostão Queiroga (bateria). Eis o roteiro seguido por Elba Ramalho - em foto de Mauro Ferreira - no teatro do Sesc Vila Mariana, em São Paulo (SP), na apresentação de 25 de abril de 2015 do show Do meu olhar pra fora

Ato 1
1. Olhando o coração (Dominguinhos e Climério Ferreira, 2014)
2. Só pra lembrar (Dani Black e Zélia Duncan, 2015)
3. Gostoso demais (Dominguinhos e Nando Cordel, 1986)
4. Árvore (Edson Gomes, 1991)
5. Canta coração (Geraldo Azevedo e Carlos Fernando, 1979)
6. Gaiola da saudade (Jam da Silva e Maciel Salu, 2007)
7. Estrela miúda (João do Valle e Luiz Vieira, 1953)
8. Patchuli (Chico César, 2015)
9. Noite severina (Lula Queiroga e Pedro Luís, 2001)
10. Dois pra sempre (Lula Queiroga, 2007)
11. Nos ares de Lisboa (Dominguinhos e Fausto Nilo, 2014) /
      Um passarinho enganador (Dominguinhos e Fausto Nilo, 2014)
12. Contrato de separação (Dominguinhos e Anastácia, 1979)
13. É o que me interessa (Lenine e Dudu Falcão, 2008)
14. Sebastiana (Rosil Cavalcanti, 1953) /
      Do jeito que a gente gosta (Severo e Jaguar, 1984) /
      Na base da chinela (Jackson do Pandeiro e Rosil Cavalcanti, 1962) 
15.  Feira de mangaio (Sivuca e Glória Gadelha, 1977) - número instrumental 
Ato 2 
    Feitio de oração (Waly Salomão, 2000) - texto
16. Nossa Senhora da Paz (Clayton Barros, Emerson Calado, José Paes Lira, Nego Henrique e Rafael Almeida, 2002)
17. Ave anjo angelis (Jorge Ben Jor, 1964)
18. Marim dos Caetés (Alceu Valença, 1983)
19. Banquete de signos (Zé Ramalho, 1980)
20. Nó cego (Pedro Osmar, 1980)
21. Caranguejo dance (Moraes Moreira, 1995)
22. Risoflora (Chico Science, 1994)
23. Fazê o quê? (Pedro Luís, 1997)
Bis:
24. De volta pro aconchego (Dominguinhos e Nando Cordel, 1985)
25. Dia branco (Geraldo Azevedo e Renato Rocha, 1981)
26. Chão de giz (Zé Ramalho, 1978)
26. Banho de cheiro (Carlos Fernando, 1983)
27. O que será? (À flor da pele) (Chico Buarque, 1976) - a capella
28. Patchuli (Chico César, 2015)

segunda-feira, 27 de abril de 2015

Fregonesi põe seu samba autoral na rua em CD e em DVD que trazem Beth

Ainda inédito no mercado fonográfico, o DVD gravado pelo cantor e compositor carioca Leandro Fregonesi para o Canal Brasil - com repertório inteiramente autoral - gerou CD a ser lançado com distribuição da gravadora Som Livre. O CD vai chegar às lojas com o diferencial de ter Beth Carvalho (com Fregonesi na foto de Mara Oliveira). A cantora carioca pôs voz em medley que agrega dois sambas de Fregonesi - Chega (Leandro Fregonesi e Rafael dos Santos) e Samba mestiço (Leandro Fregonesi, Rafael dos Santos e Ciraninho) - que Beth já gravou em seu último álbum de estúdio, Nosso samba tá na rua (Andança / EMI Music, 2011). No DVD, Beth não canta, mas dá depoimento avalizador da qualidade da produção autoral do jovem sambista. Neste projeto autoral, Fregonesi registra músicas como Cavaleiro de Jesus (Leandro Fregonesi e Chico Donadoni), Já vai tarde (Leandro Fregonesi e Guilherme Sá), Quando o galo cantou (Leandro Fregonesi e Helena Pinheiro), Sinhá Maria (Leandro Fregonesi), Vai ter fuzuê (Leandro Fregonesi e João Martins) e Velhas paredes (Leandro Fregonesi e Ivor Lancellotti), entre outras músicas novas.

Leila dá voz a uma inédita parceria sua com Zélia em seu EP 'Por onde eu for'

Compositora bissexta, a cantora paraense Leila Pinheiro tem uma parceria inédita com a cantora e compositora fluminense Zélia Duncan. Composta há alguns anos, mas nunca gravada em disco, esta música vai ganhar seu primeiro registro fonográfico. E vai ser na voz da própria Leila Pinheiro. Trata-se de uma das quatro músicas de Por onde eu for, EP arquitetado por Leila - em foto de Washington Possato - para este ano de 2015. Ao garimpar repertório para o disco (e para o show que já vai estrear em junho de 2015), Leila encontrou inéditas de Adriana Calcanhotto (o samba-título Por onde eu for, de 2011), Fátima Guedes (Súbita primavera,  samba criado com Moacyr Luz) e Marina Lima, entre outros.

Emicida grava faixa com Vanessa da Mata para álbum de conexões africanas

Iniciadas na África, mais precisamente em Luanda (Angola) e Praia (Cabo Verde), as gravações do segundo álbum de estúdio do rapper paulistano Emicida estão prosseguindo em São Paulo (SP). Nesta fase paulista de formatação do disco, o artista gravou faixa em dueto com Vanessa da Mata (com Emicida na foto de Ênio César). A cantora mato grossense é a convidada de Passarinhos, música inédita de Emicida. Produzida por Marcos Xuxa Levy, parceiro de Emicida na composição do tema, a faixa Passarinhos foi gravada com o toque de músicos de Cabo Verde como o guitarrista Kaku Alves. Viabilizado com patrocínio do projeto Natura musical, o álbum de Emicida tem os toques de vários instrumentistas africanos (de Luanda e Praia) e já está em fase de finalização. O lançamento está programado para o segundo semestre deste ano de 2015, com a distribuição da gravadora Sony Music.

Maria Rita sinaliza que provavelmente vai (re)cair no samba no próximo álbum

"Meu próximo disco provavelmente vai ser novamente de samba". Dita em entrevista publicada na edição deste mês de abril da revista Rolling Stone, a frase de Maria Rita - em foto de Vicente de Paulo - sinaliza que a cantora vai (re)cair no samba quando alinhavar o conceito do sucessor do álbum Coração a batucar  (Universal Music, 2014), requintado disco recebido com (justos) elogios pela crítica.

domingo, 26 de abril de 2015

Sepultura apresenta música inédita, inspirada pelo 'lado negro da literatura'

O grupo mineiro Sepultura lançou ontem, 25 de abril de 2015, no portal SoundCloud a gravação de uma música inédita, DarkSide, inspirada pelo lado negro da literatura. A gravação foi feita para a editora brasileira DarkSide Books, com a qual a banda de heavy metal já havia colaborado há dois anos com o prefácio - assinado pelo guitarrista Andreas Kisser - de biografia do grupo britânico Black Sabbath, Destruição desencadeada (2013). Enquanto a editora promove a gravação inédita de DarkSide, o Sepultura se prepara para lançar, em 5 de junho, um novo fonograma, Sepultura under my skin, single cuja arte gráfica está sendo feita com a colaboração mundial de fãs do grupo.

Teló lança 'Coração cansou', 'single' em que assina a produção e os arranjos

Michel Teló vai lançar amanhã, 27 de abril de 2015, single inédito, Coração cansou. A música é de autoria de Pedro Viana, Silmara Nogueira e Ninho. Teló assina produção e arranjos da faixa - programada para chegar nas rádios e na web  -  em parceria com Marcinho Hipólito e Teófilo Teló.

Mosquito tenta sorte no mercado com EP digital que dá prévia de seu álbum

Com o aval de Caetano Veloso e a estrutura da Uns & Outros Produções, empresa de Paula Lavigne, Mosquito - nome artístico do cantor e compositor carioca Pedro Assad Medeiros Torres - lança EP nas plataformas digitais através da gravadora Sony Music. Puxado pelo samba Ô sorte (Mosquito, Tinho Brito e Márcio Claro), já em rotação na trilha sonora da novela Babilônia, o EP de cinco músicas da prévia do álbum que Mosquito vai lançar em junho deste ano de 2015 via Sony Music. No disco, o sambista canta músicas como o partido alto Vou ver Juliana (Mosquito e Tinho Brito).  Xande de Pilares é o convidado da faixa  O amor mandou dizer  -  samba feito por Xande em parceria com Gilson Bernini.

Marina vai fazer em São Paulo a gravação ao vivo de seu belo show 'No osso'

Marina Lima vai aproveitar a minitemporada do show No osso no Sesc Belenzinho - em São Paulo (SP), de 1º a 3 de maio - para fazer o registro ao vivo deste recital de voz & violão que estreou em junho de 2014 na mesma cidade de São Paulo (SP) em que vai ser gravado, sob a direção de Candé Salles, para edição de CD e DVD. No show, a cantora e compositora de origem piauiense e alma carioca - em foto de Rodrigo Goffredo - apresenta o inédito samba Da Gávea entre títulos menos ouvidos de seu cancioneiro autoral como o rock Acho que dá (Marina Lima e Tavinho Paes, 1982). Clique aqui para ler em Notas Musicais a resenha do show No osso,  o solo da paixão de Marina Lima pela (sua) música.

sábado, 25 de abril de 2015

Levadas sustentam o show em que Anelis se banha em águas jamaicanas

Resenha de show 
Título: Anelis Assumpção & os Amigos Imaginários
Artista: Anelis Assumpção (em foto de Rodrigo Goffredo)
Local: Teatro do Oi Futuro Ipanema (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 24 de abril de 2015
Cotação: * * * *
Em cartaz até 25 de abril de 2015 no projeto Levada, do teatro do Oi Futuro Ipanema (RJ)

Anelis Assumpção se banha na praia do reggae e do dub em seu segundo álbum solo, Anelis Assumpção & os Amigos Imaginários (Scubidu Records / Pommelo Distribuições, 2014). Mas seria redutor restringir o azeitado som da cantora e compositora paulistana ao universo musical jamaicano. Há também levadas cubanas, batidas de rap, pegadas de rock e prosódias que evocam a obra desassossegada do compositor paulistano Itamar Assumpção (1949 - 2003), pai da artista. Aliás, é sintomático que a estreia carioca do show baseado no segundo álbum de Anelis tenha sido feita em projeto intitulado Levada, cuja quarta edição teve início neste último fim de semana de abril de 2015 no teatro do Oi Futuro Ipanema. Afinal, o som de Anelis - como visto e ouvido no show da noite de ontem, 24 de abril de 2015 - seduz mais pelo groove do que pelas músicas em si, embora Anelis tenha mostrado no segundo álbum notória evolução na sua produção autoral em relação ao primeiro CD solo, Sou suspeita, estou sujeita, não sou santa (Scubidu Records, 2011). Mas há algo mais do que o balanço sustentado pela banda entrosada e afiada na qual sobressai o sopro viçoso de Edy Trombone. As letras espertas apontam desde a primeira música do roteiro, Cê tá com tempo? (Anelis Assumpção, 2014), cantora e compositora disposta a jogar conversa dentro. E a conversa é tida várias vezes na cadência do reggae e do dub, gêneros que dão o tom de músicas como Neverland (Anelis Assumpção e Beto Villares, 2011), Mau juízo (Anelis Assumpção, 2014) - tema que embute citação de The firs time ever I saw your face (Ewan MacColl, 1957) - e Secret (Anelis Assumpção e Cris Scabello, 2011). Já Song to Rosa (Anelis Assumpção, 2014) atinge a velocidade do ska. Nenhuma novidade para quem já conhece o som e as preferências musicais de Anelis. A surpresa do roteiro foi a inédita Se a água acabar, (boa) parceria com o compositor paulistano Rodrigo Campos que faz na letra analogia entre a aridez afetiva - com versos inspirados como "Me castiga na secura / Me afoga na poeira" - e a escassez de água que assusta e assola a cidade de São Paulo (SP). Outro destaque do roteiro e do disco Amigos Imaginários é Devaneios (2014), música em que Anelis canta no show o rap que, no álbum, está confiado ao baiano Russo Passapusso, parceiro da artista na excelente composição. No bis, a lembrança de Mil e uma noites de Bagdá (Jorge Mautner e Nelson Jacobina, 1976) - número recorrente nos shows da artista desde a turnê do primeiro álbum solo - é respiro pop em roteiro que volta a se banhar em águas jamaicanas com o cover de You don't love me (No, no, no) (Dawn Penn, Bo Diddley e Willie Cobbs, 1994), sucesso da cantora Dawn Penn. Enfim, ao lado dos amigos reais de sua superbanda não creditada em cena pela cantora, Anelis Assumpção consolida neste show dançante, calcado no groove, a evolução exposta no disco editado em 2014.

Anelis dá voz em show no 'Levada' à inédita composta com Rodrigo Campos

"Se a água acabar / Vou te deixar / Eu te avisei mais de uma vez / Você não quer acreditar", alertou Anelis Assumpção no refrão de Se a água acabar. Música inédita, composta pela artista paulistana em parceria com o conterrâneo Rodrigo Campos, Se a água acabar foi a boa surpresa do roteiro do show Amigos imaginários, baseado no segundo homônimo álbum da cantora e compositora. A música foi cantada pela primeira vez por Anelis na estreia carioca do show, agendada dentro da programação da quarta edição do projeto Levada, em cartaz no teatro do Oi Futuro Ipanema, no Rio de Janeiro (RJ). Outra novidade - na voz de Anelis - foi a citação em Mau juízo (Anelis Assumpção, 2014) da canção The first time ever I saw your face (Ewan MacColl, 1957), sucesso em vozes norte-americanas como a da cantora Roberta Flack. Novidades à parte, o mote da apresentação feita na noite de ontem, 24 de abril de 2015, foi o repertório do álbum Amigos imaginários (Scubidu Records, 2014), do qual a artista cantou músicas autorais como Devaneios (Anelis Assumpção e Russo Passapusso, 2014) e Song to Rosa (Anelis Assumpção, 2014). Fora da seara autoral, a cantora deu voz no bis a reggae da cantora jamaicana Dawn Penn, You don't love me (No no, no), de 1994. Eis o roteiro seguido em 24 de abril de 2015 por Anelis Assumpção - em foto de Rodrigo Goffredo - na estreia carioca de Amigos imaginários, show que fica em cartaz até 25 de abril no projeto Levada, do Oi Futuro Ipanema, no Rio:

1. Cê tá com tempo? (Anelis Assumpção, 2014)
2. Eu gosto assim (Anelis Assumpção, 2014)
3. Mau juízo (Anelis Assumpção, 2014) /
    The first time ever I saw your face (Ewan MacColl, 1957)
4. Por quê? (Anelis Assumpção, 2014)
5. Secret (Anelis Assumpção e Cris Scabello, 2011)
6. Se a água acabar (Anelis Assumpção e Rodrigo Campos) - Música inédita em disco
7. Inconcluso (Anelis Assumpção, 2014)
8. Song to Rosa (Anelis Assumpção, 2014)
    Ba ba boom (The Jamaicans, 1967)
9. Devaneios (Anelis Assumpção e Russo Passapusso, 2014)
10. Como é gostoso (Anelis Assumpção, 2011)
11. Neverland (Anelis Assumpção e Beto Villares, 2011)  
12. Toc toc toc (Anelis Assumpção, 2014
Bis:
13. Mil e uma noites de Bagdá (Jorge Mautner e Nelson Jacobina, 1976)
14. Not falling (Anelis Assumpção e Giba Nascimento, 2012)
15. You don't love me (No, no, no) (Dawn Penn, Bo Diddley e Willie Cobbs, 1994)

       - com citação de música de Anelis Assumpção com Arruda

Ary, Edu e Tom são vertidos para o espanhol por Estrella no CD Amar en paz

Música que se tornou clássico instantâneo do repertório do cantor e compositor carioca Edu Lobo desde que foi lançada em 1967, Pra dizer adeus (Edu Lobo e Torcuato Neto) é vertida para o espanhol e para o idioma musica do flamenco em Amar en paz, sexto álbum de Estrella Morente, cantora espanhola de música flamenca. Gravado pela intérprete com a guitarra do espanhol Niño Josele, o álbum Amar en paz está sendo editado no Brasil pela Sony Music neste mês de abril de 2015, seis meses após ter sido lançado na Espanha em outubro de 2014 pelo selo de Fernando Trueba, Calle 54 Records, com distribuição da Sony Music. O repertório do disco é dedicado à música brasileira. Além de Pra dizer adeus, Morente dá voz a versões em espanhol de Atrás da porta (Francis Hime e Chico Buarque, 1972), Carinhoso (Pixinguinha e João de Barro, 1937). Fruta boa (Milton Nascimento e Fernando Brant, 1983), Pra machucar meu coração (Ary Barroso, 1943), Manhã de Carnaval (Luiz Bonfá e Antonio Maria, 1959), Rosa (Pixinguinha e Otávio de Souza, 1917), Se todos fossem iguais a você (Antonio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes, 1956)  e  Solidão (Dolores Duran. 1958), entre outras.

Trio gaúcho Dingo Bells apresenta o álbum 'Maravilhas da vida moderna'

Trio gaúcho que vem ganhando projeção na cena indie brasileira, Dingo Bells lança seu primeiro álbum, Maravilhas da vida moderna, neste mês de abril de 2015. Cinco anos após a edição do EP Dingo Bells (Independente, 2010), Rodrigo Fischmann (voz, bateria e percussão), Diogo Brochmann (voz, guitarra e teclados) e Felipe Kautz (voz e baixo) voltam ao mercado fonográfico com disco produzido por Marcelo Fruet. Disponível para download gratuito no site oficial do grupo, o álbum alinha 11 músicas inéditas e autorais. Entre elas, Anéis de Saturno, Bahia, Dinossauros, Eu vim passear e Mistério dos 30.  Maravilhas da vida moderna  já sai também em edição física.

sexta-feira, 24 de abril de 2015

'#AC ao vivo' mostra que Ana Carolina bate pé ao se jogar na pista autoral

Resenha de CD e DVD
Título: #AC ao vivo
Artista: Ana Carolina
Gravadora: Armazém / Sony Music
Cotação: * * *

Editado em CD simples, CD duplo e DVD, registro ao vivo do show #AC (2014) flagra Ana Carolina em momento de desgaste de sua obra autoral. Seria injusto acusar a cantora e compositora de mineira de estagnação. Calcado no groove, o álbum #AC (Armazém / Sony Music, 2014) significou tentativa de renovação, jogando a artista em outra pista e deixando as baladas românticas em segundo plano. A questão é que a irregularidade do repertório do álbum #AC salta aos ouvidos no registro ao vivo do show dirigido por Monique Gardenberg. Tal inconstância é potencializada no DVD e no CD ao vivo pelo confronto com canções da melhor fase da discografia da cantora, a do período que vai de 1999 - ano do lançamento do primeiro álbum e da projeção de Ana em escala nacional - até 2003, ano de Estampado (BMG), último ótimo álbum da artista. O medley com Nua (Ana Carolina e Vitor Ramil, 2003), Pra rua me levar (Ana Carolina e Totonho Villeroy, 2001) e Uma louca tempestade (Bebeto Alves e Totonho Villeroy, 2003) acentua a saudade de uma cantora menos imune aos vícios corrosivos do mercado fonográfico. Tanto que, sintomaticamente, o número de maior sucesso do show - perpetuado com capricho nesse DVD filmado sob a direção de Pedro Secchin - foi uma das poucas músicas do roteiro compostas fora da seara da compositora orgulhosa de sua produção autoral. Trata-se da forte canção Coração selvagem (Belchior, 1977), sucesso há 38 anos na voz do atualmente sumido cantor e compositor cearense Belchior. Coração selvagem bate no DVD em tom mais suave do que o das primeiras interpretações da canção por Ana. Pela própria natureza passional, a canção até permitiria arroubos de interpretação. Mas Ana vem dosando seus tons e, quando não carrega nas tintas vocais, costuma se confirmar a grande cantora que é. Mas Ana vem evitando correr perigo, andar na contramão, pecar (nem que seja pelo excesso) e arriscar. Em #AC, show baseado no sexo e na eletrônica que arranha Garganta (Totonho Villeroy, 1999), a cantora joga na pista sua libido e suas certezas (clique aqui para ler a resenha da estreia do show e aqui para ler o roteiro original) sem arriscar para valer. #AC ao vivo mostra que a cantora já está brilhando mais do que a compositora. Se de 1999 a 2003 houve um equilíbrio, a balança tem pendido a favor da cantora ao longo da última década. O que não seria um problema em si, se viesse por aí um possível disco de intérprete (aparentemente fora dos planos). Do jeito que está, #AC ao vivo reitera o que o público mais atento de Ana Carolina já percebeu há anos: já passa da hora de a compositora renovar seu repertório, não com grooves, mas com abertura de parcerias que possam abrir outras janelas, outras possibilidades, outras cores, enfim, para uma obra autoral que tem exposto poucos matizes.

Ivan refaz cantoria em 'América, Brasil' para celebrar seu encontro com Vitor

Resenha de CD
Título: América, Brasil
Artista: Ivan Lins
Gravadora: Som Livre
Cotação: * * * 1/2

Ivan Lins está repondo seu bloco na rua. América, Brasil – álbum ora lançado pela gravadora Sony Music – é título com baixo teor de novidade para colecionadores da discografia do cantor e compositor carioca. A rigor, o CD apresenta uma única música inédita em disco, o samba Luxo do lixo, composto em 1981 por Ivan com Vitor Martins para bloco carioca que não chegou a desfilar. Mas a grande maioria das 14 músicas do álbum vai soar como inédita porque trata-se - como o próprio Ivan caracteriza - de “canções perdidas” em discos promovidos com outras músicas. Ou então gravadas sem grande repercussão por cantoras como Simone e Leny Andrade, intérprete original de Cantor da noite (1984), samba-canção – até então inédito na voz de seu compositor - que se ajusta à tonalidade aconchegante do arranjo criado por Ivan com o pianista Marco Brito, produtor do álbum ao lado do próprio Ivan. Com perdas que se transformam em ganhos, América, Brasil – disco idealizado em 2014 – celebra os 40 anos da parceria de Ivan com o letrista paulista Vitor Martins, parceiro de todas as 14 músicas. Foi a partir do encontro de Ivan com Vitor, em 1974, que o cancioneiro desse compositor carioca ganhou relevância e amplitude na MPB engajada dos anos 1970. Essa obra guarda joias raras no baú. Tanto que o disco presta favor à memória nacional em reavivar pérolas como Joana dos Barcos (1975) e  Cantoria (1978), uma das composições da dupla que resistiu por meio de metáforas ao autoritarismo do regime militar instaurado no Brasil em 1964. Ao reencontrar suas canções perdidas, Ivan busca outros (ricos) caminhos harmônicos, recriando a criação com requinte intimista. Que quer de mim? (1993) tem acento bluesy acentuado pelo toque da guitarra do uruguaio Leo Amuedo sem perder a ternura que pauta os arranjos. Por seu tom mais íntimo, América, Brasil favorece canções mais densas como E aí? (Ivan Lins e Vitor Martins, 1991), tema lançado em disco na voz de Selma Reis e que, com Ivan, cai em tom jazzy no toque do piano de Marco Brito enquanto lembra que o amor é a coisa mais triste quando se desfaz. De romantismo sensual, Voar (2004) também alcança boa altitude no álbum, assim como a plácida Água doce (1993). Já os temas de maior brasilidade, caso do congado Do Oiapoque ao Chuí (1984), carecem por vezes de maior vivacidade, pela natureza expansiva. Nessa seara, o destaque é o samba Enquanto a gente batuca (1982), única parceria de Ivan e Vitor com Nei Lopes, promovida por Beth Carvalho para seu álbum Traço de união (RCA, 1982). Até inédito na voz de Ivan, o samba soa atual. Já Coragem, mulher (1980) sobressai no disco por juntar dois traços marcantes do cancioneiro da dupla nos anos 1970: a politização e a feminilidade. Tal como Chico Buarque, Ivan Lins e Vitor Martins sempre souberam compor músicas para vozes de mulheres com alma de mulher. Enfim, América, Brasil é um disco de lados B, que ignora o luxo do luxo. Mas o B de Ivan Lins e Vitor Martins sempre ostentou qualidade A - como prova a bela canção De nosso amor tão sincero (1988), adornada com o toque da gaita do suíço Gregoire Maret em medley que culmina com citações de Vitoriosa (1985) e Depende de nós (1981). Ou seja, não há lixo nesse cancioneiro já quarentão. O que justifica a reposição (de parte...) do bloco na rua no revisionista CD América, Brasil.

Eis as músicas de 'Carbono', disco em que Lenine abre e expande parcerias

Com lançamento agendado para 30 de abril de 2015, Carbono - álbum de repertório autoral gravado por Lenine com produção dividida entre JR Tostoi, Bruno Giorgi e o artista pernambucano - alinha 11 músicas inéditas. No álbum, Lenine abre algumas  parcerias (com Nação Zumbi, Vinicius Calderoni e Marco Polo) e expande outras (com Carlos Rennó, Lula Queiroga e Dudu Falcão) já recorrentes em sua discografia solo. Carbono também marca conexões do artista com nomes como Carlos Malta, Orkestra Rumpilezz, Marcos Suzano, Martin Fondse Orchestra e Tó Brandileone, convidados da gravação feita no Rio de Janeiro (RJ) neste ano de 2015. Eis - na ordem do CD que vai chegar ao mercado fonográfico com distribuição da Universal Music -  as 11 músicas autorais do álbum Carbono:

1. Castanho (Lenine e Carlos Posada)
2. O impossível vem pra ficar (Lenine e Vinicius Calderoni)
3. À meia-noite dos tambores silenciosos (Lenine e Carlos Rennó)

     - com Letieres Leite e Orkestra Rumpilezz
4. Cupim de ferro (Lenine, Pupillo, Dengue, Lúcio Maia e Jorge Du Peixe)
     - com Nação Zumbi
5. A causa e o pó (Lenine e João Cavalcanti) - com Carlos Malta
6. Quedé água? (Lenine e Carlos Rennó) - com Marcos Suzano
7. Simples assim (Lenine e Dudu Falcão)
8. Quem leva a vida sou eu (Lenine)
9. Grafite diamante (Lenine e Marco Polo)
10. O universo na cabeça do alfinete (Lenine e Lula Queiroga)

       - com Martin Fondse Orchestra
11. Undo (Lenine, Pântico Rocha, Guila, JR Tostoi e Bruno Giorgi)

Fundador do Trio Parada Dura em 1973, Mangabinha sai de cena aos 73 anos

Carlos Alberto Ribeiro (16 de março de 1942 - 23 de abril de 2015), o Mangabinha, saiu de cena aos 73 anos, mas deixou vasta legião de admiradores no universo sertanejo por ter sido um dos fundadores, em 1973, do Trio Parada Dura, cultuado grupo de modões do qual Mangabinha era até ontem o único remanescente da formação original. Cantor e sanfoneiro, Mangabinha era mineiro de Corinto (MG), tendo saído de cena na capital de seu Estado natal, Belo Horizonte (MG), vítima de infarto e de complicações decorrentes de diabates. Mas o passo decisivo para a consolidação da carreira musical, iniciada em 1970, foi dado em São Paulo (SP) com a criação do Trio Parada Dura em 1973. A primeira formação do trio – com Mangabinha, Delmir e Delmon – foi efêmera, durando somente dois anos. Foi ao lado de Creonte e Barrerito que, a partir de 1975, o Trio Parada Dura se tornou ícone do universo sertanejo, emplacando sucessos como As andorinhas (Darci Rossi, Alcino Alves e Rosa Quadros, 1985), Homem de pedra (Correto e Creone, 1978) e Telefone mudo (Franco e Peão Carreiro, 1983). Com mistura do som caipira com o tom sentimental da canção brega, fusão atualmente banalizada no universo sertanejo, o Trio Parada Dura fez música já enraizada na memória afetiva de cantores do gênero como o goiano Leonardo. Paralelamente ao trabalho com o trio, cujo nome que foi parar na Justiça por conta de racha entre Mangabinha e Creone em 2006, Mangabinha construiu carreira solo, tendo gravado mais de 20 discos individuais.

quinta-feira, 23 de abril de 2015

Canção (pop) de Mallu vai promover o álbum que Gal lançará em 26 de maio

Com lançamento previsto para 26 de maio de 2015, em edição da gravadora Sony Music, o álbum Estratosférica - gravado por Gal Costa com produção de Moreno Veloso e Kassin - tem pegada rocker, mas abre janela para o pop radiofônico em canções como Amor, se acalme (Arnaldo Antunes, Marisa Monte e Cezar Mendes). Uma dessas canções - Quando você olha para ela, de autoria da cantora e compositora paulistana Mallu Magalhães - foi escolhida para ser o primeiro single promocional oficial do álbum. Na sequência da edição do single Ilusão à toa (Johnny Alf, 1961), lançado nas plataformas digitais em 14 de abril de 2015 somente pelo fato de a faixa-bônus de uma das edições físicas do disco estar incluída na trilha sonora da novela Babilônia (TV Globo, 2015), Gal - em foto de Daniela Toviansky - vai começar a divulgar a canção pop de Mallu.  Está prevista a gravação de clipe.

Banda Vespas Mandarinas lança DVD em que canta até Ira! com Scandurra

Banda paulistana de rock, Vespas Mandarinas lança seu primeiro DVD com registro audiovisual do show inspirado por seu primeiro álbum, Animal nacional (Vigilante / Deck, 2013). Animal nacional ao vivo chega ao mercado fonográfico neste mês de abril de 2015 com distribuição da Deck. Realizada com o apoio do Canal Brasil e dirigida pela própria banda, a gravação ao vivo alinha 17 números do show captado em julho de 2013 em apresentação feita pelas Vespas Mandarinas no Centro Cultural São Paulo (SP). O roteiro inclui todas as 12 músicas do álbum Animal nacional e abre espaço para intervenções do grupo baiano Vivendo do Ócio - em Heroi devolvido - e  do guitarrista Edgard Scandurra, com quem as Vespas tocam três músicas do repertório dos anos 1980  do reativado grupo Ira!  (Dias de luta, Gritos na multidão e Núcleo base). 

Rodrigo Campos apresenta 'Katsumi', música inédita de seu terceiro CD solo

Rodrigo Campos apresentou hoje, 23 de abril de 2015, música de seu terceiro álbum solo, gravado em São Paulo (SP) sob a direção artística do amigo Romulo Fróes. O cantor e compositor paulistano apresentou no programa Estoofa a composição Katsumi, música (de teor erótico) do repertório inédito e autoral do álbum,  focado na influência oriental na cultura cosmopolita da cidade de São  Paulo  (SP).