Mauro Ferreira no G1

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quinta-feira, 30 de abril de 2015

Autorizada, biografia de Vinil é grande reportagem que superestima o artista

Resenha de livro
Título: Kid Vinil - Um herói do Brasil
Autor: Ricardo Gozzi e Duca Belintani
Editora: Edições Ideal
Cotação: * * 1/2

"O fato é que não se pode falar em rock no Brasil sem falar em Kid Vinil". A sentença proferida ao fim do texto exposto na biografia autorizada do cantor, compositor, radialista, DJ e VJ paulista Kid Vinil dá o tom e a pista sobre o livro escrito pelo jornalista Ricardo Gozzi com o músico, professor e produtor musical Duca Belintani. Lançado para festejar os 60 anos completados pelo artista em 10 março deste ano de 2015, o livro Kid Vinil - Um herói do Brasil superestima a importância do artista, como cantor e compositor, na cena roqueira que emergiu e explodiu no Brasil na primeira metade dos anos 1980. Mais do que uma biografia, o livro é uma grande reportagem biográfica sobre Vinil. Os fatos são expostos sem um maior aprofundamento em narrativa guiada pelos depoimentos de Vinil aos autores do livro. A historia em si de Antonio Carlos Senefonte - um office-boy fissurado por música e discos que virou executivo de gravadora, popstar e radialista que apontou bandas e tendências na era pré-web - é muito boa. De certa forma, a biografia apresenta somente um lado dessa história, o lado de Kid Vinil. Mesmo sem o aprofundamento esperado em uma biografia, a narrativa flui bem. Kid Vinil é uma enciclopédia do rock. Sua maior contribuição ao longo de suas três décadas de carreira multimídia talvez tenha sido justamente compartilhar com generosidade seus conhecimentos musicais. Como popstar, Vinil teve seus 15 minutos de fama no posto de vocalista da banda Magazine, surgida a partir do Verminose, grupo de rock mais pesado que nunca chegou ao mainstream. Kid teve papel fundamental na composição de ambos os grupos, mas o Magazine foi o que lhe deu fama. Pegando a onda da New Wave, o grupo estourou em 1983 com Eu sou boy (Ted Gaz e Aguinaldo), música que parecia contar a história pregressa de Kid Vinil e que foi sucedida, em 1984, por outro grande hit radiofônico do Magazine, Tic tic nervoso (Marcos Serra e Antonio Luz). A regravação de Comeu - música lançada por seu compositor Caetano Veloso em 1984 e recriada pelo Magazine, a convite da TV Globo, para a abertura da novela A gata comeu (1985) - estendeu o sucesso da banda mais famosa de Kid Vinil. Mas o fato é que o Magazine não segurou a onda e as  pressões do sucesso e Kid Vinil, entre idas e vindas do Verminose, alcançou mais relevância desde então como antenado VJ e executivo de gravadoras como Eldorado e Trama (embora Vinil nunca tenha abandonado a carreira musical, desenvolvida às margens do mercado). Enfim, mesmo que os autores jamais escondam as rusgas e rixas surgidas ao longo do caminho, sua adoração por Kid Vinil está impressa em cada uma das 144 páginas da biografia autorizada. Sim, por sua improvável história de vida, Kid Vinil é um dos muitos heróis do Brasil. Mas o fato é que, sim, é possível falar em rock no Brasil sem falar em Kid Vinil.

8 comentários:

Mauro Ferreira disse...

♪ "O fato é que não se pode falar em rock no Brasil sem falar em Kid Vinil". A sentença proferida ao fim do texto exposto na biografia autorizada do cantor, compositor, radialista, DJ e VJ paulista Kid Vinil dá o tom e a pista sobre o livro escrito pelo jornalista Ricardo Gozzi com o músico, professor e produtor musical Duca Belintani. Lançado para festejar os 60 anos completados pelo artista em 10 março deste ano de 2015, o livro Kid Vinil - Um herói do Brasil superestima a importância do artista, como cantor e compositor, na cena roqueira que emergiu e explodiu no Brasil na primeira metade dos anos 1980. Mais do que uma biografia, o livro é uma grande reportagem biográfica sobre Vinil. Os fatos são expostos sem um maior aprofundamento em narrativa guiada pelos depoimentos de Vinil aos autores do livro. A historia em si de Antonio Carlos Senefonte - um office-boy fissurado por música e discos que virou executivo de gravadora, popstar e radialista que apontou bandas e tendências na era pré-web - é muito boa. De certa forma, a biografia apresenta somente um lado dessa história, o lado de Kid Vinil. Mesmo sem o aprofundamento esperado em uma biografia, a narrativa flui bem. Kid Vinil é uma enciclopédia do rock. Sua maior contribuição ao longo de suas três décadas de carreira multimídia talvez tenha sido justamente compartilhar com generosidade seus conhecimentos musicais. Como popstar, Vinil teve seus 15 minutos de fama no posto de vocalista da banda Magazine, surgida a partir do Verminose, grupo de rock mais pesado que nunca chegou ao mainstream. Kid teve papel fundamental na composição de ambos os grupos, mas o Magazine foi o que lhe deu fama. Pegando a onda da New Wave, o grupo estourou em 1983 com Eu sou boy (Ted Gaz e Aguinaldo), música que parecia contar a história pregressa de Kid Vinil e que foi sucedida, em 1984, por outro grande hit radiofônico do Magazine, Tic tic nervoso (Marcos Serra e Antonio Luz). A regravação de Comeu - música lançada por seu compositor Caetano Veloso em 1984 e recriada pelo Magazine, a convite da TV Globo, para a abertura da novela A gata comeu (1985) - estendeu o sucesso da banda mais famosa de Kid Vinil. Mas o fato é que o Magazine não segurou a onda e as pressões do sucesso e Kid Vinil, entre idas e vindas do Verminose, alcançou mais relevância desde então como antenado VJ e executivo de gravadoras como Eldorado e Trama (embora Vinil nunca tenha abandonado a carreira musical, desenvolvida às margens do mercado). Enfim, mesmo que os autores jamais escondam as rusgas e rixas surgidas ao longo do caminho, sua adoração por Kid Vinil está impressa em cada uma das 144 páginas da biografia autorizada. Sim, por sua improvável história de vida, Kid Vinil é um herói do Brasil. Só que o fato é que, sim, é possível falar em rock no Brasil em falar em Kid Vinil.

Rafael disse...

Mauro, Margareth Menezes está lançando seu novo CD e DVD dedicado a Gil e Caetano neste mês. Haverá crítica do mesmo no blog?

maroca disse...

Augusto Flávio (Petrolina-Pe/ Juazeiro-Ba)

Mauro, a música "Comeu" quem gravou primeiro foi Erasmo Carlos no disco "Buraco negro" em 1984, que chegou as lojas antes de "Velô". O disco de Erasmo chegou de julho para agosto, e Velô só chegou em Dezembro. Dê uma pesquisada que você vai ver que estou com a razão. Nessa época eu trabalhava em loja de disco, estou dizendo com consciência.

Vladimir disse...

Herói do Brasil??? Essa foi boa!!! rsrsrs

Vladimir disse...

Sim, eu leio teus posts do início ao fim, Mauro Ferreira!! Por isso, acho que faltou um "s" na palavra "sem" da última frase!!

Grande abraço

Mauro Ferreira disse...

Grato, Vladimir. Faltava mesmo o 's'. Abs, MauroF

Euler disse...

"Heróis do Brasil" é o nome da banda de apoio do Kid Vinil após sair do Magazine. Daí a associação com o cara.

maroca disse...

Augusto Flávio (Petrolina-Pe/ Juazeiro-Ba)

Mauro, a música "Comeu" quem gravou primeiro foi Erasmo Carlos no disco "Buraco negro" em 1984, que chegou as lojas antes de "Velô". O disco de Erasmo chegou de julho para agosto, e Velô só chegou em Dezembro. Dê uma pesquisada que você vai ver que estou com a razão. Nessa época eu trabalhava em loja de disco, estou dizendo com consciência.