Mauro Ferreira no G1

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domingo, 5 de abril de 2015

Dissonâncias poéticas desarmonizam música de Qinho no álbum 'Impar'

Resenha de CD
Título: Ímpar
Artista: Qinho
Gravadora: Edição independente do artista
Cotação: * * 

Cantor, compositor e guitarrista de origem brasiliense e criação carioca, Qinho opta por trilhar caminhos cada vez mais tortos em seu terceiro álbum solo, Ímpar. Sem jamais ter extrapolado o restrito arco de visibilidade da cena indie do Rio de Janeiro (RJ), o artista - projetado como líder da banda VulgoQinho&OsCara, da qual esteve à frente de 2004 à 2009 - investe em disco de tom experimental. Dissonâncias poéticas desarmonizam a música de Qinho, como já sinalizara o single O peso do meu coração (Castello Branco e Tomás Troia). Produzido e gravado pelo próprio Qinho, Ímpar é disco com alta dose de beats eletrônicos, ambientados em atmosfera ora rocker - como em Mundo de Marlboro (Botika e Carolina Bianchi) e em Sweet trouble (Qinho, Rafael Inácio e Rodrigo Cascardo) - ora meio psicodélica, como na balada viajandona Sem errada (Qinho), pico de sedução de disco irregular. Por falar em balada, a melódica canção Pode querer (Qinho e Omar Salomão) é uma cantada que representa instante fugaz de maior harmonia em álbum que parece buscar o caos, a falta de coesão. Inserções entre as 12 faixas de trechos dos livros Clara dos Anjos (Lima Barreto, 1948) e O livro do riso e do esquecimento (Milan Kundera, 1979) - ouvidos na voz de Clara Maria entre ruídos e sons experimentais - corroboram a sensação de que algo está intencionalmente fora da ordem. Na teoria, tudo parece interessante. A questão é que, na prática, o disco soa quase apático. Composições autorais como Multidão de ninguém (Qinho, Omar Salomão e Caio Barreto) e Toda manhã (Qinho e Omar Salomão) soam opacas como o canto do artista. Há músicas, caso de Sabotagem (Qinho, Ericson Pires e Rafael Inácio), em que os versos soam com mais vida própria do que a melodia em si. No fim, tema acústico cantado em francês, La rue (Qinho e Fábio Lima), sedimenta a impressão de que Qinho segue trilha torta em Ímpar - o sucessor do pop O tempo soa (Oi Música / Bolacha Discos, 2012)  - sem destino certo.

3 comentários:

Mauro Ferreira disse...

♪ Cantor, compositor e guitarrista de origem brasiliense e criação carioca, Qinho opta por trilhar caminhos cada vez mais tortos em seu terceiro álbum solo, Ímpar. Sem jamais ter extrapolado o restrito arco de visibilidade da cena indie do Rio de Janeiro (RJ), o artista - projetado como líder da banda VulgoQinho&OsCara, da qual esteve à frente de 2004 à 2009 - investe em disco de tom experimental. Dissonâncias poéticas desarmonizam a música de Qinho, como já sinalizara o single O peso do meu coração (Castello Branco e Tomás Troia). Produzido e gravado pelo próprio Qinho, Ímpar é disco com alta dose de beats eletrônicos, ambientados em atmosfera ora rocker - como em Mundo de Marlboro (Botika e Carolina Bianchi) e em Sweet trouble (Qinho, Rafael Inácio e Rodrigo Cascardo) - ora meio psicodélica, como na balada viajandona Sem errada (Qinho), pico de sedução de disco irregular. Por falar em balada, a melódica canção Pode querer (Qinho e Omar Salomão) é uma cantada que representa instante fugaz de maior harmonia em álbum que parece buscar o caos, a falta de coesão. Inserções entre as 12 faixas de trechos dos livros Clara dos Anjos (Lima Barreto, 1948) e O livro do riso e do esquecimento (Milan Kundera, 1979) - ouvidos na voz de Clara Maria entre ruídos e sons experimentais - corroboram a sensação de que algo está intencionalmente fora da ordem. Na teoria, tudo parece interessante. A questão é que, na prática, o disco soa quase apático. Composições autorais como Multidão de ninguém (Qinho, Omar Salomão e Caio Barreto) e Toda manhã (Qinho e Omar Salomão) soam opacas como o canto do artista. Há músicas, caso de Sabotagem (Qinho, Ericson Pires e Rafael Inácio), em que os versos soam com mais vida própria do que a melodia em si. No fim, tema acústico cantado em francês, La rue (Qinho e Fábio Lima), sedimenta a impressão de que Qinho segue trilha torta em Ímpar - o sucessor do pop O tempo soa (Oi Música / Bolacha Discos, 2012) - sem destino certo.

Eduardo Cáffaro disse...

linda capa ! amei

Unknown disse...

Curti muito o disco. Achei estranho e sexy. Acho que o disco mereceria mais outras duas estrelas rsrs