Título: Anelis Assumpção & os Amigos Imaginários
Artista: Anelis Assumpção (em foto de Rodrigo Goffredo)
Local: Teatro do Oi Futuro Ipanema (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 24 de abril de 2015
Cotação: * * * *
Em cartaz até 25 de abril de 2015 no projeto Levada, do teatro do Oi Futuro Ipanema (RJ)
♪ Anelis Assumpção se banha na praia do reggae e do dub em seu segundo álbum solo, Anelis Assumpção & os Amigos Imaginários (Scubidu Records / Pommelo Distribuições, 2014). Mas seria redutor restringir o azeitado som da cantora e compositora paulistana ao universo musical jamaicano. Há também levadas cubanas, batidas de rap, pegadas de rock e prosódias que evocam a obra desassossegada do compositor paulistano Itamar Assumpção (1949 - 2003), pai da artista. Aliás, é sintomático que a estreia carioca do show baseado no segundo álbum de Anelis tenha sido feita em projeto intitulado Levada, cuja quarta edição teve início neste último fim de semana de abril de 2015 no teatro do Oi Futuro Ipanema. Afinal, o som de Anelis - como visto e ouvido no show da noite de ontem, 24 de abril de 2015 - seduz mais pelo groove do que pelas músicas em si, embora Anelis tenha mostrado no segundo álbum notória evolução na sua produção autoral em relação ao primeiro CD solo, Sou suspeita, estou sujeita, não sou santa (Scubidu Records, 2011). Mas há algo mais do que o balanço sustentado pela banda entrosada e afiada na qual sobressai o sopro viçoso de Edy Trombone. As letras espertas apontam desde a primeira música do roteiro, Cê tá com tempo? (Anelis Assumpção, 2014), cantora e compositora disposta a jogar conversa dentro. E a conversa é tida várias vezes na cadência do reggae e do dub, gêneros que dão o tom de músicas como Neverland (Anelis Assumpção e Beto Villares, 2011), Mau juízo (Anelis Assumpção, 2014) - tema que embute citação de The firs time ever I saw your face (Ewan MacColl, 1957) - e Secret (Anelis Assumpção e Cris Scabello, 2011). Já Song to Rosa (Anelis Assumpção, 2014) atinge a velocidade do ska. Nenhuma novidade para quem já conhece o som e as preferências musicais de Anelis. A surpresa do roteiro foi a inédita Se a água acabar, (boa) parceria com o compositor paulistano Rodrigo Campos que faz na letra analogia entre a aridez afetiva - com versos inspirados como "Me castiga na secura / Me afoga na poeira" - e a escassez de água que assusta e assola a cidade de São Paulo (SP). Outro destaque do roteiro e do disco Amigos Imaginários é Devaneios (2014), música em que Anelis canta no show o rap que, no álbum, está confiado ao baiano Russo Passapusso, parceiro da artista na excelente composição. No bis, a lembrança de Mil e uma noites de Bagdá (Jorge Mautner e Nelson Jacobina, 1976) - número recorrente nos shows da artista desde a turnê do primeiro álbum solo - é respiro pop em roteiro que volta a se banhar em águas jamaicanas com o cover de You don't love me (No, no, no) (Dawn Penn, Bo Diddley e Willie Cobbs, 1994), sucesso da cantora Dawn Penn. Enfim, ao lado dos amigos reais de sua superbanda não creditada em cena pela cantora, Anelis Assumpção consolida neste show dançante, calcado no groove, a evolução exposta no disco editado em 2014.
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♪ Anelis Assumpção se banha na praia do reggae e do dub em seu segundo álbum solo, Anelis Assumpção & os Amigos Imaginários (Scubidu Records / Pommelo Distribuições, 2014). Mas seria redutor restringir o azeitado som da cantora e compositora paulistana ao universo musical jamaicano. Há também levadas cubanas, batidas de rap, pegadas de rock e prosódias que evocam a obra desassossegada do compositor paulistano Itamar Assumpção (1949 - 2003), pai da artista. Aliás, é sintomático que a estreia carioca do show baseado no segundo álbum de Anelis tenha sido feita em projeto intitulado Levadas, cuja quarta edição teve início neste último fim de semana de abril de 2015 no teatro do Oi Futuro Ipanema. Afinal, o som de Anelis - como visto e ouvido no show da noite de ontem, 24 de abril de 2015 - seduz mais pelo groove do que pelas músicas em si, embora Anelis tenha mostrado no segundo álbum notória evolução na sua produção autoral em relação ao primeiro CD solo, Sou suspeita, estou sujeita, não sou santa (Scubidu Records, 2011). Mas há algo mais do que o balanço sustentado pela banda entrosada e afiada na qual sobressai o sopro viçoso de Edy Trombone. As letras espertas apontam desde a primeira música do roteiro, Cê tá com tempo? (Anelis Assumpção, 2014), cantora e compositora disposta a jogar conversa dentro. E a conversa é tida várias vezes na cadência do reggae e do dub, gêneros que dão o tom de músicas como Neverland (Anelis Assumpção e Beto Villares, 2011), Mau juízo (Anelis Assumpção, 2014) - tema que embute citação de The firs time ever I saw your face (Ewan MacColl, 1957) - e Secret (Anelis Assumpção e Cris Scabello, 2011). Já Song to Rosa (Anelis Assumpção, 2014) atinge a velocidade do ska. Nenhuma novidade para quem já conhece o som e as preferências musicais de Anelis. A surpresa do roteiro foi a inédita Se a água acabar, (boa) parceria com o compositor paulistano Rodrigo Campos que faz na letra analogia entre a aridez afetiva - com versos inspirados como "Me castiga na secura / Me afoga na poeira" - e a escassez de água que assusta e assola a cidade de São Paulo (SP). Outro destaque do roteiro e do disco Amigos Imaginários é Devaneios (2014), música em que Anelis canta no show o rap que, no álbum, está confiado ao baiano Russo Passapusso, parceiro da artista na excelente composição. No bis, a lembrança de Mil e uma noites de Bagdá (Jorge Mautner e Nelson Jacobina, 1976) - número recorrente nos shows da artista desde a turnê do primeiro álbum solo - é respiro pop em roteiro que volta a se banhar em águas jamaicanas com o cover de You don't love me (No, no, no) (Dawn Penn, Bo Diddley e Willie Cobbs, 1994), sucesso da cantora Dawn Penn. Enfim, ao lado dos amigos reais de sua superbanda não creditada em cena pela cantora, Anelis Assumpção consolida neste show dançante, calcado no groove, a evolução exposta no disco editado em 2014.
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