Título: Dado Villa-Lobos - Memórias de um legionário
Autor: Dado Villa-Lobos, Felipe Demier e Romulo Mattos
Editora: Mauad X
Cotação: * * 1/2
♪ Em tese, o livro Memórias de um legionário é a autobiografia de Dado Villa-Lobos, o compositor e guitarrista de origem belga que ganhou projeção nacional a partir dos anos 1980 como músico da banda Legião Urbana (1982 - 1996). Na prática, embora concentre dados biográficos da infância e adolescência do artista em seus capítulos iniciais, o livro reconta basicamente a saga da Legião Urbana. Sim, há também menções, ao longo das 256 páginas do livro, aos trabalhos feitos por Dado antes, durante e depois de seu ingresso na banda. Mas o foco principal é sempre a Legião, banda alvo de culto sagrado que conseguiu transcender o universo do rock por conta das letras políticas, filosóficas e existenciais escritas pelo mentor do grupo, Renato Russo (1960 - 1996). No livro, Dado repassa a tensa história da Legião pelo filtro da sua memória e de memórias alheias, pois volta e meia o artista recorre às versões de fatos escritos em outros livros que narraram a vida de Renato Russo e dissecaram a cena roqueira de Brasília (DF) que gerou em 1982 a Legião Urbana - banda nascida após o fim do lendário Aborto Elétrico (1978 - 1982), grupo de aura punk para o qual Russo criou músicas que ganhariam alcance nacional em registros da Legião Urbana. A narrativa do legionário flui muito bem, provavelmente pelo fato de o autor ter se juntado a dois historiadores, Felipe Demier e Romulo Matos, para organizar os dados no livro. Por ter sido um dos agentes dessa história, Dado Villa-Lobos tem muito o que contar. Mas o fato é que sua autobiografia pouco ou nada acrescenta de relevante ao que já se sabia sobre a Legião. Por mais que Dado detalhe a gestação de cada álbum da Legião (reproduzindo - e comentando - trechos de críticas para mostrar como cada disco foi recebido na imprensa) e que reviva o clima dos shows mais emblemáticos da banda, descortinando atribulados bastidores de turnês, as memórias do legionário são indicadas preferencialmente para quem nunca leu um livro sobre a heroica aventura de Dado, Marcelo Bonfá (bateria), Renato Rocha (1961 - 2015), o controvertido baixista Negrete, e Renato Russo no universo pop brasileiro. A fartura de menções ao que foi publicado em livros, jornais e revistas sinaliza que Dado confiou menos na sua memória do que deveria. E é justamente quando o autor deixa escapar uma impressão mais pessoal - como a exposta na frase "Essa banda teve poucos momentos divertidos, e esse foi um deles", dita ao comentar a performance e os figurinos dos legionários no especial infantil A era dos Halley, exibido pela TV Globo em outubro de 1985 - que o livro avança em relação às publicações anteriores e fica mais interessante, posto que mais pessoal. Mas tais impressões são raras. Dado tampouco se posiciona sobre a polêmica atitude de cantar o repertório da Legião em especial da MTV com o ator e cantor Wagner Moura no posto de vocalista. De todo modo, Memórias de um legionário documenta mais uma (bem-vinda) visão de grande história que atravessa gerações, tal como o som da Legião Urbana. Sempre haverá novos leitores...
2 comentários:
♪ Em tese, o livro Memórias de um legionário é a autobiografia de Dado Villa-Lobos, o compositor e guitarrista de origem belga que ganhou projeção nacional a partir dos anos 1980 como músico da banda Legião Urbana (1982 - 1996). Na prática, embora concentre dados biográficos da infância e adolescência do artista em seus capítulos iniciais, o livro reconta basicamente a saga da Legião Urbana. Sim, há também menções, ao longo das 256 páginas do livro, aos trabalhos feitos por Dado antes, durante e depois de seu ingresso na banda. Mas o foco principal é sempre a Legião, banda alvo de culto sagrado que conseguiu transcender o universo do rock por conta das letras políticas, filosóficas e existenciais escritas pelo mentor do grupo, Renato Russo (1960 - 1996). No livro, Dado repassa a tensa história da Legião pelo filtro da sua memória e de memórias alheias, pois volta e meia o artista recorre às versões de fatos escritos em outros livros que narraram a vida de Renato Russo e dissecaram a cena roqueira de Brasília (DF) que gerou em 1982 a Legião Urbana - banda nascida após o fim do lendário Aborto Elétrico (1978 - 1982), grupo de aura punk para o qual Russo criou músicas que ganhariam alcance nacional em registros da Legião Urbana. A narrativa do legionário flui muito bem, provavelmente pelo fato de o autor ter se juntado a dois historiadores, Felipe Demier e Romulo Matos, para organizar os dados no livro. Por ter sido um dos agentes dessa história, Dado Villa-Lobos tem muito o que contar. Mas o fato é que sua autobiografia pouco ou nada acrescenta de relevante ao que já se sabia sobre a Legião. Por mais que Dado detalhe a gestação de cada álbum da Legião (reproduzindo - e comentando - trechos de críticas para mostrar como cada disco foi recebido na imprensa) e que reviva o clima dos shows mais emblemáticos da banda, descortinando atribulados bastidores de turnês, as memórias do legionário são indicadas preferencialmente para quem nunca leu um livro sobre a heroica aventura de Dado, Marcelo Bonfá (bateria), Renato Rocha (1961 - 2015), o controvertido baixista Negrete, e Renato Russo no universo pop brasileiro. A fartura de menções ao que foi publicado em livros, jornais e revistas sinaliza que Dado confiou menos na sua memória do que deveria. E é justamente quando o autor deixa escapar uma impressão mais pessoal - como a exposta na frase "Essa banda teve poucos momentos divertidos, e esse foi um deles", dita ao comentar a performance e os figurinos dos legionários no especial infantil A era dos Halley, exibido pela TV Globo em outubro de 1985 - que o livro avança em relação às publicações anteriores e fica mais interessante, posto que mais pessoal. Mas tais impressões são raras. Dado tampouco se posiciona sobre a polêmica atitude de cantar o repertório da Legião em especial da MTV com o ator e cantor Wagner Moura no posto de vocalista. De todo modo, Memórias de um legionário documenta mais uma (bem-vinda) visão de grande história que atravessa gerações, tal como o som da Legião Urbana. Sempre haverá novos leitores...
ninguém melhor do que Dado e Bonfá pra contar a história deles, jornalista pega no pé de biografia autorizada porque quer fofoca
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