♪ EDITORIAL - O cantor e compositor carioca Lulu Santos é um dos mais habilidosos artífices do universo pop. Poucos têm - como Lulu - o dom de chegar à perfeição pop na composição de uma canção. E foram várias. Rei do pop brasileiro, Luiz Maurício Pragana dos Santos construiu, ao longo de 35 anos de carreira solo, um cancioneiro tão monumental que tem cacife para ser a trilha sonora de um país, como já conceituou certa vez Caetano Veloso, um dos ilustres admiradores desse repertório. Lulu Santos é um gênio do pop inclusive em âmbito mundial. Poucos compositores no mundo ostentam manancial de hits que atravessam gerações. Contudo, por mais que resista esplendidamente bem ao tempo, esse cancioneiro tem sido exaurido pela voraz indústria do disco. Toca + Lulu ao vivo - registro de show da turnê Toca Lulu, captada em apresentações feitas na Fundição Progresso, no Rio de Janeiro (RJ), nas madrugadas de 4 e 5 de outubro de 2014 - é um produto que reitera o sucateamento dessa obra inspirada. Na função de diretor musical da gravação ora editada em CD e DVD via Sony Music, Lulu - justiça seja feita - procura variar os arranjos, criar levadas diferentes, enfim, tenta dar sutil ar de novidade a esse repertório. Mas o fato é que já há numerosos registros ao vivo de 19 das 21 músicas do roteiro. E as duas únicas estreantes em DVD - Sócio do amor (Lulu Santos, 2014) e Luiz Maurício (Lulu Santos, 2014) - não chegam a amenizar a sensação de que esse show já foi visto e ouvido. O que torna dispensável o lançamento de mais uma gravação ao vivo calcada em hits, uma vez que Lulu acabou de lançar bom álbum de inéditas, Luiz Maurício (Sony Music, 2014). Quando o cantor subiu ao palco da Fundição Progresso, o disco Luiz Maurício já estava prestes a ser lançado. Não teria sido o caso de incluir no roteiro músicas novas como Torpedo (Lulu Santos, 2014), cujo potencial para hit é evidente? Mas o fato é o novo disco acabou passando despercebido, estando pouco representado no DVD, embora os extras exibam os clipes de Fogo amigo (Lulu Santos, 2014) e SDV (Segue de volta) (Lulu Santos e Dadi Carvalho, 2011). Enfim, o cancioneiro de Lulu Santos já soa exaurido em DVDs. Como o artista lançou periodicamente discos de inéditas ao longo dos anos 2000, a questão talvez seja dar uma chance a pérolas perdidas no fundo do baú do artista para dar descanso em sucessos que já soam inevitavelmente batidos. É possível tocar + Lulu sem recorrer às mesmas músicas de sempre.
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9 comentários:
♪ EDITORIAL - O cantor e compositor carioca Lulu Santos é um dos mais habilidosos artífices do universo pop. Poucos têm - como Lulu - o dom de chegar à perfeição pop na composição de uma canção. E foram várias. Rei do pop brasileiro, Luiz Maurício Pragana dos Santos construiu, ao longo de 35 anos de carreira solo, um cancioneiro tão monumental que tem cacife para ser a trilha sonora de um país, como já conceituou certa vez Caetano Veloso, um dos ilustres admiradores desse repertório. Lulu Santos é um gênio do pop inclusive em âmbito mundial. Poucos compositores no mundo ostentam manancial de hits que atravessam gerações. Contudo, por mais que resista esplendidamente bem ao tempo, esse cancioneiro tem sido exaurido pela voraz indústria do disco. Toca + Lulu ao vivo - registro de show da turnê Toca Lulu, captada em apresentações feitas na Fundição Progresso, no Rio de Janeiro (RJ), nas madrugadas de 4 e 5 de outubro de 2014 - é um produto que reitera o sucateamento dessa obra inspirada. Na função de diretor musical da gravação ora editada em CD e DVD via Sony Music, Lulu - justiça seja feita - procura variar os arranjos, criar levadas diferentes, enfim, tenta dar sutil ar de novidade a esse repertório. Mas o fato é que já há numerosos registros ao vivo de 19 das 21 músicas do roteiro. E as duas únicas estreantes em DVD - Sócio do amor (Lulu Santos, 2014) e Luiz Maurício (Lulu Santos, 2014) - não chegam a amenizar a sensação de que esse show já foi visto e ouvido. O que torna dispensável o lançamento de mais uma gravação ao vivo calcada em hits, uma vez que Lulu acabou de lançar bom álbum de inéditas, Luiz Maurício (Sony Music, 2014). Quando o cantor subiu ao palco da Fundição Progresso, o disco Luiz Maurício já estava prestes a ser lançado. Não teria sido o caso de incluir no roteiro músicas novas como Torpedo (Lulu Santos, 2014), cujo potencial para hit é evidente? Mas o fato é o novo disco acabou passando despercebido, estando pouco representado no DVD, embora os extras exibam os clipes de Fogo amigo (Lulu Santos, 2014) e SDV (Segue de volta) (Lulu Santos e Dadi Carvalho, 2011). Enfim, o cancioneiro de Lulu Santos já soa exaurido em DVDs. Como o artista lançou periodicamente discos de inéditas ao longo dos anos 2000, a questão talvez seja dar uma chance a pérolas perdidas no fundo do baú do artista para dar descanso em sucessos que já soam inevitavelmente batidos. É possível tocar + Lulu sem recorrer às mesmas músicas de sempre.
Perfeita análise Mauro!
E não é apenas o caso de Lulu Santos.
Temos a mesma sensação com outras bandas brasileiras, como Jota Quest, Skank, Nando reis e diversos outros.
Parecem engessados em hits de 10 anos atrás, e nada relevante acontece nos discos de inéditas que venham a ser lançados.
Em geral, o consumidor de música brasileira ao entrar numa loja pra comprar algum álbum, tem a sensação de ir numa sorveteria comprar picolé de xuxu.
Do resto? o incansável sertanejo universitário, e do outro lado o axé replicado.
Lulu é muito repetitivo, sempre só canta as mesmas músicas... Mesmo tendo lançaado um disco de inéditas no ano passado, acaba recorrendo aos seus velhos sucessos para cantar...
Respeito e gosto muito do Lulu, mas a impressão que fica é que, desde seu MTV Ao Vivo, quem já viu um trabalho ao vivo dele já viu todos. A mesma coisa em relação aos shows. É a fórmula caça-níquel que vende mais, que toca mais, mas e aí? Ele já não tem mais mão para fazer grandes hits? Bons discos de estúdio caem no esquecimento enquanto Lulu se preocupa com sua imagem imaculada de jurado do The Voice... acho uma pena.
Como os outros, subscrevo, Mauro.
Se é para deixar de lado "Luiz Maurício", seria uma ótima sacada se Lulu tirasse do bolso do colete algo com o Dudu Sanchez (que já foi Jakaré, e que já foi Valete), projeto dele só com os "lados B" - muitas vezes, tão bacanas quanto os lados A.
Ele apenas ensaiou isso no "Acústico MTV II": foco num lado menos conhecido.
O problema é que, no caso de Lulu, como falar em "lados B", sendo que muitas vezes eles se tornam clássicos? Lembremos: "Apenas mais uma de amor" fizera sucesso quando foi lançada, em 1992, mas não era um clássico do dito cujo. Foi regravada como quem não quer nada no primeiro "Acústico MTV", e virou marca registrada de Lulu.
Enfim, é uma pena que isso esteja empanando um tanto do brilho de um cidadão inteligente e inegavelmente talentoso.
Felipe dos Santos Souza
P.S.: Saulo Pedrosa escreveu sobre algumas bandas: "Parecem engessados em hits de 10 anos atrás, e nada relevante acontece nos discos de inéditas que venham a ser lançados". Concordo, e digo mais: tirando Biquíni Cavadão e Nenhum de Nós, inclua-se aí TODAS as grandes bandas dos anos '80. TODAS.
Soar repetitivo é um pecado que acontece com muitos artistas, que para tentar sobreviver num mercado musical sem novidades que caiam no gosto popular,apelam para o mesmo repertório de sempre,como se isso lhes garantisse projeção e boas vendas.
No caso de Lulu,sem dúvidas um dos maiores hitmakers do Brasil, isso fica evidente neste dvd que soa chato,velho e repetitivo.
Alguns astros como Lulu e Roberto Carlos, principalmente, conhecem a força de suas obras e parecem não sentir obrigação de trazer coisas novas ao seu publico. Se Lulu tivesse registrado o show Lulu canta Roberto e Erasmo,calcado nas canções atemporais lá contidas,certamente soaria bem mais interessante. Por que pelo visto esse último cd de estúdio que Lulu lançou no ano passado quase ninguém ouviu...
Parece ate com o roberto Carlos sempre mais do mesmo. Salve bethania que sempre se renova e Elba q acaba de lançar um disco bem diversificado e bem feito.
Se o DVD repetir o desempenho dos últimos shows, é melhor passar longe. Não tá bom pro lado do Lulu, não. Nem com todos os hits maravilhosos (que a gente sabe cantar de cabo a rabo, sem nunca ter feito qualquer esforço pra isso) tá dando pra segurar o interesse.
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