sábado, 2 de maio de 2015

'Euforia' flagra Pélico indeciso entre a extroversão pop e a melancolia 'cool'

Resenha de CD
Título: Euforia
Artista: Pélico
Gravadora: Edição independente do artista
Cotação: * * 1/2

Pélico causou certo estranhamento ao abrir os trabalhos promocionais de Euforia - disco apresentado como o terceiro álbum do cantor e compositor paulistano, mas, a rigor, já o quarto, se posto na conta o renegado Melodrama (Independente, 2003) - com um samba, Você pensa que me engana (Pélico, 2015). A caída no samba soou meio artificial pela distância do gênero com o universo musical do artista. Mas há um estranhamento maior em Euforia, disco produzido por Jesus Sanchez. É a indecisão de Pélico entre uma extroversão pop radiofônica e uma introversão melancólica típica da cena cool que dá o tom do universo indie brasileiro. Música que abre o disco, Sobrenatural (Pélico, 2015) roça a perfeição pop e pode virar hit de massa se ganhar voz mais viçosa do que a do cantautor. Olha só (Pélico, 2013) segue a mesma trilha pop sinalizada pela gravação original da música, lançada há dois anos pelo cantor e compositor paulista Toni Ferreira - artista da turma de Maria Gadú - em álbum que também apresentou Repousar (Pélico, 2013), música ora abordada por seu compositor com a inusitada adesão da atriz Letícia Spiller, convidada da faixa que também traz a cantora Caru Ricardo. Antes da retomada cool em Escrevo (Pélico, 2015), destaque do repertório, Pélico cai bem no suingue de Sozinhar-me (Pélico, 2015). A euforia pop dá o tom da maior parte ddo disco. Mas a abertura dessa janela pop - reforçada por canções como Meu amor mora no Rio (Pélico, 2015), Ela me dá (Pélico, 2015) e Overdose (Pélico, 2015) - é prejudicada pela inconstância do repertório. A safra autoral de Euforia perde pique na segunda metade do disco. Mas o que pesa mais é ausência de um conceito que norteie o disco. Sem rumo pré-definido, Euforia adquire até tom de câmara no toque do violoncelo de Dimos Goudaroulis, instrumento que guia Meu amigo Zé, música dedicada ao cantor e compositor baiano Tom Zé. Enfim, em mercado fonográfico cada vez mais segmentado e estruturado em nichos, Euforia aponta para Pélico caminhos nem sempre convergentes.  É CD que parece ter vindo para confundir.

3 comentários:

  1. ♪ Pélico causou certo estranhamento ao abrir os trabalhos promocionais de Euforia - disco apresentado como o terceiro álbum do cantor e compositor paulistano, mas, a rigor, já o quarto, se posto na conta o renegado Melodrama (Independente, 2003) - com um samba, Você pensa que me engana (Pélico, 2015). A caída no samba soou meio artificial pela distância do gênero com o universo musical do artista. Mas há um estranhamento maior em Euforia, disco produzido por Jesus Sanchez. É a indecisão de Pélico entre uma extroversão pop radiofônica e uma introversão melancólica típica da cena cool que dá o tom do universo indie brasileiro. Música que abre o disco, Sobrenatural (Pélico, 2015) roça a perfeição pop e pode virar hit de massa se ganhar voz mais viçosa do que a do cantautor. Olha só (Pélico, 2013) segue a mesma trilha pop sinalizada pela gravação original da música, lançada há dois anos pelo cantor e compositor paulista Toni Ferreira - artista da turma de Maria Gadú - em álbum que também apresentou Repousar (Pélico, 2013), música ora abordada por seu compositor com a inusitada adesão da atriz Letícia Spiller, convidada da faixa que também traz a cantora Caru Ricardo. Antes da retomada cool em Escrevo (Pélico, 2015), destaque do repertório, Pélico cai bem no suingue de Sozinhar-me (Pélico, 2015). A euforia pop dá o tom da maior parte ddo disco. Mas a abertura dessa janela pop - reforçada por canções como Meu amor mora no Rio (Pélico, 2015), Ela me dá (Pélico, 2015) e Overdose (Pélico, 2015) - é prejudicada pela inconstância do repertório. A safra autoral de Euforia perde pique na segunda metade do disco. Mas o que pesa mais é ausência de um conceito que norteie o disco. Sem rumo pré-definido, Euforia adquire até tom de câmara no toque do violoncelo de Dimos Goudaroulis, instrumento que guia Meu amigo Zé, música dedicada ao cantor e compositor baiano Tom Zé. Enfim, em mercado fonográfico cada vez mais segmentado e estruturado em nichos, Euforia aponta para Pélico caminhos nem sempre convergentes. É CD que parece ter vindo para confundir.

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  2. Não vi estranheza em "Euforia", tampouco vejo indecisão no Pélico (neste álbum específico). Acho exagero falar em "caminhos que não convergem". Parece até que o rapaz fez um disco de pagode baiano e heavy metal (pra exagerar também, hehe).

    Gostei muito. Em tempos de déficit de atenção generalizado, "Euforia" tem momentos de respiro bem distribuídos e segue sem soar cansativo, mesmo que algumas melodias (principalmente as mais pop) tenham semelhança um pouco arriscada.

    O arranjo de "Olha só" ficou mais interessante que o da gravação do Toni. Ponto pro cantautor! E, mesmo tendo um pé atrás com a atmosfera Balão Mágico de refrões como o de "Euforia", é preciso admitir que as canções são todas bem redondinhas.

    Para mim, é tudo bem maduro. Distante daquela regravação chata de "Você não entende nada" e outras poucas coisas bem razoáveis que eu tinha escutado do Pélico. Tenho escutado bastante.

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