Título: Guelã
Artista: Maria Gadú
Gravadora: Slap / Som Livre
Cotação: * * * *
♪ Bailando leve, Maria Gadú bota seu bloco free na rua com o lançamento de Guelã. Terceiro álbum de estúdio da cantora e compositora paulistana, Guelã dá asas para Gadú voar livre em rota intimamente pessoal, pautada pela estranheza, pelo inesperado. Em Guelã, CD produzido por Gadú com a colaboração do músico Federico Puppi, a artista completa o voo iniciado em um segundo (bom) álbum de estúdio, Mais uma página (Slap / Som Livre, 2011), em que a cantora já tentou corajosamente virar o disco, sinalizando que tentaria escapar da prisão do sucesso massivo de seu primeiro álbum, Maria Gadú (Slap / Som Livre, 2009). Para embarcar na atual viagem, Gadú pilotou sua guitarra (senha para o som do CD) e convocou novos tripulantes - Doga (percussão), Lancaster Pinto (baixo) e Tomaz Lenz (bateria), além do já mencionado Federico Puppi (no cello e no baixo) - para formar uma banda dos sem medo de subverter a fórmula do sucesso radiofônico. Mesmo a música mais palatável dentre as dez gravadas por Gadú em Guelã - O bloco (Maria Gadú e Maycon Ananias), já previamente apresentada como primeiro single do álbum - segue seu curso longe do trilho óbvio. Guelã é um disco feito de sons e silêncios em que a voz da cantora é mais um elemento dentro de um universo sonoro artesanal que inclui longas passagens instrumentais. Basta dizer que o canto de Gadú entra somente aos dois minutos da primeira música do CD, Suspiro (Maria Gadú). Se o belo álbum inaugural de 2009 apresentou grandes canções formatadas para o chamado grande público, entre alguns covers imaturos, Guelã torna suas canções grandes pela construção de um universo musical delicado e feminino, como explicitam Ela (Maria Gadú) e a oportuna releitura de Trovoa (Maurício Pereira, 2007), odes à mulher amada. Trovoa é a única música de lavra alheia e a única regravação do repertório essencialmente inédito e autoral. Guelã é um disco tão intimamente pessoal que talvez somente faça pleno sentido para a própria Gadú. Mas o que importa é que o disco põe a artista em movimento, criando uma sonoridade que inclui algo de rock em Semivoz (Maria Gadú, Maycon Ananias e James McCollum) e que cai em suingue próprio na rítmica levada pelos vocalises de Sadéku, parceria de Gadú com a artista cubana (de vivência cabo-verdiana) Mayra Andrade. Um dos trunfos do repertório, Tecnopapiro (Maria Gadú) é acerto de contas emocional entre uma mãe analógica e uma filha da era cibernética. Pela coesão da sonoridade moderna (mas jamais modernosa), Guelã valoriza músicas em si menores do que o conjunto do disco, caso de Há (Maria Gadú). Melodias como a de Vaga (Maria Gadú) se afinam com a estranheza provocada pela capa do disco, cuja arte é assinada por Luisa Corsini com Lua Leça e a própria Gadú. No fim, Aquária (Maria Gadú) fecha Guelã soando, até seus três minutos, como sedutor tema instrumental. Até que entra a voz de Gadú para cantar os versos "Dois pontos negros no céu / Focam seus olhos no mar / Tendo o silêncico no peito / Lendo o silêncio com os olhos / Faço silêncio de mim", perfeitos tradutores de disco que liberta Gadú da prisão do sucesso massivo.
9 comentários:
♪ Bailando leve, Maria Gadú bota seu bloco free na rua com o lançamento de Guelã. Terceiro álbum de estúdio da cantora e compositora paulistana, Guelã dá asas para Gadú voar livre em rota intimamente pessoal, pautada pela estranheza, pelo inesperado. Em Guelã, CD produzido por Gadú com a colaboração do músico Federico Puppi, a artista completa o voo iniciado em um segundo (bom) álbum de estúdio, Mais uma página (Slap / Som Livre, 2011), em que a cantora já tentou corajosamente virar o disco, sinalizando que tentaria escapar da prisão do sucesso massivo de seu primeiro álbum, Maria Gadú (Slap / Som Livre, 2009). Para embarcar na atual viagem, Gadú pilotou sua guitarra (alternada com seu violão) e convocou novos tripulantes - Doga (percussão), Lancaster Pinto (baixo) e Tomaz Lenz (bateria), além do já mencionado Federico Puppi (no cello e no baixo) - para formar uma banda dos sem medo de subverter a fórmula do sucesso radiofônico. Mesmo a música mais palatável dentre as dez gravadas por Gadú em Guelã - O bloco (Maria Gadú e Maycon Ananias), já previamente apresentada como primeiro single do álbum - segue seu curso longe do trilho óbvio. Guelã é um disco feito de sons e silêncios em que a voz da cantora é mais um elemento dentro de um universo sonoro artesanal que inclui longas passagens instrumentais. Basta dizer que o canto de Gadú entra somente aos dois minutos da primeira música do CD, Suspiro (Maria Gadú). Se o belo álbum inaugural de 2009 apresentou grandes canções formatadas para o chamado grande público, entre alguns covers imaturos, Guelã torna suas canções grandes pela construção de um universo musical delicado e feminino, como explicitam Ela (Maria Gadú) e a oportuna releitura de Trovoa (Maurício Pereira, 2007), odes à mulher amada. Trovoa é a única música de lavra alheia e a única regravação do repertório essencialmente inédito e autoral. Guelã é um disco tão intimamente pessoal que talvez somente faça pleno sentido para a própria Gadú. Mas o que importa é que o disco põe a artista em movimento, criando uma sonoridade que inclui algo de rock em Semivoz (Maria Gadú, Maycon Ananias e James McCollum) e que cai em suingue próprio na rítmica levada pelos vocalises de Sadéku, parceria de Gadú com a artista cubana (de vivência cabo-verdiana) Mayra Andrade. Um dos trunfos do repertório, Tecnopapiro (Maria Gadú) é acerto de contas emocional entre uma mãe analógica e uma filha da era cibernética. Pela coesão da sonoridade moderna (mas jamais modernosa), Guelã valoriza músicas em si menores do que o conjunto do disco, caso de Há (Maria Gadú). Melodias como a de Vaga (Maria Gadú) se afinam com a estranheza provocada pela capa do disco, cuja arte é assinada por Luisa Corsini com Lua Leça e a própria Gadú. No fim, Aquária (Maria Gadú) fecha Guelã soando, até seus três minutos, como sedutor tema instrumental. Até que entra a voz de Gadú para cantar os versos "Dois pontos negros no céu / Focam seus olhos no mar / Tendo o silêncico no peito / Lendo o silêncio com os olhos / Faço silêncio de mim", perfeitos tradutores de disco que liberta Gadú da prisão do sucesso massivo.
de cara é o melhor disco da gadú! não é muito longo nem muito curto!
as músicas estão totalmente num mpb alternativo, (o q pessoalmente me agrada aos ouvidos...)já pode entrar para os melhores discos lançados esse ano.
Disco fraquíssimo, para mim um dos mais péssimos de sua carreira.
só deixando a ressalva sobre minha opinião anterior q ainda acho "obloco" uma música fraca como single de lançamento... afinal ela mostrou q guelã não será um disco massivo como seus trabalhos anteriores... ou posso estar enganado, também... rs
Eu também adorei o disco! Só o fato dela ter feito algo bem diferente, de ter dado a cara pra bater, já esta valendo. Mas como se não bastasse isso, o disco é muito interessante e intuitivo.Pra uma cantora no seu 3º disco, já buscar uma nova sonoridade...tem que ter muita fibra. Sucesso!
Mto bom, o melhor dela até agora. Tem de entrar no clima. Disco curtíssimo, apenas 34minutos. Bravo Gadú!
Ouvi com atenção e cheguei a uma triste constatação: achei o resultado final muito ruim. A produção é caprichada, os arranjos são interessantes, a sonoridade resultante também, mas, de modo geral, as letras são muito ruins e mal construídas - parece texto do Pedro Bial em dia de eliminação do Big Brother - e os parceiros parecem não acrescentar nada. É louvável a intenção da artista em não se repetir, mas qual o problema em reconhecer suas limitações como letrista e se juntar a parceiros que realmente acrescentem qualidade as letras das músicas?
Para mim, este CD soa uma viagem ególatra da Gadu.
Parece que o mais importante de tudo é se expressar com um trabalho autoral, não importando muito a qualidade final.
"Guelã é um disco tão intimamente pessoal que talvez somente faça pleno sentido para a própria Gadú"
Discordo, Mauro... há tempos um álbum não havia sido feito tão somente para mim.
Guelã é um disco tão intimamente pessoal que talvez somente faça pleno sentido para a própria Gadú"
Também discorto, pois pra mim é o mais perfeito.
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