segunda-feira, 4 de maio de 2015

Ivete e Criolo registram, em CD de estúdio, o show em que cantam Tim Maia

Ainda em turnê nacional, o show em que o rapper paulistano Criolo e a cantora baiana Ivete Sangalo celebram a obra e o legado do cantor e compositor carioca Tim Maia (1942 - 1998) - sob a direção musical de Daniel Ganjaman - vai ganhar registro em disco de estúdio previsto para ser lançado neste ano de 2015. Os cantores - em foto de Leonardo Aversa - vão gravar o CD neste mês de maio de 2015. Eis o texto distribuído pela assessoria do projeto após a estreia nacional do projeto, em 30 de março, no Rio de Janeiro, com detalhes do show, que fica em cartaz até junho:

 A festa é muito boa, sendo animada por Ivete Sangalo e Criolo em nome do Síndico, sob a direção musical de Daniel Ganjaman e sob o comando geral da diretora Monique Gardenberg. Como se estivesse dando um daqueles seus lendários bolos, Tim Maia (1942 – 1998) não vai, mas está bem representado por sua obra monumental, sintetizada em roteiro que abarca 28 músicas lançadas originalmente entre 1969 e 1986. São quase todas músicas imortalizadas no imaginário afetivo nacional, mas há também joias raras recolhidas no baú do Síndico. Estreado em apresentação feita para convidados em 31 de março na casa Vivo Rio, no Rio de Janeiro (RJ), o show NIVEA VIVA TIM MAIA parte em turnê nacional a partir de abril, levando na bagagem muita música e emoção à flor da pele, em sintonia com a ideologia da NIVEA de reavivar ídolos e o glorioso passado da música brasileira. Como sintetiza a diretora de marketing da NIVEA, Tatiana Ponce, o espetáculo é um momento de alegria, de cultura e de diversão com o som do “maior soulman da música brasileira”.

Além da obra de Tim Maia, o grande atrativo do show NIVEA VIVA TIM MAIA é o encontro inédito, inusitado e histórico da cantora baiana Ivete Sangalo com o rapper paulistano Kleber Cavalcante Gomes, o Criolo, a maior revelação da música brasileira nos anos 2010. Juntos, juntinhos, como cantam na música lançada por Tim em 1980, Ivete e Criolo se juntam em cena para cantar números como o medley que agrega Sossego (Tim Maia, 1978) e Do Leme ao Pontal (Tim Maia, 1981) com arranjo que presta tributo à orquestração antológica da Vitória Régia, a banda que acompanhava Tim nos shows aos quais ele comparecia. O baile é tão da pesada que o medley vai ser servido novamente na sobremesa do bis, fechando apresentação azeitada que contagia a plateia com as vozes e os carismas dos cantores que harmonizam diferentes estilos e universos musicais em favor da música eterna e atemporal do carioca Sebastião Rodrigues Maia (1942 – 1998), o imortal Tim Maia, caracterizado acertadamente por Nelson Motta, autor de sua biografia (Vale tudo – O som e a fúria de Tim Maia, 2007), como “um compositor genial que integrou a música brasileira com a música negra norte-americana da Motown”.

Com toques sutis de modernidade, o som quente orquestrado por Daniel Ganjaman presta tributo ao histórico som da Motown, termo criado para designar as levadas de soul, R&B e funk dos discos lançados pela gravadora de música negra fundada nos Estados Unidos em 1959. Mas, na música de Tim Maia, o chamado som da Motown tinha sotaque brasileiro. “Tim não se intimidou com o poder do soul e o trouxe para si. Ele fez sua própria tradução do soul”, enfatiza a diretora Monique Gardenberg em depoimento ouvido no vídeo exibido pela NIVEA antes do show, com imagens e trechos de shows de Tim Maia.

É essa Motown brasileira de Tim que Criolo e Ivete Sangalo revivem em cena entre solos e duetos, num encontro harmonioso, para alegria das plateias que verão o show NIVEA VIVA TIM MAIA, de forma gratuita, em uma das apresentações do espetáculo que, a partir de abril, vai passar em turnê nacional por Porto Alegre (RS), Recife (PE), Salvador (BA), Brasília (DF), Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP) e Fortaleza (CE). Entre os duetos, números como Você eu, eu e você (Juntinhos) (Tim Maia, 1980) transformam palco e plateia no salão de um baile black, à moda dos anos 1970. Bailes evocados diversas vezes nas imagens exibidas no telão a cada música.

Cantora baiana associada à música rotulada como axé music, Ivete abre o show e mostra de cara sua intimidade com o universo do soul e do funk, surpreendendo quem correlaciona seu canto somente a um trio elétrico. Em sintonia com o naipe de metais da banda orquestrada por Daniel Ganjaman, a cantora lança mão de seu fraseado soul no canto e nos improvisos de Não quero dinheiro (Só quero amar) (Tim Maia, 1971), número que repete - desta segunda vez em dueto com Criolo - no fim do show, antes do bis iniciado com Vale tudo (Tim Maia, 1983), número em que a cantora e o rapper paulistano, sensação da música brasileira contemporânea desde 2010, reeditam o dueto feito por Tim com a cantora Sandra de Sá em 1983 na gravação original desse funk festivo.

Com sua alegria habitual, Ivete também cai no samba-soul em Gostava tanto de você (Edson Trindade, 1973), música em que Tim uniu a cadência bonita do ritmo carioca com a levada da música black. À vontade, Ivete brinca com o ritmo, altera a divisão original do tema e recita os versos do samba-soul na segunda parte do número. Mais tarde, volta a cair no samba ao defender Réu confesso (Tim Maia, 1973) em número que reproduz a levada da gravação original de Tim. Ivete e Criolo, aliás, cantam  e celebram Tim Maia sem descaracterizar a obra do Síndico. Embora tenha o toque de modernidade de Ganjaman, todos os arranjos são reverentes em maior ou menor escala às orquestrações das gravações originais de Tim. O público reconhece de imediato os sucessos enfileirados no roteiro de hits, mas que abre eventuais espaços para músicas menos conhecidas como o funk Lábios de mel (Cleonice e Edson Trindade, 1979), ouvido na voz de Ivete. Mas eles, os hits, ganham toques atuais. Na balada Você (Tim Maia, 1971), sucesso do segundo álbum do cantor, música em que Ivete experimenta timbre mais grave, quase gutural, o toque de novidade vem da guitarra de Duani, em relevo nas passagens instrumentais deste número.

 “Estou honrada de participar deste projeto. Fazer show com um repertório inteiro de Tim Maia é um prazer. Eu sempre me identifiquei com ele no groove, no romantismo”, comemora Ivete. Hit do primeiro álbum de Tim, lançado em 1970, a balada Azul do cor do mar (Tim Maia, 1970), une no show romantismo e groove. No caso, o groove do neosoul, termo que designa soul e R&B de levada mais contemporânea, moderna. Telefone (Nelson Kaê e Beto Correia, 1986), balada de fase em que Tim aderiu ao tecnopop romântico radiofônico, chama também a atenção do público – seis números depois - para o requinte da levada de neosoul urdida por Ganjaman. No número, Ivete dialoga em telefone imaginário com o guitarrista Duani.

Criolo entra em cena no quinto número do show. E já entra arrasando, dando voz ao baladão soul Primavera (Genival Cassiano e Silvio Roachel, 1970) – outro hit nacional do histórico primeiro álbum de Tim – e surpreendendo quem o associava somente ao universo do hip hop. Na sequência, Chocolate (Tim Maia) ganha o tempero do samba, insinuado pela percusssão de Guto Bocão, e também a voz de Criolo sem perder o sabor funk-soul desse jingle gravado por Tim no fim de 1970 e elevado à condição de hit ao longo de 1971.

O roteiro abriga todos os grandes sucessos de Tim. A cultuada e mística fase Racional – período que vai de 1974 a 1976, quando Tim aderiu à seita Universo em Desencanto – é representada no show pelas músicas Imunização racional (Que beleza) e Bom senso, ambas cantadas por Ivete e ambas extraídas do primeiro dos três volumes do álbum Tim Maia Racional, projeto lançado em 1975 com letras doutrinárias, cantadas sobre poderosas bases de funk e soul.

Com unidade e coesão, o roteiro do show NIVEA VIVA TIM MAIA mistura as músicas de maior suingue – rotuladas marotamente por Tim como esquenta-sovaco – com os sucessos do estilo mela-cueca, termo que, no dicionário do cantor, designava as baladas de acento mais romântico. Entre as primeiras, Ivete dá voz ao funkaço Não vou ficar (Tim Maia), lançado em 1969 na voz de Roberto Carlos, como a própria cantora ressalta. Entre os segundos, a mesma Ivete canta, em tom mais íntimo e aconchegante, O que me importa, tristonha balada de Cury, lançada por Tim em 1972, mas mais conhecida pelas novas gerações por conta da gravação feita em 2000 pela cantora Marisa Monte.

Do mesmo álbum lançado por Tim em 1972, o roteiro revive nas vozes de Ivete e de Criolo uma música, Lamento (Tim Maia), que se impõe como a música menos conhecida dentre as 28 alinhadas no roteiro. Lamento é uma balada doída que mostra que também havia melancolia atrás da alegria contagiante do Síndico. Destaque entre os números de Criolo, a sentida balada soul Ela partiu – composta por Tim Maia com Beto Cajueiro em 1975, na sua fase Racional, e lançada em compacto raro na sequência – também é outra boa surpresa do roteiro. Detalhe: Ela partiu é em tese um número solo de Criolo, mas o produtor e arranjador Daniel Ganjaman também solta a voz em trechos da canção, fazendo pulsar sua veia soul. Com um canto exteriorizado, intenso, carregado de emoção, Criolo ainda brilha ao solar a balada Eu amo você (Genival Cassiano e Silvio Roachel, 1970) e faz valer sua ascendência nordestina ao dar voz ao arretado forró-soul Coroné Antonio Bento (João do Vale e Luiz Wanderley, 1970). São mais dois sucessos do antológico primeiro álbum de Tim Maia, artista de “talento cósmico”, como caracteriza Criolo no palco da casa Vivo Rio.

Em seguida, o medley com Canário do reino (Carvalho e Zapatta, 1972) e A festa de Santo Reis (Márcio Leonardo, 1971) junta novamente Ivete e Criolo. Ela, com um segundo figurino, anima A festa de Santo Reis. Criolo enfatiza em Canário do reino a ideologia de seu canto livre. Na sequência, entram em cenas as canções radiofônicas de Michael Sullivan & Paulo Massadas, compositores lançados no mercado fonográfico por Tim em 1983, ano em que a gravação de Me dê motivo – balada cantada por Criolo no show - trouxe o Síndico de volta às paradas e alavancou a carreira da dupla de hitmakers. Sullivan & Massadas são os autores de Leva, canção gravada por Tim em 1984 como tema de fim de ano de emissora de rádio. Só que Leva ganhou vida própria e tocou em todas as rádios. No show NIVEA VIVA TIM MAIA, a canção é jogada na praia do reggae por Ganjaman em interpretação de Ivete.

Também de Sullivan & Massadas, a balada Um dia de domingo (1985) é revivida com ternura no show em suave dueto de Ivete com Criolo que evoca a antológica gravação feita por Tim há 30 anos com a cantora Gal Costa. No fim, O descobridor dos sete mares (Michel e Gilson Mendonça, 1983) restaura o clima de baile pop black um número antes de Ivete e Criolo se jogarem na pista de Tim Maia Disco Club com a lembrança de Sossego (Tim Maia, 1978). A festa é (muito) boa, com muita música, balanço e emoção à flor da pele.

11 comentários:

  1. ♪ Ainda em turnê nacional, o show em que o rapper paulistano Criolo e a cantora baiana Ivete Sangalo celebram a obra e o legado do cantor e compositor carioca Tim Maia (1942 - 1998) - sob a direção musical de Daniel Ganjaman - vai ganhar registro em disco de estúdio previsto para ser lançado neste ano de 2015. Os cantores - em foto de Leonardo Aversa - vão gravar o CD neste mês de maio de 2015.

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  2. Ô dupla sem química até pra uma foto.
    A mistura me pareceu mais edição do extinto "estúdio coca-cola" que misturavam artistas "nada a ver" em apresentações pontuais.
    Apesar do repertório trazer músicas inusitadas, "de canto", pouco conhecidas do público, não saiu algo com grande impacto ou que desperte muita curiosidade e gere comentários - tal como o Viva Elis. Tampouco escolheram artistas com boa química e mistura no palco, como Viva Samba. Tá mais pra um Viva Tom, só que mais apelativo por ter Ivete. Aliás, colocar Ivete em alguma coisa vai sempre dar a impressão de estar apelando... Ivete é como cerveja em aniversário de criança: pra atrair um publico que não é exatamente parte da essência da festa.

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  3. Posso estar redondamente enganado, mas acho que com esse projeto o Criolo se torna mais um "vendido", mais um que se rende ao mainstream. Não faz sentido cantar coisas sobre Grajau.

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  4. Depois falam que o Ed Motta é chato... Ivete cansa e queima sua imagem a tôa... Não tenho nada contra o Criolo mas ele pra esse projeto...

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  5. Enquanto isso o Nivea Samba que era muito bom eles nem se dispuseram a lançar cd e dvd.....

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  6. Ivete não tem a emoção necessária para gravar as músicas do Tim... Totalmente desnecessário esse CD...

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  7. Acho equivocado considerar Criolo "vendido" por participar de um projeto mainstream. Seguindo esse raciocínio, todos os rappers dos Estados Unidos, pátria do gênero, são vendidos por natureza, pois lá não existe essa história de mainstream ser necessariamente ruim. Pelo contrário: se artistas como Afrika Bambaataa, Grandmaster Flash & The Furious Five e Sugarhill Gang - para ficar só nos mais famosos - não tivessem chegado ao mainstream, o rap/hip-hop não teria a força que tem até hoje na terra do Tio Sam e em muitas partes do mundo.

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  8. Esses dois combinam tanto quanto leite condensado e bacon.

    E olha que já vi o Criolo cantar ao vivo com a Ana Moura e ficou surpreendentemente inusitado e lindo. Mas a Ivete com essa galera de "tira o pé do chão" e o Criolo com sua eterna expressão de azia não tem nada a ver um com o outro.

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  9. A mim o Criolo nunca enganou, ele é muito ruinzinho, já a Ivete Sem Graça, tem que apelar mesmo por que talento ela não tem, ela deveria ir pra feira vender peixe...Depois dessa acho que o Tim Maia levantou do caixão, a obra dele não merecia essa marmelada amarga, que apelação :(

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  10. Ivete Sangalo tem cometido erros sucessivos na escolha de repertório, mas já cantava Tim Maia - e bem - desde a época em que era cantora de barzinho em Salvador. Quem acha Criolo ruinzinho certamente não ouviu direito seus dois discos, particularmente o último. Não há como garantir que a dupla vai dar liga, mas descartar de antemão seu trabalho é bobagem grande.

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  11. Não! A questão não é a escolha de repertório para a "Ivete sem graça",é que ela canta muito ruim mesmo. A prova disso é aquele projeto PAVOROSO da Globo,onde ela canta com Gil e Caetano...No meio de "Olhos nos Olhos" ela começa gritar, batucar e pede interação com a platéia batendo palma, como se aquilo fosse o Mercado Municipal e ela tivesse que vender chu-chu, banana e melancia....Meu Deus !!! Quando vi aquilo não acreditei e "Atrás da Porta" então ?? Com aquelas notas super altas...como se o objetivo da canção fosse gritar, gritar e gritar...ela não tem sensibilidade alguma, a globo deve ter pago o Gil e o Caetano muito bem pra fazer aquela palhaçada. Já o Criolo eu nem vou perder meu tempo, por que ele só canta que" O bagulho tá louco", (trecho de 'Subirusdoistiozin') ele acha que atitude é cara feia e fechada...eu levei um susto quando vi ele com o Milton(que eu amo), que medo...rsrsrsrs

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