quinta-feira, 21 de maio de 2015

Luz reza pela cartilha do samba nobre ao festejar os 10 anos do 'Trabalhador'

Resenha de CD
Título: 10 anos & outros sambas
Artista: Moacyr Luz & Samba do Trabalhador
Gravadora: Ritmiza Produções
Cotação: * * * *

Lançado neste mês de maio de 2015, o CD 10 anos & outros sambas festeja a primeira década de vida do Samba do trabalhador, roda inaugurada pelo compositor carioca Moacyr Luz em 29 de maio de 2005, no Clube Renascença, no Andaraí, bairro da Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro, reduto dos melhores pagodes. Luz abre a roda toda segunda-feira, ao lado de sambistas como Álvaro Santos e Junior de Oliveira. Ao longo desses 10 anos, o Samba do Trabalhador vem ocupando o lugar crucial que foi da quadra do Cacique de Ramos na década de 1980. Evento que aglutina sambistas e público disposto a ouvir novos sambas, o Samba do Trabalhador vem promovendo a renovação do repertório cantado nos pagodes cariocas. Terceiro produto fonográfico da roda comandada por Moacyr Luz, o CD 10 anos & outros sambas - gravado em estúdio com o revezamento da voz de Luz e dos compositores mais significativos da roda - é a prova de que o melhor samba continua brotando nos quintais do Rio, como nos tempos áureos do Cacique. Até porque o diferencial deste disco, em relação aos outros dois registros fonográficos do evento, reside no ineditismo da maior parte do repertório autoral. Dos 12 sambas alinhados no disco, nove são inéditos. Onze têm a assinatura de Luz, geralmente na coautoria (a exceção é Se parasse de chover, parceria de Mingo Silva - o mais novo integrante do Samba do Trabalhador - com Anderson Balaco). A safra inédita é de boa qualidade. E os três grandes sambas já previamente gravados - Anjo vagabundo (Moacyr Luz e Luiz Carlos da Vila, 1997), Samba de fato (Moacyr Luz e Paulo César Pinheiro, 1998) e No compasso do samba (Sereno e Moacyr Luz, 2012), lançados em disco pela cantora Simone Moreno, pelo grupo Mandingueiro e pelo grupo Dose Certa, respectivamente - se afinam com a ideologia e a cadência da roda, rezando pela mesma cartilha. Aliás, um dos maiores destaques da safra inédita é A reza do samba (Gustavo Clarão e Moacyr Luz), do poderoso refrão "Segunda-feira é das almas / É bom também de sambar / Tem uma vela pro santo / A outra é pra vadiar". A reza do samba exalta o próprio evento que inspirou o disco e a criação da composição. A propósito, parte do repertório cultua o próprio samba e o orgulho de ser sambista. Exemplo é Cria do samba (Álvaro Santos, Mingo Silva e Moacyr Luz), outro trunfo da safra. Único samba assinado somente por Luz, Camarão Vegê tem seu delicioso sabor realçado pelo acordeom de Bebe Kramer, músico convidado da faixa. Já Toda a hora (Toninho Geraes e Moacyr Luz) ergue brinde à bebida e ao espírito da boêmia que rege as rodas de samba. Em tom mais sagrado, o belo samba Joia rara exalta a realeza de Dona Ivone Lara com o toque da gaita de Rildo Hora, reiterando a maestria da parceria de Sereno com Moacyr Luz. Enfim, em seu primeiro disco de repertório inédito, o Samba do Trabalhador propaga a ideologia e os valores nobres do samba, com fé nos tambores, de peito e coração abertos. E que venham mais dez anos,  pois o samba desses trabalhadores é de primeira.

6 comentários:

  1. ♪ Lançado neste mês de maio de 2015, o CD 10 anos & outros sambas festeja a primeira década de vida do Samba do trabalhador, roda inaugurada pelo compositor carioca Moacyr Luz em 29 de maio de 2005, no Clube Renascença, no Andaraí, bairro da Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro, reduto dos melhores pagodes. Luz abre a roda toda segunda-feira, ao lado de sambistas como Álvaro Santos e Junior de Oliveira. Ao longo desses 10 anos, o Samba do Trabalhador vem ocupando o lugar crucial que foi da quadra do Cacique de Ramos na década de 1980. Evento que aglutina sambistas e público disposto a ouvir novos sambas, o Samba do Trabalhador vem promovendo a renovação do repertório cantado nos pagodes cariocas. Terceiro produto fonográfico da roda comandada por Moacyr Luz, o CD 10 anos & outros sambas - gravado em estúdio com o revezamento da voz de Luz e dos compositores mais significativos da roda - é a prova de que o melhor samba continua brotando nos quintais do Rio, como nos tempos áureos do Cacique. Até porque o diferencial deste disco, em relação aos outros dois registros fonográficos do evento, reside no ineditismo da maior parte do repertório autoral. Dos 12 sambas alinhados no disco, nove são inéditos. Onze têm a assinatura de Luz, geralmente na coautoria (a exceção é Se parasse de chover, parceria de Mingo Silva - o mais novo integrante do Samba do Trabalhador - com Anderson Balaco). A safra inédita é de boa qualidade. E os três grandes sambas já previamente gravados - Anjo vagabundo (Moacyr Luz e Luiz Carlos da Vila, 1997), Samba de fato (Moacyr Luz e Paulo César Pinheiro, 1998) e No compasso do samba (Sereno e Moacyr Luz, 2012), lançados em disco pela cantora Simone Moreno, pelo grupo Mandingueiro e pelo grupo Dose Certa, respectivamente - se afinam com a ideologia e a cadência da roda, rezando pela mesma cartilha. Aliás, um dos maiores destaques da safra inédita é A reza do samba (Gustavo Clarão e Moacyr Luz), do poderoso refrão "Segunda-feira é das almas / É bom também de sambar / Tem uma vela pro santo / A outra é pra vadiar". A reza do samba exalta o próprio evento que inspirou o disco e a criação da composição. A propósito, parte do repertório cultua o próprio samba e o orgulho de ser sambista. Exemplo é Cria do samba (Álvaro Santos, Mingo Silva e Moacyr Luz), outro trunfo da safra. Único samba assinado somente por Luz, Camarão Vegê tem seu delicioso sabor realçado pelo acordeom de Bebe Kramer, músico convidado da faixa. Já Toda a hora (Toninho Geraes e Moacyr Luz) ergue brinde à bebida e ao espírito da boêmia que rege as rodas de samba. Em tom mais sagrado, o belo samba Joia rara exalta a realeza de Dona Ivone Lara com o toque da gaita de Rildo Hora, reiterando a maestria da parceria de Sereno com Moacyr Luz. Enfim, em seu primeiro disco de repertório inédito, o Samba do Trabalhador propaga a ideologia e os valores nobres do samba, com fé nos tambores, de peito e coração abertos. E que venham mais dez anos, pois o samba desses trabalhadores é de primeira.

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  2. A conferir! Gostei muito do segundo cd/dvd do Samba do Trabalhador. De fato surgem grandes sambas dessa roda que tive o prazer de conhecer nas minhas férias de fevereiro.
    E Gustavo Clarão é um excelente compositor e atual presidente do GRES Unidos do Viradouro.

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  3. Samba e as marchinhas de carnaval que criticavam a situação política do pais sem serem partidárias é que eram saudáveis.Esses quintais e essa LAPA carioca viraram espaços de militância.Triste!

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  4. Este lugar é mágico e realmente é samba de 1°>>e o disco com.certeza retrata o bom e velho e novo.samba do rio de janeiro

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  5. Outra ótima roda de samba Mauro só que esta eu ainda não tive o prazer de comparecer é o terreiro de criolo em realengo amigos meus foram e disseram que da melhor qualidade

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  6. Eu adorei o Cd uma sonoridade de primeira linha, Moa sabe das coisas !

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