Título: Ná e Zé
Artistas: Ná Ozzetti e Zé Miguel Wisnik
Gravadora: Circus Produções
Cotação: * * * 1/2
Disco disponível para download gratuito e legalizado no site oficial do projeto Ná e Zé
♪ As imagens difusas de Ná Ozzeti e Zé Miguel Wisnik na foto de Luiz Romero exposta na capa do CD Ná e Zé - após tratamento de Rogério Azevedo - contrastam com a clareza deste álbum que celebra uma parceria de três décadas entre a cantora e o compositor paulista. Foi há exatos 30 anos, em 1985, que Ná cantou pela primeira vez uma música de Zé, entoando Louvar no casamento de Wisnik com Laura Vinci. Parceria de Wisnik com o poeta e compositor mineiro Cacaso (1944 - 1987), de quem Zé musicou em 1984 os versos que deram origem à canção, Louvar fecha simbolicamente o CD, selando essa nova aliança musical entre Ná e Zé. O álbum remete inevitavelmente ao passado, já que Wisnik tem sido compositor desde então recorrente na discografia de Ná. Somente em seu primeiro álbum solo, lançado em 1988, Ná gravou nada menos do que quatro composições de Zé. Duas delas, A olhos nus (1978) e Orfeu (1982), retornam em Ná e Zé em tons bem mais contemporâneos, sendo que Orfeu ganha o toque do vibrafone de Marcelo Jeneci. Confiada a Márcio Arantes, a produção do disco impede que esse repertório - formado por 15 músicas compostas por Zé, a sós ou com parceiros, entre 1978 e 2014 - soe mofado. Alocada com destaque no arranjo e na mixagem de Alegre cigarra (Zé Miguel Wisnik e Paulo Neves, 1979), faixa em que Ná encarna a própria cigarra com seu canto preciso e límpido, a guitarra noise de Guilherme Held é um dos elementos e instrumentos que fazem com que Ná e Zé aborde o passado com sons do presente. A simples presença do maestro baiano Letieres Leite na arregimentação dos sopros de Noturno do Mangue (1994) - música composta para a trilha sonora da peça Mistérios gozosos (do Teatro Oficina) e ora gravada por Ná em dueto com Arnaldo Antunes - confirma a intenção dos artistas de não se limitar a reabrir a cortina do passado. A rigor um projeto pautado por regravações e sobras, já que músicas inéditas como A noite (Zé Miguel Wisnik e Paulo Neves, 1979) jaziam até então no fundo do baú à espera de um primeiro registro fonográfico, o disco se alimenta da fina sintonia entre o canto de Ná e a obra de Zé sob esse olhar contemporâneo. Cantora projetada no vanguardista Grupo Rumo a partir da primeira metade da década de 1980, Ná tem (total) domínio do idioma musical de Zé, compositor que fala línguas melódicas inusitadas. Canções como Som e fúria (Zé Miguel Wisnik e Paulo Neves, 1992) e Momento zero (Zé Miguel Wisnik, 1992) jamais trilham caminhos óbvios. Para quem sente prazer em percorrer tais trilhas, Ná e Zé é passo firme de Ná Ozzetti que antecede o aguardado passo torto dessa grande cantora.
7 comentários:
♪ As imagens difusas de Ná Ozzeti e Zé Miguel Wisnik na foto de Luiz Romero exposta na capa do CD Ná e Zé - após tratamento de Rogério Azevedo - contrastam com a clareza deste álbum que celebra uma parceria de três décadas entre a cantora e o compositor paulista. Foi há exatos 30 anos, em 1985, que Ná cantou pela primeira vez uma música de Zé, entoando Louvar no casamento de Wisnik com Laura Vinci. Parceria de Wisnik com o poeta e compositor mineiro Cacaso (1944 - 1987), de quem Zé musicou em 1984 os versos que deram origem à canção, Louvar fecha simbolicamente o CD, selando essa nova aliança musical entre Ná e Zé. O álbum remete inevitavelmente ao passado, já que Wisnik tem sido compositor desde então recorrente na discografia de Ná. Somente em seu primeiro álbum solo, lançado em 1988, Ná gravou nada menos do que quatro composições de Zé. Duas delas, A olhos nus (1978) e Orfeu (1982), retornam em Ná e Zé em tons mais contemporâneos, sendo que Orfeu ganha o toque do vibrafone de Marcelo Jeneci. Confiada a Márcio Arantes, a produção do disco impede que esse repertório - formado por 15 músicas compostas por Zé, a sós ou com parceiros, entre 1978 e 2014 - soe mofado. Alocada com destaque no arranjo e na mixagem de Alegre cigarra (Zé Miguel Wisnik e Paulo Neves, 1979), faixa em que Ná encarna a própria cigarra com seu canto preciso e límpido, a guitarra noise de Guilherme Held é um dos elementos e instrumentos que fazem com que Ná e Zé aborde o passado com sons do presente. A simples presença do maestro baiano Letieres Leite na arregimentação dos sopros de Noturno do Mangue (1994), música composta para a trilha sonora da peça Mistérios gozosos (do Teatro Oficina) e ora gravada por Ná em dueto com Arnaldo Antunes, confirma a intenção dos artistas de não se limitar a reabrir a cortina do passado. A rigor um projeto pautado por regravações e sobras, já que músicas inéditas como A noite (Zé Miguel Wisnik e Paulo Neves, 1979) jaziam até então no fundo do baú à espera de um primeiro registro fonográfico, o disco se alimenta da fina sintonia entre o canto de Ná e a obra de Zé sob esse olhar contemporâneo. Cantora projetada no vanguardista Grupo Rumo a partir da primeira metade da década de 1980, Ná tem total domínio do idioma musical de Zé, compositor que fala línguas melódicas inusitadas. Canções como Som e fúria (Zé Miguel Wisnik e Paulo Neves, 1992) e Momento zero (Zé Miguel Wisnik, 1992) jamais trilham caminhos óbvios. Para quem sente prazer em percorrer tais trilhas, Ná e Zé é passo firme de Ná Ozzetti que antecede o aguardado passo torto dessa grande cantora.
Não sei porque o Mauro deixou de mencionar que esse CD, juntamente com o belo encarte, pode ser baixado gratuitamente no site http://www.naeze.com.br
Boa noite Mauro já teve a oportunidade de ouvir o novo disco do Paulo Ricardo chama-se Acústic Live com versões de beatles Dylan e etc ,se já vai lançar alguma resenha sobre ?
Mauro, alguma novidade sobre o projeto dela com o Passo Torto?
Sim, Raffa, o disco da Ná com o Passo Torto está pronto e vai ser lançado no segundo semestre deste ano de 2015. abs, MauroF
Pra mim esse é um dos melhores do ano!
Belíssimo disco da Ná com o Zé, cada faixa é um deleite para a alma...
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