sábado, 2 de maio de 2015

Pai e filho, Moraes e Davi se irmanam com bossa no álbum 'Nossa parceria'

Resenha de CD
Título: Nossa parceria
Artista: Davi Moraes e Moraes Moreira
Gravadora: Deck
Cotação: * * * 1/2

Álbum que junta Davi Moraes com Moraes Moreira, Nossa parceria é mais do que um encontro de pai e filho que se irmanam em ponte musical que liga a Bahia ao Rio de Janeiro com escalas em Pernambuco. O disco documenta um encontro de compositores e músicos de gerações e estilos distintos, mas que se afinam como herdeiros do suingue da música do Brasil. A origem do CD remonta a 2013, quando Davi começou a gravar disco autoral cujo repertório incluía parcerias com Moraes. O projeto virou um álbum da dupla por sugestão de Davi. As parcerias pré-existentes, claro, figuram entre as 10 músicas de Nossa parceria. Além da música-título Nossa parceria, faixa de groove funkeado à moda carioca, pai e filho assinam o instrumental Chorinho pra Noé - formatado através de diálogo do violão de Moraes com o bandolim de Davi em evocação do som do grupo Novos Baianos - e Quando acaba o Carnaval. Por mais que haja choros instrumentais como Seu Chico (Davi Moraes e Chico Barbosa) e que haja um Frevo capoeira (Moraes Moreira), o samba é o mote e o norte do disco. No caso, um samba filtrado pelas conquistas harmônicas da Bossa Nova que jamais renega a produção anterior ao gênero. Nesse sentido, é emblemático que o disco abra com Bossa capoeira, tema em que o compositor baiano Oscar da Penha (1924 - 1997), o Batatinha, tentou traduzir no berimbau o balanço da bossa. Moraes saúda Batatinha na faixa com a declamação de texto escrito em louvor ao compositor. É igualmente significativo que o disco insira entre as seis inéditas de seu repertório um samba antigo que louva a Bahia e que foi sugerido por ninguém menos do que João Gilberto, Bahia oi Bahia (Vicente Paiva e Augusto Mesquita, 1940). De alma musical baiana, Moraes Moreira é compositor fundamental na criação da trilha sonora do Carnaval do Brasil. De alma musical mais carioca, Davi Moraes amalgama no toque de sua guitarra elementos de funk, rock, samba e choro. Como compositor, Davi marca bela presença em Nossa parceria com a coautoria de Centro da saudade (Davi Moraes, Carlinhos Brown e Pedro Baby, 2010) e de Coração a batucar (Davi Moraes e Alvinho Lancellotti, 2011), dois exemplos de sambas de arquiteturas contemporâneas que herdaram a leveza da bossa sempre nova sem cair na intenção de reproduzir o balanço da turma de 1958. É desse rico universo musical - que parte do samba, mas não se limita a ele - que se alimenta Nossa parceria, álbum que evidencia que, como cantor, Moraes Moreira já sente os efeitos do tempo sobre a voz cada vez mais pálida. Em contrapartida, como compositor, o eterno novo baiano continua em forma, como mostra Só ama quem leva tombo, trunfo de disco em que pai e filho parecem irmãos de uma mesma (nobre) família musical.

5 comentários:

  1. ♪ Álbum que junta Davi Moraes com Moraes Moreira, Nossa parceria é mais do que um encontro de pai e filho que se irmanam em ponte musical que liga a Bahia ao Rio de Janeiro com escalas em Pernambuco. O disco documenta um encontro de compositores e músicos de gerações e estilos distintos, mas que se afinam como herdeiros do suingue da música do Brasil. A origem do CD remonta a 2013, quando Davi começou a gravar disco autoral cujo repertório incluía parcerias com Moraes. O projeto virou um álbum da dupla por sugestão de Davi. As parcerias pré-existentes, claro, figuram entre as 10 músicas de Nossa parceria. Além da música-título Nossa parceria, faixa de groove funkeado à moda carioca, pai e filho assinam o instrumental Chorinho pra Noé - formatado através de diálogo do violão de Moraes com o bandolim de Davi em evocação do som do grupo Novos Baianos - e Quando acaba o Carnaval. Por mais que haja choros instrumentais como Seu Chico (Davi Moraes e Chico Barbosa) e que haja um Frevo capoeira (Moraes Moreira), o samba é o mote e o norte do disco. No caso, um samba filtrado pelas conquistas harmônicas da Bossa Nova que jamais renega a produção anterior ao gênero. Nesse sentido, é emblemático que o disco abra com Bossa capoeira, tema em que o compositor baiano Oscar da Penha (1924 - 1997), o Batatinha, tentou traduzir no berimbau o balanço da bossa. Moraes saúda Batatinha na faixa com a declamação de texto escrito em louvor ao compositor. É igualmente significativo que o disco insira entre as seis inéditas de seu repertório um samba antigo que louva a Bahia e que foi sugerido por ninguém menos do que João Gilberto, Bahia oi Bahia (Vicente Paiva e Augusto Mesquita, 1940). De alma musical baiana, Moraes Moreira é compositor fundamental na criação da trilha sonora do Carnaval do Brasil. De alma musical mais carioca, Davi Moraes amalgama no toque de sua guitarra elementos de funk, rock, samba e choro. Como compositor, Davi marca bela presença em Nossa parceria com a coautoria de Centro da saudade (Davi Moraes, Carlinhos Brown e Pedro Baby, 2010) e de Coração a batucar (Davi Moraes e Alvinho Lancellotti, 2011), dois exemplos de sambas de arquiteturas contemporâneas que herdaram a leveza da bossa sempre nova sem cair na intenção de reproduzir o balanço da turma de 1958. É desse rico universo musical - que parte do samba, mas não se limita a ele - que se alimenta Nossa parceria, álbum que evidencia que, como cantor, Moraes Moreira já sente os efeitos do tempo sobre a voz cada vez mais pálida. Em contrapartida, como compositor, o eterno novo baiano continua em forma, como mostra Só ama quem leva tombo, trunfo de disco em que pai e filho parecem irmãos de uma mesma (nobre) família musical.

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  2. A voz do Moraes já foi pras cucúias a tempos! Vi o show dele no último Rock In Rio ao lado da Roberta Sá e do Pepeu e foi uma tristeza: a voz dele tá igualzinha a do Pato Donald. Nesse álbum então, beira o irritante! Uma pena mesmo....

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  3. A voz do Moraes já foi pras cucúias a tempos! Vi o show dele no último Rock In Rio ao lado da Roberta Sá e do Pepeu e foi uma tristeza: a voz dele tá igualzinha a do Pato Donald. Nesse álbum então, beira o irritante! Uma pena mesmo....

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  4. Me interessei muito pelo disco aqui pela resenha

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  5. Se não fosse pela patética voz de Moraes Moreira, agravada pelas terríveis modulações, este era um disco para dar 5 estrelas e ser um dos destaques do ano de 2015.

    Excetuando o fato acima o disco é excelente. Grande repertório, grandes arranjos e instrumentação de primeira.

    O maior destaque fica na interpretação de Davi Moraes de Coração A Batucar. Canção essa consagrada pela esposa do violonista e guitarrista, Maria Rita. Sendo que no disco Davi a interpreta de maneira manemolente numa interpretação bem diferente da filha de Elis Regina. Mesmo Davi não sendo um grande intérprete de forma alguma comprometeu a qualidade do disco.

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