Título: Cauby sings Nat King Cole
Artista: Cauby Peixoto
Gravadora: Nova Estação
Cotação: * * *
♪ Morto há 50 anos, Nathaniel Adams Coles (17 de março de 1919 - 15 de fevereiro de 1965) se tornou Nat King Cole, um dos reis do canto da canção norte-americana. Mas, se quisesse, Cole poderia ter gravitado somente em torno do universo do jazz por ter sido um pianista de toque elegante. Mas Cole, embora influenciado pelo jazz e pelo suingue libertário do jazz, exercitou sua voz aveludada na interpretação de canções mais tradicionais do universo pop. E, por tradicional no caso, entenda-se a canção de requinte alcançável pelo grande público. É esse Nat King Cole que Cauby Peixoto canta, do alto de seus 84 anos, em álbum recém-lançado pela gravadora Nova Estação. Cauby - que canta Cole em inglês em oito das dez faixas do disco - também sofreu a tal influência do jazz no início da carreira, no começo da década de 1950, e até tentou (em vão) a sorte nos Estados Unidos com o pseudônimo artístico de Ron Coby. Foi dessa época - o fim dos românticos anos 1950 - que o cantor de origem fluminense tirou com o colega norte-americano a foto estampada na capa do CD Cauby sings Nat King Cole, produzido por Thiago Marques Luiz sob a direção musical do pianista Daniel Bondaczuk, criador dos arranjos de moldes tradicionais como canções como An affair to remember (Our love affair) (Harry Warren, Leo McCarey e Harold Adamson, 1957) - música envolta em cordas de ambiência clássica - e When I fall in love (Edward Heyman e Victor Young, 1952). Cauby canta Nat King Cole nos tempos e nos tons apropriados para seus 84 anos. A personalíssima voz de barítono - outrora amplificada por intencionais arroubos de interpretação - já perdeu naturalmente parte do alcance, da potência e do viço de tempos idos. Mas ainda é uma voz. E, quando Cauby dá essa voz grave a uma canção como Unforgettable (Irving Gordon, 1951), tem-se a certeza de se estar ainda diante de um senhor cantor. Dentro da atmosfera sempre tradicionalista do disco, Daniel Bondaczuk surpreende mais ao imprimir acento renascentista ao arranjode Monalisa (Jay Livingston e Ray Evans, 1959) - com o toque de seu acordeom - do que ao esboçar clima flamenco na introdução do bolero mexicano Noche de ronda (Agustín Lara, 1935), única música cantada em espanhol. Já Blue Gardenia (Bob Russell e Lester Lee, 1953) - única música do disco a que o público de Cauby já estava habituado a ouvir em sua voz desde os anos 1950, mas em versão em português - ganha certo suingue no toque do baixo de Eric Budney. No fim, em bom português, Cauby força emoção levemente mais exacerbada em Sorri (Smile) (Charlie Chaplin, John Turner e Geoffrey Parsons, 1936/1954, na versão em português de Braguinha). Enfim, Cauby Peixoto canta Nat King Cole em álbum dirigido aos seus velhos e fiéis fãs.
5 comentários:
♪ Morto há 50 anos, Nathaniel Adams Coles (17 de março de 1919 - 15 de fevereiro de 1965) se tornou Nat King Cole, um dos reis do canto da canção norte-americana. Mas, se quisesse, Cole poderia ter gravitado somente em torno do universo do jazz por ter sido um pianista de toque elegante. Mas Cole, embora influenciado pelo jazz e pelo suingue libertário do jazz, exercitou sua voz aveludada na interpretação de canções mais tradicionais do universo pop. E, por tradicional no caso, entenda-se a canção de requinte alcançável pelo grande público. É esse Nat King Cole que Cauby Peixoto canta, do alto de seus 84 anos, em álbum recém-lançado pela gravadora Nova Estação. Cauby - que canta Cole em inglês em oito das dez faixas do disco - também sofreu a tal influência do jazz no início da carreira, no começo da década de 1950, e até tentou (em vão) a sorte nos Estados Unidos com o pseudônimo artístico de Ron Coby. Foi dessa época - o fim dos românticos anos 1950 - que o cantor de origem fluminense tirou com o colega norte-americano a foto estampada na capa do CD Cauby sings Nat King Cole, produzido por Thiago Marques Luiz sob a direção musical do pianista Daniel Bondaczuk, criador dos arranjos de moldes tradicionais como canções como An affair to remember (Our love affair) (Harry Warren, Leo McCarey e Harold Adamson, 1957) - música envolta em cordas de ambiência clássica - e When I fall in love (Edward Heyman e Victor Young, 1952). Cauby canta Nat King Cole nos tempos e nos tons apropriados para seus 84 anos. A personalíssima voz de barítono - outrora amplificada por intencionais arroubos de interpretação - já perdeu naturalmente parte do alcance, da potência e do viço de tempos idos. Mas ainda é uma voz. E, quando Cauby dá essa voz grave a uma canção como Unforgettable (Irving Gordon, 1951), tem-se a certeza de se estar ainda diante de um senhor cantor. Dentro da atmosfera sempre tradicionalista do disco, Daniel Bondaczuk surpreende mais ao imprimir acento renascentista ao arranjode Monalisa (Jay Livingston e Ray Evans, 1959) - com o toque de seu acordeom - do que ao esboçar clima flamenco na introdução do bolero mexicano Noche de ronda (Agustín Lara, 1935), única música cantada em espanhol. Já Blue Gardenia (Bob Russell e Lester Lee, 1953) - única música do disco a que o público de Cauby já estava habituado a ouvir em sua voz desde os anos 1950, mas em versão em português - ganha certo suingue no toque do baixo de Eric Budney. No fim, em bom português, Cauby força emoção levemente mais exacerbada em Sorri (Smile) (Charlie Chaplin, John Turner e Geoffrey Parsons, 1936/1954, na versão em português de Braguinha). Enfim, Cauby Peixoto canta Nat King Cole em álbum dirigido aos seus velhos e fiéis fãs.
Eu tenho o CD e achei o mesmo maravilhoso. Esse disco mostra que Cauby continua em plena forma... Recomendadíssimo esse disco por mim.
Cauby poderia estar esquecido, mas está gravando, fazendo seus shows, essa é uma marca do nosso tempo, de produtores independentes e mais facilidades aos meios de produção fonográfica. Sendo ele o cantor que é, só podemos agradecer.
Me lembrei da Elis elogiando a dicção clara e bem articulada de Nat King Cole.Ouve-se todas as sílabas e fonemas com precisão.
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