Resenha de show
Título: É
Artista: Duda Brack (em foto de Rodrigo Goffredo)
Local: Teatro do Oi Futuro Ipanema (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 19 de junho de 2015
Cotação: * * * * *
♪
"É que é muito intenso, gente... Tem que ser curto...". O comentário feito por Duda Brack no palco do teatro do Oi Futuro Ipanema, sobre a pequena duração de seu show
É, deu a medida exata do que se viu e ouviu na noite de 19 de junho de 2015. Em cerca de uma hora, a cantora gaúcha de 21 anos - radicada no Rio de Janeiro (RJ) desde os 18 - fez uma apresentação (in)tensa,
hard, que reproduziu em cena, com perfeição, a ferocidade impetuosa de seu primeiro álbum,
É, produzido por Bruno Giorgi. Dividindo o palco com
power trio
formado por Gabriel Barbosa (na bateria alucinada), Gabriel Ventura (na guitarra furiosa) e Yuri Pimentel (no baixo largo), Duda confirmou no show - programado dentro da quarta edição do projeto Levada - as qualidades evidenciadas no disco que ganhou edição física em CD neste mês de junho de 2015, dois meses após ter sido lançado em formato digital e disponibilizado para download gratuito no site oficial da artista. Duda Brack é uma cantora intensa, visceral, cujas interpretações se afinam com o tom hard roqueiro de sua banda. Colhido entre compositores emergentes ou mesmo submersos na onda de um mercado cada vez mais dilapidado, o repertório de Duda é imperativo, tem atitude, dá a decisão. Todas as oito músicas do álbum É estão evidentemente no roteiro do show. Só que, no show, Duda começou pelo fim do disco, abrindo a apresentação com a récita do texto ouvido após a última música do CD, A casa não cairá (Caio Prado, 2015). Na sequência, a cantora deu então voz - com a alardeada intensidade que se harmoniza com o tom impositivo e assertivo da maioria das músicas - a composições como a asfixiante Eu sou o ar (César Lacerda, 2015) e Vaza (Tais Feijão, 2014), esta turbinada com loops vocais pré-gravados e, no bis, refeita com a feliz presença da cantora paulistana Ana Cañas, convidada da primeira das duas apresentações do show É no projeto Levada. A presença de Cañas, aliás, surpreendeu positivamente. Ao cantar com Brack a música que deu título ao seu terceiro álbum, Volta (Ana Cañas, 2012), Cañas entrou no espírito noise e distorcido do som furioso da colega, mantendo o clima de É. Em essência, É é show de rock pesado, feito na pressão, como mostraram os tons de Lata de tinta (Paulo Monarco e Elio Camalle, 2015). O repertório de Duda Brack flerta com a MPB, mas é passado pelo filtro do indie rock e, em cena, ganha os tons e movimentos performáticos da artista. Em palco geralmente com pouca luz, Brack se posiciona sem obviedade. A cantora senta no palco para interpretar Dez dias (Dani Black, 2015), por exemplo. Mas essa sentada é feita dentro do espírito desassossegado do show, cujo único número (quase) calmo é Te ver chegar (Paulo Novaes, 2015), música que Brack canta com seu violão e que, intérprete inquieta, impede de soar explicitamente pop. Surpresa do roteiro, Interesse (Pedro Luís e Suely Mesquita, 2004) - música lançada pelo grupo carioca Pedro Luís e a Parede no disco gravado com o cantor Ney Matogrosso e revivida pela cantora com citação distorcida de Caio no suingue (Pedro Luís, 1977) - está em sintonia com o tom imperativo do repertório de Duda Brack. Tom reiterado em Venha (Paulo Monarco e Celso Viáfora, 2015). Enfim, não é todo ano que uma cantora surge em cena já pronta. Além da voz intensa, Duda Brack selecionou repertório de conceito firme, arregimentou trio poderoso (autor dos arranjos) e escolheu um produtor afim com sua atitude - Bruno Giorgi transita bem nessa atmosfera hard noise - e, ainda por acima, foi para o palco sem diluir a forte impressão deixada por seu retumbante primeiro álbum. Duda Brack já é!
♪ "É que é muito intenso, gente... Tem que ser curto...". O comentário feito por Duda Brack no palco do teatro do Oi Futuro Ipanema, sobre a pequena duração de seu show É, deu a medida exata do que se viu e ouviu na noite de 19 de junho de 2015. Em cerca de uma hora, a cantora gaúcha de 21 anos - radicada no Rio de Janeiro (RJ) desde os 18 - fez uma apresentação (in)tensa, hard, que reproduziu em cena, com perfeição, a ferocidade impetuosa de seu primeiro álbum, É, produzido por Bruno Giorgi. Dividindo o palco com power trio formado por Gabriel Barbosa (na bateria alucinada), Gabriel Ventura (na guitarra furiosa) e Yuri Pimentel (no baixo largo), Duda confirmou no show - programado dentro da quarta edição do projeto Levada - as qualidades evidenciadas no disco que ganhou edição física em CD neste mês de junho de 2015, dois meses após ter sido lançado em formato digital e disponibilizado para download gratuito no site oficial da artista. Duda Brack é uma cantora intensa, visceral, cujas interpretações se afinam com o tom hard roqueiro de sua banda. Colhido entre compositores emergentes ou mesmo submersos na onda de um mercado cada vez mais dilapidado, o repertório de Duda é imperativo, tem atitude, dá a decisão. Todas as oito músicas do álbum É estão evidentemente no roteiro do show. Só que, no show, Duda começou pelo fim do disco, abrindo a apresentação com a récita do texto ouvido após a última música do CD, A casa não cairá (Caio Prado, 2015). Na sequência, a cantora deu então voz - com a alardeada intensidade que se harmoniza com o tom impositivo e assertivo da maioria das músicas - a composições como a asfixiante Eu sou o ar (César Lacerda, 2015) e Vaza (Tais Feijão, 2014), esta turbinada com loops vocais pré-gravados e, no bis, refeita com a presença da cantora paulistana Ana Cañas, convidada da primeira das duas apresentações do show É no projeto Levada. A presença de Canãs, aliás, surpreendeu positivamente. Ao cantar com Brack a música que deu título ao seu terceiro álbum, Volta (Ana Cañas, 2012), Cañas entrou no espírito noise e distorcido do som furioso da colega, mantendo o clima de É. Em essência, É é show de rock pesado, feito na pressão, como mostraram os tons de Lata de tinta (Paulo Monarco e Elio Camalle, 2015). O repertório de Duda Brack flerta com a MPB, mas é passado pelo filtro do indie rock e, em cena, ganha os tons e movimentos performáticos da artista. Em palco geralmente com pouca luz, Brack se posiciona sem obviedade. A cantora senta no palco para interpretar Dez dias (Dani Black, 2015), por exemplo. Mas essa sentada é feita dentro do espírito desassossegado do show, cujo único número (quase) calmo é Te ver chegar (Paulo Novaes, 2015), música que Brack canta com seu violão e que, intérprete inquieta, impede de soar explicitamente pop. Surpresa do roteiro, Interesse (Pedro Luís e Suely Mesquita, 2004) - música lançada pelo grupo carioca Pedro Luís e a Parede no disco gravado com o cantor Ney Matogrosso e revivida pela cantora com citação distorcida de Caio no suingue (Pedro Luís, 1977) - está em sintonia com o tom imperativo do repertório de Duda Brack. Tom reiterado em Venha (Paulo Monarco e Celso Viáfora, 2015). Enfim, não é todo ano que uma cantora surge em cena já pronta. Além da voz intensa, Duda Brack selecionou repertório de conceito firme, arregimentou trio poderoso (autor dos arranjos) e escolheu um produtor afim com sua atitude - Bruno Giorgi transita bem nessa atmosfera hard noise - e, ainda por acima, foi para o palco sem diluir a forte impressão deixada por seu retumbante primeiro álbum. Duda Brack já é!
ResponderExcluiracho que a primeira vez que o Mauro fala bem da Ana Canas
ResponderExcluirExcelentes show e álbum !
ResponderExcluirGostei do vestido de crochê.Deve ter sido comprado em algum Brechó.
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