♪ Tributo duplo organizado e produzido por Pedro Ferreira para celebrar a obra e o legado de Milton Nascimento,
Mil Tom é - quase sempre - para quem desconhece essa obra. É para quem nunca cruzou as esquinas mineiras que gerou um repertório de arquitetura universal. Para quem conhece os registros originais, seria injusto e cruel qualquer comparação com os fonogramas inéditos apresentados neste tributo que totaliza 32 nomes recrutados na cena
indie de todo o Brasil. Até pelo fato de as 30 músicas ouvidas nos dois álbuns - produzidos somente em edição digital, ambos já disponíveis para download gratuito e legalizado no site
Scream & Yell - terem sido gravados por Milton, um dos maiores cantores do mundo. Com o detalhe de que a maioria das composições ganhou a voz divina do cantor e compositor carioca (de alma mineira) nos anos 1970 quando o artista estava no auge vocal. No primeiro volume,
Mil Tom - Disco 1, os artistas se debatem entre a subversão e a excessiva reverência. Há quem corra riscos e encare o desafio de trazer a música de Milton para o seu universo contemporâneo. É o caso da
rapper curitibana Karol Conka, que se aliou a Boss in Drama para fazer
O rouxinol (Milton Nascimento, 1997) voar em outro céu, desconstruindo a canção e o lirismo a serviço de sua batida. Pedro Morais falha na tarefa ingrata de dar alguma emoção a
Travessia (MIlton Nascimento e Fernando Brant, 1967), feita com arranjo modernoso. Já a Filarmônica de Pasárgada embarca com segurança em
Canoa, Canoa (Nelson Ângelo e Fernando Brant, 1977). Há uma real modernidade no registro do grupo paulistano que valoriza a canção. O grupo carioca Tono iria gravar
Pablo (Milton Nascimento, 1973), mas acabou optando por
Lágrima do Sul (Milton Nascimento e Marco Antônio Guimarães, 1985) e acertou na troca. Com arranjo eletrônico-tribal, o Tono revitaliza música pouco ouvida no cancioneiro de Milton. Já o cantor paulistano Pélico e a cantora carioca Barbara Eugenia diluem a pulsação inebriante de
Paula e Bebeto (Milton Nascimento e Caetano Veloso, 1975). Não, qualquer maneira de cantar nem sempre vale a pena... Por sua vez, o carioca Fernando Temporão se mostra intérprete sem alcance para música da altura de
Para Lennon & McCartney (Márcio Borges, Lô Borges e Fernando Brant, 1970). Em contrapartida, a cantora mineira Aline Calixto surpreende positivamente ao encarar a perda e a dor embutida em
Vera Cruz (Milton Nascimento e Márcio Borges, 1967), música difícil de ser cantada (com muitas de Milton, aliás), mas que Calixto leva bem até o fim. Dentro do time dos reverentes, a carioca Banda Tereza refaz
Maria Maria (Milton Nascimento e Fernando Brant, 1976) com arranjo vocal calcado na gravação de Milton. Há reverência em excesso, no caso. Quase no mesmo tom, o Vanguart segue a rota original de
Clube da Esquina 2 (Milton Nascimento, Lô Borges e Márcio Borges, 1972) sem tropeços, mas tampouco sem um lampejo de novidade. Já a banda paranaense Simonani cria climas dentro da mata escurta de
Caçador de mim (Sérgio Magro e Luiz Carlos Sá, 1980), merecendo a honra de fechar o primeiro volume de
Mil Tom. Enfim, entre reverências a Milton e subversões de sua obra,
Mil Tom - Disco 1 está aí, no ar e na rede, cumprindo adicionalmente a função de propagar a poesia imortal de Fernando Brant (1946 - 2015), cujos versos são indissociáveis do cancioneiro de Milton Nascimento.
♪ Tributo duplo organizado e produzido por Pedro Ferreira para celebrar a obra e o legado de Milton Nascimento, Mil Tom é - quase sempre - para quem desconhece essa obra. É para quem nunca cruzou as esquinas mineiras que gerou um repertório de arquitetura universal. Para quem conhece os registros originais, seria injusto e cruel qualquer comparação com os fonogramas inéditos apresentados neste tributo que totaliza 32 nomes recrutados na cena indie de todo o Brasil. Até pelo fato de as 30 músicas ouvidas nos dois álbuns - produzidos somente em edição digital, ambos já disponíveis para download gratuito e legalizado no site Scream & Yell - terem sido gravados por Milton, um dos maiores cantores do mundo. Com o detalhe de que a maioria das composições ganhou a voz divina do cantor e compositor carioca (de alma mineira) nos anos 1970 quando o artista estava no auge vocal. No primeiro volume, Mil Tom - Disco 1, os artistas se debatem entre a subversão e a excessiva reverência. Há quem corra riscos e encare o desafio de trazer a música de Milton para o seu universo contemporâneo. É o caso da rapper curitibana Karol Conka, que se aliou a Boss in Drama para fazer O rouxinol (Milton Nascimento, 1997) voar em outro céu, desconstruindo a canção e o lirismo a serviço de sua batida. Pedro Morais falha na tarefa ingrata de dar alguma emoção a Travessia (MIlton Nascimento e Fernando Brant, 1967), feita com arranjo modernoso. Já a Filarmônica de Pasárgada embarca com segurança em Canoa, Canoa (Nelson Ângelo e Fernando Brant, 1977). Há uma real modernidade no registro do grupo paulistano que valoriza a canção. O grupo carioca Tono iria gravar Pablo (Milton Nascimento, 1973), mas acabou optando por Lágrima do Sul (Milton Nascimento e Marco Antônio Guimarães, 1985) e acertou na troca. Com arranjo eletrônico-tribal, o Tono revitaliza música pouco ouvida no cancioneiro de Milton. Já o cantor paulistano Pélico e a cantora carioca Barbara Eugenia diluem a pulsação inebriante de Paula e Bebeto (Milton Nascimento e Caetano Veloso, 1975). Não, qualquer maneira de cantar nem sempre vale a pena... Por sua vez, o carioca Fernando Temporão se mostra intérprete sem alcance para música da altura de Para Lennon & McCartney (Márcio Borges, Lô Borges e Fernando Brant, 1970). Em contrapartida, a cantora mineira Aline Calixto surpreende positivamente ao encarar a perda e a dor embutida em Vera Cruz (Milton Nascimento e Márcio Borges, 1967), música difícil de ser cantada (com muitas de Milton, aliás), mas que Calixto leva bem até o fim. Dentro do time dos reverentes, a carioca Banda Tereza refaz Maria Maria (Milton Nascimento e Fernando Brant, 1976) com arranjo vocal calcado na gravação de Milton. Há reverência em excesso, no caso. Quase no mesmo tom, o Vanguart segue a rota original de Clube da Esquina 2 (Milton Nascimento, Lô Borges e Márcio Borges, 1972) sem tropeços, mas tampouco sem um lampejo de novidade. Já a banda paranaense Simonani cria climas dentro da mata escurta de Caçador de mim (Sérgio Magro e Luiz Carlos Sá, 1980), merecendo a honra de fechar o primeiro volume de Mil Tom. Enfim, entre reverências a Milton e subversões de sua obra, Mil Tom - Disco 1 está aí, no ar e na rede, cumprindo adicionalmente a função de propagar a poesia imortal de Fernando Brant (1946 - 2015), cujos versos são indissociáveis do cancioneiro de Milton Nascimento.
ResponderExcluirOuvindo melhor e com mais atenção, chego a conclusão de que Milton merecia um tributo mais denso e profundo... As interpretações estão muito aquém a grandiosidade de Milton.
ResponderExcluirDe qualquer forma, gravadoras como a Joia Moderna poderiam lançar esse tributo em CD.
ResponderExcluirEssa garotada toda tem atitude, fas alguns sons interessantes, mas falta-lhes o essencial: verve pra ser cantor/cantora... muitos semitonam, não interpretam, apenas põem a voz e acham que isso é "cantar". Definitivamente Milton não é pra qualquer um. Isso a abelha rainha sempre disse!!!
ResponderExcluirfaz*
ResponderExcluirouvi com atenção tanto os 2 volumes de Mil Tom quanto o vol. 1 de Mar Azul e conclui que, se fosse condensado em 1 volume as melhores gravações seria um belo disco-homenagem. gosto da maioria dos artistas que gravaram ali e alguns merecem destaque (Tono! <3) inclusive na sua crítica, Mauro. entre algumas gravações opacas (Dani Black marcou bem Mar Azul e em Mil Tom foi ok apenas) não ficou nada de mau gosto, ainda bem. comparar? jamais! além de Milton (o inatingível) muita gente do primeiro time já marcou eternamente essas canções.
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