quarta-feira, 29 de julho de 2015

Discografia de Ana Cañas alcança (inédito) ponto de coesão com 'Tô na vida'

Resenha de CD
Título: Tô na vida
Artista: Ana Cañas
Gravadora: Guela Records / Slap
Cotação: * * * *

Atriz que se tornou cantora ao interpretar standards do jazz e da MPB em shows envoltos em aura hype, em meados dos anos 2000, a paulistana Ana Cañas precisou de oito anos para que sua discografia alcançasse o inédito ponto de coesão atingido por seu quinto álbum, Tô na vida, já na web e com edição física em CD programada para chegar às lojas em agosto de 2015 em edição da Guela Records / Slap distribuída em escala nacional pela gravadora Som Livre. Primeiro álbum inteiramente autoral de Cañas, Tô na vida esboça - enfim - uma identidade, uma cara, um som, para a obra dessa cantora que atirou para vários lados musicais e errou mais do que acertou. Se seu primeiro álbum, Amor e caos (Sony Music, 2007), investiu na imagem da  virtuosa cantora de standards (ainda que o repertório fosse majoritariamente autoral e inédito), o segundo, Hein? (Sony Music, 2099), forçou parceria com o produtor Liminha e investiu no rock. Há, a propósito, pontos de contato entre Hein? e Tô na vida, álbum cujo repertório alterna rocks, baladas e blues. Mas o que soava fake no disco de 2009 - cujo repertório apresentou a bela balada Esconderijo (Ana Cañas) - soa verdadeiro em Tô na vida. Cañas já havia assumido o controle de sua discografia em seu disco anterior de estúdio, Volta (Guela Records / Slap), mas a safra autoral deste CD jamais roçou a coesão do cancioneiro de Tô na vida. Talvez a diferença seja efeito do encontro de Cañas com Lúcio Maia, produtor do álbum - função que divide com a própria Cañas - e parceiro em músicas como o rock O som do osso (Ana Cañas, Lúcio Maia e Pedro Luís) e o blues Madrugada quer você (Ana Cañas, Lúcio Maia e Arnaldo Antunes), composto pelo mesmo trio da música-título, outro blues inspirado pela soul music ouvida pela artista no período de gestação do repertório. Previamente lançada como single, a música Tô na vida - de tom confessional - já tinha sinalizado que algo tinha entrado dentro da ordem no som de Cañas. Havia ali um vigor, uma pegada, uma gana, que pauta  o repertório do CD. Além de Arnaldo Antunes, parceiro de músicas do álbum Hein? e atualmente da balada Um dois um só, Cañas retoma a conexão com Dadi, parceiro da artista na mais bonita canção de amor do álbum, Hoje nunca mais. Sozinha, Cañas assina nove das 14 músicas do disco. A mais inspirada é Existe, música que (não por acaso) abre o álbum. Os temas dessa solitária safra autoral geralmente têm alma roqueira, como expõem Coisa Deus e Indivisível (música que embute um canto falado que foge do formato-clichê do rap). O rock Mulher levanta a bandeira feminina sem tom panfletário, ecoando a obra de Rita Lee, pioneira roqueira brasileira na defesa das cores de seu sexo. Enfim, dois anos após sinalizar que seguiria a trilha pop de Nando Reis em CD ao vivo e DVD captados em show sem identidade, Coração inevitável (Guela Records / Som Livre, 2013), Ana Cañas na vida, na rede e - em breve - nas lojas com o seu melhor álbum.

6 comentários:

  1. ♪ Atriz que se tornou cantora ao interpretar standards do jazz e da MPB em shows envoltos em aura hype, em meados dos anos 2000, a paulistana Ana Cañas precisou de oito anos para que sua discografia alcançasse o inédito ponto de coesão atingido por seu quinto álbum, Tô na vida, já na web e com edição física em CD programada para chegar às lojas em agosto de 2015 em edição da Guela Records / Slap distribuída em escala nacional pela gravadora Som Livre. Primeiro álbum inteiramente autoral de Cañas, Tô na vida esboça - enfim - uma identidade, uma cara, um som, para a obra dessa cantora que atirou para vários lados musicais e errou mais do que acertou. Se seu primeiro álbum, Amor e caos (Sony Music, 2007), investiu na imagem da virtuosa cantora de standards (ainda que o repertório fosse majoritariamente autoral e inédito), o segundo, Hein? (Sony Music, 2099), forçou parceria com o produtor Liminha e investiu no rock. Há, a propósito, pontos de contato entre Hein? e Tô na vida, álbum cujo repertório alterna rocks, baladas e blues. Mas o que soava fake no disco de 2009 - cujo repertório apresentou a bela balada Esconderijo (Ana Cañas) - soa verdadeiro em Tô na vida. Cañas já havia assumido o controle de sua discografia em seu disco anterior de estúdio, Volta (Guela Records / Slap), mas a safra autoral deste CD jamais roçou a coesão do cancioneiro de Tô na vida. Talvez a diferença seja efeito do encontro de Cañas com Lúcio Maia, produtor do álbum - função que divide com a própria Cañas - e parceiro em músicas como o rock O som do osso (Ana Cañas, Lúcio Maia e Pedro Luís) e o blues Madrugada quer você (Ana Cañas, Lúcio Maia e Arnaldo Antunes), composto pelo mesmo trio da música-título, outro blues inspirado pela soul music ouvida pela artista no período de gestação do repertório. Previamente lançada como single, a música Tô na vida - de tom confessional - já tinha sinalizado que algo tinha entrado dentro da ordem no som de Cañas. Havia ali um vigor, uma pegada, uma gana, que pauta o repertório do CD. Além de Arnaldo Antunes, parceiro de músicas do álbum Hein? e atualmente da balada Um dois um só, Cañas retoma a conexão com Dadi, parceiro da artista na mais bonita canção de amor do álbum, Hoje nunca mais. Sozinha, Cañas assina nove das 14 músicas do disco. A mais inspirada é Existe, música que (não por acaso) abre o álbum. Os temas dessa solitária safra autoral geralmente têm alma roqueira, como expõem Coisa Deus e Indivisível (música que embute um canto falado que foge do formato-clichê do rap). O rock Mulher levanta a bandeira feminina sem tom panfletário, ecoando a obra de Rita Lee, pioneira roqueira brasileira na defesa das cores de seu sexo. Enfim, dois anos após sinalizar que seguiria a trilha pop de Nando Reis em CD ao vivo e DVD captados em show sem identidade, Coração inevitável (Guela Records / Som Livre, 2013), Ana Cañas tá na vida, na rede e - em breve - nas lojas com o seu melhor álbum.

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  2. O disco realmente é uma delícia de se ouvir. Ela acertou em cheio com esse álbum. Dou destaque para as faixas "Existe" e "Tô Na Vida".

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  3. Eu me surpreendi com esse álbum. O pouco que eu tinha ouvido do trabalho dela, não tinha curtido... Até o lançamento de Tô na Vida. Melhor álbum!

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  4. Já tentei gostar,mas desgosto.Quem sabe um dia...

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  5. Os outros discos da cañas nunca me chamavam a atenção...
    agora, esse na primeira música do cd já fui pega e fiquei escutando Existe várias vezes!!
    Vida longa a Tô Na Vida

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