Mauro Ferreira no G1

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sábado, 18 de julho de 2015

'Éter' concentra o peso e as angústias da Scalene no tom encorpado do rock

Resenha de CD
Título: Éter
Artista: Scalene
Gravadora: Edição independente do artista
Cotação: * * *

"Qual o seu limite? Até onde vai?", pergunta repetidas vezes, em tom gutural, o vocalista Gustavo Bertoni ao fim de Histeria, uma das 12 músicas inéditas e autorais que compõem o repertório do segundo álbum da banda brasiliense Scalene, Éter. Não fosse o idioma em português, o tom gutural se ajustaria a qualquer um dos discos do grupo norte-americano Queens of the Stone Age. Lançado em maio no embalo da exposição nacional obtida pelo quarteto indie de Brasília (DF) por conta de sua participação na segunda temporada do reality musical Superstar (TV Globo, 2015), na qual a Scalene chegou à reta final, Éter concentra o peso e as angústias existenciais da Scalene no toque encorpado do rock. Diferentemente da banda paulistana Malta, que saiu da primeira temporada do Superstar direto para as paradas a reboque de pop rock feito à moda do grupo carioca Roupa Nova, a Scalene opta por uma pegada mais hard. Entre rocks e baladas, há o peso dos riffs e de versos desesperados como os de Fogo. Sucessor de Real / Surreal (Independente, 2013), a Scalene evita o pop palatável neste disco produzido por Diego Marx e Lampadinha em parceria com a própria banda. Gustavo Bertoni (voz e guitarra), Tomás Bertoni (guitarra e teclado), Lucas Furtado (baixo) e Philipe Makako Nogueira (bateria e vocal) conciliam influências de bandas como Queens of the Stone Age e Radiohead sem perda da própria identidade. Mas o peso - cabe ressaltar - está mais nas letras, impregnadas de pessimismo (como a de  Sublimação) e tormentos (como os expostos na balada Tiro cego). Alguns rocks, como O peso da pena, são hards, dando mais coesão ao conceito de Éter. Ecos do quarteto carioca Los Hermanos são ouvidos em algumas passagens de Náufrago sem comprometer a personalidade da banda da Capital do Brasil. O que falta ao repertório da Scalene são melodias mais imponentes. Os riffs, a pegada e as letras sobressaem individualmente mais do que as músicas em si. Contudo, é inegável que Éter expõe uma banda com consistência, com um rock mais forte do que o som diluído dos grupos mais queridos e votados pelos telespectadores do programa Superstar. Resta seguir - e resistir!! - nesse acertado caminho.

Um comentário:

Mauro Ferreira disse...

♪ "Qual o seu limite? Até onde vai?", pergunta repetidas vezes, em tom gutural, o vocalista Gustavo Bertoni ao fim de Histeria, uma das 12 músicas inéditas e autorais que compõem o repertório do segundo álbum da banda brasiliense Scalene, Éter. Não fosse o idioma em português, o tom gutural se ajustaria a qualquer um dos discos do grupo norte-americano Queens of the Stone Age. Lançado no embalo da exposição nacional obtida pelo quarteto indie de Brasília (DF) por conta de sua participação na segunda temporada do reality musical Superstar (TV Globo, 2015), na qual a Scalene chegou à reta final, Éter concentra o peso e as angústias existenciais da Scalene no toque encorpado do rock. Diferentemente da banda paulistana Malta, que saiu da primeira temporada do Superstar direto para as paradas a reboque de pop rock feito à moda do grupo carioca Roupa Nova, a Scalene opta por uma pegada mais hard. Entre rocks e baladas, há o peso dos riffs e de versos desesperados como os de Fogo. Sucessor de Real / Surreal (Independente, 2013), a Scalene evita o pop palatável neste disco produzido por Diego Marx e Lampadinha em parceria com a própria banda. Gustavo Bertoni (voz e guitarra), Tomás Bertoni (guitarra e teclado), Lucas Furtado (baixo) e Philipe Makako Nogueira (bateria e vocal) conciliam influências de bandas como Queens of the Stone Age e Radiohead sem perda da própria identidade. Mas o peso - cabe ressaltar - está mais nas letras, impregnadas de pessimismo (como a de Sublimação) e tormentos (como os expostos na balada Tiro cego). Alguns rocks, como O peso da pena, são hards, dando mais coesão ao conceito de Éter. Ecos do quarteto carioca Los Hermanos são ouvidos em algumas passagens de Náufrago sem comprometer a personalidade da banda da Capital do Brasil. O que falta ao repertório da Scalene são melodias mais imponentes. Os riffs, a pegada e as letras sobressaem individualmente mais do que as músicas em si. Contudo, é inegável que Éter expõe uma banda com consistência, com um rock mais forte do que o som diluído dos grupos mais queridos e votados pelos telespectadores do programa Superstar. Resta seguir - e resistir!! - nesse acertado caminho.