Título: Maria de todos nós
Artista: Maria Bethânia
Local: Paço Imperial (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 3 de julho de 2015
Fotos: reproduções de obras de Ziraldo (The wonderful white witch, 2015) e Mario Ferrante
(Retrato da Bethânia, 2014)
Cotação: * * *
♪ Em cartaz de 3 de julho a 13 de setembro de 2015, diariamente, com entrada franca
♪ Maria Bethânia já sentenciou que música é perfume. Pois na exposição Maria de todos nós estão lá fragrâncias inspiradas pelos sons de álbuns como Ciclo (Philips, 1983), Âmbar (EMI-Music, 1996), Brasileirinho (Biscoito Fino, 2003) e Meus quintais (Biscoito Fino, 2014). Com curadoria de Bia Lessa, a exposição - aberta ao público a partir de hoje, 3 de julho de 2015 - celebra os 50 anos de carreira da cantora baiana sem didatismo ou a menor preocupação de informar quem desconhece a trajetória luminosa da artista. Em cartaz até 13 de setembro de 2015 no Paço Imperial, no Rio de Janeiro (RJ), Maria de todos nós expõe signos que remetem ao universo pessoal e profissional de Bethânia. Alguns, como a poltrona criada pelos Irmãos Campana para o evento com design que remete a uma casa de João de Barro, são de tradução difícil até para iniciados nesse mundo mítico da artista. Outros signos - como as imagens dos orixás, as receitas de comidas interioranas e a imagem de Nossa Senhora da Purificação - remetem de imediato às crenças de uma intérprete que sempre pôs fé no sincretismo religioso e nas modas e costumes de um Brasil caboclo. Repleta de referências desse Brasil rural, Maria de todos nós jamais decifra o enigma da esfinge-bruxa retratada pelo cartunista Ziraldo como uma maravilhosa feiticeira branca. A propósito, a obra The wonderful white witch sobressai entre tantas traduções de Bethânia, feitas tanto por fãs (no caso das fotos de shows) como por profissionais como o paulistano Fauzi Arap (1938 - 2013), diretor de shows emblemáticos da intérprete. É de Arap o texto A pedra filosofal (2011), exposto com destaque na ocupação que preenche todos os espaços do primeiro pavimento do Paço Imperial. A escritora Nélida Piñon também discorre sobre a magia do canto de Bethânia em texto lapidar. Mas é claro que, para os olhos, as obras visuais surtem maior efeito - caso do belíssimo óleo sobre tela Retrato de Bethânia (2014), do artista Mario Ferrante. Cabe destacar também a tela de 2014 em que o cartunista paulista Maurício de Souza desenha Bethânia com sua Turma da Mônica. Já a sala de fotos de shows - que poderia ser mais bem iluminada, estando demasiadamente escura - sensibiliza o espectador pela expressão da artista em cena. E impressiona negativamente pela imprecisão de um crédito em especial: a foto da capa do CD e DVD Carta de amor (Biscoito Fino, 2013), é atribuída a autor desconhecido e ao ano de 1977. Pequenas desatenções à parte, Maria de todos nós celebra Bethânia por olhares alheios. É exposição feita por gente e para gente que já conhece muito bem a trajetória da artista nessas cinco gloriosas décadas. A Maria não é de todos.
2 comentários:
♪ Maria Bethânia já sentenciou que música é perfume. Pois na exposição Maria de todos nós estão lá fragrâncias inspiradas pelos sons de álbuns como Ciclo (Philips, 1983), Âmbar (EMI-Music, 1996), Brasileirinho (Biscoito Fino, 2003) e Meus quintais (Biscoito Fino, 2014). Com curadoria de Bia Lessa, a exposição - aberta ao público a partir de hoje, 3 de julho de 2015 - celebra os 50 anos de carreira da cantora baiana sem didatismo ou a menor preocupação de informar quem desconhece a trajetória luminosa da artista. Em cartaz até 13 de setembro de 2015 no Paço Imperial, no Rio de Janeiro (RJ), Maria de todos nós expõe signos que remetem ao universo pessoal e profissional de Bethânia. Alguns, como a poltrona criada pelos Irmãos Campana para o evento com design que remete a uma casa de João de Barro, são de tradução difícil até para iniciados nesse mundo mítico da artista. Outros signos - como as imagens dos orixás, as receitas de comidas interioranas e a imagem de Nossa Senhora da Purificação - remetem de imediato às crenças de uma intérprete que sempre pôs fé no sincretismo religioso e nas modas e costumes de um Brasil caboclo. Repleta de referências desse Brasil rural, Maria de todos nós jamais decifra o enigma da esfinge-bruxa retratada pelo cartunista Ziraldo como uma maravilhosa feiticeira branca. A propósito, a obra The wonderful white witch sobressai entre tantas traduções de Bethânia, feitas tanto por fãs (no caso das fotos de shows) como por profissionais como o paulistano Fauzi Arap (1938 - 2013), diretor de shows emblemáticos da intérprete. É de Arap o texto A pedra filosofal (2011), exposto com destaque na ocupação que preenche todos os espaços do primeiro pavimento do Paço Imperial. A escritora Nélida Piñon também discorre sobre a magia do canto de Bethânia em texto lapidar. Mas é claro que, para os olhos, as obras visuais surtem maior efeito - caso do belíssimo óleo sobre tela Retrato de Bethânia (2014), do artista Mario Ferrante. Cabe destacar também a tela de 2014 em que o cartunista paulista Maurício de Souza desenha Bethânia com sua Turma da Mônica. Já a sala de fotos de shows - que poderia ser mais bem iluminada, estando demasiadamente escura - sensibiliza o espectador pela expressão da artista em cena. E impressiona negativamente pela imprecisão de um crédito em especial: a foto da capa do CD e DVD Carta de amor (Biscoito Fino, 2013), é atribuída a autor desconhecido e ao ano de 1977. Pequenas desatenções à parte, Maria de todos nós celebra Bethânia por olhares alheios. É exposição feita por gente e para gente que já conhece muito bem a trajetória da artista nessas cinco gloriosas décadas. A Maria não é de todos.
exposição não tem que ser banco de informação, é um evento sensorial
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