Resenha de CD
Título: Rizar
Artista: Zé Pi
Gravadora: YB Music
Cotação: * * 1/2
♪ Artista paulista egresso de grupos como Druques, Zé Pi é melhor compositor do que cantor. Essa superioridade de um ofício em relação ao outro é nítida em Rizar e prejudica o primeiro álbum solo de Pi. A sensação deixada por Rizar é que as nove canções autorais estão à espera de uma voz menos opaca para terem realçados o brilho que, em maior ou menor grau, reside nelas. Não é uma questão de potência ou extensão vocal. Nara Leão (1942 - 1989) tinha um fio de voz e nem por isso deixou de ser uma cantora relevante. Ao compor essas nove canções, Pi imprimiu nelas uma gama de emoções e sentimentos - brotados de relacionamentos afetivos - que seu canto jamais expressa a contento. Até Tulipa Ruiz - grande cantora que vive momento de auge vocal - está apagada na reinvenção cool de Depois (Zé Pi e Guilherme Calzavara, 2006), música do repertório da Druques que abriu o álbum lançado pela banda paulista há nove anos, Druques (Independente, 2006). E por falar em Tulipa, Gustavo Ruiz - irmão e produtor dos discos da cantora - é o piloto de Rizar, álbum cujo processo de formatação começou em janeiro de 2014 quando Pi e Gustavo foram com a banda-base - formada por André Lima (teclados sintetizadores), Meno Del Picchia (baixo), Richard Ribeiro (bateria e percussão) e o próprio Zé Pi nas guitarras - para sítio situado perto de Bragança Paulista, cidade onde Pi nasceu. Finda a criação dos arranjos, a gravação foi feita efetivamente no estúdio El Rocha, um dos QGs da cena indie da cidade de São Paulo (SP). A produção não é econômica. Há quartetos de cordas em canções como Fique à vontade (Zé Pi) e Bem melhor do que está (Zé Pi), músicas que exemplificam o dom de Pi para a composição. Há também inserções eventuais de metais em músicas como Muito tempo (Zé Pi), cujo arranjo - formatado com os metais da Trupe Chá de Boldo - evoca de longe o universo do som black norte-americano sem deixar de evidenciar a pegada pop da canção. Sim, por mais que o solo de guitarra de Luiz Chagas esboce uma atmosfera roqueira em Se você soubesse (Zé Pi), Rizar é disco de repertório criado com vocação explicitamente pop, como reiteram Acredito (Zé Pi), de delicioso sabor retrô, e Anoiteceu (Zé Pi, Maurício Fleury e Leo Cavalcanti), música da safra autoral de 2008. Ainda que a introdução de Dor e solidão (Zé Pi) remeta de imediato à arquitetura das canções do grupo carioca Los Hermanos, referência para toda a geração que veio depois, Zé Pi brilha como compositor em Rizar, deixando a desejar como cantor. Sua obra pede outras vozes...
♪ Artista paulista egresso de grupos como Druques, Zé Pi é melhor compositor do que cantor. Essa superioridade de um ofício em relação ao outro é nítida em Rizar e prejudica o primeiro álbum solo de Pi. A sensação deixada por Rizar é que as nove canções autorais estão à espera de uma voz menos opaca para terem realçados o brilho que, em maior ou menor grau, reside nelas. Não é uma questão de potência ou extensão vocal. Nara Leão (1942 - 1989) tinha um fio de voz e nem por isso deixou de ser uma cantora relevante. Ao compor essas nove canções, Pi imprimiu nelas uma gama de emoções e sentimentos - brotados de relacionamentos afetivos - que seu canto jamais expressa a contento. Até Tulipa Ruiz - grande cantora que vive momento de auge vocal - está apagada na reinvenção cool de Depois (Zé Pi e Guilherme Calzavara, 2006), música do repertório da Druques que abriu o álbum lançado pela banda paulista há nove anos, Druques (Independente, 2006). E por falar em Tulipa, Gustavo Ruiz - irmão e produtor dos discos da cantora - é o piloto de Rizar, álbum cujo processo de formatação começou em janeiro de 2014 quando Pi e Gustavo foram com a banda-base - formada por André Lima (teclados sintetizadores), Meno Del Picchia (baixo), Richard Ribeiro (bateria e percussão) e o próprio Zé Pi nas guitarras - para sítio situado perto de Bragança Paulista, cidade onde Pi nasceu. Finda a criação dos arranjos, a gravação foi feita efetivamente no estúdio El Rocha, um dos QGs da cena indie da cidade de São Paulo (SP). A produção não é econômica. Há quartetos de cordas em canções como Fique à vontade (Zé Pi) e Bem melhor do que está (Zé Pi), músicas que exemplificam o dom de Pi para a composição. Há também inserções eventuais de metais em músicas como Muito tempo (Zé Pi), cujo arranjo - formatado com os metais da Trupe Chá de Boldo - evoca de longe o universo do som black norte-americano sem deixar de evidenciar a pegada pop da canção. Sim, por mais que o solo de guitarra de Luiz Chagas esboce uma atmosfera roqueira em Se você soubesse (Zé Pi), Rizar é disco de repertório criado com vocação explicitamente pop, como reiteram Acredito (Zé Pi), de delicioso sabor retrô, e Anoiteceu (Zé Pi, Maurício Fleury e Leo Cavalcanti), música da safra autoral de 2008. Ainda que a introdução de Dor e solidão (Zé Pi) remeta de imediato à arquitetura das canções do grupo carioca Los Hermanos, referência para toda a geração que veio depois, Zé Pi brilha como compositor em Rizar, deixando a desejar como cantor. Sua obra pede outras vozes...
ResponderExcluira sina de uma geraçao de compositores
ResponderExcluirEscutei esses cd algumas vezes, e até aqui o que não desce mesmo, pra mim, são as letras. Achei fracas.
ResponderExcluirConcordo com o Pedro. Falta voz nessa geração, sobra música que ninguém vai ouvir
ResponderExcluirArrigo Barnabé disse que a geração dele era orfã da Elis,hoje o problema é pior porque a maioria das cantoras além de fracas são compositoras também.Nada como uma grande cantora pra passar a limpo certas músicas.
ResponderExcluir