quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Entre sambas, Delegado cresce (e aparece) na 'jam' brasileira de 'Viamundo'

Resenha de CD
Título: Viamundo
Artista: Thiago Delegado
Gravadora: Edição independente do artista
Cotação: * * * 1/2

Lançado por vias independentes neste segundo semestre de 2015, Viamundo já é o terceiro álbum de Thiago Delegado. Mas é o disco que vem no momento certo, em que o violonista, compositor e produtor musical mineiro - nome em progressiva evidência na atual cena musical de Belo Horizonte (MG) - começa a ganhar certa visibilidade nacional, crescendo e aparecendo. Sucessor de Serra do Curral (Independente, 2012) e Ao vivo no Museu de Arte da Pampulha (Independente, 2013), Viamundo expõe ao longo de 12 músicas um excelente instrumentista - sempre hábil no toque do violão de sete cordas - e um compositor de bom nível. Produzido pelo próprio Delegado com o pianista Christiano Caldas, Viamundo alterna temas instrumentais  - como Cansei de ser enganado (Thiago Delegado) e Deleodoro (Thiago Delegado e Frederico Heliodoro) - com músicas cantadas por solistas como Leila Pinheiro, intérprete da encorpada canção Se acontecer (Thiago Delegado, Aloízio Horta e Edu Krieger), gravada com a guitarra de Roberto Menescal.  Nos temas instrumentais como a música-título Viamundo (Thiago Delegado), o artista mineiro - nascido em Caratinga (MG) - faz uma jam à brasileira, com a tal influência do jazz, mas com sotaque nacional e uma linguagem universal que justifica o título do álbum. O virtuosismo do violonista é referendado pelas participações de músicos consagrados como o já mencionado violonista e guitarrista carioca Roberto Menescal - admirador do violão de Delegado - e o pianista acriano João Donato, convidado natural da faixa intitulada A camisa do Donato (Thiago Delegado), bordada com precisão. Nessa jam brasileira do artista, o samba parece ser um dom de Delegado. O samba aparece com jeito de gafieira em Malandrote (Thiago Delegado e Edu Krieger) na voz da cantora mineira Aline Calixto, com citações de sucessos da Bossa Nova em Quantos mais (Thiago Delegado e Ricardo Nazar) na voz da cantora paulistana Fabiana Cozza e com referências ao som mais cultuado das Geraes nos anos 1970 em Clube do pagode da esquina nº 1 (Thiago Delegado e Aloízio Horta). Já o sambão Terreiro do Brasil (Thiago Delegado e Murilo Antunes) - defendido pelo (bom) cantor mineiro Fernando Bento - dialoga musicalmente com a cadência bonita do ritmo carioca enquanto louva os encantos de Minas Gerais. Entre sambas, há também espaço para um choro, Sarau pro Sr. Mozart (Thiago Delegado), tributo não ao compositor austríaco de música clássica, mas ao violonista mineiro Mozart Secundino, lenda viva de 92 anos da cena musical de BH. Enfim, Delegado cultiva o seu quintal em Viamundo, mas com som apto a extrapolar as fronteiras mineiras, dando ao músico merecido reconhecimento nacional.  Fez o CD certo no momento certo.

Um comentário:

  1. ♪ Lançado por vias independentes neste segundo semestre de 2015, Viamundo já é o terceiro álbum de Thiago Delegado. Mas é o disco que vem no momento certo, em que o violonista, compositor e produtor musical mineiro - nome em progressiva evidência na atual cena musical de Belo Horizonte (MG) - começa a ganhar certa visibilidade nacional, crescendo e aparecendo. Sucessor de Serra do Curral (Independente, 2012) e Ao vivo no Museu de Arte da Pampulha (Independente, 2013), Viamundo expõe ao longo de 12 músicas um excelente instrumentista - sempre hábil no toque do violão de sete cordas - e um compositor de bom nível. Produzido pelo próprio Delegado com o pianista Christiano Caldas, Viamundo alterna temas instrumentais - como Cansei de ser enganado (Thiago Delegado) e Deleodoro (Thiago Delegado e Frederico Heliodoro) - com músicas cantadas por solistas como Leila Pinheiro, intérprete da encorpada canção Se acontecer (Thiago Delegado, Aloízio Horta e Edu Krieger), gravada com a guitarra de Roberto Menescal. Nos temas instrumentais como a música-título Viamundo (Thiago Delegado), o artista mineiro - nascido em Caratinga (MG) - faz uma jam à brasileira, com a tal influência do jazz, mas com sotaque nacional e uma linguagem universal que justifica o título do álbum. O virtuosismo do violonista é referendado pelas participações de músicos consagrados como o já mencionado violonista e guitarrista carioca Roberto Menescal - admirador do violão de Delegado - e o pianista acriano João Donato, convidado natural da faixa intitulada A camisa do Donato (Thiago Delegado), bordada com precisão. Nessa jam brasileira do artista, o samba parece ser um dom de Delegado. O samba aparece com jeito de gafieira em Malandrote (Thiago Delegado e Edu Krieger) na voz da cantora mineira Aline Calixto, com citações de sucessos da Bossa Nova em Quantos mais (Thiago Delegado e Ricardo Nazar) na voz da cantora paulistana Fabiana Cozza e com referências ao som mais cultuado das Geraes nos anos 1970 em Clube do pagode da esquina nº 1 (Thiago Delegado e Aloízio Horta). Já o sambão Terreiro do Brasil (Thiago Delegado e Murilo Antunes) - defendido pelo (bom) cantor mineiro Fernando Bento - dialoga musicalmente com a cadência bonita do ritmo carioca enquanto louva os encantos de Minas Gerais. Entre sambas, há também espaço para um choro, Sarau pro Sr. Mozart (Thiago Delegado), tributo não ao compositor austríaco de música clássica, mas ao violonista mineiro Mozart Secundino, lenda viva de 92 anos da cena musical de BH. Enfim, Delegado cultiva o seu quintal em Viamundo, mas com som apto a extrapolar as fronteiras mineiras, dando ao músico merecido reconhecimento nacional. Fez o CD certo no momento certo.

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