quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Livro de Lucas Silveira se justifica ao narrar a luta do Fresno pela autonomia

Resenha de livro
Título: Eu não sei lidar
Autor: Lucas Silveira
Editora: Dublinense
Cotação: * *

Vocalista, guitarrista e mentor do Fresno, grupo gaúcho que já contabiliza mais de 15 anos de carreira, Lucas Silveira já provou, com o disco de seu heterônimo solo Beeshop, que não é mais um na multidão do universo pop brasileiro. Nem por isso o livro do artista, Eu não sei lidar, se justifica de forma plena. A narrativa está estruturada de forma confusa, misturando análises e informações sobre a gênese de músicas do Fresno - como Stonehenge (Lucas Silveira, 2003) - com reflexões existenciais de momentos emblemáticos da vida do artista, como a entrada traumática na adolescência. A propósito, o capítulo em que Lucas lembra que foi alvo de violência de uma turma junkie no colégio resulta interessante. Contudo, Eu não sei lidar não chega a ter a densidade de uma autobiografia consistente, embora seus relatos pareçam sempre sinceros. A questão é que a narrativa está muito fragmentada, o que dilui a força das histórias. Mais organizada, a narrativa talvez rendesse livro mais coeso, pois tudo parece ter um sentido. Inclusive os relatos sobre as músicas. "Minha vida está narrada, página por página, nos versos das músicas que escrevi para essa banda", ressalta o autor, explicando porque seu projeto solo de repente lhe pareceu pequeno diante da obra do Fresno. De toda forma, o livro cresce e se justifica realmente quando Lucas narra a luta travada pelo Fresno com o produtor e empresário Rick Bonadio para conquistar sua independência artística e livrar o som do grupo das fórmulas e padrões seguidas à risca por Bonadio e impostas aos artistas de sua gravadora como a receita do sucesso popular (muitas vezes com resultados comerciais realmente positivos, justiça seja feita). "...Era gritante o meu desânimo em ver nossa criação sendo tratada como um pote de iogurte próximo de sua data de validade", relembra o artista. Lucas jamais cita o nome de Bonadio ao detalhar o embate. Mas é essa parte, que descortina os bastidores da indústria fonográfica, que legitima o livro e o próprio título desse honesto relato autobiográfico de um artista que parece ser verdadeiro em sua essência.

3 comentários:

  1. ♪ Vocalista, guitarrista e mentor do Fresno, grupo gaúcho que já contabiliza mais de 15 anos de carreira, Lucas Silveira já provou, com o disco de seu heterônimo solo Beeshop, que não é mais um na multidão do universo pop brasileiro. Nem por isso o livro do artista, Eu não sei lidar, se justifica de forma plena. A narrativa está estruturada de forma confusa, misturando análises e informações sobre a gênese de músicas do Fresno - como Stonehenge (Lucas Silveira, 2003) - com reflexões existenciais de momentos emblemáticos da vida do artista, como a entrada traumática na adolescência. A propósito, o capítulo em que Lucas lembra que foi alvo de violência de uma turma junkie no colégio resulta interessante. Contudo, Eu não sei lidar não chega a ter a densidade de uma autobiografia consistente, embora seus relatos pareçam sempre sinceros. A questão é que a narrativa está muito fragmentada, o que dilui a força das histórias. Mais organizada, a narrativa talvez rendesse livro mais coeso, pois tudo parece ter um sentido. Inclusive os relatos sobre as músicas. "Minha vida está narrada, página por página, nos versos das músicas que escrevi para essa banda", ressalta o autor, explicando porque seu projeto solo de repente lhe pareceu pequeno diante da obra do Fresno. De toda forma, o livro cresce e se justifica realmente quando Lucas narra a luta travada pelo Fresno com o produtor e empresário Rick Bonadio para conquistar sua independência artística e livrar o som do grupo das fórmulas e padrões seguidas à risca por Bonadio e impostas aos artistas de sua gravadora como a receita do sucesso popular (muitas vezes com resultados comerciais realmente positivos, justiça seja feita). "...Era gritante o meu desânimo em ver nossa criação sendo tratada como um pote de iogurte próximo de sua data de validade", relembra o artista. Lucas jamais cita o nome de Bonadio ao detalhar o embate. Mas é essa parte, que descortina os bastidores da indústria fonográfica, que legitima o livro e o próprio título desse honesto relato autobiográfico de um artista que parece ser verdadeiro em sua essência.

    ResponderExcluir
  2. Eu quero... me parece interessante este relato pela busca de autonomia. A banda Fresno é interessante porque veio do independente, alcançou o sucesso radiofônico e depois voltou a ser independente e se mantém coeso - e até em crescimento artístico - enquanto antigos colegas, como NX Zero, For Fun e Strike, continuam em busca de uma fórmula que os faça voltar a brilhar. Não sei se vale efetivamente um livro (neste momento), mas acho a trajetória da banda Fresno interessantíssima.

    ResponderExcluir

Este é um espaço democrático para a emissão de opiniões, sobretudo as divergentes. Contudo, qualquer comentário feito com agressividade ou ofensas - dirigidas a mim, aos artistas ou aos leitores do blog - será recusado. Grato pela participação, Mauro Ferreira

P.S.: Para comentar, é preciso ter um gmail ou qualquer outra conta do google.

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.