Título: Pecado original
Artista: Alexandre Pires
Gravadora: Sony Music
Cotação: * * 1/2
♪ Alexandre Pires não chega a ser um artista camaleônico, mas por vezes troca de pele à cada fase da carreira fonográfica. O cantor e compositor mineiro já encarnou o pagodeiro mauricinho na fase com o grupo Só pra Contrariar e já investiu na imagem de sofredor amante latino para seduzir o público feminino do mercado formado pelos países de língua hispânica. Em seu 10º álbum solo para o mercado brasileiro, Pecado original, o mineirinho assume a pose do bom malandro, como já sugere o chapéu que adorna sua cabeça na foto que expõe seu torso nu. Neste disco gravado com dez músicas e produzido pelo próprio artista, Pires cai no suingue, cantando um samba com mais balanço que eventualmente remete ao som de Bebeto, cantor e compositor paulista que ganhou fama entre a segunda metade dos anos 1970 e a primeira da década de 1980 com seu som decalcado da obra primal do cantor e compositor carioca Jorge Ben Jor. Quem já ouviu o bom samba Barraqueira (Alexandre Pires) - composto em 2010, mas somente gravado em disco pelo cantor neste ano de 2015 em gravação eleita o primeiro single de Pecado original - tem pista certeira do tom do álbum, sobretudo na sua primeira metade. Mesmo sem jamais soar original, Pires dá voz na parte inicial do disco a uma série de sambas - Quem manda é ela (Alexandre Pires e Nego Joy), O amor está no ar (Alexandre Pires e João Junior), Pecado original (Alexandre Pires) e Na pegada, eu sou mais eu (Alexandre Pires e Marquinhos Mosqueira) - que têm um suingue diluído da obra de Bebeto e Cia. e deixam o CD mais leve. Mesmo o chororô amoroso - assunto de faixas como Fingindo estar feliz (Alexandre Pires e Fabrício Naves) - é abordado de forma menos depressiva. "Eu prefiro cantar essa dor / Assumir a tristeza evidente / Quem ainda não sofreu de amor? / É difícil quebrar a corrente", argumenta Pires, com certo suingue, no refrão de Vestibular pra solidão (Alexandre Pires, 2010), samba lançado há cinco anos na voz do cantor carioca Diogo Nogueira no CD e DVD Sou eu - Ao vivo (EMI Music, 2010). No fim de Pecado original, há duas faixas que acrescentam outras pegadas ao disco. Sucesso do cantor baiano Sidney Magal em 1976, Meu sangue ferve por você (Melody lady) (Mélancolie) (Freddie Neyer e Jack Arel em adaptação de Claude Carrère e Katherine Pancol, de 1973, que ganhou versão em português de Serafim Costa Almeida, 1976) ganha acentuado tempero latino na regravação menos sedutora de Pires. Já Vamos fazer diferente (Alexandre Pires e Marquinhos Mosqueira) é um samba de molho bem carioca que alfineta os políticos que, depois de eleitos, jamais fazem a diferença e deixam o povo com a corda no pescoço. Sim, Alexandre Pires tem lá seus bons momentos em Pecado original. Seu 10º álbum solo nunca soa original, mas tampouco comete o pecado de soar igual aos outros discos do cantor.
5 comentários:
♪ Alexandre Pires não chega a ser um artista camaleônico, mas por vezes troca de pele à cada fase da carreira fonográfica. O cantor e compositor mineiro já encarnou o pagodeiro mauricinho na fase com o grupo Só pra Contrariar e já investiu na imagem de sofredor amante latino para seduzir o público feminino do mercado formado pelos países de língua hispânica. Em seu 10º álbum solo para o mercado brasileiro, Pecado original, o mineirinho assume a pose do bom malandro, como já sugere o chapéu que adorna sua cabeça na foto que expõe seu torso nu. Neste disco gravado com dez músicas e produzido pelo próprio artista, Pires cai no suingue, cantando um samba com mais balanço que eventualmente remete ao som de Bebeto, cantor e compositor paulista que ganhou fama entre a segunda metade dos anos 1970 e a primeira da década de 1980 com seu som decalcado da obra primal do cantor e compositor carioca Jorge Ben Jor. Quem já ouviu o bom samba Barraqueira (Alexandre Pires) - composto em 2010, mas somente gravado em disco pelo cantor neste ano de 2015 em gravação eleita o primeiro single de Pecado original - tem pista certeira do tom do álbum, sobretudo na sua primeira metade. Mesmo sem jamais soar original, Pires dá voz na parte inicial do disco a uma série de sambas - Quem manda é ela (Alexandre Pires e Nego Joy), O amor está no ar (Alexandre Pires e João Junior), Pecado original (Alexandre Pires) e Na pegada, eu sou mais eu (Alexandre Pires e Marquinhos Mosqueira) - que têm um suingue diluído da obra de Bebeto e Cia. e deixam o CD mais leve. Mesmo o chororô amoroso - assunto de faixas como Fingindo estar feliz (Alexandre Pires e Fabrício Naves) - é abordado de forma menos depressiva. "Eu prefiro cantar essa dor / Assumir a tristeza evidente / Quem ainda não sofreu de amor? / É difícil quebrar a corrente", argumenta Pires, com certo suingue, no refrão de Vestibular pra solidão (Alexandre Pires, 2010), samba lançado há cinco anos na voz do cantor carioca Diogo Nogueira no CD e DVD Sou eu - Ao vivo (EMI Music, 2010). No fim de Pecado original, há duas faixas que acrescentam outras pegadas ao disco. Sucesso do cantor baiano Sidney Magal em 1976, Meu sangue ferve por você (Melody lady) (Mélancolie) (Freddie Neyer e Jack Arel em adaptação de Claude Carrère e Katherine Pancol, de 1973, que ganhou versão em português de Serafim Costa Almeida, 1976) ganha acentuado tempero latino na regravação menos sedutora de Pires. Já Vamos fazer diferente (Alexandre Pires e Marquinhos Mosqueira) é um samba de molho bem carioca que alfineta os políticos que, depois de eleitos, jamais fazem a diferença e deixam o povo com a corda no pescoço. Sim, Alexandre Pires tem lá seus bons momentos em Pecado original. Seu 10º álbum solo nunca soa original, mas tampouco comete o pecado de soar igual aos outros discos do cantor.
Ué, e o mercado no exterior? Pelo visto não deu certo, né? Nem gringo tolera esse daí.
Mauro,
Fiquei com a impressão de que no título do post está faltando a palavra "sem". Tenho certeza de que foi um erro de digitação. Espero que seja possível corrigir.
abração
Denilson
Obrigadíssimo, Denilson. Tive que alterar o título para encaixar o 'sem' que estava de fato faltando. Mas o sentido foi preservado. Grato, MauroF
Olá, Mauro! Só uma correção: o Sidney Magal, embora viva na Bahia há muitos anos, nasceu no Rio de Janeiro (é carioca). ;)
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