♪ EDITORIAL - Antes de Elvis Presley (1935 - 1977) acender a chama do rock'n'roll nos anos 1950 podia até haver nada, como entendeu e sentenciou John Lennon (1940 - 1980) em frase de efeito, mas o fato é que - pioneirismo da geração de Elvis à parte - o universo pop começou realmente a ser construído e solidificado na primeira metade dos anos 1960 com a explosão mundial do grupo inglês The Beatles. Foi no rastro da Beatlemania que a Jovem Guarda - o primeiro movimento de música pop do Brasil - foi semeada há exatos 50 anos, na tarde dominical de 22 de agosto de 1965, quando a TV Record estreou o programa Jovem Guarda sob o comando de Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Wanderléa. A adesão da juventude ao programa e a consequente consagração de Roberto Carlos - que já vinha numa escala ascendente de sucesso desde 1964 - com o lançamento do rock Quero que vá tudo pro inferno (Roberto Carlos e Erasmo Carlos, 1965), carro-chefe de seu álbum estrategicamente intitulado Jovem Guarda (CBS, 1965), detonou a explosão do movimento. A Jovem Guarda criou ídolos, ditou modas, sentenciou costumes e introduziu a guitarra elétrica na música brasileira para desespero da purista ala nacionalista que defendia uma música brasileira imune às influências do pop que dominava o mundo no embalo do iê-iê-iê. Mas a Jovem Guarda passou, embora ainda ecoe na canção popular brasileira, legitimada pelos cancioneiros de Roberto Carlos e Erasmo Carlos e pela força perene de eventuais canções românticas de lavra alheia como Devolva-me (Renato Barros e Lilian Knapp, 1966) - balada que toda a geração anos 2000 conheceu na voz de Adriana Calcanhotto - e Nossa canção (Luiz Ayrão, 1966). Decorridos 50 anos da sua explosão, analisada sob a perspectiva do tempo, a Jovem Guarda legou para a posteridade dois artistas geniais. Tanto que Roberto Carlos e Erasmo Carlos foram os únicos a manter real relevância artística após o fim desse movimento pautado por um rebeldia ingênua e apolítica que provocou revoluções mais na área comportamental do que social. Entronizado no posto de Rei da juventude, Roberto soube fazer a transição de forma exemplar parta o mundo adulto, a partir de 1968, e se tornou na década de 1970 o Rei da canção popular brasileira, com vendagens astronômicas de seus álbuns anuais. Mesmo sem o mesmo sucesso comercial do parceiro, Erasmo manteve acesa a chama do rock, mas experimentou outros ritmos, também sendo entronizado como um dos reis do universo pop brasileiro (e o tempo fez mais bem à música de Erasmo do que à de Roberto). Os demais artistas - de repertórios bastante irregulares, calcados em hits eventuais, não raro produzidos a partir de versões de baladas e rocks estrangeiros - migraram para o brega ou para o sertanejo. Nem mesmo Wanderléa, que chegou a lançar alguns álbuns antenados ao longo dos anos 1970, conseguiu manter o pique criativo e se desvincular do cancioneiro geralmente pop e pueril da Jovem Guarda. Roberto e Erasmo foram os gênios, os grandes protagonistas do movimento que se torna cinquentenário a partir deste mês de agosto de 2015. Houve importantes coadjuvantes entre cantores (Eduardo Araújo, Jerry Adriani, Wanderley Cardoso), cantoras (Wanderléa, sobretudo e sobretodas, e Martinha), duplas (Leno & Lilian, Os Vips) e compositores (Carlos Imperial, creditado com parceiro de Eduardo Araújo em Vem quem que estou fervendo, sucesso de Erasmo em 1967). Mas quem deu consistência ao som da Jovem Guarda foram os discos, as músicas e as personalidades carismáticas e cúmplices de Roberto Carlos e Erasmo Carlos.
Guia jornalístico do mercado fonográfico brasileiro com resenhas de discos, críticas de shows e notícias diárias sobre futuros lançamentos de CDs e DVDs. Do pop à MPB. Do rock ao funk. Do axé ao jazz. Passando por samba, choro, sertanejo, soul, rap, blues, baião, música eletrônica e música erudita. Atualizado diariamente. É proibida a reprodução de qualquer texto ou foto deste site em veículo impresso ou digital - inclusive em redes sociais - sem a prévia autorização do editor Mauro Ferreira.
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5 comentários:
♪ EDITORIAL - Antes de Elvis Presley (1935 - 1977) acender a chama do rock'n'roll nos anos 1950 podia até haver nada, como entendeu e sentenciou John Lennon (1940 - 1980) em frase de efeito, mas o fato é que - pioneirismo da geração de Elvis à parte - o universo pop começou realmente a ser construído e solidificado na primeira metade dos anos 1960 com a explosão mundial do grupo inglês The Beatles. Foi no rastro da Beatlemania que a Jovem Guarda - o primeiro movimento de música pop do Brasil - foi semeada há exatos 50 anos, na tarde dominical de 22 de agosto de 1965, quando a TV Record estreou o programa Jovem Guarda sob o comando de Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Wanderléa. A adesão da juventude ao programa e a consequente consagração de Roberto Carlos - que já vinha numa escala ascendente de sucesso desde 1964 - com o lançamento do rock Quero que vá tudo pro inferno (Roberto Carlos e Erasmo Carlos, 1965), carro-chefe de seu álbum estrategicamente intitulado Jovem Guarda (CBS, 1965), detonou a explosão do movimento. A Jovem Guarda criou ídolos, ditou modas, sentenciou costumes e introduziu a guitarra elétrica na música brasileira para desespero da purista ala nacionalista que defendia uma música brasileira imune às influências do pop que dominava o mundo no embalo do iê-iê-iê. Mas a Jovem Guarda passou, embora ainda ecoe na canção popular brasileira, legitimada pelos cancioneiros de Roberto Carlos e Erasmo Carlos e pela força perene de eventuais canções românticas de lavra alheia como Devolva-me (Renato Barros e Lilian Knapp, 1966) - balada que toda a geração anos 2000 conheceu na voz de Adriana Calcanhotto - e Nossa canção (Luiz Ayrão, 1966). Decorridos 50 anos da sua explosão, analisada sob a perspectiva do tempo, a Jovem Guarda legou para a posteridade dois artistas geniais. Tanto que Roberto Carlos e Erasmo Carlos foram os únicos a manter real relevância artística após o fim desse movimento pautado por um rebeldia ingênua e apolítica que provocou revoluções mais na área comportamental do que social. Entronizado no posto de Rei da juventude, Roberto soube fazer a transição de forma exemplar parta o mundo adulto, a partir de 1968, e se tornou na década de 1970 o Rei da canção popular brasileira, com vendagens astronômicas de seus álbuns anuais. Mesmo sem o mesmo sucesso comercial do parceiro, Erasmo manteve acesa a chama do rock, mas experimentou outros ritmos, também sendo entronizado como um dos reis do universo pop brasileiro (e o tempo fez mais bem à música de Erasmo do que à de Roberto). Os demais artistas - de repertórios bastante irregulares, calcados em hits eventuais, não raro produzidos a partir de versões de baladas e rocks estrangeiros - migraram para o brega ou para o sertanejo. Nem mesmo Wanderléa, que chegou a lançar alguns álbuns antenados ao longo dos anos 1970, conseguiu manter o pique criativo e se desvincular do cancioneiro geralmente pop e pueril da Jovem Guarda. Roberto e Erasmo foram os gênios, os grandes protagonistas do movimento que se torna cinquentenário a partir deste mês de agosto de 2015. Houve importantes coadjuvantes entre cantores (Eduardo Araújo, Jerry Adriani, Wanderley Cardoso), cantoras (Wanderléa, sobretudo e sobretodas, e Martinha), duplas (Leno & Lilian, Os Vips) e compositores (Carlos Imperial, creditado com parceiro de Eduardo Araújo em Vem quem que estou fervendo, sucesso de Erasmo em 1967). Mas quem deu consistência ao som da Jovem Guarda foram os discos, as músicas e as personalidades carismáticas e cúmplices de Roberto Carlos e Erasmo Carlos.
discordo Mauro, a Jovem Guarda aconteceu por que todo mundo tava ali, unido no programa, Roberto e Erasmo sozinhos não iam fazer verão
Roberto e Erasmo os dois maiores gênios da música brasileira é só catalogar a quantidade de sucessos produzidos pelos dois.Vida longa e muito longa mesmo ao Rei e ao Tremendão .
Belo texto Mauro! Eu Amo os Dois! Só não concordo com o parêntese (e o tempo fez mais bem à música de Erasmo do que à de Roberto). Sabe por que ? Mesmo o Erasmo indo pra outros estilos, mudando de banda, lançando canções novas,ele não emplaca nenhum hit, esses últimos trabalhos do Erasmo..vamos ser sinceros...não são lá grande coisa. Já o Roberto mesmo com a 'mesmice' sempre tem um hit na boca do povo, a prova disso foi a recente "Esse cara sou Eu", que tocou todo mundo. Não me refiro só a vendagem de discos, não é isso...me refiro a popularidade da canção. "Acredito que o grande objetivo de quem faz música, é tornar a canção popular, para chegar no coração das pessoas, desde a mais simples até a mais intelectual, eu não penso em escrever uma música pra meia dúzia de pessoas" (Citação de Chico Buarque sobre seu início de carreira). Eu não vejo isso no Erasmo...não vejo ninguém falando dos seus últimos trabalhos. Acho que os dois se completam...até por que os bons discos do Erasmo de 70's são de composições dele e do Roberto, tem outros compositores também, mas os 2 são os principais. O Roberto tem décadas ótimas..60,70 e até final de 80, é pra pegar qualquer disco de olho fechado. Mas nos dias de hoje ... eles estão tão distantes para compor canções novas, o Erasmo não faz nenhum disco legal e o Roberto não sai da mesmice. O grande acontecimento seria um disco ou do Erasmo ou do Roberto, mas com composições dos 2...em parceria, assim como nos velhos tempos. Não importa em qual disco dos dois sairiam estas músicas, mas o importante é esses 2 gênios voltarem a compor juntos. Independente de qualquer coisa: Meu profundo respeito á Erasmo e Roberto que só coloriram muitooooo os momentos da minha vida, tornando todos eles especiais :)
Antônio Marcos e Vanusa,se tivessem feito parte do movimento - como muitos pensam - seriam duas vozes interessantes também.
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