Título: Paralelos & infinitos
Artista: César Lacerda
Gravadora: Joia Moderna
Cotação: * * *
♪ O título do primeiro álbum de César Lacerda, Porquê da voz (Independente, 2013), pareceu justificar o pálido canto do artista diante de safra autoral de composições que trilhavam caminhos harmônicos inusitados. Embora avalizado por nomes como Lenine, que participava da música A dois (César Lacerda), o disco não aconteceu, mas deu crescente projeção na cena indie do eixo Rio-São Paulo a este cantor, compositor e músico mineiro então radicado no Rio de Janeiro (RJ). Segundo álbum do artista, que acaba de migrar para São Paulo (SP), Paralelos & infinitos atesta a nítida evolução do compositor. Lacerda cresce nessa seara - e o fato de estar sendo gravado neste ano de 2015 por cantores como Duda Brack e Filipe Catto não é mero acaso. A questão é que a opacidade vocal do cantor embaça o brilho emergente do compositor. Mesmo assim, por trás da voz fraca, Paralelos & infinitos revela a força de um repertório autoral que começa a enveredar por trilho mais pop - como já sinalizara o primeiro single do álbum, Algo a dois (César Lacerda) - sem jamais flertar com a banalidade radiofônica. Com contracapa que expõe as músicas em ordem que não corresponde ao que é ouvido (das faixas 4 a 6), Paralelos & infinitos é disco apaixonado. Com título extraído do livro Amor em segunda mão (2006), da escritora portuguesa Patrícia Reis, Paralelos & infinitos é álbum inspirado pela musa de Lacerda, a atriz Victoria Vasconcelos, vista na imagem etérea da capa em foto de Clayton Leite. Sem vocação para o canto, Victoria faz dueto com Lacerda em Guarajuba (César Lacerda). O disco louva o amor em clima pop romântico, como mostra a bonita balada Touro indomável (César Lacerda e Francisco Vervloet), mas os timbres da primorosa produção de Pedro Carneiro fogem do trivial comum do gênero na formatação das oito músicas que compõem o breve repertório do álbum. Essa timbragem, que ecoa influências do indie-folk norte-americano contempoâneo, valoriza cancioneiro que destaca outra bela balada, Olhos (César Lacerda e Luiz Rocha), gravada com o toque leve da guitarra de Lucas Vasconcellos. A propósito, muito da beleza de Love is (César Lacerda), faixa que pega atalhos pouco desbravados, resulta do clima e do tom da gravação. O refrão do tema - "Love is so essential! Love is so celestial! Love is so special! Love is so delicious! Love is... - soa de fato celestial. Sim, o disco foca o amor com olhar positivo. "Tudo dói, no entanto, tudo vibra", sentencia o cantautor em 21 (César Lacerda), em resposta a Caetano Veloso por conta de Tudo dói, música do compositor baiano lançada por Gal Costa no disco Recanto (Universal Music, 2011). No fim, Quiseste expor teu corpo a nu (César Lacerda) se apoia nas vozes - todas gravadas por Lacerda, piloto de vários instrumentos do disco - para reiterar que a louvação do amor inclui passagens por caminhos mais experimentais. O que justifica a presença do grupo Mahmundi na música-título. Apesar da voz, César Lacerda dá passo decisivo em Paralelos & infinitos para se firmar na cena musical do Brasil.
2 comentários:
♪ O título do primeiro álbum de César Lacerda, Porquê da voz (Independente, 2013), pareceu justificar o pálido canto do artista diante de safra autoral de composições que trilhavam caminhos harmônicos inusitados. Embora avalizado por nomes como Lenine, que participava da música A dois (César Lacerda), o disco não aconteceu, mas deu crescente projeção na cena indie do eixo Rio-São Paulo a este cantor, compositor e músico mineiro então radicado no Rio de Janeiro (RJ). Segundo álbum do artista, que acaba de migrar para São Paulo (SP), Paralelos & infinitos atesta a nítida evolução do compositor. Lacerda cresce nessa seara - e o fato de estar sendo gravado neste ano de 2015 por cantores como Duda Brack e Filipe Catto não é mero acaso. A questão é que a opacidade vocal do cantor embaça o brilho emergente do compositor. Mesmo assim, por trás da voz fraca, Paralelos & infinitos revela a força de um repertório autoral que começa a enveredar por trilho mais pop - como já sinalizara o primeiro single do álbum, Algo a dois (César Lacerda) - sem jamais flertar com a banalidade radiofônica. Com contracapa que expõe as músicas em ordem que não corresponde ao que é ouvido (das faixas 4 a 6), Paralelos & infinitos é disco apaixonado. Com título extraído do livro Amor em segunda mão (2006), da escritora portuguesa Patrícia Reis, Paralelos & infinitos é álbum inspirado pela musa de Lacerda, a atriz Victoria Vasconcelos, vista na imagem etérea da capa em foto de Clayton Leite. Sem vocação para o canto, Victoria faz dueto com Lacerda em Guarajuba (César Lacerda). O disco louva o amor em clima pop romântico, como mostra a bonita balada Touro indomável (César Lacerda e Francisco Vervloet), mas os timbres da primorosa produção de Pedro Carneiro fogem do trivial comum do gênero na formatação das oito músicas que compõem o breve repertório do álbum. Essa timbragem, que ecoa influências do indie-folk norte-americano contempoâneo, valoriza cancioneiro que destaca outra bela balada, Olhos (César Lacerda e Luiz Rocha), gravada com o toque leve da guitarra de Lucas Vasconcellos. A propósito, muito da beleza de Love is (César Lacerda), faixa que pega atalhos pouco desbravados, resulta do clima e do tom da gravação. O refrão do tema - "Love is so essential! Love is so celestial! Love is so special! Love is so delicious! Love is... - soa de fato celestial. Sim, o disco foca o amor com olhar positivo. "Tudo dói, no entanto, tudo vibra", sentencia o cantautor em 21 (César Lacerda), em resposta a Caetano Veloso por conta de Tudo dói, música do compositor baiano lançada por Gal Costa no disco Recanto (Universal Music, 2011). No fim, Quiseste expor teu corpo a nu (César Lacerda) se apoia nas vozes - todas gravadas por Lacerda, piloto de vários instrumentos do disco - para reiterar que a louvação do amor inclui passagens por caminhos mais experimentais. O que justifica a presença do grupo Mahmundi na música-título. Apesar da voz, César Lacerda dá passo decisivo em Paralelos & infinitos para se firmar na cena musical do Brasil.
Eu achava que fosse disco de cantora.
Cadê a cara do cara?
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