Resenha de CD
Título: Pedras que rolam, objetos luminosos - Canções de Beto Guedes e Ronaldo Bastos
Artista: Jussara Silveira
Gravadora: Dubas Música
Cotação: * * * *
♪ O cantor e compositor mineiro Beto Guedes firmou parceria com o letrista e poeta fluminense Ronaldo Bastos quando ambos já eram sócios de primeira do Clube da Esquina. Fiéis ao espírito gregário do coletivo mineiro, encabeçado por Milton Nascimento, os parceiros criaram obra calcada nos valores fraternos do clube. Em bom português, o cancioneiro de Beto Guedes e Ronaldo Bastos prega valores como o amor, a amizade e o respeito à natureza em músicas que alcançaram projeção nacional ao serem lançadas na voz de Guedes nos álbuns A página do relâmpago elétrico (EMI-Odeon, 1977), Amor de índio (EMI-Odeon, 1978), Sol de primavera (EMI-Odeon, 1979) e Contos da lua vaga (EMI-Odeon, 1981). Já gravadas de forma brilhante por Guedes, as músicas que batizaram os emblemáticos três primeiros álbuns do cantor figuram - ao lado de O sal da terra, o grande sucesso de Contos da lua vaga - entre as 10 canções a que Jussara Silveira dá voz límpida no CD Pedras que rolam, Objetos luminosos - Canções de Beto Guedes e Ronaldo Bastos, 11º título da discografia desta cantora de criação baiana, mas origem mineira. Com seu canto cristalino, Jussara clareia os belos horizontes da parceria de Guedes e Bastos com reverência. Por mais que haja tons de contemporaneidade nos arranjos, como o toque serelepe da guitarra de Maurício Negão em O sal da terra (1981), houve acertada opção pela total manutenção da arquitetura melódica de canções eternamente modernas em sua atemporalidade. Produzido por Marcelo Costa e Sacha Amback, o disco explicita e exemplifica tal respeito na regravação de Lumiar (1977), por exemplo. Embora novo, o arranjo desta canção que ecoa valores da era hippie jamais se desprende por completo da orquestração do registro original de Guedes. Entre o clima épico de Tanto (1977) e o lirismo de Choveu (1977), canção emendada com récita em espanhol (feita por Leonel Pereda) do poema espanhol Zorongo (Federico García Lorca), Pedras que rolam, objetos luminosos agrega valor à discografia brasileira sobretudo quando reacende a chama de bonitas canções que jaziam obscuras no baú mineiro, soterradas por músicas de maior projeção nos discos em que tais joias então raras foram lançadas. Não é por acaso que o álbum abre com Pedras rolando (1979), O amor não precisa razão (Beto Guedes, Ricardo Milo e Ronaldo Bastos, 1984) - a canção mais jovem do repertório, de 31 anos, acertadamente escolhida como single pela gravadora Dubas - e Rio doce (Beto Guedes, Ronaldo Bastos e Tavinho Moura, 1979 / 1981). Antes de virar sertaneja baiana, como ela própria se caracteriza no texto que apresenta o disco, Jussara Silveira foi mineira da orla do Rio Mucuri e da fuligem da Maria Fumaça de Nanuque. Por isso, clareia com precisão os (sempre) belos horizontes dessa iluminada parceria de Beto Guedes com Ronaldo Bastos.
♪ O cantor e compositor mineiro Beto Guedes firmou parceria com o letrista e poeta fluminense Ronaldo Bastos quando ambos já eram sócios de primeira do Clube da Esquina. Fiéis ao espírito gregário do coletivo mineiro, encabeçado por Milton Nascimento, os parceiros criaram obra calcada nos valores fraternos do clube. Em bom português, o cancioneiro de Beto Guedes e Ronaldo Bastos prega valores como o amor, a amizade e o respeito à natureza em músicas que alcançaram projeção nacional ao serem lançadas na voz de Guedes nos álbuns A página do relâmpago elétrico (EMI-Odeon, 1977), Amor de índio (EMI-Odeon, 1978), Sol de primavera (EMI-Odeon, 1979) e O sal da terra (EMI-Odeon, 1981). Já gravadas de forma brilhante por Guedes, as quatro músicas que batizaram estes álbuns emblemáticos figuram entre as 10 canções a que Jussara Silveira dá voz límpida no CD Pedras que rolam, Objetos luminosos - Canções de Beto Guedes e Ronaldo Bastos, 11º título da discografia desta cantora de criação baiana, mas origem mineira. Com seu canto cristalino, Jussara clareia os belos horizontes da parceria de Guedes e Bastos com reverência. Por mais que haja tons de contemporaneidade nos arranjos, como o toque serelepe da guitarra de Maurício Negão em O sal da terra (1981), houve acertada opção pela total manutenção da arquitetura melódica de canções eternamente modernas em sua atemporalidade. Produzido por Marcelo Costa e Sacha Amback, o disco explicita e exemplifica tal respeito na regravação de Lumiar (1977), por exemplo. Embora novo, o arranjo desta canção que ecoa valores da era hippie jamais se desprende por completo da orquestração do registro original de Guedes. Entre o clima épico de Tanto (1977) e o lirismo de Choveu (1977), canção emendada com récita em espanhol (feita por Leonel Pereda) do poema espanhol Porongo (Federico García Lorca), Pedras que rolam, objetos luminosos agrega valor à discografia brasileira sobretudo quando reacende a chama de bonitas canções que jaziam obscuras no baú mineiro, soterradas por músicas de maior projeção nos discos em que tais joias então raras foram lançadas. Não é por acaso que o álbum abre com Pedras rolando (1979), O amor não precisa razão (Beto Guedes, Ricardo Milo e Ronaldo Bastos, 1984) - a canção mais jovem do repertório, de 31 anos, acertadamente escolhida como single pela gravadora Dubas Música - e Rio doce (Beto Guedes, Tavinho Moura e Ronaldo Bastos, 1981). Antes de ser uma sertaneja baiana, como ela própria se caracteriza no texto que apresenta o disco, Jussara Silveira foi mineira da orla do Rio Mucuri e da fuligem da Maria Fumaça de Nanuque. Por isso, clareia com precisão os (sempre) belos horizontes dessa iluminada parceria de Beto Guedes com Ronaldo Bastos.
ResponderExcluirNão podia resultar diferente. Beto Guedes + Jussara Silveira só podia dar um discaço!
ResponderExcluirGrande Jussara... Ouvi o disco no Spotify e está belíssimo... Doido para comprar esse álbum...
ResponderExcluirMauro, o quarto álbum do Beto Guedes chama-se "Contos da Lua Vaga". O Sal da Terra é a primeira canção do lado A. Ótima resenha!
ResponderExcluirClaro, Ronaldo, tem toda razão. Grato pelo toque!
ResponderExcluirAugusto Flávio (Petrolina-Pe/Juazeiro-Ba)
ResponderExcluirMauro, interessante é que Rio doce foi gravada em 1979 no disco Sol de primavera, só como instrumental composta apenas pelo Beto Guedes. Mas em 1981 Tavinho Moura e Ronaldo Bastos puseram letra e ficou linda, ainda mais com a participação de Joyce no memorável disco "Contos da lua vaga"
Abraços Mauro.
Tem razão, Augusto. Tinha me esquecido desse detalhe realmente interessante. Abs, MauroF
ResponderExcluirAMO Jussara Silveira. Para mim uma das maiores cantoras BAIANAS (ela é tão mineira quanto Carmen Miranda era portuguesa e Carlos Gardel era francês!!!!)!
ResponderExcluirA gravação do Beto com a Joyce, que sempre esteve ali ao lado dos mineiros, tendo sido casada com um deles, é linda mesmo!
ResponderExcluirAguardando com ansiedade para ouví-lo. Beto Guedes é muito bom e Jussara é uma das melhores cantoras pós anos 90.
Jussara Silveira é uma autêntica cantora baiana,mesmo tendo nascido em MG.Porém,maior que isso é a música brasileira de quem Jussara é uma das maiores representantes.Faz parte de um time de cantoras maravilhosas como Zizi Possi e Ná Ozzetti.Que bom que hoje ela lança cds com regularidade.Meus ouvidos agradecem.
ResponderExcluirEsqueceram que a parceria tem Ronaldo Bastos - para quem curte letra musicada e vocalizada,é um dos melhores.
ResponderExcluirQue maravilha de disco!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
ResponderExcluirOuvindo sem parar!!!!
Disco lindo!!! Quando saiu ouvi o dia inteiro. Preciso voltar a ele.
ResponderExcluirp.s.: o Sacha Amback tem acumulado trabalhos ótimos!!