Resenha de CD
Título: 2 x 0 Vargem Alta
Artista: 2 x 0 Vargem Alta
Gravadora: Porangareté / Coqueiro Verde Records
Cotação: * * * 1/2
♪ Todas as atenções em torno do primeiro álbum da banda fluminense 2 x 0 Vargem Alta estão concentradas no fato de o quinteto destacar na sua formação a presença do cantor, compositor e violonista carioca Francisco Ribeiro Eller, o Chicão, filho da cantora Cássia Eller (1962 - 2001). A banda, aliás, somente surgiu - em São Pedro da Serra, distrito de Nova Friburgo (RJ) - em função do fluxo criativo das composições de Chico Chico, nome artístico adotado pelo rapaz de 22 anos nascido em agosto de 1993. As composições de Chico dominam o repertório do bom álbum da 2 x 0 Vargem Alta, idealizado e produzido pelo violonista Rodrigo Garcia para seu selo Porangareté e lançado neste mês de outubro de 2015 com distribuição da gravadora Coqueiro Verde Records. A criação das músicas justificou o disco, que, por sua vez, justificou a oficialização da banda - formada por Chico Chico (voz e violão), Artur Pedrosa (bateria), Dudu Solto (baixo), Leandro Bocão (guitarra) e Pedro Fonseca (teclados). Como já provou em show feito com a (excelente) cantora fluminense Júlia Vargas, Chico Chico jamais soa como um clone de Cássia Eller, ainda que seu timbre evoque o da mãe por herança genética. De todo modo, sem anular sua personalidade própria, é nítido que Chico segue a pegada musical de Cássia, sobretudo quando dá voz a baladas de acento blues, casos de Quanto calor (Chico Chico) - composição que também ecoa benéfica influência das canções feitas por Jards Macalé nos anos 1970 em parceria com Waly Salomão (1943 - 2003) - e de Notas de cem (Chico Chico). Não é por acaso que a 2 x 0 Vargem Alta fecha o disco de repertório essencialmente inédito e autoral com reverente cover do delta blues Hard time killing floor blues (1931) - joia do seminal baú de Skip James (1902 - 1969), bluesman norte-americano que cultivou o blues nascido às margens do mítico rio Mississipi - em que Chico remete a Cássia em seu início de carreira fonográfica, em 1990. Há no disco da 2 x 0 Vargem Alta toda uma carga jovial de quem ainda faz música de forma espontânea. Não é por acaso também que a banda abre o álbum com erro ("De novo, de novo. Foi mal...", desculpa-se Chico) deixado intencionalmente na introdução de Garota da soleira (Chico Chico), faixa de pegada roqueira. Músicas como Minha voz (Chico Chico) apresentam um compositor ainda intuitivo que parece seguir o fluxo espontâneo de sua criação sem método. Entre dois temas instrumentais, Caponav (conduzido pela levada do violão) e Billy (de toque country dado pela gaita que sobressai no arranjo), 2 x 0 Vargem Alta registra composição de autoria de Tui Lana, De manhã cedo. Promovido nas rádios e na web pela canção-declaração de amor As folhas da Praça Paris (Chico Chico), o álbum também se embrenha pela nação nordestina com o baião Amor pra dar (Chico Chico) e traz a voz já maturada de Júlia Vargas em Chia (Chico Chico) em provas de que, mesmo sem marcar um golaço, a banda 2 x 0 sai vitoriosa no seu primeiro lance no volátil mundo do disco.
♪ Todas as atenções em torno do primeiro álbum da banda fluminense 2 x 0 Vargem Alta estão concentradas no fato de o quinteto destacar na sua formação a presença do cantor, compositor e violonista carioca Francisco Ribeiro Eller, o Chicão, filho da cantora Cássia Eller (1962 - 2001). A banda, aliás, somente surgiu - em São Pedro da Serra, distrito de Nova Friburgo (RJ) - em função do fluxo criativo das composições de Chico Chico, nome artístico adotado pelo rapaz de 22 anos nascido em agosto de 1993. As composições de Chico dominam o repertório do bom álbum da 2 x 0 Vargem Alta, idealizado e produzido pelo violonista Rodrigo Garcia para seu selo Porangareté e lançado neste mês de outubro de 2015 com distribuição da gravadora Coqueiro Verde Records. A criação das músicas justificou o disco, que, por sua vez, justificou a oficialização da banda - formada por Chico Chico (voz e violão), Artur Pedrosa (bateria), Dudu Solto (baixo), Leandro Bocão (guitarra) e Pedro Fonseca (teclados). Como já provou em show feito com a (excelente) cantora fluminense Júlia Vargas, Chico Chico jamais soa como um clone de Cássia Eller, ainda que seu timbre evoque o da mãe por herança genética. De todo modo, sem anular sua personalidade própria, é nítido que Chico segue a pegada musical de Cássia, sobretudo quando dá voz a baladas de acento blues, casos de Quanto calor (Chico Chico) - composição que também ecoa benéfica influência das canções feitas por Jards Macalé nos anos 1970 em parceria com Waly Salomão (1943 - 2003) - e de Notas de cem (Chico Chico). Não é por acaso que a 2 x 0 Vargem Alta fecha o disco de repertório essencialmente inédito e autoral com reverente cover do delta blues Hard time killing floor blues (1931) - joia do seminal baú de Skip James (1902 - 1969), bluesman norte-americano que cultivou o blues nascido às margens do mítico rio Mississipi - em que Chico remete a Cássia em seu início de carreira fonográfica, em 1990. Há no disco da 2 x 0 Vargem Alta toda uma carga jovial de quem ainda faz música de forma espontânea. Não é por acaso também que a banda abre o álbum com erro ("De novo, de novo. Foi mal...", desculpa-se Chico) deixado intencionalmente na introdução de Garota da soleira (Chico Chico), faixa de pegada roqueira. Músicas como Minha voz (Chico Chico) apresentam um compositor ainda intuitivo que parece seguir o fluxo espontâneo de sua criação sem método. Entre dois temas instrumentais, Caponav (conduzido pela levada do violão) e Billy (de toque country dado pela gaita que sobressai no arranjo), 2 x 0 Vargem Alta registra composição de autoria de Tui Lana, De manhã cedo. Promovido nas rádios e na web pela canção-declaração de amor As folhas da Praça Paris (Chico Chico), o álbum também se embrenha pela nação nordestina com o baião Amor pra dar (Chico Chico) e traz a voz já maturada de Júlia Vargas em Chia (Chico Chico) em provas de que, mesmo sem marcar um golaço, a banda 2 x 0 sai vitoriosa em seu primeiro lance sério no mundo do disco.
ResponderExcluirTô curioso para ouvir esse disco... Será que o menino tem talento?
ResponderExcluirMuito legal o CD!
ResponderExcluirEu tinha ouvido o som de uma banda.que ele teve "zarapateu" ainda nao ouvi o "2x0 ancioso para ouvir
ResponderExcluirOuvi o disco hoje e fiquei com a definição "espontâneo" na cabeça. Ótimo chegar aqui e ver a palavra algumas vezes no texto da resenha. Tenho observado o Chicão nesses últimos anos e, apesar de achá-lo muito bom desde o início, não imaginei que o primeiro disco seria tão bom - nem que viria tão rápido.
ResponderExcluirEu amei! Mesmo. Depois de uma vida inteira ouvindo Cássia, me comove muito ver o filho dela compondo e cantando e fazendo tudo isso de um jeito tão bonito, com tanto talento. É honesto, espontâneo... frui com verdade, delicadeza e pressão. Chico Chico é raro e a 2 x 0 Vargem Alta tem uma base de brasilidade tão boa, que nem parece ter sido criada no Rio de Janeiro. De certo ainda vou ouvir o disco muitas vezes e por muito tempo.
Lembra Cássia, sim. Mas estranho seria se não lembrasse. Espero que as comparações não bloqueem o Chico (ele já parece bem resolvido com o assunto). Assim como Maria Rita, não há o que questionar ou insinuar. Está lá, no RG do rapaz, é filho de Cássia Eller sim, oras. E, mais do que o tímbre da voz, a personalidade dele prova que a genética pode ser muito generosa nas reservas de talento.
Bonito ver um artista surgindo e saber que tem tudo pra ser definitivo. Desejo sorte para que permaneçam em cena.
p.s.: endosso que menina Júlia Vargas é uma excelente cantora. Brasileira como Chico Chico. O álbum gravado ao vivo, em Niterói, é uma delícia. Bom a ponto de superar as ressalvas de direção e baixa qualidade da captação.
Não ouvi o disco ainda (e tenho bastante curiosidade), mas assisti o Chico Chico cantando "Coroné Antônio Bento" no Paço Imperial no mês passado e sua semelhança com a mãe é assombrosa (tanto na voz quanto na já perceptível personalidade forte).
ResponderExcluirOuvi várias vezes. É um disco muito legal e de ótima estreia. Chico promete uma grande trajetória. Nada de modismos, ondas e megalomanias. Um CD limpo e honesto. O comentário do Rhenan acima é perfeito sobre a expressão "espontâneo". Gostei muito.
ResponderExcluirMesmo que eu não tivesse gostado, o que é difícil pra quem curte o estilo, rock, mpb folk ou algo do tipo, eu já daria os parabéns pelo fato do Chico ter procurado um caminho mais difícil, pois claro que se quisesse tentar um contrato com a Som livre conseguiria, mas claro ai teria que se submeter a coisas que talvez não seriam a sua verdadeira vontade.
ResponderExcluirPorque não há como negar que praticamente qualquer cantor que gravar na som livre é quase garantia de sucesso popular, tendo ou não talento, por que comercial nos horários nobres da globo, música na novela, divulgação em toda grade da Globo, e por ai vai.
Mas não, o cara preferiu começar de baixo, com suas letras, com seus amigos tocando e fazer um banda original.
Desejo e tenho certeza que o futuro dele é certo como um novo talento na música brasileira. Parabéns, pelas entrevistas que já li o cara é muito simples, honesto e inteligente, coisas essenciais pra não deixar a fama e o nome subir à cabeça.