Título: Los Hermanos
Artista: Los Hermanos (em foto de Rodrigo Goffredo)
Local: Marina da Glória (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 30 de outubro de 2015
Cotação: * * * 1/2
♪ "A gente fica atônito, sem palavras para descrever o que acontece toda a vez que a gente se encontra", afagou Marcelo Camelo, entre agradecimentos ao público que compareceu à Marina da Glória para ver a primeira das quatro apresentações carioca do show da turnê nacional que aportou na cidade natal do grupo Los Hermanos na noite de ontem, 30 de outubro de 2015. O Rio é o destino final da turnê que passou por dez cidades neste mês de outubro. Talvez não haja mesmo palavras para descrever a devoção do público a uma banda que lançou seu último álbum de inéditas há dez anos e que, desde 2007 em recesso por tempo indeterminado, reaparece em cena de tempos em tempos com turnê que rebobina as mesmas músicas. A expressiva afluência do público do quarteto aos shows desta turnê de 2015 sinaliza que o Carnaval dos Hermanos ainda está longe do fim. De todo modo, ficou nítido, no primeiro dos quatro shows cariocas, que um espaço aberto dispersa a histeria do público e acalma os ânimos, mais exaltados entre os devotos que se posicionam na frente do palco. Em cima do palco, nada pareceu ter mudado em relação ao show de 2012. O roteiro similar alterna músicas de Amarante e Camelo, sendo que este confirmou em cena a superioridade de sua emissão vocal, já que a dicção de Amarante prejudica a compreensão de letras de músicas como Do sétimo andar (Rodrigo Amarante, 2003) - número mais morno - e Paquetá (Rodrigo Amarante, 2005). O que - verdade seja dita - em nada atrapalha a cantoria do séquito de fãs que já conhecem de cor todas as letras do cancioneiro do quarteto. Por ser música de botas menos batidas, Paquetá até soa como sutil novidade do roteiro formado por sucessos já previsíveis. O trio de metais acoplados à banda aquece músicas como Um par (Rodrigo Amarante, 2003) e A outra (Marcelo Camelo, 2003), ambientando Samba a dois (Marcelo Camelo, 2003) em clima de gafieira. Tais metais ficam em brasa em Descoberta (Marcelo Camelo, 1999), fazendo com que o número evoque os shows calientes do artista francês Manu Chao. As eventuais projeções - usadas para simular a imagem de um céu estrelado em Sentimental (Rodrigo Amarante, 2001), acentuando o romantismo de um dos temas mais populares do repertório do grupo - colaboram para aprimorar o visual de um show calcado basicamente no poder de sedução da banda e de seu repertório. E quem se atreve a dizer do que é feito o som do Los Hermanos? Dizer que é mistura azeitada de samba, rock, MPB, samba-canção, pop e canções sentimentais é insuficiente para explicar um som que influenciou toda a música brasileira a partir dos anos 2000. Show do Los Hermanos é sempre algo além do que se vê em cena. Sim, faltam palavras para descrever o que de fato acontece entre palco e plateia a cada reencontro dos Los Hermanos com seu fervoroso público.
8 comentários:
♪ "A gente fica atônito, sem palavras para descrever o que acontece toda a vez que a gente se encontra", afagou Marcelo Camelo, entre agradecimentos ao público que compareceu à Marina da Glória para ver a primeira das quatro apresentações carioca do show da turnê nacional que aportou na cidade natal do grupo Los Hermanos na noite de ontem, 30 de outubro de 2015. O Rio é o destino final da turnê que passou por dez cidades neste mês de outubro. Talvez não haja mesmo palavras para descrever a devoção do público a uma banda que lançou seu último álbum de inéditas há dez anos e que, desde 2007 em recesso por tempo indeterminado, reaparece em cena de tempos em tempos com turnê que rebobina as mesmas músicas. A expressiva afluência do público do quarteto aos shows desta turnê de 2015 sinaliza que o Carnaval dos Hermanos ainda está longe do fim. De todo modo, ficou nítido, no primeiro dos quatro shows cariocas, que um espaço aberto dispersa a histeria do público e acalma os ânimos, mais exaltados entre os devotos que se posicionam na frente do palco. Em cima do palco, nada pareceu ter mudado em relação ao show de 2012. O roteiro similar alterna músicas de Amarante e Camelo, sendo que este confirmou em cena a superioridade de sua emissão vocal, já que a dicção de Amarante prejudica a compreensão de letras de músicas como Do sétimo andar (Rodrigo Amarante, 2003) - número mais morno - e Paquetá (Rodrigo Amarante, 2005). O que - verdade seja dita - em nada atrapalha a cantoria do séquito de fãs que já conhecem de cor todas as letras do cancioneiro do quarteto. Por ser música de botas menos batidas, Paquetá até soa como sutil novidade do roteiro formado por sucessos já previsíveis. O trio de metais acoplados à banda aquece músicas como Um par (Rodrigo Amarante, 2003) e A outra (Marcelo Camelo, 2003), ambientando Samba a dois (Marcelo Camelo, 2003) em clima de gafieira. Tais metais ficam em brasa em Descoberta (Marcelo Camelo, 1999), fazendo com que o número evoque os shows calientes do artista francês Manu Chao. As eventuais projeções - usadas para simular a imagem de um céu estrelado em Sentimental (Rodrigo Amarante, 2001), acentuando o romantismo de um dos temas mais populares do repertório do grupo - colaboram para aprimorar o visual de um show calcado basicamente no poder de sedução da banda e de seu repertório. E quem se atreve a dizer do que é feito o som do Los Hermanos? Dizer que é mistura azeitada de samba, rock, MPB, samba-canção, pop e canções sentimentais é insuficiente para explicar um som que influenciou toda a música brasileira a partir dos anos 2000. Show do Los Hermanos é sempre algo além do que se vê em cena. Sim, faltam palavras para descrever o que de fato acontece entre palco e plateia a cada reencontro dos Los Hermanos com seu fervoroso público.
Eu comprei o ingresso e nao pude ir :(
eu fui aqui em sp e adorei o show, merecia mais que três estrelas e meia
Amei tanto Los Hermanos, fui devoto, coloquei-os no altar.
Não vou estragar essa imagem indo a esses shows pra arrecadar fundos pros projetos solos e repleto daquele público pós-4/pós-o-vento-em-malhação e suas roupas quadriculadas padrão, seus perfumes almiscarados idênticos, com alguma nota de tabaco, e aquele ar de pseudo-intelectuais de fundo de faculdade de comunicação.
Cansei.
Justamente o que eu acho mais chato neste grupo são seus fãs...
Tambem não sou fã desse eterno retorno, mas acho legal o Mauro citar a importância dos Los Hermanos....
Concordo com ele que foi a banda mais influente dos anos 2000 até hj.
Particularmente acho que eles foram o ultimo grande acontecimento da musica em termos de sucesso e importância....hoje temos artistas de sucesso mas irrelevantes e artistas fazendo coisas importantes mas que cantam pra tribos mt pequenas...
Gente, porque essa revolta com o público "pós-4/pós-o-vento-em-malhação e suas roupas quadriculadas padrão, seus perfumes almiscarados idênticos, com alguma nota de tabaco, e aquele ar de pseudo-intelectuais de fundo de faculdade de comunicação"?
Boa resenha Mauro!Fui a dois shows e concordo que em termos de banda, foi o ultimo grande acontecimento da música brasileira,inclusive em termos de referência musical e espero que um dia possamos vê um novo álbum,vale a pena sonhar....
Postar um comentário