Título: Mondo Machete
Texto: Filipe Miguez
Direção: Cesar Augusto
Direção musical: Fabiano Krieger
Elenco: Silvia Machete (em foto de Cristina Granato), Fabiano Lacombe e Thadeu Matos
Cotação: * * 1/2
♪ Espetáculo em cartaz no Teatro dos Quatro, no Rio de Janeiro (RJ), de quinta-feira a
domingo, até 1º de novembro de 2015
♪ Musical estrelado pela cantora carioca Silvia Machete, em cartaz no Rio de Janeiro (RJ) até 1º de novembro de 2015, Mondo Machete segue rota extravagante já percorrida pela artista em shows anteriores. Mas o texto de Filipe Miguez é original e conta a história viajante de uma estrela pop brasileira de fama internacional que acaba enredada em trama de espionagem que envolve a CIA. Exposto em cena de forma basicamente narrativa, na voz da própria Silvia Machete, o enredo é pretexto para cenas em países como Estados Unidos, México, Cuba e França. A propósito, o pic nic armado em Paris soa déjà vu para quem assistiu ao show anterior da cantora, Souvenir (2014). A sensação de déjà vu é amplificada pelo fato de o roteiro musical - seguido por Silvia na companhia da banda Carecas do Saber - ser quase uma colagem de composições já interpretadas pela (ótima) cantora em shows anteriores. Há uma ou outra novidade, como Agito e uso (Angela Ro Ro, 1979), endiabrada música que a personagem protagonista da trama interpreta quando está presa nos Estados Unidos. Mas não a ponto de tornar Mondo Machete uma experiência musicalmente inédita para quem acompanha a trajetória de Silvia nos palcos. A viagem teatralizada inclui escalas que possibilitam à artista mostrar suas habilidades circenses, refazendo as habituais cenas no bambolê e no trapézio, este utilizado no número final em que a cantora dá sua bela voz à música portuguesa intitulada Trapézio (Jorge de Palma, 2001). Dentro das sutis novidades do roteiro musical, a canção La paloma (1863) - tema do compositor espanhol Sebastián Yradier (1809 - 1865) que atravessa séculos sem sair do imaginário coletivo mundial - sobrevoa o enredo do musical, sendo ouvida até em versão em inglês (escrita por Don Robertson e Hal Blair) na voz do ator Fabiano Lacombe, intérprete também de Hound dog (Jerry Leiber e Mike Stoller, 1953). Aliás, algumas interações de Machete com os atores Fabiano Lacombe e Thadeu Matos - hábeis ao se desdobrarem em várias personagens ao longo da encenação do enredo - são interessantes porque Mondo Machete reproduz em algumas cenas o humor espirituoso de Silvia. A questão é que, como roteiro musical já é bastante conhecido na voz da artista por conta da inclusão de músicas como Toda bêbada canta (Silvia Machete, 2006) e Sucesso, aqui vou eu (Rita Lee e Arnaldo Baptista, 1970), Mondo Machete somente reproduz de forma mais teatralizada a estética dos shows da cantora. E, quando há oportunidade de mostrar todo seu talento vocal, ao cantar uma música como Back to black (Amy Winehouse e Mark Ronson, 2006), Machete vai menos fundo do que poderia, envolvida pela atmosfera de leveza do musical dirigido por Cesar Augusto. Enfim, Silvia Machete é uma excelente cantora. Mas já passa da hora de fazer um show sem humor e sem armar o circo para que a voz da cantora seja a protagonista de seu mundo musical, assumindo o lugar atualmente ocupado pela irreverência da artista. Silvia Machete tem voz. Falta é coragem para desbravar um novo mundo...
3 comentários:
♪ Musical estrelado pela cantora carioca Silvia Machete, em cartaz no Rio de Janeiro (RJ) até 1º de novembro de 2015, Mondo Machete segue rota extravagante já percorrida pela artista em shows anteriores. Mas o texto de Filipe Miguez é original e conta a história viajante de uma estrela pop brasileira de fama internacional que acaba enredada em trama de espionagem que envolve a CIA. Exposto em cena de forma basicamente narrativa, na voz da própria Silvia Machete, o enredo é pretexto para cenas em países como Estados Unidos, México, Cuba e França. A propósito, o pic nic armado em Paris soa déjà vu para quem assistiu ao show anterior da cantora, Souvenir (2014). A sensação de déjà vu é amplificada pelo fato de o roteiro musical - seguido por Silvia na companhia da banda Carecas do Saber - ser quase uma colagem de composições já interpretadas pela (ótima) cantora em shows anteriores. Há uma ou outra novidade, como Agito e uso (Angela Ro Ro, 1979), endiabrada música que a personagem protagonista da trama interpreta quando está presa nos Estados Unidos. Mas não a ponto de tornar Mondo Machete uma experiência musicalmente inédita para quem acompanha a trajetória de Silvia nos palcos. A viagem teatralizada inclui escalas que possibilitam à artista mostrar suas habilidades circenses, refazendo as habituais cenas no bambolê e no trapézio, este utilizado no número final em que a cantora dá sua bela voz à música portuguesa intitulada Trapézio (Jorge de Palma, 2001). Dentro das sutis novidades do roteiro musical, a canção La paloma (1863) - tema do compositor espanhol Sebastián Yradier (1809 - 1865) que atravessa séculos sem sair do imaginário coletivo mundial - sobrevoa o enredo do musical, sendo ouvida até em versão em inglês (escrita por Don Robertson e Hal Blair) na voz do ator Fabiano Lacombe, intérprete também de Hound dog (Jerry Leiber e Mike Stoller, 1953). Aliás, algumas interações de Machete com os atores Fabiano Lacombe e Thadeu Matos - hábeis ao se desdobrarem em várias personagens ao longo da encenação do enredo - são interessantes porque Mondo Machete reproduz em algumas cenas o humor espirituoso de Silvia. A questão é que, como roteiro musical já é bastante conhecido na voz da artista por conta da inclusão de músicas como Toda bêbada canta (Silvia Machete, 2006) e Sucesso, aqui vou eu (Rita Lee e Arnaldo Baptista, 1970), Mondo Machete somente reproduz de forma mais teatralizada a estética dos shows da cantora. E, quando há oportunidade de mostrar todo seu talento vocal, ao cantar uma música como Back to black (Amy Winehouse e Mark Ronson, 2006), Machete vai menos fundo do que poderia, envolvida pela atmosfera de leveza do musical dirigido por Cesar Augusto. Enfim, Silvia Machete é uma excelente cantora. Mas já passa da hora de fazer um show sem humor e sem armar o circo para que a voz da cantora seja a protagonista de seu mundo musical, assumindo o lugar atualmente ocupado pela irreverência da artista. Silvia Machete tem voz. Falta é coragem para desbravar um novo mundo...
Adoro a Silvia... Aguardo ansioso por um novo disco dela;;;
Bem que ela podia vir prá sp fazer show....amo a Silvia, aquele disco Souvenir é muito bom
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