Título: Delírio
Artista: Roberta Sá
Gravadora: MP,B Discos / Som Livre
Cotação: * * *
♪ A lira plácida de Delírio contradiz o título extasiante do sexto álbum oficial de Roberta Sá, lançado neste mês de outubro de 2015. Em que pese o clima carnavalizante da música-título Delírio, bom samba inédito do compositor carioca Rafael Rocha (baterista do grupo Tono) com o qual a cantora põe o bloco e o disco na rua com clipe que evoca o filme do cineasta fluminense Walter Lima Jr. A lira do delírio (Brasil, 1978), o disco transcorre majoritariamente em tons pastéis, sem o êxtase insinuado no título. Já não há, em grande parte das faixas, o frescor e a vivacidade que pautaram o canto desta artista potiguar radicada na cidade do Rio de Janeiro (RJ) desde a adolescência. Para quem acompanha a discografia da cantora desde Braseiro (MP,B Discos / Universal Music, 2005), irretocável álbum lançado há uma década, Delírio é o segundo ponto mais baixo da obra fonográfica de Roberta Sá, perdendo somente para o seminal e titubeante Sambas & bossas (Independente, 2004), o primeiro real álbum da cantora, gravado para ser distribuído como brinde de empresa e nunca editado de forma comercial. Nem por isso Delírio deixa de ser um bom disco porque há um padrão mínimo de qualidade em cada uma de suas 11 faixas. A abertura com Meu novo Ilê - graciosa parceria de Moreno Veloso e Quito Ribeiro que alude ao universo afro-baiano em arranjo que remete às mornas de Cabo Verde - sinaliza de cara a boa qualidade do disco, que versa sobre diferentes estágios do amor. A questão é que Delírio jamais fica à altura dos grandes álbuns lançados pela cantora de Braseiro para cá. O problema jamais reside na produção sempre elegante de Rodrigo Campello - ainda que talvez já esteja na hora de Roberta Sá arriscar outro produtor e outra sonoridade. Compostas em maior parte com inspiração, as 11 músicas do repertório tampouco respondem pelo fato de Delírio jamais extasiar como obra, embora esteja repleto de bons momentos. A questão está na liga frágil entre cantora e repertório. Há momentos em que o disco soa morno - algo que nunca havia acontecido nos álbuns oficiais de Roberta Sá. Exemplo é o samba buarquiano Se for para mentir (Cezar Mendes e Arnaldo Antunes, 2011), lançado na voz da cantora paulistana Luciana Mello há quatro anos e ora revivido por Roberta em dueto com Chico Buarque. A presença de Chico valoriza a gravação sem alterar o tom plácido da maior parte deste disco pautado pelo samba. Sim, Roberta recai no samba com elegância serena em Delírio após se descolar do gênero em seu álbum anterior, Segunda pele (MP,B / Universal Music, 2012). Mas nem sempre se mostra a intérprete mais adequada para os sambas que escolheu. Presente de Adriana Calcanhotto, compositora contaminada pelo micróbio do samba nestes anos 2010, Me erra parece o típico samba produzido em série linear pela artista gaúcha para o disco que dedicou ao gênero em 2011. Mas o refrão é forte, pop e manda um recado que Roberta não transmite com a força pedida pelo samba. Nada que se compare, contudo, à apatia da interpretação de Última forma (1972), samba que Baden Powell (1937 - 2000) e Paulo César Pinheiro fizeram para Elis Regina (1945 - 1982) deitar e rolar, mas que a Pimentinha não gravou, tendo sido lançado em 1972 por Elizeth Cardoso (1920 - 1990) e pelo grupo MPB-4 (no mesmo disco, aliás, em que Roberta pescou a faixa-título Cicatrizes para o repertório de Braseiro). Recado desaforado para o ser amado, Última forma é tema para cantoras de vozes ardidas. Introduzida em tom lírico pelo violoncelo de Jaques Morelenbaum, a regravação sem vida de Roberta não dá esse recado. O que não deixa de ser surpreendente na discografia de uma cantora que sempre primou pela vivacidade e pela leveza de seu canto. A placidez do samba Feito um Carnaval (Rodrigo Maranhão) também parece contradizer letra que versa sobre um amor de Carnaval que, contra todos os prognósticos pessimistas, dribla a ilusão da folia e se mostra mais duradouro do que uma chuva de verão. Contudo, há faixas mais ajustadas ao tom calmo do disco. Primeiro dos três sambas de Cezar Mendes alocados na ordem do álbum, Um só lugar - inédita parceria do compositor baiano com o jovem carioca Tom Veloso - prima pela beleza, com algo de Bossa Nova e algo de samba-canção. Na sequência, outro samba inspirado de Mendes - Não posso esquecer o que amor me faz, feito com versos do poeta baiano José Carlos Capinam - emula o clima e a cadência bonita dos sambas da Velha Guarda. A sensualidade dengosa de Amanhã é sábado - samba inédito de Martinho da Vila, gravado por Roberta em dueto com o cantor e compositor fluminense - também está em sintonia com o espírito sossegado do disco. É um samba que fala de coisas de casal sob ótica feminina. De acordo com Martinho, Amanhã é sábado dá voz a mulher do nego que chegava de porre em Disritmia, só que o samba de 2015 jamais empolga com o engenhoso samba de 1974. Por ironia, um dos destaques deste disco de sambas é um samba de 1938, Covardia (Ataulfo Alves e Mário Lago), que Roberta transforma em fado com naturalidade em gravação feita em Lisboa - em dueto com o cantor português António Zambujo - com a guitarra portuguesa de Bernardo Couto. Há na melancolia de Covardia e na animação pagodeira de Boca em boca - samba assinado por Roberta Sá (compositora bissexta) com Xande de Pilares e gravado com o banjo de seu parceiro - a vida e a energia vital que parecem escassear em vários momentos do disco. Embora conduzida por serenidade que jamais perde a elegância, a amorosa lira do Delírio de Roberta Sá se desvia do êxtase, surpreendendo quem conhece as possibilidades e a estupenda discografia pregressa desta inteligente cantora que sempre girou com graça na renda.
38 comentários:
♪ A lira plácida de Delírio contradiz o título extasiante do sexto álbum oficial de Roberta Sá, lançado neste mês de outubro de 2015. Em que pese o clima carnavalizante da música-título Delírio, bom samba inédito do compositor carioca Rafael Rocha (baterista do grupo Tono) com o qual a cantora põe o bloco e o disco na rua com clipe que evoca o filme do cineasta fluminense Walter Lima Jr. A lira do delírio (Brasil, 1978), o disco transcorre majoritariamente em tons pastéis, sem o êxtase insinuado no título. Já não há, em grande parte das faixas, o frescor e a vivacidade que pautaram o canto desta artista potiguar radicada na cidade do Rio de Janeiro (RJ) desde a adolescência. Para quem acompanha a discografia da cantora desde Braseiro (MP,B Discos / Universal Music, 2005), irretocável álbum lançado há uma década, Delírio é o segundo ponto mais baixo da obra fonográfica de Roberta Sá, perdendo somente para o seminal e titubeante Sambas & bossas (Independente, 2003), o primeiro real álbum da cantora, gravado para ser distribuído como brinde de empresa e nunca editado de forma comercial. Nem por isso Delírio deixa de ser um bom disco porque há um padrão mínimo de qualidade em cada uma de suas 11 faixas. A abertura com Meu novo Ilê - graciosa parceria de Moreno Veloso e Quito Ribeiro que alude ao universo afro-baiano em arranjo que remete às mornas de Cabo Verde - sinaliza de cara a boa qualidade do disco, que versa sobre diferentes estágios do amor. A questão é que Delírio jamais fica à altura dos grandes álbuns lançados pela cantora de Braseiro para cá. O problema jamais reside na produção sempre elegante de Rodrigo Campello - ainda que talvez já esteja na hora de Roberta Sá arriscar outro produtor e outra sonoridade. Compostas em maior parte com inspiração, as 11 músicas do repertório tampouco respondem pelo fato de Delírio jamais extasiar como obra, embora esteja repleto de bons momentos. A questão está na liga frágil entre cantora e repertório. Há momentos em que o disco soa morno - algo que nunca havia acontecido nos álbuns oficiais de Roberta Sá. Exemplo é o samba buarquiano Se for para mentir (Cezar Mendes e Arnaldo Antunes, 2011), lançado na voz da cantora paulistana Luciana Mello há quatro anos e ora revivido por Roberta em dueto com Chico Buarque. A presença de Chico valoriza a gravação sem alterar o tom plácido da maior parte deste disco pautado pelo samba. Sim, Roberta recai no samba com elegância serena em Delírio após se descolar do gênero em seu álbum anterior, Segunda pele (MP,B / Universal Music, 2012). Mas nem sempre se mostra a intérprete mais adequada para os sambas que escolheu. Presente de Adriana Calcanhotto, compositora contaminada pelo micróbio do samba nestes anos 2010, Me erra parece o típico samba produzido em série linear pela artista gaúcha para o disco que dedicou ao gênero em 2011. Mas o refrão é forte, pop e manda um recado que Roberta não transmite com a força pedida pelo samba.
Nada que se compare, contudo, à apatia da interpretação de Última forma (1972), samba que Baden Powell (1937 - 2000) e Vinicius de Moraes (1913 - 1980) fizeram para Elis Regina (1945 - 1982) deitar e rolar, mas que a Pimentinha não gravou, tendo sido lançado em 1972 por Elizeth Cardoso (1920 - 1990) e pelo grupo MPB-4 (no mesmo disco, aliás, em que Roberta pescou a faixa-título Cicatrizes para o repertório de Braseiro). Recado desaforado para o ser amado, Última forma é tema para cantoras de vozes ardidas. Introduzida em tom lírico pelo violoncelo de Jaques Morelenbaum, a regravação sem vida de Roberta não dá esse recado. O que não deixa de ser surpreendente na discografia de uma cantora que sempre primou pela vivacidade e pela leveza de seu canto. A placidez do samba Feito um Carnaval (Rodrigo Maranhão) também parece contradizer letra que versa sobre um amor de Carnaval que, contra todos os prognósticos pessimistas, dribla a ilusão da folia e se mostra mais duradouro do que uma chuva de verão. Contudo, há faixas mais ajustadas ao tom calmo do disco. Primeiro dos três sambas de Cezar Mendes alocados na ordem do álbum, Um só lugar - inédita parceria do compositor baiano com o jovem carioca Tom Veloso - prima pela beleza, com algo de Bossa Nova e algo de samba-canção. Na sequência, outro samba inspirado de Mendes - Não posso esquecer o que amor me faz, feito com versos do poeta baiano José Carlos Capinam - emula o clima e a cadência bonita dos sambas da Velha Guarda. A sensualidade dengosa de Amanhã é sábado - samba inédito de Martinho da Vila, gravado por Roberta em dueto com o cantor e compositor fluminense - também está em sintonia com o espírito sossegado do disco. É um samba que fala de coisas de casal sob ótica feminina. De acordo com Martinho, Amanhã é sábado dá voz a mulher do nego que chegava de porre em Disritmia, só que o samba de 2015 jamais empolga com o engenhoso samba de 1974. Por ironia, um dos destaques deste disco de sambas é um samba de 1938, Covardia (Ataulfo Alves e Mário Lago), que Roberta transforma em fado com naturalidade em gravação feita em Lisboa - em dueto com o cantor português António Zambujo - com a guitarra portuguesa de Bernardo Couto. Há na melancolia de Covardia e na animação pagodeira de Boca em boca - samba assinado por Roberta Sá (compositora bissexta) com Xande de Pilares e gravado com o banjo de seu parceiro - a vida e a energia vital que parecem escassear em vários momentos do disco. Embora conduzida por serenidade que jamais perde a elegância, a amorosa lira do Delírio de Roberta Sá se desvia do êxtase, surpreendendo quem conhece as possibilidades e a estupenda discografia pregressa desta inteligente cantora que sempre girou com graça na renda.
Crítica injusta
Caraca...é um morde e assopra nesse texto que parece uma montanha russa de opinião!!
Mauro, sigo sua carreira e acompanho seus textos há mais de uma década. Respeito sua opinião e pouquíssimas vezes discordo de suas críticas. E evito ao máximo tecer comentários aqui que destoem do texto ou discordar simplesmente por questões de gosto ou estilo. Mas .... o que foi esse texto? Estou inconformado. Ficou a impressão que você gostou do disco, mas tinha que falar mal! É uma tendência? Um crítico sai na frente, e o resto segue a linha? Não posso acreditar que foi você quem redigiu esse texto.
#decepçãododia
Jefferson, grato por sua observação, mas ressalto que sempre sigo a minha cabeça ao avaliar um disco. E, para sua informação, a resenha postada hoje em Notas Musicais é apenas uma extensão - com outra redação, mas com a mesma visão - da crítica que publiquei na minha coluna 'Estúdio', do jornal carioca 'O Dia', na segunda-feira, 12 de outubro, mesmo dia em que o colega Júlio Maria publicou sua excelente resenha no 'Estado de S. Paulo'. No texto do Dia, cujo título foi 'Roberta Sá recai no samba com placidez', eu já falo da falta de frescor do disco. Enfim, não estou seguindo ninguém - exceto a minha própria cabeça, como sempre, aliás. Abs, MauroF
Engraçado o comentário que disse que teve a impressão de que Mauro gostou do disco e que quis falar mal pra seguir tendência. Eu tive a percepção quase que contrária. Achei que Mauro não gostou do disco e que, por gostar muito de Roberta talvez, tenha tentado aliviar a barra dela. Acho que faz até mais sentido, considerando que muitos dizem que ela é a queridinha de Mauro. É uma das minhas queridinhas também.
Olha, acompanho Roberta há bastante tempo, desde quando ela veio a Salvador, pela primeira vez, fazer um show com uma iluminação da qualidade de um abajur. Show ruim demais, mas sempre considerei Roberta mais pelos discos. Acho o DVD o ponto mais fraco da carreira dela, até mais que o Sambas e bossas.
Muitos diziam que Roberta já tinha descido ladeira abaixo no Segunda Pele, mas nem acho. Acho que esse foi um bom disco. Coeso e diria que injustiçado. Tem muita coisa legal ali e as músicas casam entre si, até a com Drexler e a de Dudu Falcão. Um disco coerente.
O mesmo não diria de Delírio. Achei de uma sensualidade forçada demais que Roberta não dá conta. Isso para mim ficou claro com "Amanhã é sábado". Essa foi uma boa música, mas acho que nada tem a ver com ela. Parece um"Danadinho danado" que Simone gravou 20 anos atrás e Simone sim conseguiu transmitir esse tom sensual e feminino.
A sequência que vai da música de Maranhão até a de Ataulfo parece que é a mesma música. Achei que as regravações das canções mais antigas destoam bastante do disco.
A de Tom Veloso me pareceu "Você não poderia surgir agora" versão 2. Já já vai estar em novela.
Gostei muito da música com Xande de Pilares, uma das melhores. E olha que tive muita desconfiança.
A parceria de Moreno e Quito com Roberta é sempre um acerto. Acho a faixa de abertura lindíssima.
A música de Calcanhotto é boa, mas acho que não tem muito a ver com Roberta. Penso que esses sambas de visão feminina e de roupagem menos tradicional como os de Adriana só funcionam com ela e com Marisa Monte, porque é algo que vem da história delas enquanto cantoras-compositoras, e acho que Roberta não capta muito isso.
O dueto com Chico tá lindo, como eu imaginei que seria. Algo bem na linha de Injuriado, como ela mesma disse no making-of.
A faixa-título é a melhor do disco e eu esperava mais disso no todo como um sinal de renovação.
Em linhas gerais, acho o disco fraco, salvo 6 músicas. Lula Queiroga e Pedro Luís fizeram muita falta no repertório.
Menos mal, Mauro. Apaixonado pelas cantoras brasileiras, assim como você e admirador da Roberta Sá também cono sei que você é, não poderia deixar passar despercebido minha impressão do seu texto. Espero que as críticas sirvam de estímulo para Roberta. E que assim como aconteceu com o incompreendido "Aquele Frevo Axé" da Gal, daqui 10 anos vocês percebam que estavam equivocados. Ao contrário do que você disse, achei que o disco é o novo "Braseiro" com aquele frescor da estréia e com repertório tão bem ou melhor selecionado que seu discaço de estréia. Como dizem no popular, só a abertura com "Meu Novo Ilê" já pagou o disco. Abraço
Não sei Mauro,eu gostei muito desse cd,Roberta evoluindo muito no modo de cantar
Não quero ser o tipo chato que discorda de tudo até pq concordo com grande parte das suas opiniões Mauro
Mauro,
A música "Última Forma" é do Baden em parceria com Paulo César Pinheiro.
Abração
Denilson Santos
Mauro, permita-me discordar de você. O seu texto pareceu-me confuso e contraditório. Porém, o que mais me causou espanto foi você dizer que as faixas não possuem frescor (?) e vivacidade e que a Roberta gravou "Ultima forma" com apatia, que é música mais adequada para cantoras de vozes ardidas. A Elizeth cantou esta música lindamente e não acho que ela tenha a voz "ardida" (se eu entendi direito, foi sua intensão fazer um paralelo com o canto passional da Elis). Esta música também foi gravada de forma magistral pela cantora Márcia no lp Rimas (disponível no YouTube), em registro muito semelhante, na intensão, a este da Roberta, que rivaliza em beleza na forma contida, porém densa, de cantar as perdas e desilusões causadas pela decepção de não sermos correspondidos nas nossas expectativas.
PS: Achei o álbum muito bom e que a Roberta está cantando melhor que nunca.
Eu não acredito no que eu li! Caramba, a menina se esforçou e fez um álbum primoroso! Mauro, admiro seu trabalho, mas dessa vez você abusou. Conserta isso! Kkkkkkkkkk
Denilson, grato pelo toque. Claro que 'Última forma' é do Baden com o Paulo César Pinheiro. Mas, em relação à interpretação da música por Roberta, considero o momento mais apático do disco. Aos demais leitores, viva a diversidade de opiniões! Minha opinião não é nem nunca foi lei. A rigor, é apenas mais uma opinião e vale tanto quanto a de qualquer pessoa que tenha escutado o disco. 'Delírio' divide opiniões - isso é fato. Eu, como já disse em comentário anterior, escrevo o que penso. Grato a todos pela participação. Abs, MauroF
Mais legal de tud é conferir aqui as visões de diferentes platéias com sensações tão distintas. Fiquei tão animado que eu vou dizer o que eu acho. Nos últimos dois anos convencionou-se chamar de atual e ousado esse povo que grava com Kassin, que tem o Bruno di Lullo e o Pedro Sá entre os músicos. Gal fez isso e foi ovacionada, só qu o disco foi do Marcus Preto que não sabe cantar. E o disco é realmente incrível e com certeza não causaria o mesmo impacto se a grande baiana não o tivesse posto a voz. Roberta segue seu caminho, confia na sua intuição e prefere ambientes em que sinta confortável pra colocar o belíssimo cristal de sua voz a serviço de canções deliciosamente leves e simples. Acho também que o acachapante disco de Elza Soares interferiu na audição de Delírio. O que Elza fez foi grande e importante demais pra uma menininha linda e com voz plácida nos apresentar na sequência um rosário de canções de amor com violoncelos e banjos. Quando a gente prova pratos diferentes pra avaliar o melhor, a gente toma copo d"água antes pra limpar o paladar. Vamos dar um copo d'água pra Roberta e seu Delírio ?
Mauro, desculpe a sinceridade, mas se as ideias são da sua cabeça, só me resta perguntar: Onde anda sua cabeça? rs. Brincadeiras à parte, achei sua resenha confusa e como diria minha avó "parcimoniosa". Não sou fã número 1 da Roberta, mas baixei e ouvi e disco e me senti surpresa com suas palavras. Achei exatamente o contrário. Ouvi uma Roberta com canto maduro, vigoroso e cheio de frescor. O canto da Roberta foge do que a mídia vem apontando como "caminho" da música brasileira. Cantoras apáticas e sem voz, mas com "atitude". Prefiro a Roberta. Espero que realmente as pessoas tenham opiniões diferentes, curtam o disco e reverenciem um trabalho cuidadoso como esse.
Luzia, se a resenha parece confusa é que - como bem observou o Natival - eu gosto tanto da Roberta que fiquei ressaltando pontos positivos do disco para que a resenha não fosse radicalmente negativa. Gosto de faixas isoladas de 'Delírio' - 'Meu novo Ilê', 'Delírio' e 'Covardia', sobretudo - mas, como obra, o disco resulta irregular e apático na minha visão. Faltou vida, faltou frescor. Grato pelo comentário! Abs, MauroF
A resenha ficou mesmo confusa pelo motivo que o Mauro explicou acima: ele gosta tanto da Roberta que mesmo quando não gosta de um trabalho dela, procura onde elogiar. É justamente o contrário da Ivete: ele aparenta não gostar tanto dela que mesmo quando ela faz um trabalho bom, ele procura onde criticar, rs. Normal, segue a vida!
Gostei das canções "Delírio", "Amanhã é sábado" e "Boca em boca". Pois achei o disco meio fraco. Esperava mais de Roberta, que já fez discos melhores.
Não achei a resenha confusa. Achei o disco fraco, principalmente na forma como a Roberta está interpretando boa parte das músicas, parece a Gal no início de carreira, um retrocesso. Talvez seja este o delírio, não sei. Continuo bem cansado com essas cantoras com seus transsambas, sambossas e afins. Realmente, "querem acabar com o samba, madame não gosta que ninguém sambe."
A rigor, Carlos Eduardo, eu tb acho que o texto não está confuso, embora possa parecer como tal por expor pontos positivos e negativos do disco com equilíbrio. Abs, MauroF
O disco é bom, mas em nenhum momento chega a empolgar. Concordo com vc Mauro.
Fã clube Marcelo Aragão! Falou e disse!
A Roberta sempre foi a queridinha do Mauro, se ele deu três estrelas é por que deve ter detestado esse disco
Parece a Gal no início de carreira? Oi????? Não entendi !!!
Vou ouvir para ver o que houve ( ou ouvem) de errado.
Não achei a crítica confusa, mas condescendente. Vindo de um dos raros críticos musicais que respeito nesse país, vou levar em conta ao ouvir o CD que ainda não tive acesso (não baixo nada). Como hoje não me deixo mais influenciar por opiniões prévias, vou pesar o que achar e o que li. Entendo parte do que foi escrito pela única música que ouvi, Delírio que para mim foi uma grande decepção, aliás a primeira que tenho com Roberta. Costumava dizer que qualquer coisa que ela cantasse ficaria lindo, mas sempre pode haver uma exceção. Não postei isso em nenhum lugar para não ferir a sensibilidade de quem se dedica de coração ao que faz. Digo aqui por ser esse um forum respeitável. O que mais me incomoda nesta faixa não é a música que achei mediana, mas o arranjo e a mixagem que fazem uma confusão sonora com as percussões explodindo em primeiro plano, entretanto bastante burocráticas. A primeira vez que ouvi uma mixagem onde a percussão aparecesse na frente de tudo foi nos discos que Carlinhos Brown fazia com a Timbalada. Esse tipo de palco sonoro pede uma voz mais agressiva, penetrante. A forma intimista de Roberta não combina com essa distribuição de sons. Seria como se chamássemos João Gilberto pra puxar o carnaval na Sapucaí. Não que Roberta não pudesse projetar esse canto. Ela já provou isso ser possível em shows recentes ou mesmo na trilha de Zuzu Angel. O negócio é que a melodia de Delírio é fraca, e não ajuda a este tipo de impostação. Vou ouvir o resto ansioso por ter uma melhor impressão, afinal se gerou opiniões tão distintas aqui neste forum é porque tem uma qualidade que pode até ser mais reconhecida no futuro, quando estivermos com outro estado de espírito para apreceiar a obra.
Delírio = Cantar. Calma Roberta, futuramente hão de chamá-lo obra-prima!
Felipe Gama confunde um dos melhores discos vocais do mundo com um disco mediano de sambas. menos, muito menos. o tempo pode ressaltar "Quando o canto é reza" (esse sim, muito mais próximo de um Gal canta Caymmi), mas "Delírio" precisa de muito feijão pra ter suas lágrimas negras sinceras.
Daqui a uma dezena de anos tempo esse álbum será santificado... Já vi, ouvi e li esse blá blá blá tantas vezes !
Queria ouvir e ou ouvir antes de comentar. Mas não sei fazer comentários desse jeito aí sobre o disco. Acabei só me fazendo perguntas. Será que esperei demais quando vi o "time" escalado pro disco? Será que, por ser samba, esperei um "Roberta e Trio Madeira Brasil" da vida? Será que depois de se sair bem "Segunda Pele" achei que ela estaria mais segura e coesa na volta ao samba?
Enfim, vai ver com o tempo, ou ao vivo, terei respostas.
O pior de tudo foram as 3 estrelas para a Roberta Sá e para a Anitta (???). Poxa, essa foi dose!!!
O disco não é ótimo, mas é um grande disco em relação ao atual cenário musical brasileiro...
Ouvi o CD, gosto dos trabalhos anteriores da Roberta. Achei que o cd tem qualidade, o canto da Roberta está ainda mais seguro. A produção é impecável. Acredito que as coisas no cd soam estranhas por causa da incoerência do título "delírio" e a respectiva canção que serviu para divulgação, uma vez que elas destoam completamente do espírito do disco! As músicas são mais introspectivas e não era bem isso que eu queria ouvir... O que não torna o cd ruim. Existem, na minha opinião, sim, faixas apáticas como "um só lugar", "não sei esconder o que o amor me faz" e "feito carnaval". Acho que elas foram as responsáveis por uma áurea mais apática, não por que são mais intimistas, mas porque são chatas mesmo. Com exceção dessas as demais são ótimas.
Pedro Progresso não eh uma questão de confundir. Eu apenas gostei muito e muito mesmo do álbum da Roberta. Mas tu pode pensar o que quiseres, afinal obviedade eh tão enfadonha.
É lamentável que o álbum tenha ganhado poucas estrelas... Roberta Sá é divina...
Minha mãe e eu somos fãs da Roberta. Mas ambas achamos o disco chato. A gente criou uma expectativa e meio que nos decepcionamos. Minha mãe (56 anos) é daquelas que dirige ouvindo Roberta, cozinha cantando Roberta etc..."Quando o Canto é Reza" é simplesmente perfeito. Daí anunciaram que Roberta ia lançar um CD de samba e ela aparece com esse picolé de chuchu! Uma pena! Concordo com o Mauro.
Renata (27 anos)
Acho o disco ótimo. E não acho necessária uma passionalidade desmedida em "Última forma", acho linda na delicadeza.
Postar um comentário