terça-feira, 24 de novembro de 2015

Acústico gravado pelo Capital Inicial em NYC mantém grupo no mesmo lugar

Resenha de CD e DVD
Título: Capital Inicial acústico→NYC
Artista: Capital Inicial
Gravadora: Sony Music
Cotação: * * 1/2


"Nunca passou pela minha cabeça que a gente pudesse chegar tão longe". Dita por Dinho Ouro Preto nos depoimentos exibidos nos extras do DVD Capital Inicial acústico→NYC, a frase é recorrente no making of da gravação do segundo projeto acústico do Capital Inicial e expõe certo provincianismo dos integrantes do grupo com o fato de ter registrado show em Nova York (EUA). Em dois sentidos, o Capital Inicial chegou mesmo longe demais. No sentido geográfico, a distância entre Brasília (DF) - cidade onde a banda surgiu em 1982, em meio à cena punk da Capital Federal, a partir da dissolução do grupo Aborto Elétrico - e Nova York é mesmo grande. No sentido temporal, é impressionante que uma banda da segunda divisão do rock brasileiro da década de 1980 tenha construído carreira tão longeva que já soma 33 anos e que segue rota desviada do passado oitentista a partir de 2000, ano em que o Capital se reinventou com gravação ao vivo da série Acústico MTV que renovou e ampliou o público e o repertório da banda. Contudo, no sentido musical, Capital Inicial acústico→NYC mantém Dinho Ouro Preto (voz), Fê Lemos (bateria), Flávio Lemos (baixo) e Yves Passarell (guitarra - integrante do grupo desde 2001) no mesmo lugar de sempre. Após quinze anos e cinco álbuns de inéditas, o quarteto recorre ao formato acústico sem lançar mão do cancioneiro dos anos 1980 para formatar o roteiro do show captado em 6 de junho deste ano de 2015 na casa Terminal 5, sob direção de Raoni Carreiro, com cenário de Zé Carratu e produção musical do veterano Liminha. A única representante dos anos 1980 no repertório - selecionado entre as músicas gravadas pelo Capital após o primeiro acústico -  é Belos e malditos (Alvin L, Renato Russo, Dinho Ouro Preto, Loro Jones e Bozzo Barretti, 1989), música do álbum Todos os lados (PolyGram, 1989) que abriu a parceria de Dinho com Alvin L, sedimentada no acústico feito com o selo e a chancela da MTV. No Capital Inicial acústico→NYC (projeto lançado pela Sony Music nos formatos de CD, DVD e em embalagem especial que agrega os dois formatos e mimos para fãs como réplica do ingresso do show de Nova York), Belos e malditos é cantada por Dinho com Seu Jorge em interpretação que dilui o significado da letra. Cantor carioca que tinha irmão fã do Capital Inicial, como conta em emocionante depoimento para o making of, Seu Jorge figura também numa das três músicas inéditas inseridas no roteiro - a balada Vai e vem (Dinho Ouro Preto, Thiago Castanho e Alvin L), exemplo da superficialidade pop que pauta a maior parte do cancioneiro do Capital Inicial - e ainda em À sua maneira (De música ligera) (Gustavo Cerati e Zeta Bosio em versão em português de Dinho Ouro Preto, 2002), tema do grupo argentino Soda Stereo que o Capital verteu para seu idioma pop. Com abertura documental intitulada Welcome to the sky, na qual se vê imagens de ruas e do metrô de NYC, o DVD Capital Inicial acústico→NYC alinha 23 músicas. Três são inéditas. Além da já mencionada Vai e vem, o grupo apresenta A mina - canção mais fraca da lavra do cantor e compositor paulista Kiko Zambianchi, presente no primeiro acústico do grupo - e Doce e amargo, parceria de Dinho com Thiago Castanho (guitarrista egresso do extinto grupo Charlie Brown Jr.) que versa sobre tédio urbano e vazios existenciais. As inéditas jamais chegam a empolgar diante do roteiro dominado por baladas que habitam um raso universo pop, próprias para público refratário a questões e músicas complexas. Mas o grande problema do acústico norte-americano é a linearidade da sonoridade pop folk formatada pelo produtor Liminha (piloto do primeiro fracassado compacto lançado pela banda em 1985 pela gravadora CBS). Tal sonoridade é calcada (demasiadamente) nos violões tocados por Yves Passarell, Thiago Castanho, Fábio Carelli e o próprio Liminha. Tal sonoridade achatou e padronizou músicas como Ressurreição (Dinho Ouro Preto, Yves Passarell e Alvin L, 2010), Respirar você (Dinho Ouro Preto, Alvin L e Yves Passarell, 2004), Eu nunca disse adeus (Dinho Ouro Preto e Alvin L, 2007) - faixa-título do álbum de inéditas lançado pelo Capital em 2007 - e Como devia estar (Kiko Zambianchi, Dinho Ouro Preto e Alvin L, 2002). Entre tantas baladas, o roteiro abre espaço para a intervenção do cantor pernambucano Lenine, que divide com Dinho as interpretações de Não olhe pra trás (Dinho Ouro Preto e Alvin L, 2004) e de Tempo perdido (Renato Russo, 1986). Ao reviver o smithiano sucesso da Legião Urbana no mesmo tom e com arranjo similar ao da gravação original da banda de Renato Russo (1960 - 1996), o Capital Inicial prova que, mesmo em Nova York (EUA), permanece no seu devido lugar, sem ir muito longe.

7 comentários:

  1. ♪ "Nunca passou pela minha cabeça que a gente pudesse chegar tão longe". Dita por Dinho Ouro Preto nos depoimentos exibidos nos extras do DVD Capital Inicial acústico→NYC, a frase é recorrente no making of da gravação do segundo projeto acústico do Capital Inicial e expõe certo provincianismo dos integrantes do grupo com o fato de ter registrado show em Nova York (EUA). Em dois sentidos, o Capital Inicial chegou mesmo longe demais. No sentido geográfico, a distância entre Brasília (DF) - cidade onde a banda surgiu em 1982, em meio à cena punk da Capital Federal, a partir da dissolução do grupo Aborto Elétrico - e Nova York é mesmo grande. No sentido temporal, é impressionante que uma banda da segunda divisão do rock brasileiro da década de 1980 tenha construído carreira tão longeva que já soma 33 anos e que segue rota desviada do passado oitentista a partir de 2000, ano em que o Capital se reinventou com gravação ao vivo da série Acústico MTV que renovou e ampliou o público e o repertório da banda. Contudo, no sentido musical, Capital Inicial acústico→NYC mantém Dinho Ouro Preto (voz), Fê Lemos (bateria), Flávio Lemos (baixo) e Yves Passarell (guitarra - integrante do grupo desde 2001) no mesmo lugar de sempre. Após quinze anos e cinco álbuns de inéditas, o quarteto recorre ao formato acústico sem lançar mão do cancioneiro dos anos 1980 para formatar o roteiro do show captado em 6 de junho deste ano de 2015 na casa Terminal 5, sob direção de Raoni Carreiro, com cenário de Zé Carratu e produção musical do veterano Liminha. A única representante dos anos 1980 no repertório - selecionado entre as músicas gravadas pelo Capital após o primeiro acústico - é Belos e malditos (Alvin L, Renato Russo, Dinho Ouro Preto, Loro Jones e Bozzo Barretti, 1989), música do álbum Todos os lados (PolyGram, 1989) que abriu a parceria de Dinho com Alvin L, sedimentada no acústico feito com o selo e a chancela da MTV. No Capital Inicial acústico→NYC (projeto lançado pela Sony Music nos formatos de CD, DVD e em embalagem especial que agrega os dois formatos e mimos para fãs como réplica do ingresso do show de Nova York), Belos e malditos é cantada por Dinho com Seu Jorge em interpretação que dilui o significado da letra. Cantor carioca que tinha irmão fã do Capital Inicial, como conta em emocionante depoimento para o making of, Seu Jorge figura também numa das três músicas inéditas inseridas no roteiro - a balada Vai e vem (Dinho Ouro Preto, Thiago Castanho e Alvin L), exemplo da superficialidade pop que pauta a maior parte do cancioneiro do Capital Inicial - e ainda em À sua maneira (De música ligera) (Gustavo Cerati e Zeta Bosio em versão em português de Dinho Ouro Preto, 2002), tema do grupo argentino Soda Stereo que o Capital verteu para seu idioma pop.

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  2. Com abertura documental intitulada Welcome to the sky, na qual se vê imagens de ruas e do metrô de NYC, o DVD Capital Inicial acústico→NYC alinha 23 músicas. Três são inéditas. Além da já mencionada Vai e vem, o grupo apresenta A mina - canção mais fraca da lavra do cantor e compositor paulista Kiko Zambianchi, presente no primeiro acústico do grupo - e Doce e amargo, parceria de Dinho com Thiago Castanho (guitarrista egresso do extinto grupo Charlie Brown Jr.) que versa sobre tédio urbano e vazios existenciais. As inéditas jamais chegam a empolgar diante do roteiro dominado por baladas que habitam um raso universo pop, próprias para público refratário a questões e músicas complexas. Mas o grande problema do acústico norte-americano é a linearidade da sonoridade pop folk formatada pelo produtor Liminha (piloto do primeiro fracassado compacto lançado pela banda em 1985 pela gravadora CBS). Tal sonoridade é calcada (demasiadamente) nos violões tocados por Yves Passarell, Thiago Castanho, Fábio Carelli e o próprio Liminha. Tal sonoridade achatou e padronizou músicas como Ressurreição (Dinho Ouro Preto, Yves Passarell e Alvin L, 2010), Respirar você (Dinho Ouro Preto, Alvin L e Yves Passarell, 2004), Eu nunca disse adeus (Dinho Ouro Preto e Alvin L, 2007) - faixa-título do álbum de inéditas lançado pelo Capital em 2007 - e Como devia estar (Kiko Zambianchi, Dinho Ouro Preto e Alvin L, 2002). Entre tantas baladas, o roteiro abre espaço para a intervenção do cantor pernambucano Lenine, que divide com Dinho as interpretações de Não olhe pra trás (Dinho Ouro Preto e Alvin L, 2004) e de Tempo perdido (Renato Russo, 1986). Ao reviver o smithiano sucesso da Legião Urbana no mesmo tom e com arranjo similar ao da gravação original da banda de Renato Russo (1960 - 1996), o Capital Inicial prova que, mesmo em Nova York (EUA), permanece no seu devido lugar, sem ir muito longe.

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  3. NÃO GOSTEI DOS TIMBRES DOS VIOLÕES FICARAM MUITO ESPARSOS.

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  4. Pois, tinha gostado da imagem da case de equipamentos no formato de capa. Bem mais chamativa que essa aí, igual a do CD.
    Mas já não espero muito da banda, menos ainda do Liminha que, de uns tempos pra cá, só tem feito - como diria o novo público pop - "flops".

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  5. Victor, aquela imagem do 'case' de equipamento é a capa da edição especial que junta CD, DVD, poster, adesivo e outros mimos. Abs, MauroF

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  6. Obrigado, Mauro. Acho que vou curtir a embalagem. Quem sabe não relembro os 12/13 anos e adquiro outro trabalho do Capital.
    Alias, acho que é isso que falta pra alavancar um tiquinho as vendas físicas do artistas: sair daquelas encartes e packs sem vida.
    Outro Abraço

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  7. A ideia de só gravar músicas lançadas após o acústico MTV foi boa. Mais muita coisa boa do Capital ficou de fora. Músicas essas dos primeiros álbuns do grupo. A chance era agora de gravar Mickey Mouse em Moscou, Psicopata entre outras pérolas da banda. A pior música desse acústico p mim é Coração Vazio. Poderia ser facilmente trocado por um clássico da banda. Só acho.

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