Título: Chico - Artista brasileiro
Artista: vários
Gravadora: Biscoito Fino
Cotação: * * * * 1/2
♪ Com estreia programada nos cinemas para amanhã, 26 de novembro de 2015, o documentário Chico - Artista brasileiro entra em circuito nacional com sua trilha sonora já disponível em álbum lançado pela gravadora Biscoito Fino nas plataformas digitais e em edição física em CD. Com trilha irretocável que toca muito bem fora da tela, o disco alinha dez fonogramas produzidos para o filme em que o cineasta Miguel Faria Jr. traça perfil documental de Chico Buarque a partir de entrevista-guia concedida pelo cantor e compositor carioca. Os dez números musicais foram gravados em estúdio sob a direção musical do violonista Luiz Cláudio Ramos com banda-base formada pelo pianista João Rebouças, o baixista Jorge Helder e o baterista Jurim Moreira. Sopros e percussões foram adicionados de acordo com a necessidade de cada arranjo. A surpresa do disco reside mais na escalação do time de intérpretes do que nos registros reverentes, feitos dentro do universo musical do compositor, sem inventar moda. Bom cantor mineiro que conquistou a admiração de Chico com suas intervenções no circuito de shows da Lapa, bairro boêmio do Centro da cidade do Rio de Janeiro (RJ), Moyseis Marques dá conta da tarefa de levar o samba Mambembe (Chico Buarque, 1972) para um salão de gafieira. Nome mais surpreendente da escalação, o cantor paulista Péricles - projetado como vocalista do grupo de pagode Exaltasamba - se mostra um intérprete de primeira ao defender o samba Estação derradeira (Chico Buarque, 1977). Já Mônica Salmaso dá o habitual show de técnica ao seguir a fluente correnteza melódica de Mar e lua (Chico Buarque, 1980) em registro de emoção corretamente dosada que jamais tira de Simone o mérito de ter feito há 23 anos a melhor gravação da canção no álbum Sou eu (Sony Music, 1992), registro do homônimo show dirigido por Ney Matogrosso. A propósito, Ney figura na trilha e também exibe o costumeiro rigor estilístico ao encarar As vitrines (Chico Buarque, 1981). Mais leves, Adriana Calcanhotto e Mart'nália se afinam como o casal às voltas com as questões conjugais do samba Biscate (Chico Buarque, 1993).Já Laila Garin dá voz a Uma canção desnaturada (Chico Buarque, 1977) sem carregar no drama. Cantora portuguesa que já gravou com Chico Buarque, Carminho marca presença em dose dupla na trilha sonora de Chico - Artista brasileiro. Faz Sabiá (Antonio Carlos Jobim e Chico Buarque, 1968) voar alto em gravação que dispensa o instrumental típico do fado, além de fazer dueto com Milton Nascimento em Sobre todas as coisas (Edu Lobo e Chico Buarque, 1993). Mesmo sem a potência e o viço de tempos idos, a voz de Milton tem lampejos divinos na gravação. E o artista brasileiro retratado com humor por Miguel Faria Jr. no documentário brilha - ao regravar Sinhá (João Bosco e Chico Buarque, 2011) e Paratodos (Chico Buarque, 1993) em registros que roçam o êxito das abordagens originais das composições - por ter evoluído como cantor e por ter obviamente pleno entendimento da obra exposta na trilha sonora do filme através de 10 músicas lançadas entre 1968 e 2011. Acima do brilho individual dos intérpretes, paira a genialidade do compositor, artista brasileiro que nunca saiu do tom quando exerce a arte de fazer música. O filme pode até sair de cartaz e da memória. Mas as dez músicas do CD ficarão.
11 comentários:
♪ Com estreia programada nos cinemas para amanhã, 26 de novembro de 2015, o documentário Chico - Artista brasileiro entra em circuito nacional com sua trilha sonora já disponível em álbum lançado pela gravadora Biscoito Fino nas plataformas digitais e em edição física em CD. Com trilha irretocável que toca muito bem fora da tela, o disco alinha dez fonogramas produzidos para o filme em que o cineasta Miguel Faria Jr. traça perfil documental de Chico Buarque a partir de entrevista-guia concedida pelo cantor e compositor carioca. Os dez números musicais foram gravados em estúdio sob a direção musical do violonista Luiz Cláudio Ramos com banda-base formada pelo pianista João Rebouças, o baixista Jorge Helder e o baterista Jurim Moreira. Sopros e percussões foram adicionados de acordo com a necessidade de cada arranjo. A surpresa do disco reside mais na escalação do time de intérpretes do que nos registros reverentes, feitos dentro do universo musical do compositor, sem inventar moda. Bom cantor mineiro que conquistou a admiração de Chico com suas intervenções no circuito de shows da Lapa, bairro boêmio do Centro da cidade do Rio de Janeiro (RJ), Moyseis Marques dá conta da tarefa de levar o samba Mambembe (Chico Buarque, 1972) para um salão de gafieira. Nome mais surpreendente da escalação, o cantor paulista Péricles - projetado como vocalista do grupo de pagode Exaltasamba - se mostra um intérprete de primeira ao defender o samba Estação derradeira (Chico Buarque, 1977). Já Mônica Salmaso dá o habitual show de técnica ao seguir a fluente correnteza melódica de Mar e lua (Chico Buarque, 1980) em registro de emoção corretamente dosada que jamais tira de Simone o mérito de ter feito há 23 anos a melhor gravação da canção no álbum Sou eu (Sony Music, 1992), registro do homônimo show dirigido por Ney Matogrosso. A propósito, Ney figura na trilha e também exibe o costumeiro rigor estilístico ao encarar As vitrines (Chico Buarque, 1981). Mais leves, Adriana Calcanhotto e Mart'nália se afinam como o casal às voltas com as questões conjugais do samba Biscate (Chico Buarque, 1993).Já Laila Garin dá voz a Uma canção desnaturada (Chico Buarque, 1977) sem carregar no drama. Cantora portuguesa que já gravou com Chico Buarque, Carminho marca presença em dose dupla na trilha sonora de Chico - Artista brasileiro. Faz Sabiá (Antonio Carlos Jobim e Chico Buarque, 1968) voar alto em gravação que dispensa o instrumental típico do fado, além de fazer dueto com Milton Nascimento em Sobre todas as coisas (Edu Lobo e Chico Buarque, 1993). Mesmo sem a potência e o viço de tempos idos, a voz de Milton tem lampejos divinos na gravação. E o artista brasileiro retratado com humor por Miguel Faria Jr. no documentário brilha - ao regravar Sinhá (João Bosco e Chico Buarque, 2011) e Paratodos (Chico Buarque, 1993) em registros que roçam o êxito das abordagens originais das composições - por ter evoluído como cantor e por ter obviamente pleno entendimento da obra exposta na trilha sonora do filme através de 10 músicas lançadas entre 1968 e 2011. Acima do brilho individual dos intérpretes, paira a genialidade do compositor, artista brasileiro que nunca saiu do tom quando exerce a arte de fazer música. O filme pode até sair de cartaz e da memória. Mas as dez músicas do CD ficarão.
Surpreendentes no bom sentido o cd e os intérpretes escalados Mauro
Gosto não se discute... Chico é Chico, sempre grandioso...
Augusto Flávio (Petrolina-Pe/Juazeiro-Ba)
Gosto a parte a gravação de Simone de Mar e lua no disco de 1980 é melhor do que a de 1993 do disco Sou eu.
"...nunca saiu do tom quando exerce a arte de fazer música." Certo, mas quando se mete a escrever livros ou palpitar sobre política...
Só para lembrar, a coluna é sobre música!
Chico Buarque sempre encontra defensores ardorosos ou sub-reptícios.
Em matéria de música, ele não precisa de quem o defenda. Sua obra fala por si mesmo!
Ele paga as contas dele, fala o que ele quiser e o mundo é plural! Vai ter gnt que discorda e concorda com alguém bj
Mauro, a gravação de Simone pra Mar e Lua foi feita no disco "Simone" de 1980.
Infelizmente, nem sinal do filme aqui em Belém. Terei de me contentar com o Blu-ray.
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