Título: Rita Lee
Artista: Rita Lee
Gravadora: Universal Music
Cotação: * * * *
♪ Em 1995, o executivo João Augusto - então no posto de diretor artístico da gravadora EMI - lançou no mercado fonográfico brasileiro a Rita Lee collection. A coleção apresentava as primeiras reedições em CD dos álbuns gravados pela artista paulistana na gravadora Som Livre entre 1975 e 1985 - acervo então recém-adquirido pela EMI - e os títulos gravados pela cantora e compositora na própria EMI na segunda metade dos anos 1980. Ao longo dos últimos 20 anos, estas foram as únicas reedições em CD dos álbuns áureos de Rita na fase pós-Mutantes. Por isso, a caixa Rita Lee - ora lançada pela gravadora Universal Music - é de suma importância. Produzida por Luiz Garcia, a caixa embala 20 álbuns lançados entre 1970 e 2004 pela roqueira mais carnavalesca do Brasil, além da coletânea Pérolas, com gravações avulsas até então somente disponíveis em CD (em sua maioria) na compilação Meus momentos volume dois, editada em 1997 pela EMI. Nem um lapso grave na produção da caixa - o fato de a reedição do álbum 3001 (Universal Music, 2000, * * *) tocar Por enquanto (Renato Russo, 1985) na voz de Cássia Eller (1962 - 2001) no lugar da faixa Erva venenosa (Poison ivy) (Jerry Leiber e Mike Stoller, 1959, em versão de Rossini Pinto, 1965) - empana o brilho das reedições da caixa (retirada momentaneamente do mercado para corrigir o erro em próxima tiragem prevista para chegar às lojas em janeiro de 2016). Primeiro, porque a qualidade do som é excelente. A remasterização feita por Luigi Hoffer e Carlos Savalla restaurou o som dos álbuns originais. Segundo, porque o apuro no tratamento gráfico - com a reprodução fiel de todas as letras, fotos e textos das contracapas e encartes - avança em relação à coleção de 1995. E terceiro porque, afinal, a discografia de Rita Lee é das obras mais fundamentais do universo pop brasileiro. Roqueiros tradicionalistas tendem a valorizar os quatro álbuns gravados por Rita com o grupo Tutti Frutti - Atrás do porto tem uma cidade (Philips, 1974, * * * *), Fruto proibido (Som Livre, 1975, * * * * *), Entradas e bandeiras (Som Livre, 1976, * * *) e Babilônia (Som Livre, * * * 1/2) - em detrimento dos discos gravados por Rita com Roberto de Carvalho a partir de 1979, em nítido redirecionamento pop do rock que Rita fizera até então com os grupos Mutantes e Tutti Frutti. Mas o fato é que álbuns como Rita Lee (Som Livre, 1979, * * * * *) e Rita Lee (Som Livre, 1980, * * * * *) atingiram a perfeição pop roçada por Saúde (Som Livre, 1981, * * * * 1/2) e, em menor grau, por Rita Lee & Roberto de Carvalho (Som Livre, 1982, * * * 1/2), disco reeditado sem a música Brasil com S por questões jurídicas, já que foi gravada com a voz e o violão de João Gilberto. A obra de Rita com Roberto somente começou a dar sinais preocupantes de desgaste com Bom bom (Som Livre, 1983, * * 1/2), álbum em que os artistas se lambuzaram com o tecnopop que tinham usado na medida certa em Saúde, o álbum em que Rita virou ligeiramente o disco sem abandonar por completo o pop carnavalizante do álbum de 1980. Mas eles logo voltaram a se afinar no tom depressivo de Rita e Roberto (Som Livre, 1985, * * * *), álbum dark em que a dupla traduziu em música o estado de um mundo então acuado pelo avanço da aids e, em caráter particular, o então nebuloso raio x mental de Rita, às voltas com boato falso de que estava com leucemia. Os discos lançados por Rita Lee na década passada na gravadora Som Livre - no período que foi de 1975 a 1985 - representam o supra-sumo de bela obra. Quando Rita ingressou na EMI e lançou o álbum Flerte fatal (EMI-Odeon, 1987, * * * 1/2), reeditado na caixa com erro de grafia na faixa inicial (Brasix muamba virou Brasyx muamba na contracapa externa e no encarte), o poder de sedução da obra da Ovelha negra já era menor, embora o sucesso radiofônico das delícias pop Pega rapaz (música feita anos atrás, mas até então inédita) e Bwana tenha disfarçado crise de criação que ficou mais visível em Zona zen (EMI-Odeon, 1988, * * *) e, sobretudo, em Rita Lee e Roberto de Carvalho (EMI-Odeon, 1990, * *), o pior álbum da dupla. Não por acaso, Rita e Roberto se separaram artisticamente na primeira metade da década de 1990, retomando e expandindo a parceria somente a partir do álbum de inéditas Santa Rita de Sampa (Universal Music, 1997, * * *), disco oscilante. Não por acaso, a partir de então, Rita passou a viver de seu passado de glória em registros de shows como os ouvidos nos CDs Acústico MTV (Universal Music, 1998, * * * *) e MTV ao vivo (EMI Music, 2004, * * * *), ambos incluídos na caixa (ainda que - justiça seja feita - Rita tenha recuperado momentaneamente o vigor criativo em Balacobaco, CD de 2003 feito na Som Livre e omitido na caixa por não pertencer ao acervo da Universal Music). Ouvida em retrospectiva na caixa, a discografia de Rita Lee sem Mutantes reitera a genialidade da compositora. No geral, as canções são tão boas - e interpretadas no tom exato por Rita, sem demonstrações de virtuosismos vocais - que a compositora sempre sustentou a cantora. Fazendo rock ou pop, Rita nunca pesou a mão, abordando temas espinhosos com espirituosidade e uma irreverência detectáveis já no primeiro álbum solo, Build up (Polydor, 1970, * * *), incluído na caixa na mesma (caprichada) reedição feita para Três tons de Rita Lee, box de 2013 que embalou também Hoje é o primeiro dia do resto da sua vida (Polydor, 1972, * * * *) - álbum creditado somente a Rita, mas idealizado e gravado com os Mutantes - e o já mencionado Atrás do porto tem uma cidade, marco inicial da parceria de Rita com Tutti Frutti, grupo com o qual a artista manteve erguida a bandeira do rock em época (a década de 1970) em que roqueiro brasileiro ainda tinha cara de bandido. Com o Tutti Frutti, Rita fez a obra-prima Fruto proibido, ouvido e revivido ainda hoje, 40 anos após o lançamento do álbum em 1975, com regravações de músicas como Ovelha negra (Rita Lee), Agora só falta você (Rita Lee e Luiz Carlini), Cartão postal (Rita Lee e Paulo Coelho), Esse tal de roque enrow (Rita Lee e Paulo Coelho) e Luz del Fuego (Rita Lee). Na segunda metade da década de 1970, a inspiração de Rita era tão incessante que, além de gravar discos anuais com composições inéditas, a compositora ainda fazia músicas exclusivas para trilhas de novelas da TV Globo. Lá vou eu (Rita Lee e Luiz Carlini, 1976), Loco-motivas (Rita Lee, 1977) e Ambição (Rita Lee, 1977) - temas das novelas O grito, Locomotivas e O astro, respectivamente - são algumas das joias avulsas reunidas na inédita coletânea Pérolas (Universal Music, 2015, * * * * 1/2), produzida para a caixa (clique aqui para conhecer o repertório da compilação). Pérolas abre com a gravação original de Arrombou a festa (Rita Lee e Paulo Coelho), música - gravada em 1976 e lançada somente em compacto simples editado pela gravadora Som Livre em fevereiro de 1977 - em que Rita tirou sarro da música brasileira na década áurea da MPB. No único ano em que não gravou disco de estúdio, 1977, Rita fez o registro ao vivo de show dividido de igual para igual com o colega tropicalista Gilberto Gil. Refestança (Som Livre, 1977, * * * *) é título raro cuja inclusão valoriza a caixa Rita Lee, ainda que a reedição apresente problema de execução nos 20 segundos iniciais da faixa Back in Bahia (Gilberto Gil, 1972), música cantada por Rita (problema que talvez seja do desgaste da matriz original do álbum). Enfim, sozinha ou com Tutti Frutti, Rita Lee foi ótima. Mas, compondo em dupla com o guitarrista Roberto de Carvalho, a mutante alcançou perfeita simbiose entre música e letra em pérolas ainda reluzentes como Mania de você (1979), Lança perfume (1980), Caso sério (1980), Saúde (1981), Banho de espuma (1981), Flagra (1982) e Desculpe o auê (1983) - para citar somente as que mais fizeram sucesso. Enfim, como dito, os eventuais lapsos na edição de um ou outro disco jamais deve desencorajar a compra da caixa Rita Lee. A obra nela contida está entre o que de melhor se produziu no universo pop brasileiro desde que o rock é rock. Salve Santa Rita de Sampa pelo milagre de ser pop no Brasil há quase 50 anos!!!
38 comentários:
♪ Em 1995, o executivo João Augusto - então no posto de diretor artístico da gravadora EMI - lançou no mercado fonográfico brasileiro a Rita Lee collection. A coleção apresentava as primeiras reedições em CD dos álbuns gravados pela artista paulistana na gravadora Som Livre entre 1975 e 1985 - acervo então recém-adquirido pela EMI - e os títulos gravados pela cantora e compositora na própria EMI na segunda metade dos anos 1980. Ao longo dos últimos 20 anos, estas foram as únicas reedições em CD dos álbuns áureos de Rita na fase pós-Mutantes. Por isso, a caixa Rita Lee - ora lançada pela gravadora Universal Music - é de suma importância. Produzida por Luiz Garcia, a caixa embala 20 álbuns lançados entre 1970 e 2004 pela roqueira mais carnavalesca do Brasil, além da coletânea Pérolas, com gravações avulsas até então somente disponíveis em CD (em sua maioria) na compilação Meus momentos volume dois, editada em 1997 pela EMI. Nem um lapso grave na produção da caixa - o fato de a reedição do álbum 3001 (Universal Music, 2000, * * *) tocar Por enquanto (Renato Russo, 1985) na voz de Cássia Eller (1962 - 2001) no lugar da faixa Erva venenosa (Poison ivy) (Jerry Leiber e Mike Stoller, 1959, em versão de Rossini Pinto, 1965) - empana o brilho das reedições da caixa (retirada momentaneamente do mercado para corrigir o erro em próxima tiragem prevista para chegar às lojas em janeiro de 2016). Primeiro, porque a qualidade do som é excelente. A remasterização feita por Luigi Hoffer e Carlos Savalla restaurou o som dos álbuns originais. Segundo, porque o apuro no tratamento gráfico - com a reprodução fiel de todas as letras, fotos e textos das contracapas e encartes - avança em relação à coleção de 1995. E terceiro porque, afinal, a discografia de Rita Lee é das obras mais fundamentais do universo pop brasileiro. Roqueiros tradicionalistas tendem a valorizar os quatro álbuns gravados por Rita com o grupo Tutti Frutti - Atrás do porto tem uma cidade (Philips, 1974, * * * *), Fruto proibido (Som Livre, 1975, * * * * *), Entradas e bandeiras (Som Livre, 1976, * * *) e Babilônia (Som Livre, * * * 1/2) - em detrimento dos discos gravados por Rita com Roberto de Carvalho a partir de 1979, em nítido redirecionamento pop do rock que Rita fizera até então com os grupos Mutantes e Tutti Frutti. Mas o fato é que álbuns como Rita Lee (Som Livre, 1979, * * * * *) e Rita Lee (Som Livre, 1980, * * * * *) atingiram a perfeição pop roçada por Saúde (Som Livre, 1981, * * * * 1/2) e, em menor grau, por Rita Lee & Roberto de Carvalho (Som Livre, 1982, * * * 1/2), disco reeditado sem a música Brasil com S por questões jurídicas, já que foi gravada com a voz e o violão de João Gilberto. A obra de Rita com Roberto somente começou a dar sinais preocupantes de desgaste com Bom bom (Som Livre, 1983, * * 1/2), álbum em que os artistas se lambuzaram com o tecnopop que tinham usado na medida certa em Saúde, o álbum em que Rita virou ligeiramente o disco sem abandonar por completo o pop carnavalizante do álbum de 1980. Mas eles logo voltaram a se afinar no tom depressivo de Rita e Roberto (Som Livre, 1985, * * * *), álbum dark em que a dupla traduziu em música o estado de um mundo então acuado pelo avanço da aids e, em caráter particular, o então nebuloso raio x mental de Rita, às voltas com boato falso de que estava com leucemia. Os discos lançados por Rita Lee na década passada na gravadora Som Livre - no período que foi de 1975 a 1985 - representam o supra-sumo de bela obra. Quando Rita ingressou na EMI e lançou o álbum Flerte fatal (EMI-Odeon, 1987, * * * 1/2), reeditado na caixa com erro de grafia na faixa inicial (Brasix muamba virou Brasyx muamba na contracapa externa e no encarte), o poder de sedução da obra da Ovelha negra já era menor, embora o sucesso radiofônico das delícias pop Pega rapaz (música feita anos atrás, mas até então inédita) e Bwana tenha disfarçado crise de criação que ficou mais visível em Zona zen (EMI-Odeon, 1988, * * *) e, sobretudo, em Rita Lee e Roberto de Carvalho (EMI-Odeon, 1990, * *), o pior álbum da dupla.
Não por acaso, Rita e Roberto se separaram artisticamente na primeira metade da década de 1990, retomando e expandindo a parceria somente a partir do álbum de inéditas Santa Rita de Sampa (Universal Music, 1997, * * *), disco oscilante. Não por acaso, a partir de então, Rita passou a viver de seu passado de glória em registros de shows como os ouvidos nos CDs Acústico MTV (Universal Music, 1998, * * * *) e MTV ao vivo (EMI Music, 2004, * * * *), ambos incluídos na caixa (ainda que - justiça seja feita - Rita tenha recuperado momentaneamente o vigor criativo em Balacobaco, CD de 2003 feito na Som Livre e omitido na caixa por não pertencer ao acervo da Universal Music). Ouvida em retrospectiva na caixa, a discografia de Rita Lee sem Mutantes reitera a genialidade da compositora. No geral, as canções são tão boas - e interpretadas no tom exato por Rita, sem demonstrações de virtuosismos vocais - que a compositora sempre sustentou a cantora. Fazendo rock ou pop, Rita nunca pesou a mão, abordando temas espinhosos com espirituosidade e uma irreverência detectáveis já no primeiro álbum solo, Build up (Polydor, 1970, * * *), incluído na caixa na mesma (caprichada) reedição feita para Três tons de Rita Lee, box de 2013 que embalou também Hoje é o primeiro dia do resto da sua vida (Polydor, 1972, * * * *) - álbum creditado somente a Rita, mas idealizado e gravado com os Mutantes - e o já mencionado Atrás do porto tem uma cidade, marco inicial da parceria de Rita com Tutti Frutti, grupo com o qual a artista manteve erguida a bandeira do rock em época (a década de 1970) em que roqueiro brasileiro ainda tinha cara de bandido. Com o Tutti Frutti, Rita fez a obra-prima Fruto proibido, ouvido e revivido ainda hoje, 40 anos após o lançamento do álbum em 1975, com regravações de músicas como Ovelha negra (Rita Lee), Agora só falta você (Rita Lee e Luiz Carlini), Cartão postal (Rita Lee e Paulo Coelho), Esse tal de roque enrow (Rita Lee e Paulo Coelho) e Luz del Fuego (Rita Lee). Na segunda metade da década de 1970, a inspiração de Rita era tão incessante que, além de gravar discos anuais com composições inéditas, a compositora ainda fazia músicas exclusivas para trilhas de novelas da TV Globo. Lá vou eu (Rita Lee e Luiz Carlini, 1976), Loco-motivas (Rita Lee, 1977) e Ambição (Rita Lee, 1977) - temas das novelas O grito, Locomotivas e O astro, respectivamente - são algumas das joias avulsas reunidas na inédita coletânea Pérolas (Universal Music, 2015, * * * * 1/2), produzida para a caixa (clique aqui para conhecer o repertório da compilação). Pérolas abre com a gravação original de Arrombou a festa (Rita Lee e Paulo Coelho), música - gravada em 1976 e lançada somente em compacto simples editado pela gravadora Som Livre em fevereiro de 1977 - em que Rita tirou sarro da música brasileira na década áurea da MPB. No único ano em que não gravou disco de estúdio, 1977, Rita fez o registro ao vivo de show dividido de igual para igual com o colega tropicalista Gilberto Gil. Refestança (Som Livre, 1977, * * * *) é título raro cuja inclusão valoriza a caixa Rita Lee, ainda que a reedição apresente problema de execução nos 20 segundos iniciais da faixa Back in Bahia (Gilberto Gil, 1972), música cantada por Rita (problema que talvez seja do desgaste da matriz original do álbum). Enfim, sozinha ou com Tutti Frutti, Rita Lee foi ótima. Mas, compondo em dupla com o guitarrista Roberto de Carvalho, a mutante alcançou perfeita simbiose entre música e letra em pérolas ainda reluzentes como Mania de você (1979), Lança perfume (1980), Caso sério (1980), Saúde (1981), Banho de espuma (1981), Flagra (1982) e Desculpe o auê (1983) - para citar somente as que mais fizeram sucesso. Enfim, como dito, os eventuais lapsos na edição de um ou outro disco jamais deve desencorajar a compra da caixa Rita Lee. A obra nela contida está entre o que de melhor se produziu no universo pop brasileiro desde que o rock é rock. Salve Santa Rita de Sampa pelo milagre de ser pop no Brasil há quase 50 anos!!!
Comprei todos quando foram lançados em 1995 e pretendo ter a caixa também! Rita vale e sempre valeu investimento.
Boi é boi. Vaca é vaca. Mãe é mãe. Rita é Rita. Mas fico chateado de comprar um produto com defeito. A Universal Music nos deve um recall.
Mesmo não contendo o ótimo disco em espanhol de Rita Lee, essa caixa merece a compra!!! Vale cada centavo gasto...
Vou esperar a tiragem "corrigida". É um absurdo, né, não? Acho imperdoável, sinceramente.
Mas com certeza não é motivo para desencorajar a compra. Tive a sorte de ter Rita na minha vida desde a adolescência e a obra dela foi de absoluta e definitiva redenção. Talvez por isso, a propósito, eu sempre ache que esse equilíbrio perfeito entre a cantora e a compositora faz com que as músicas da Rita não soem bem em outras vozes (todas as regravações e homenagens ficam um horror).
Curioso ler a resenha. Acho todos os discos com o Tutti Frutti geniais, mas o "entradas e bandeiras" me emociona muito, sempre, já pela capa. Não consigo deixar de considerá-lo o melhor dessa fase e um dos melhores da carreira - "Coisas da vida" é de uma fuderância sem limites. Mas concordo que os discos de 80 e 81 (Saúde) sejam tão bons quanto (ou melhores). E Me Recuso a achar o "Flerte fatal" um disco com (ou início de) crise de criação, Mauro! Para com isso! :P
Enfim, eu gosto de tudo, apesar de também ter ressalvas com o Zona Zen e os discos de 90 e 93. "Santa Rita de Sampa" é minha bíblia de cabeceira. Todo fodido (porque já comprei usado o coitado), mas boto pra tocar sempre.
Agora, quero mesmo é a Rita gravando (e lançando)! O "Reza" mostrou que ela ainda tem e sabe muito o que dizer, no melhor som possível, de jeito tão único - tão Rita. Me morro de amor!
só Brasil que impera mentalidade do tipo que vi nessa resenha que quer dizer assim, 'ok, a caixa tá cheia de erro mas tem que ser comprada'. Ora, Mauro... eu não compro produto com defeito
Eu pretendia comprar a caixa. Mas depois disso da falha de "3001"... é imperdoável. Imperdoável mesmo. Talvez compre, mas pensarei umas três mil vezes antes.
Concordo com Luca (de opiniões nem sempre coincidentes às minhas, mas sempre merecedor da leitura): de nada adianta a caixa ter saído se ela foi feita de qualquer jeito. Se quer respeito e o dinheiro dos consumidores, que faça por merecê-lo. Ainda mais numa fase como a atual. Só justifica as acerbas críticas feitas ao projeto, aqui nos comentários, por Ayrton Mugnaini Jr., conhecedor emérito da obra da paulistana da Pompeia.
E é uma pena, um tratamento assim. Porque trata-se de uma das mais luminosas obras da história da música brasileira. Junto de Jorge Ben (Jor), Rita ensinou à MPBzona o que é alegria e irreverência. Alegria ao compor, ao cantar, ao tocar. Ao mostrar que havia vida fora das metáforas (justificadíssimas) das canções de protesto.
E isso gerou alguns dos momentos mais alegres do pop brasileiro. Os discos de 1979 e 1980 são uma verdadeira ode ao sorriso no rosto. Vivazes, joviais, literalmente felizes. Mesmo o pioneiro "Saúde" (dos primeiros usos de bateria eletrônica na música brassileira), se tem o tom soturno de "Atlântida", tem as delícias que são a faixa-título, "Banho de espuma" e "Tatibitati".
Periodicamente, Rita ainda mostra a tendência ao frescor, à atualidade. Lembremos: "Rita & Roberto" teve a participação de Herbert Vianna, Paula Toller e João Barone, que estavam na crista da onda na época do lançamento. Em "Santa Rita de Sampa", a mesma coisa com os Raimundos. E em "3001", com Fernanda Takai e Zélia Duncan.
Sem contar o que foi feito no Tutti-Frutti: rock da melhor qualidade. Criativo, irreverente, sacolejante como todo rock deveria ser - e sensível nas baladas (Rhenan Soares lembrou de "Coisas da vida", lembro de "Cartão postal" e "Menino bonito").
Enfim, uma obra basilar, mesmo com as irregularidades ("Rita Lee & Roberto de Carvalho", "Bom Bom" e "Rita & Roberto" sofreram com as turbulências pessoais, e o final da primeira fase com Roberto é meio mais ou menos, de fato, como a resenha bem aponta).
E ainda tem umas pepitas pouco ouvidas. "Modinha", de "Babilônia", talvez seja a melhor tradução do que sempre foi pela alma da avó de Izabella (a "Ziza", como ela gosta de chamar). E "Fruta madura" é retrato belíssimo da parceria de música e vida com Roberto, talvez a mais bonita história de amor que a canção brasileira já viu. Até porque ainda continua.
Mas o mau tratamento à obra é imperdoável. Particularmente, me doerá, mas não vou comprar, não. Pelo menos, por enquanto.
Felipe dos Santos Souza
P.S.: Vou discordar um pouco de Rhenan. Não acho que Rita precisa fazer mais nada. Não a conheço pessoalmente, mas sou capaz de jurar que ela estará bem mais feliz se cercada dos bichinhos que tanto ama, com as visitas periódicas dos filhos e de Roberto. Se "fechou a tampa", terá fechado bem. Mas esperemos.
Felipe, tenho a caixa e afianço que, a despeito do erro grave do '3001', houve zelo na edição. O som está excelente, o tratamento gráfico dos álbuns está dentro do alto padrão da Universal. Luca, ninguém está dizendo que o produto deve ser comprado com defeito. Aliás, o defeito está sendo corrigido. Na boa, sinto uma certa má vontade de muitos leitores com a caixa por conta de um erro que está sendo corrigido. Não é fácil produzir uma caixa como essa em um mercado em decomposição. Se queremos outras caixas (sem defeitos, claro), temos que ter pelo menos uma dose boa vontade. Errar é humano, não custa lembrar. Abs, MauroF
Felipe, entendo o seu pensamento, mas em 2007 -- mesmo gostando muito do "Hoje" -- eu achei que a Gal deveria parar de cantar. Devo ter dito essa idiotice aqui no Blog, inclusive. Tenho esse trauma. Depois de um tempo veio o Recanto, agora o Estratosférica... Sem comentários, né? Ambos de qualidade absurda. Ainda bem que sou formado em Digo e Desdigo.
Concordo que a discografia da Rita já é importante o bastante, mas ainda que ela não produza mais rupturas, vanguardismos, transgressões, arquétipos e tudo o mais, é uma artista de que eu quero sempre mais. Pelo que acompanho, sei que ela não parou de compor e que deixou o "Bossa'n Movies", disco que começou a gravar junto com o "Reza", inacabado. Mas é um lance de apego mesmo. (E, com certeza, ela parece bem feliz com os novos cabelos e a mãe natureza.)
Mauro, você tem razão sobre a dose de boa vontade. Confesso que se fosse com a Joia Moderna seria bem mais fácil, mas na Universal são muitos humanos respondendo por um erro desses, né? Complica um pouco. Entretanto, é o que tem pra hoje, de fato...
Mauro, será que a Universal vai trocar as caixas ou cd's de quem já comprou?
Apesar do erro em "Brazix Muamba" a parte gráfica é realmente impecável, a qualidade está ótima.
Já quanto a qualidade do audio não concordo totalmente eu tenho todos os álbums do Rita Lee Collection e posso afirmar que várias músicas da década de 70 estão com audios muito inferiores em relação aos primeiros CDs, o Entradas e Bandeiras inteiro com qualidade ruim e a música "Eu e Meu Gato" do Babilônia está pior ainda, parece que foi ripada do vinil rs.
Depois vou entrar em contato com a Universal para ver se vai ter recall, eu como jã possuía toda a discografia dela não chego a me incomodar tanto, mas muitos fãs estavam esperando por esse box e é uma pena ter sido lançado com essas irregularidades.
Apesar do erro em "Brazix Muamba" a parte gráfica é realmente impecável, a qualidade está ótima.
Já quanto a qualidade do audio não concordo totalmente eu tenho todos os álbums do Rita Lee Collection e posso afirmar que várias músicas da década de 70 estão com audios muito inferiores em relação aos primeiros CDs, o Entradas e Bandeiras inteiro com qualidade ruim e a música "Eu e Meu Gato" do Babilônia está pior ainda, parece que foi ripada do vinil rs.
Depois vou entrar em contato com a Universal para ver se vai ter recall, eu como jã possuia toda a discografia dela não chego a me incomodar tanto, mas muitos fãs estavam esperando por esse box e é uma pena ter sido lançado com essas irregularidades.
Mauro,
Você imagina um produto com tantos (vergonhosos) erros sendo lançado num mercado com público exigente e acostumado com coisa boa, como por exemplo o mercado japonês?
Esse box está sendo vendido por quase 500 reais! Não, por favor, não nos venha com essa de "boa vontade do consumidor".
Por esse preço, o mínimo que se exige é altíssimo padrão de qualidade. Não se trata de má vontade, mas sim de consciência crítica. Público consumidor de cultura no BR sempre foi e continua sendo tratado como lixo, com raríssimas exceções.
Chega de pagarmos muito caro e aceitarmos qualquer porcaria em troca!
Se quiserem me dar, aceito. Comprar? Nem pensar!
Mauro, por favor, poderia me informar se os CDs vêm nas tradicionais caixinhas (embalagens) de acrílico ou se vem em envelopes de papelão, imitando LPs, como na recém lançada caixa dos Paralamas do sucesso. Obrigado!
Concordo com o Mauro. O lançamento do box é uma iniciativa super bem-vinda! Há algum tempo falei aqui que me parece que a turma tá reclamando muito mais do que aplaudindo a caixa da Rita. Os problemas técnicos são lamentáveis, mas, como Mauro bem sinalizou, a Universal já retirou o lote defeituoso do mercado. Espero que haja recall para os fãs da Rita que, como eu, já adquiriram seu produto. Contudo, esse probleminha não abala minha alegria com a caixinha, tão aguardada pelos admiradores há tanto tempo.
Eduardo, a Universal recolheu a tiragem defeituosa e vai repôr nas lojas a caixa sem o erro. Mas, aviso aos navegantes consumidores, a reclamação deve ser feita com a loja que vendeu o produto. É a loja - e não a gravadora - que deve trocar a mercadoria defeituosa, de acordo com a lei do consumidor.
Maycon, os CDs foram embalados nas caixas de acrílico. Abs, MauroF
Mauro Ferreira ou "Maycon", o Box do Paralamas do Sucesso é em MINI-LP ? Não é em caixinha acrílica ?
Mauro Silva, os discos da caixa do Paralamas são em digipack padronizado com a mesma arte gráfica. Abs, MauroF
Olá. Discordo quando se diz que é preciso boa vontade com essas empresas. Elas é que precisam ter excelência ao lançar um produto. Do contrário, devem se pronunciar publica e imediatamente ao detectar seus erros, colocando-se à disposição para resolver. É inaceitável que não coloquem um responsável pela qualidade final e deixem um produtos com tantas falhas chegar ao mercado.
Aqui é o país em que poucos buscam excelência verdadeira e o consumidor normalmente paga o pato. Pra reverter depois é um drama: depois da compra efetuada, parece que o consumidor vira um inimigo das empresas. Se tiver o dissabor de ter um produto defeituoso, lascou-se!
Vivemos num país em que milhares de obras e serviços públicos (e até privados) não funcionam e fica tudo por isso mesmo. O exemplo vem de cima. O que esperar, então, das "miudezas"?
Portanto, exijam seus direitos. Recebi minha caixa ontem e hoje mesmo já devolvi para a Saraiva alegando insatisfação. Sugiro que façam o mesmo. É possível colocar nos Correios sem custo, basta acessar a opção no site (que, não por acaso, não é muito visível). Há o prazo de 7 dias corridos (e não úteis, já que isso não os interessa).
É a atitude que precisa mudar. E não ser condescendente porque o mercado está em decomposição. Se não nos defendermos, aí é que ele se decompõe de vez.
Fábio falou e disse.
Quanto às edições dos Paralamas, NÃO SÃO Mini-LP.
Mini LP são as edições que se produzem no Japão, essas sim extremamente fieis à arte original dos LPS originais e com qualidade de impressão absurdamente boa.
Sou muito fã dos Paralamas, mas o que fizeram nesse box recém lançado é um crime. A arte gráfica ficou horrorosa, uma padronização grotesca e impressão idem.
As edições de 1997 (remasterizadas em Abbey Road e lançadas na caixa Pólvora) são infinitamente superiores, mesmo em caixinha de acrílico. Esse box "novo" dos Paralamas foi mais um lançamento ridículo da nossa indústria.
Falou tudo Fabio!!
Obrigado pelas informações Mauro, sobre o Box dos Paralamas.
Confesso que fiquei chateado, por que eu realmente sou fã das caixinhas acrílicas, elas além do charme...duram bem mais e conservam o encarte.
O digipack ou o Mini-Lp, mesmo dentro do Box, é muito frágil, não facilita o manuseio de quem gosta de folear o encarte enquanto escuta o CD, mas...fazer o que né. Eu tenho o do Paulinho e também fiquei desapontado com o formato Mini-LP...paciência.
A musica brasileira na mão de multinacional é isso mesmo e pessoas envolvidas que não tem o menor conhecimento dos acervos, desleixo total e ainda por cima sem a gravação do João Gilberto Brasil é com "S" mas para estes caras não é não. Ficou com os cds de 1995, obrigado.
Adquiri a caixa e, além do erro grosseiro em 3001, também notei uma queda de qualidade absurda em 'Eu E Meu Gato', no album 'Babilônia'.
Parece que, em relação ao resto do album (que soa espetacular), essa música foi masterizada de um vinil ou até mesmo de uma MP3.
Já entrei em contato com a Saraiva e estou retornando a caixa. Quando consertarem tudo isso, volto a comprar o box.
Tenho de honrar meu suado dinheirinho, principalmente em tempos de crise!
ainda bem que ainda tenho os cds lançados pela emi em 1995. Gastar so tubos nesta caixa desleixada é demais pro meu bolso. Passo !
Ainda prefiro a coleção de CDs de 1995, porque é mais fiel aos discos originais e nenhuma faixa foi cortada. Mas nada vai superar os vinis originais, muito mais autênticos!
Não faz sentido não terem lançado "O Pedro e o Lobo. Na primeira coleção ele não foi relançado, mas a EMI o relançou com nova capa. E cadê o Rita Hits, outro da primeira coleção? Que sacrilégio Brasil com S não ter sido incluída! Ainda bem que tenho a primeira edição, inclusive em LP! Tentei comprar o BOX e me surpreendeu esse recall. Soube pela Livraria Cultura. Aguardo com ansiedade!
Felipe Simão
Mauro,
Você tem conhecimento de quando o box corrigido chegará às lojas? Eu comprei em pré-venda mas não sei quando receberei.
Boa tarde Mauro, alguma novidade quando chega às lojas a reedição da caixa RITA LEE?? E como identificar a caixa reeditada??
Obrigado
Prezado, boa noite, alguma informação concreta se o box da Rita Lee já iniciou o processo de recall ?
Prezado, boa noite, alguma informação concreta se o box da Rita Lee já iniciou o processo de recall ?
Cláudio / Leo / Thiago: não, nenhuma informação sobre a reposição do box de Rita Lee. Vou apurar com a Universal Music. abs, MauroF
Prezado Mauro,
Eu comprei meu box na livraria da folha em 23/11/15 em pré-venda para início de dezembro. Creio que houve recolhimento pois saiu de pré-venda para indisponibilidade até meados de janeiro. No dia 20/01/16 foi enviado e recebi em 26/01/16. Não tive tempo de abrir mas creio que já veio corrigida.
Amigo Mauro, grato pela gentileza, fico no aguardo de um desfecho positivo de uma data espipulada pela Universal Music, no aguardo de uma resposta me despeço, forte abraço, Thiago Trota.
Prezado Mauro, primeiramente uma boa noite, tudo bem ? Estimo que sim !!! Meu amigo, vc por acaso conseguiu a resposta da Universal Music acerca da data/prazo para recall do Box da Rita Lee ? Att, Thiago Trota.
Thiago, escrevi um post sobre isso:
http://www.blognotasmusicais.com.br/2016/02/universal-music-diz-que-troca-via-site.html
abs, MauroF
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