quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

Nu com a música em CD, Reis (re)abre relicário de grandes canções de amor

Resenha de CD
Título: Voz * Violão No Recreio - Volume 1
Artista: Nando Reis
Gravadora: Relicário / Deck
Cotação: * * * *

Nando Reis é cantor de pequenas multidões. Com melodiosas canções, o mais romântico dos ex-Titãs conquistou público fiel que tem lotado os shows do artista pelo Brasil. Primeiro volume de projeto intitulado No Recreio, o CD ao vivo Voz * Violão é registro da comunhão do cantor com a pequena multidão arrastada espontaneamente para o Citibank Hall da cidade de São Paulo (SP) na noite de 25 de abril deste ano de 2015 para assistir a um show em que Reis desfia o rosário de autorais canções amorosas a sós com o violão, único instrumento de registro pautado pela crueza - como o próprio artista caracteriza em fala reproduzida no CD, após cantar As coisas tão mais lindas (1999) e N (2006). A rigor, o álbum poderia inexistir na discografia de Nando, pois, das 14 músicas, 12 já foram (bem) gravadas pelo compositor - só que o cantor soa cada vez melhor, seguro de si. Uma das duas canções inéditas nessa voz cada vez mais autossuficiente é também a única feita por Nando com parceiro, Sutilmente, composta com Samuel Rosa, lançada pelo grupo mineiro Skank no álbum Estandarte (Sony Music, 1998) e ora gravada por Nando em registro que culmina com surpreendente citação de Besta é tu (Pepeu Gomes, Moraes Moreira e Luiz Galvão, 1972), sucesso do grupo Novos Baianos. A outra é Diariamente (1991), sucesso na voz de Marisa Monte revivido recentemente na última turnê da cantora e ora registrado por Nando com erro na letra assumido naturalmente em fala deste disco ao vivo produzido sem maquiagem pelo próprio Nando Reis. De todo modo, a rigor, Nando canta mais do mesmo, ainda que o formato desplugado dê ar de novidade ao projeto. Contudo, para as pequenas multidões que seguem o cantor por apresentações feitas pelo Brasil, o disco tem sentido todo especial porque o caráter recreativo do show redime o CD do baixo teor de novidade. Ao longo de 67 minutos, Nando rebobina algumas das mais expressivas canções de repertório autoral em formato acústico, tocadas e cantadas por um artista "despido do lado infernal, embora com ele contido internamente", como Nando ressalta na fala inicial que alude ao fato de o cantor estar no palco sem os músicos da banda Os Infernais. Nu com musica geralmente sedutora, Nando embute no toque do violão alguma eletricidade natural, perceptível em músicas como Os cegos do castelo (1997), única música do repertório do grupo Os Titãs presente no roteiro. Afinal, o passado roqueiro do artista jamais o condenou. Mas o fato é que Nando Reis desabrochou como compositor ao se libertar das amarras naturais de todo grupo de rock. E hoje desfruta do prestígio, da fama e da popularidade de ser o compositor de joias como All star (2000), Relicário (2000), Pra você guardei o amor (2009), Sei (2012) e a já mencionada N (2006) - para citar somente cinco grandes canções de amor presentes no disco. Composições inspiradas que não se envergonham de serem canções de amor - simples, diretas, tocantes. Nesse sentido, Nando Reis é quase um Roberto Carlos da geração pop brasileira dos anos 2000. Por isso - talvez - tenha pequenas multidões ao redor da voz e do violão que se afinam em álbum envolvente.

3 comentários:

  1. ♪ Nando Reis é cantor de pequenas multidões. Com melodiosas canções, o mais romântico dos ex-Titãs conquistou público fiel que tem lotado os shows do artista pelo Brasil. Primeiro volume de projeto intitulado No Recreio, o CD ao vivo Voz * Violão é registro da comunhão do cantor com a pequena multidão arrastada espontaneamente para o Citibank Hall da cidade de São Paulo (SP) na noite de 25 de abril deste ano de 2015 para assistir a um show em que Reis desfia o rosário de autorais canções amorosas a sós com o violão, único instrumento de registro pautado pela crueza - como o próprio artista caracteriza em fala reproduzida no CD, após cantar As coisas tão mais lindas (1999) e N (2006). A rigor, o álbum poderia inexistir na discografia de Nando, pois, das 14 músicas, 12 já foram (bem) gravadas pelo compositor - só que o cantor soa cada vez melhor, seguro de si. Uma das duas canções inéditas nessa voz cada vez mais autossuficiente é também a única feita por Nando com parceiro, Sutilmente, composta com Samuel Rosa, lançada pelo grupo mineiro Skank no álbum Estandarte (Sony Music, 1998) e ora gravada por Nando em registro que culmina com surpreendente citação de Besta é tu (Pepeu Gomes, Moraes Moreira e Luiz Galvão, 1972), sucesso do grupo Novos Baianos. A outra é Diariamente (1991), sucesso na voz de Marisa Monte revivido recentemente na última turnê da cantora e ora registrado por Nando com erro na letra assumido naturalmente em fala deste disco ao vivo produzido sem maquiagem pelo próprio Nando Reis. De todo modo, a rigor, Nando canta mais do mesmo, ainda que o formato desplugado dê ar de novidade ao projeto. Contudo, para as pequenas multidões que seguem o cantor por apresentações feitas pelo Brasil, o disco tem sentido todo especial porque o caráter recreativo do show redime o CD do baixo teor de novidade. Ao longo de 67 minutos, Nando rebobina algumas das mais expressivas canções de repertório autoral em formato acústico, tocadas e cantadas por um artista "despido do lado infernal, embora com ele contido internamente", como Nando ressalta na fala inicial que alude ao fato de o cantor estar no palco sem os músicos da banda Os Infernais. Nu com musica geralmente sedutora, Nando embute no toque do violão alguma eletricidade natural, perceptível em músicas como Os cegos do castelo (1997), única música do repertório do grupo Os Titãs presente no roteiro. Afinal, o passado roqueiro do artista jamais o condenou. Mas o fato é que Nando Reis desabrochou como compositor ao se libertar das amarras naturais de todo grupo de rock. E hoje desfruta do prestígio, da fama e da popularidade de ser o compositor de joias como All star (2000), Relicário (2000), Pra você guardei o amor (2009), Sei (2012) e a já mencionada N (2006) - para citar somente cinco grandes canções de amor presentes no disco. Composições inspiradas que não se envergonham de serem canções de amor - simples, diretas, tocantes. Nesse sentido, Nando Reis é quase um Roberto Carlos da geração pop brasileira dos anos 2000. Por isso - talvez - tenha pequenas multidões ao redor da voz e do violão que se afinam em álbum envolvente.

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  2. cd delicado e sincero. O artista na sua mais simples expressão, e ao mesmo tão sofisticado, tal é o esmero na construção de suas canções. Nando pra mim hoje é o melhor poeta de nossa música.

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  3. A resenha poderia ter sido sintetizada numa frase da própria obra de Nando: ele não é nenhum Roberto, mas muitas vezes chegou (e chega) perto.

    Parece estar num momento pacificado da carreira: tem público fiel (não aquele "boom" exagerado que viveu entre 2003 e 2006), está mais concentrado nos discos que faz, vive menos turbulências internas, está definitivamente reconciliado com os ex-colegas (só não compõem juntos porque é óbvio que Nando foi para outra praia, livre das amarras do rock, como o texto bem comenta)...

    Enfim, Nando está em paz. Pelo menos, parece. Que bom.

    Só para constar o óbvio erro de digitação: "Sutilmente" é de "Estandarte", que é de 2008. De 1998 é "Siderado".

    Felipe dos Santos Souza

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