Resenha de CD
Título: Leve embora
Artista: Thiago Ramil
Gravadora: Escápula Records
Cotação: * * * *
♪ Fique bem atento aos sinais: há música intitulada Dizharmonia entre as 12 composições autorais dispostas por Thiago Ramil no primeiro ótimo álbum do artista gaúcho, Leve embora, lançado neste segundo semestre de 2015 com distribuição da gravadora Escápula Records. O desassossego de Dizharmonia - explicitado nos versos, na linha melódia e no ritmo agoniado da música assinada somente por Thiago Ramil - diz muito sobre o disco produzido por Felipe Zancanaro e Vini Albernaz com recursos financeiros obtidos no projeto Natura musical. Formatado com mix de sons orgânicos e sutis efeitos e ruídos eletrônicos, Leve embora escapa das fórmulas, transitando por ambiências e experimentações nos caminhos seguidos por músicas inesperadas como a climática Salar (Thiago Ramil e Alércio) - cuja letra versa sobre o mesmo mar que puxa a correnteza poética de Suspiro (Thiago Ramil e Guilherme Bragança) - e Show me (Thiago Ramil). Ao mesmo tempo, Amora (Thiago Ramil) deixa cair do pé uma melodia bonita, conduzida pelo violão de aço de Ramil. O inusitado toque rascante e frenético dos violinos em Canto (Thiago Ramil e Bruno Volkmer) - faixa também urdida com quebras e silêncios - reforça a sensação de que Thiago Ramil vem mais para confundir sons do que para explicá-los ordenadamente. Canção entoada em falsete e levada pelo recorrente violão de aço conduzido pelo próprio Thiago Ramil, Gira-sol - tema que despacha não somente a solidão mencionada na letra, mas o próprio desassossego que permeia o álbum - tem moldura acústica que se afina com o tom de Casca (Thiago Ramil), o samba de início cool que abre o disco em cadência até tradicional para um disco que rejeita tradições da música pop brasileira em canções como Desculpa (Thiago Ramil) e Deixa passar (Thiago Ramil). Repleto de ambiências, vozes (como a da recorrente Gutcha Ramil) e sons (orgânicos ou sintetizados) que parecem querer desarmonizar as músicas para tirá-las do trilho mais previsível e do chão mais firme, Leve embora se alinha por vezes com o tom experimental de Derivacivilização (Escápula Records, 2015), o segundo álbum de Ian Ramil, primo de Thiago e filho de Vitor Ramil. Thiago descende da famosa família musical de Pelotas (RS) que gerou os tios Kleiton Ramil e Kledir Ramil. Só que Thiago - egresso da extinta banda Cadiombleros e do coletivo gaúcho Escuta (O som do compositor) - em nada se parece com os familiares. Em Leve embora, ele sai da casca para seguir o rio da própria vida musical com híbrido de sons que amalgama referências de MPB, de indie rock (evidente na espessura final de Pó, parceria de versos concretistas feita por Ramil com Alércio) e algo de reggae (em Leite e nata, composição apenas de Thiago) sem deixar se enquadrar em rótulo ou num estilo.
♪ Fique atento aos sinais: há música intitulada Dizharmonia entre as 12 composições autorais dispostas por Thiago Ramil no primeiro ótimo álbum do artista gaúcho, Leve embora, lançado neste segundo semestre de 2015 com distribuição da gravadora Escápula Records. O desassossego de Dizharmonia - explicitado nos versos, na linha melódia e no ritmo agoniado da música assinada somente por Thiago Ramil - diz muito sobre o disco produzido por Felipe Zancanaro e Vini Albernaz com recursos financeiros obtidos no projeto Natura musical. Formatado com mix de sons orgânicos e sutis efeitos e ruídos eletrônicos, Leve embora escapa das fórmulas, transitando por ambiências e experimentações nos caminhos seguidos por músicas inesperadas como a climática Salar (Thiago Ramil e Alércio) - cuja letra versa sobre o mesmo mar que puxa a correnteza poética de Suspiro (Thiago Ramil e Guilherme Bragança) - e Show me (Thiago Ramil). Ao mesmo tempo, Amora (Thiago Ramil) deixa cair do pé uma melodia bonita, conduzida pelo violão de aço de Ramil. O inusitado toque rascante e frenético dos violinos em Canto (Thiago Ramil e Bruno Volkmer) - faixa também urdida com quebras e silêncios - reforça a sensação de que Thiago Ramil vem mais para confundir sons do que para explicá-los ordenadamente. Canção entoada em falsete e levada pelo recorrente violão de aço conduzido pelo próprio Thiago Ramil, Gira-sol - tema que despacha não somente a solidão mencionada na letra, mas o próprio desassossego que permeia o álbum - tem moldura acústica que se afina com o tom de Casca (Thiago Ramil), o samba de início cool que abre o disco em cadência até tradicional para um disco que rejeita tradições da música pop brasileira em canções como Desculpa (Thiago Ramil) e Deixa passar (Thiago Ramil). Repleto de ambiências, vozes (como a da recorrente Gutcha Ramil) e sons (orgânicos ou sintetizados) que parecem querer desarmonizar as músicas para tirá-las do trilho mais previsível e do chão mais firme, Leve embora se alinha por vezes com o tom experimental de Derivacivilização (Escápula Records, 2015), o segundo álbum de Ian Ramil, primo de Thiago e filho de Vitor Ramil. Thiago descende da famosa família musical de Pelotas (RS) que gerou os tios Kleiton Ramil e Kledir Ramil. Só que Thiago - egresso da extinta banda Cadiombleros e do coletivo gaúcho Escuta (O som do compositor) - em nada se parece com os familiares. Em Leve embora, ele sai da casca para seguir o rio da própria vida musical com híbrido de sons que amalgama referências de MPB, de indie rock (evidente na espessura final de Pó, parceria de versos concretistas feita por Ramil com Alércio) e algo de reggae (em Leite e nata, composição apenas de Thiago) sem deixar se enquadrar em rótulo ou num estilo.
ResponderExcluirA família Ramil é protegida do Mauro. Maurinho, estamos de olho hein?
ResponderExcluirNão conheço,mas é uma das melhores resenhas que já li.
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