♪ Na certidão de nascimento, ele não era carioca. Severino de Araújo Silva Filho (21 de fevereiro de 1928 - 1º de março de 2016) veio ao mundo em Belém, no Pará. Mas Severino Filho - o cantor, músico e arranjador que saiu hoje de cena - se tornou carioca. Não somente por ter vivido a maior parte dos 88 anos de vida na cidade do Rio de Janeiro (RJ). Mas sobretudo porque, na cidade que gestou e pariu a Bossa Nova ao longo da década de 1950, Severino Filho encontrou a turma certa para criar um mundo musical próprio, repleto de harmonias modernas como as vozes do grupo ao qual Severino estará para sempre associado. De início, Severino foi cofundador e a segunda voz d'Os Cariocas, grupo vocal cuja origem já veio explicitada no nome. Fundado em 1942 por Ismael de Araújo Silva Netto (1925 - 1956), irmão de Severino, o grupo Os Cariocas foi um dos muitos desbravadores das trilhas modernas que seriam seguidas por nomes como João Gilberto. Quando João depurou os conhecimentos adquiridos desde a década de 1940, inclusive com a audição atenta de gravações de grupos vocais como Anjos do Inferno e Os Cariocas, e fez a revolução em 1958, Ismael Netto já havia saído de cena há dois anos. Desde 1956, Severino Filho passou a ser - mais do que a primeira voz - o líder e a identidade musical d'Os Cariocas, com o falsete singular e arranjos vocais cheios de bossa que abriram alas para a modernidade da Bossa ao mesmo tempo em que também se depuraram a partir das conquistas estéticas do movimento carioca. Afinal, a atuação brilhante de Severino Filho como arranjador do grupo, no qual também exerceu a função de pianista, ajudou a lapidar joias do cancioneiro da Bossa Nova e fez o grupo interagir com os papas do gênero. Os arranjos de Severino praticamente se incorporaram a músicas como Ela é carioca (Antonio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes, 1963), um dos clássicos do gênero lançados nas vozes harmoniosas d'Os Cariocas. Iniciada em 1946, a coerente discografia do grupo vai até 2013, ano do estupendo álbum Estamos aí (Biscoito Fino). Entre 1967 e 1987, Os Cariocas decidiram sair temporariamente de cena, mas nunca deixaram de figurar na memória afetiva dos músicos e do público mais antenado da cidade que os viu nascer em 1942. E, por ironia do destino, Severino sai de cena, no Rio de Janeiro (RJ), em 1º de março de 2016, dia do 451º aniversário da cidade ao qual estará sempre ligado. Sim, mesmo tendo nascido em Belém (PA), Severino Filho era carioca...
♪ Na certidão de nascimento, ele não era carioca. Severino de Araújo Silva Filho (21 de fevereiro de 1928 - 1º de março de 2016) veio ao mundo em Belém, no Pará. Mas Severino Filho - o cantor, músico e arranjador que saiu hoje de cena - se tornou carioca. Não somente por ter vivido a maior parte dos 88 anos de vida na cidade do Rio de Janeiro (RJ). Mas sobretudo porque, na cidade que gestou e pariu a Bossa Nova ao longo da década de 1950, Severino Filho encontrou a turma certa para criar um mundo musical próprio, repleto de harmonias modernas como as vozes do grupo ao qual Severino estará para sempre associado. De início, Severino foi cofundador e a segunda voz d'Os Cariocas, grupo vocal cuja origem já veio explicitada no nome. Fundado em 1942 por Ismael de Araújo Silva Netto (1925 - 1926), irmão de Severino, o grupo Os Cariocas foi um dos muitos desbravadores das trilhas modernas que seriam seguidas por nomes como João Gilberto. Quando João depurou os conhecimentos adquiridos desde a década de 1940, inclusive com a audição atenta de gravações de grupos vocais como Anjos do Inferno e Os Cariocas, e fez a revolução em 1958, Ismael Netto já havia saído de cena há dois anos. Desde 1956, Severino Filho passou a ser - mais do que a primeira voz - o líder e a identidade musical d'Os Cariocas. A atuação brilhante como arranjador do grupo, no qual também exerceu a função de pianista, lapidou joias do cancioneiro da Bossa Nova. Os arranjos de Severino praticamente se incorporaram a músicas como Ela é carioca (Antonio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes, 1963), um dos clássicos do gênero lançados nas vozes harmoniosas d'Os Cariocas. Iniciada em 1946, a coerente discografia do grupo vai até 2013, ano do estupendo álbum Estamos aí (Biscoito Fino). Entre 1967 e 1987, Os Cariocas decidiram sair temporariamente de cena, mas nunca deixaram de figurar na memória afetiva dos músicos e do público mais antenado da cidade que os viu nascer em 1942. E, por ironia do destino, Severino sai de cena, no Rio de Janeiro (RJ), em 1º de março de 2016, dia do 451º aniversário da cidade ao qual estará sempre ligado. Sim, mesmo tendo nascido em Belém (PA), Severino Filho era carioca...
ResponderExcluirPerda incomensurável para a música brasileira.
ResponderExcluirPerda imensa mesmo para a boa música brasileira... Os Cariocas é um grupo sensacional...
ResponderExcluirAugusto Flávio (Petrolina-Pe/Juazeiro-Ba)
ResponderExcluirMauro não entendi. Fundado em 1942 por Ismael de Araújo Silva Netto (1925 - 1926)então o Ismael só teve um ano de vida?
Augusto, acredito que vc tenha entendido que se trata de erro de digitação, já corrigido. Grato pelo toque, a propósito. Abs, MauroF
ResponderExcluirGrande músico, grande arranjador. Figura super importante na nossa música que nos deixou. A música brasileira fica cada vez mais pobre. Vá em paz Severino Filho!
ResponderExcluirEu tendo a achar que Os Cariocas procuravam um caminho até 1958, quando então aderiram à Bossa Nova, movimento feito à medida para eles. Se foram desde sempre tão modernos, por que gravaram baiões de Luiz Gonzaga na virada dos 40 para os 50?
ResponderExcluirConcordo, Clayton. Tanto que alterei o texto para deixar isso claro. Mas Os Cariocas sempre foram modernos. Quando João Gilberto fez a revolução, o grupo depurou o que já vinha experimentando antes. E gravar baiões, na minha visão, nunca atentou contra a modernidade de nenhum cantor ou grupo. Há formas e formas de se abordar uma obra. Abs, MauroF
ResponderExcluirAlguns anos atrás assisti uma apresentação deles no Sesc Carmo, sensacional as harmonias mesmo sendo novos componentes guiados pelo Severino se encaixaram perfeitamente na identidade do Grupo Os Cariocas. Pena que como sempre a Universal não coloque no mercado seus discos históricos, para os mais jovens conhecer melhor a riqueza de nossa música. E da-lhe coletâneas. Uma grande perda.
ResponderExcluirGrande perda
ResponderExcluirSim, Mauro. Não quis fazer uma crítica negativa ao fato de Os Cariocas terem gravado baiões, pois sou um grande admirador da obra musical do Velho Lua; quis ressaltar esse pormenor porque notei que obituários como o do Globo têm deixado essa faceta nordestina do quarteto vocal de lado, como se eles desde sempre tivessem cantado bossa nova.
ResponderExcluirMesmo sendo uma pena o seu passamento,ainda bem que viveu bastante,sorte esta que faltou ao seu irmão.
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