Título: Legião Urbana (Edição comemorativa dos 30 anos do disco)
Artista: Legião Urbana
Gravadora: EMI / Universal Music
Cotação: * * * * *
♪ Para começo de conversa, a edição comemorativa dos 30 anos do lançamento do primeiro álbum da banda Legião Urbana, Legião Urbana (EMI-Odeon, 1985), está tão à altura da relevância do disco na história do rock brasileiro que pouco importa o fato de estar chegando ao mercado fonográfico com um ano de atraso por conta de pendengas entre o herdeiro de Renato Russo (1960 - 1996) e os dois remanescentes da formação original da banda de Brasília (DF), Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá. Álbum que captou as ansiedades e inquietações de juventude que amargava os últimos anos da ditadura instaurada no Brasil em 1964, Legião Urbana volta ao catálogo em edição dupla, acrescido de um disco e de um encarte adicionais. Encarte, aliás, que valoriza o CD 2 por trazer fotos raras, desenhos, reproduções de cartazes de shows e informações sobre as gravações em formato que lembra os fanzines da década de 1980. Raro no mercado fonográfico brasileiro, o requinte desta edição de 30 anos remete às edições similares produzidas no exterior para festejar aniversários de álbuns que fizeram história no universo pop. O CD 1 reproduz o álbum original em nova edição remasterizada. Para colecionadores de discos, a grande novidade reside no CD 2 com 18 fonogramas inéditos. Além de registros históricos, como o cassete gravado em Brasília (DF) em meados de 1983 com músicas como Petróleo do futuro (Renato Russo e Dado Villa-Lobos, 1985), tal material inédito ou no mínimo raro abarca remixes - o de A dança (Renato Russo, Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá, 1985) foi produzido por Mario Caldato e o de O reggae (Renato Russo e Marcelo Bonfá, 1985) foi formatado por Liminha - e até falas de Renato Russo que ajudam a registrar para a posteridade a personalidade meticulosa e sincera do líder e mentor da Legião Urbana. Destes 18 fonogramas adicionais, os mais valiosos - do ponto de vista musical e documental - são as gravações definidoras de Geração Coca-cola (Renato Russo, 1985), de Ainda é cedo (Ico Ouro Preto, Renato Russo, Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá, 1985) e da já mencionada A dança. Os três registros foram feitos entre novembro e dezembro de 1983 para demo produzida pela Legião a convite de Jorge Davidson, então diretor artístico da EMI-Odeon, companhia com a qual a banda assinaria contrato em 1984 para gravar Legião Urbana, o álbum lançado originalmente em janeiro de 1985 e abafado de início pela mídia voltada para as estrelas da primeira edição do festival Rock in Rio, realizado naquele mês de janeiro de 1985. As três demos de 1983 flagram a Legião Urbana envolvida pela aura punk que criava esquinas metafóricas na Brasília (DF) do início da década de 1980. Na faixa falada Renato apresenta, no qual Renato Russo se refere a ele mesmo na terceira pessoa, o letrista da Legião contextualiza a cena brasiliense daquela época e a aparição da Legião Urbana naquele universo de inspiração punk. Há também falas de Renato em registros como o de Química (Renato Russo), feito para programa juvenil da TV Globo, Clip clip pirata. "Ficou barra limpa", avalia Renato ao fim da gravação da música lançada em disco pelo grupo carioca Paralamas do Sucesso no primeiro álbum do trio, Cinema mudo (EMI-Odeon, 1983), e registrada pela Legião somente no disco revisionista Que país é este? 1978 - 1987 (EMI-Odeon, 1987), no qual a banda recupera repertório do Aborto Elétrico (1978 - 1982), embrionário grupo punk cuja dissolução em 1982 gerou o grupo Capital Inicial e a própria Legião. Entre falas, registros documentais de temas improvisados que se perderam na história da banda como ADUUUUUUHHHH! (Dado Villa-Lobos, Renato Russo e Marcelo Bonfá, 1984) e takes descartados de Será (Dado Villa-Lobos, Renato Russo e Marcelo Bonfá, 1985), a edição de 30 anos do álbum Legião Urbana revolve a raiz punk de banda que, a partir do segundo álbum, Dois (EMI-Odeon, 1986), foi se distanciando dessa origem punk e se aproximando da canção com letras filosóficas e existenciais que recorreram cada vez mais às metáforas. Foi a partir daí que a Legião Urbana extrapolou o universo do rock e a figura de Renato Russo foi ficando cada vez mais mítica até transformar o cantor, compositor e músico carioca em espécie de Messias do rock brasileiro da década de 1980 e 1990. Contudo, como o próprio Russo diz em fala da faixa Profecia de Renato, existe a música e o que importa, acima de tudo, é ser feliz. A Legião Urbana parece ter sido feliz neste começo batalhador perpetuado nas gravações adicionais que valorizam e justificam a bela edição de 30 anos de Legião Urbana, álbum antológico, imortal.
12 comentários:
♪ Para começo de conversa, a edição comemorativa dos 30 anos do lançamento do primeiro álbum da banda Legião Urbana, Legião Urbana (EMI-Odeon, 1985), está tão à altura da relevância do disco na história do rock brasileiro que pouco importa o fato de estar chegando ao mercado fonográfico com um ano de atraso por conta de pendengas entre o herdeiro de Renato Russo (1960 - 1996) e os dois remanescentes da formação original da banda de Brasília (DF), Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá. Álbum que captou as ansiedades e inquietações de juventude que amargava os últimos anos da ditadura instaurada no Brasil em 1964, Legião Urbana volta ao catálogo em edição dupla, acrescido de um disco e de um encarte adicionais. Raro no mercado fonográfico brasileiro, o requinte desta edição de 30 anos remete às edições similares produzidas no exterior para festejar aniversários de álbuns que fizeram história no universo pop. O CD 1 reproduz o álbum original em edição remasterizada. Para colecionadores de discos, a novidade reside no CD 2 com 18 fonogramas inéditos. Além de registros históricos, como o cassete gravado em Brasília (DF) em meados de 1983 com músicas como Petróleo do futuro (Renato Russo e Dado Villa-Lobos, 1985), tal material inédito ou no mínimo raro abarca remixes - o de A dança (Renato Russo, Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá, 1985) foi produzido por Mario Caldato e o de O reggae (Renato Russo e Marcelo Bonfá, 1985) foi formatado por Liminha - e até falas de Renato Russo que ajudam a registrar para a posteridade a personalidade meticulosa e sincera do líder e mentor da Legião Urbana. Destes 18 fonogramas adicionais, os mais valiosos - do ponto de vista musical e documental - são as gravações definidoras de Geração Coca-cola (Renato Russo, 1985), de Ainda é cedo (Ico Ouro Preto, Renato Russo, Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá, 1985) e da já mencionada A dança. Os três registros foram feitos entre novembro e dezembro de 1983 para demo produzida pela Legião a convite de Jorge Davidson, então diretor artístico da EMI-Odeon, companhia com a qual a banda assinaria contrato em 1984 para gravar Legião Urbana, o álbum lançado originalmente em janeiro de 1985 e abafado de início pela mídia voltada para as estrelas da primeira edição do festival Rock in Rio, realizado naquele mês de janeiro de 1985. As três demos de 1983 flagram a Legião Urbana envolvida pela aura punk que criava esquinas metafóricas na Brasília (DF) do início da década de 1980. Na faixa falada Renato apresenta, no qual Renato Russo se refere a ele mesmo na terceira pessoa, o letrista da Legião contextualiza a cena brasiliense daquela época e a aparição da Legião Urbana naquele universo de inspiração punk. Há também falas de Renato em registros como o de Química (Renato Russo), feito para programa juvenil da TV Globo, Clip clip pirata. "Ficou barra limpa", avalia Renato ao fim da gravação da música lançada em disco pelo grupo carioca Paralamas do Sucesso no primeiro álbum do trio, Cinema mudo (EMI-Odeon, 1983), e registrada pela Legião somente no disco revisionista Que país é este? 1978 - 1987 (EMI-Odeon, 1987), no qual a banda recupera repertório do Aborto Elétrico (1978 - 1982), embrionário grupo punk cuja dissolução em 1982 gerou o grupo Capital Inicial e a própria Legião.
Entre falas, registros documentais de temas improvisados que se perderam na história da banda como ADUUUUUUHHHH! (Dado Villa-Lobos, Renato Russo e Marcelo Bonfá, 1984) e takes descartados de Será (Dado Villa-Lobos, Renato Russo e Marcelo Bonfá, 1985), a edição de 30 anos do álbum Legião Urbana revolve a raiz punk de banda que, a partir do segundo álbum, Dois (EMI-Odeon, 1986), foi se distanciando dessa origem punk e se aproximando da canção com letras filosóficas e existenciais que recorreram cada vez mais às metáforas. Foi a partir daí que a Legião Urbana extrapolou o universo do rock e a figura de Renato Russo foi ficando cada vez mais mítica até transformar o cantor, compositor e músico carioca em espécie de Messias do rock brasileiro da década de 1980 e 1990. Contudo, como o próprio Russo diz em fala da faixa Profecia de Renato, existe a música e o que importa, acima de tudo, é ser feliz. A Legião Urbana parece ter sido feliz neste começo batalhador perpetuado nas gravações adicionais que valorizam e justificam a bela edição de 30 anos de Legião Urbana, álbum antológico, imortal.
Tomara que este projeto, se estenda também para os outros trabalhos do Legião Urbana, eles eram ótimos!
Já pensou " As Quatro Estações" remasterizado e com bônus ??? Sonho.....
Esse disco do Legião é mesmo maravilhoso... Gostaria de ver como ficou a edição final dessa edição comemorativa...
Esse cd ficou espetacular. Vale a pena pelo disco 2, pelas fotos e histórias no encarte. Tomara que façam isso com todos os outros discos da Legião.
Enfim um cd nacional que realmente merece ser celebrado com edição especial.
Enfim um cd nacional que realmente merece ser celebrado com edição especial.
Ótima iniciativa... Grande presente!
Mauro, por favor, sabe me informar se a remasterização do disco 1 é a mesma feita em 1995 em Abbey Road para a lata Por enquanto?
Oi, Maycon, bom dia! Não, a remasterização é outra. Foi feita em 2015 por Ricardo Garcia. Abs, MauroF
Ouvi este Cd de 30 anos. Sinceramente o audio pra mim é sem vida. Foi feito a partir de uma copia digital pobre.
O disco 2 pra vocês verem ficou melhor!
O som parece mais como uma gravaçao profissional.
Na minha concepção a remasterizaçao deveria preservar o som original da fita mestre mas a maioria das reediçoes vem modificada do original.
Essa edição é uma prova disso.
Definitivamente é um disco para colecionador. Não é para um amante de musica de qualidade tecnica!
A remasterização do box "Leo Jaime Nada Mudou" é belo exemplo de como deveriam ser feita as reedições.
Este sim, foi feito a partir das fitas analogicas. Voce sente que foi feito pra quem aprecia musica de qualidade
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