♪ Com capa que expõe o belo e colorido projeto gráfico criado por Ana Amélia Martino a partir de foto de Mariama Lemos de Moraes e de ilustrações de Francisco Freitas, o quarto álbum - o terceiro autoral - da cantora, compositora e instrumentista carioca Monique Kessous, Dentro de mim cabe o mundo, está sendo lançado neste mês de abril de 2016. Kessous assina a direção de arte e a produção do disco, coproduzido por Berna Ceppas. A convite da artista, o editor de Notas Musicais - Mauro Ferreira - assina o texto que apresenta o disco aos críticos e a formadores de opinião. Eis o texto - release, no jargão dos jornalistas - que conceitua o harmonioso álbum Dentro de mim cabe o mundo:
Em
antenada conexão com o mundo, Monique Kessous manda papo reto em disco que faz
ode ao amor e ao momento presente com participações de Ney Matogrosso, Moska,
Jesse Harris e do músico Mamadou Diabaté, do Mali
No
terceiro álbum autoral, Dentro de mim
cabe o mundo, artista carioca expande a produção de compositora em safra
de inéditas formatadas com canto de sereia - no tom contemporâneo de músicos de
ponta da cena musical brasileira - e dá voz a músicas de Kevin Johansen e Pedro
da Silva Martins, do grupo lusitano Deolinda
“Quando
eu canto, eu posso ser o que eu quiser
A
minha voz carrega o mundo como quer
Eu
sou sereia, rainha do mar
Eu
sou branquinha e canto o povo brasileiro
Eu
sou do Rio de Janeiro
Sou
afrodite, sou o fruto proibido
Eu
canto a vida e carrego
Tudo
o que eu vi passar...”
♪ Os
versos da primeira estrofe de Aqui
tem – música de autoria de Monique Kessous que abre Dentro de mim cabe o mundo, o
terceiro álbum autoral da cantora, compositora e multi-instrumentista carioca –
dão a pista certeira do canto da sereia neste álbum de tom contemporâneo que
firma e expande a produção autoral da artista. Aqui tem celebra a mestiçagem latina que
dá o tom da música brasileira, enraizada nos sons da mãe África. Pautada pelos
toques de três guitarras (a de Davi Moraes, a de Denny Kessous e a de Felipe
Pinaud), pelo baticum da percussão e da bateria de Thiago Silva, pela pulsação
do baixo de Alberto Continentino, pelo sopro do trompete de Jessé Sadoc e pelas
sutis programações de Berna Ceppas, Aqui
tem traduz de cara o avanço e os caminhos mais diversificados seguidos por
Kessous em Dentro de mim cabe o mundo. Com
produção assinada pela própria artista, o disco co-pilotado por Berna Ceppas
reúne alguns dos músicos mais requisitados da cena musical brasileira. Com a
sonoridade moderna dos instrumentos destes virtuoses contemporâneos, Kessous
celebra a leveza da vida em álbum que faz ode ao amor e ao momento
presente.
Sucessor
de Com essa cor (Som Livre, 2008) e
Monique Kessous (Sony Music, 2010) na
discografia autoral da artista, Dentro de mim cabe o mundo chega ao
universo pop neste mês de abril de 2016 como uma evolução natural da obra da
cantora e compositora. Marcantes no último álbum da artista, as melodiosas
canções de amor continuam cabendo com perfeição no mundo musical de Kessous. Pedaço de ilusão (Monique Kessous), Eu sem você (Monique Kessous) e Aonde eu for – uma das quatro
composições feitas por Monique para o disco com o irmão e parceiro Denny Kessous
– vão provocar imediato reconhecimento no público que curtiu Calma aí, Coração, Frio e outros hits do anterior álbum de
2010 que ampliou a popularidade da cantora em escala nacional. Pedaço de ilusão tem todo jeito de hit
que vai se juntar aos sucessos da artista. Eu sem você reverbera sonoridade pop
folk calcada nos violões e nos ukeleles tocados por Monique, Denny Kessous e
Felipe Pinaud em arranjo que inclui também o baixo de Dadi e a bateria e
percussão de Stéphane San Juan (músico recorrente nas 13 músicas de Dentro de mim cabe o mundo). Já Aonde eu for sobressai pela fina
sintonia entre música e letra. A melodia dá a sensação de estar em movimento
permanente, seguindo a rota amorosa dos versos da canção.
E
por falar em deslocamentos em nomes do amor, a canção Por causa do seu pensamento – música
inédita composta por Moska especialmente para este terceiro álbum autoral de
Kessous – move montanhas para aproximar amantes nem que seja somente pela força
imperativa da mente. Moska – que já participara do álbum anterior de Kessous,
fazendo dueto com a cantora na vintage valsa Noites sem luar – volta a imprimir a
marca de artista em Dentro de mim cabe o mundo. Desta
vez, como instrumentista. Moska toca a guitarra suave que se harmoniza com o
violão do músico norte-americano Jesse Harris – outro ilustre convidado do disco
e da canção Por causa do seu
pensamento – no arranjo da faixa.
Artista
que vem fazendo conexões com cantores e compositores da América Latina, Moska
também está presente em Dentro de mim cabe o mundo como o
versionista de O círculo. Com
liberdade para mudar eventualmente o sentido original dos versos em espanhol,
Moska traduziu – a pedido de Kessous - para o português a letra de El círculo, música de autoria de Kevin
Johansen (norte-americano de vivência argentina), lançada em disco pelo próprio
autor no álbum The nada (2000). Por
sugestão de Kessous, o verso "Te
di todo y ya no doy mas" virou "Te dei tudo e só quero mais”, sublinhando a sede
de amor e vida que pauta o disco. Faixa
gravada com a kora tocada pelo músico Mamadou Diabaté, ícone do Mali, O círculo é música que valoriza o
momento presente e, nesse sentido, se afina com Seja agora, outra conexão de além-mar
feita por Kessous em Dentro de mim cabe o
mundo.
Seja
agora
é a leve adaptação para o português do Brasil – feita com sutileza pela própria
Monique Kessous – da música homônima do grupo lusitano Deolinda, uma das bandas
mais cultuadas no universo musical contemporâneo da Terrinha. Seja agora é composição de Pedro da
Silva Martins, guitarrista do grupo, e foi apresentada pela Deolinda no terceiro
álbum de músicas inéditas da banda, Mundo
pequenininho, lançado em 2013.
Sem
sair do Brasil, Monique Kessous também viaja para outros universos musicais em
Dentro de mim cabe o mundo. Primeira
parceria da artista com o cantor, compositor e músico paraibano Chico César, um
dos mais celebrados artistas da cena pós-1990, Meu papo é reto insere o som e o disco
em clima noturno de balada, pegação.
A cena da música – previamente lançada em single nas plataformas digitais em 3 de
setembro de 2015 – se passa numa boate e fala de uma cantada que pode ser hetero
ou homossexual, de acordo com a percepção de cada ouvinte. Kessous manda o papo reto na companhia de ninguém menos
do que Ney Matogrosso, um dos maiores cantores do Brasil, ícone GLS associado a
um universo erotizado que se afina perfeitamente com o tom da música e que foi
traduzido nas imagens de cores quentes do clipe gravado por Kessous com Ney e
disponibilizado na web em 7 de
janeiro deste ano de 2016.
O
álbum Dentro de mim cabe o mundo também
promove outra viagem musical, esta feita para dentro da própria cidade do Rio de
Janeiro (RJ) em que
Kessous veio ao mundo. Primeiro samba gravado pela artista, Acorde tem o tom contemporâneo do disco.
Mas evoca – pela melodia, pelo toque luxuoso do cavaquinho de Mauro Diniz e pelo
estelar coro feminino formado por Ana Claudia Lomelino, Anna Ratto, Lia
Sabugosa, Nina Becker e Silvia Machete – a nobreza do samba de tempos idos,
imemoriais. É como se o coro feminino representasse as lendárias figuras das
pastoras das escolas de samba mais tradicionais do Rio. Em qualquer tempo,
antigo ou moderno, Acorde tem cacife
para ser louvado como o belo samba que de fato é.
Com
o suingue funkeado da guitarra de Davi Moraes, A lei é deixar fluir – parceria de
Monique com o irmão Denny Kessous - reitera o tom reflexivo-existencial que
pauta o álbum Dentro de mim cabe o mundo sempre em
tempo de delicadeza. Tudo sempre soa leve e natural no disco, inclusive o canto
da sereia Monique. Nada pesa a mão no álbum. Mesmo que o toque virtuoso do
acordeom de Marcelo Caldi evoque o clima passional do tango na imperativa Me ame, me adora, bem me quer sim (outra
da lavra de Monique com Denny Kessous) e mesmo que Todo mundo quer (mais uma música dos
entrosados irmãos Kessous) tenha sede insaciável de vida, a leveza pauta o álbum
da primeira a última música, Espiral,
primeira parceria de Kessous com o compositor carioca João Cavalcanti.
Composição que embute na letra o verso-título do álbum Dentro de mim cabe o mundo, Espiral tem a aura celestial da harpa de
Cristina Braga, orquestrada por Felipe Pinaud no arranjo da faixa. O piano de
Daniel Jobim e a lira grega – tocada pela própria Kessous – ajudam a envolver Espiral no clima delicado do tema.
Afinal, dentro do terceiro álbum autoral de Monique Kessous cabe um mundo de
amor que busca a paz pessoal e universal, celebra o ser humano e valoriza o
aqui, o agora. Aqui neste disco tem a música que Monique Kessous quis fazer,
pois a voz da cantora carrega o mundo como ela - a artista – quer, como ela vê
esse mundo que ora se abre para novos sons, levadas e
parcerias.
Mauro
Ferreira
Abril
de 2016
2 comentários:
Capa linda... Finalmente o disco está sendo lançado... Até que enfim!!!
Ouvi o disco só uma vez, mas já gostei bastante. A voz da Monique é irresistível. Pena que algumas melodias remetam demais aos sucessos dos outros dois discos.
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