♪ Natural de Aracaju (SE) e criado em Laranjeiras (SE), o sergipano Fernando Abílio de Faro Santos (21 de junho de 1927 - 25 de abril de 2016) ganhou o apelido de Baixo, dado ainda na década de 1960 pelo novelista paulistano Cassiano Gabus Mendes (1929 - 1993), um dos pioneiros da TV brasileira. Era assim - "Oi, Baixo!" - que Faro era chamado pelos maiores nomes da MPB. Por todos os grandes nomes da MPB, diga-se. Na época, Faro - que saiu de cena aos 88 anos na madrugada de hoje - nem podia imaginar, mas ele voaria alto como produtor musical e diretor de TV e shows após iniciar a carreira como jornalista nos anos 1950. Graças a Faro, a história da música brasileira está documentada de forma audiovisual nos programas que ele dirigiu, criando formato singular, na qual não se ouve a voz e tampouco se vê o rosto do entrevistador, mas somente a voz e o rosto do entrevistado, em closes reveladores. A rica história da música do Brasil está contada para a posteridade na série de entrevistas dirigidas por Faro para o programa que nasceu em 1969 na TV Tupi com o nome de Ensaio, ganhou (por questões jurídicas) o nome de MPB especial quando ia ao ar pela TV Cultura de 1971 a 1975, e por fim, com a saída da Tupi do ar, voltou a se chamar Ensaio, sendo exibido pela Cultura desde 1989. Pelas lentes de Faro, passaram nomes de todas as gerações da música brasileira, inclusive nomes da cena contemporânea, como a cantora paulistana Céu, entrevistada já em 2006 no programa que entrelaçava as respostas com números musicais captados no estúdio de gravação da atração, durante a entrevista. Faro foi diretor do Museu da Imagem e do Som (MIS) em São Paulo (SP), mas o nome deste amante da música e do futebol - querido por todo o universo musical brasileiro - fica mesmo associado ao Ensaio, programa a qual ele deu uma cara sem nunca ter exposto a própria cara na TV. Contudo, além do Ensaio, Baixo idealizou e dirigiu shows de nomes como Elis Regina (1945 - 1982) - o último espetáculo da cantora, Trem azul (1981) - e Paulinho da Viola. Só que Ensaio ficou. A partir de 2000, com o advento do DVD, vários programas Ensaio e MPB especial foram editados no formato então em expansão no mercado fonográfico. Em 2000, as gravações deste programas também originaram CDs em série intitulada A música brasileira deste século por seus autores e intérpretes. Baixo sai de cena, mas deixa um legado de alto nível, fundamental para a preservação da memória musical brasileira.
Guia jornalístico do mercado fonográfico brasileiro com resenhas de discos, críticas de shows e notícias diárias sobre futuros lançamentos de CDs e DVDs. Do pop à MPB. Do rock ao funk. Do axé ao jazz. Passando por samba, choro, sertanejo, soul, rap, blues, baião, música eletrônica e música erudita. Atualizado diariamente. É proibida a reprodução de qualquer texto ou foto deste site em veículo impresso ou digital - inclusive em redes sociais - sem a prévia autorização do editor Mauro Ferreira.
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11 comentários:
Grande perda! Meus sentimentos aos familiares e amigos da TVE/Cultura. Fazia sempre questão de assistir ao Ensaio.
Espero que a memória dele seja preservada na sua obra. Deveriam lançar box com os ENSAIOS. Um verdadeiro amante da musica brasileira. Uma perda imensa pro mundo da arte no Brasil!
Aliás, Mauro, se me permite: fica a sugestão ao selo SESC para que retorne com os cd's A música brasileira por seus autores e intérpretes. Andava atrás dos cd's da Dona Ivone e do Roberto Ribeiro (este último possuo apenas o dvd). Felizmente comprei a caixa que continha o da minha Rainha.
Pros apreciadores da música brasileira, essa, sem dúvida, é uma das maiores perdas. Ainda ontem, assistindo Elen Oléria e observando o cenário televisivo, pensei o quão necessário e significativo é o Ensaio pra história da música no Brasil.
Não é só pelo "Ensaio".
É pelo fato de Faro ser um dos raros cidadãos que podia falar sem pedir licença com qualquer gigante da música popular brasileira - era amigo de Cartola e de Nelson Cavaquinho!
É pelo "Divino Maravilhoso" que dirigiu com
Antônio Abujamra na TV Tupi, em 1968, pegando o pessoal da Tropicália em plenos trabalhos, a pleno vapor - infelizmente acharam que a censura iria pegar as fitas, daí apagaram as imagens em vídeo...
É pelos shows que dirigiu. "Trem Azul" (1981), de Elis, é o mais conhecido, mas Faro dirigiu apresentações de Paulinho, de Nelson...
É pelos álbuns que produziu, com Paulinho ("A toda hora rola uma estória", de 1981) e Carmina Juarez.
É pelos especiais que fez na "Sexta Super" da TV Globo, quando passou por lá, entre 1975 e 1979.
É pelo "Ensaio" ter sido o único programa de tevê da música brasileira sem muita presepada. O artista cantava, conversava um pouco, e a banda tocava. Pronto. Não eram necessários cenários mirabolantes. Apenas aqueles truques de câmera.
É por Faro não ter preconceito (e se tivesse, passava por cima) na hora de escolher os convidados do "Ensaio". Tinha os Caetano e Gil da vida, mas tinha também Skank, Paralamas e Titãs. Tinha a Velha
Guarda da Portela, mas também tinha Leandro & Leonardo... ano passado ele chamou tanto Filipe Catto quanto Zezé do Camargo & Luciano.
Um dia, eu vi Faro (e a fiel escudeira Lillian Aidar) num shopping. Tomei um pouco de coragem, e fui só dizer a ele que "Trem Azul" era um dos raríssimos shows que me faziam ter vontade de ter nascido antes de 1986, para poder ter visto.
Por tudo isso, só resta agradecer o Baixo de maior estatura na história da música brasileira. E concordar com as palavras de Sérgio Cabral pai: "Baixo, se alguém quiser escrever qualquer coisa sobre música brasileira, precisa ver seus programas". Precisa mesmo. É obrigatório. E faz bem.
Felipe dos Santos Souza
Perda sentida para o meio musical e para os fãs do Ensaio... Fernando Faro fez história na TV...
Grande perda para a musica brasileira a historia sempre será contada e vista graças a sua iniciativa, versatilidade, simplicidade, a voz da musica sem ser cantada, o caminho da expressão, um acorde solto no ar.
Aos poucos a TV Cultura perde seus apresentadores que ultrapassaram gerações com programas que marcaram época e continuarão a serem lembrados. Inezita (viola minha viola), Abu (provocações) e agora "O Baixo" (Ensaio).
Insubstituíveis
Fez e deixou contar história. Grande perda, mas o seu legado está aí. Difícil, nesse mundo cão, é aparecer quem o substitua.
É COM TRISTEZA QUE RECEBO ESSA NOTÍCIA,SAI DE CENA O BAIXO FENANDO FARO 0 MAIS ALTO EM PRESERVAÇÃO DA CULTURA MUSICAL DESSE PAIS.MEUS SENTIMENTOS A FAMÍLIA . A MUSICA POPULAR BRASILEIRA PERDE UM DOS SEU MAIOR DIRETOR,PRODUTOR E APRESENTADOR QUE DEIXA UM LEGADO QUE JAMAIS SERA ESQUECIDO POIS ATRAVÉS DE SUAS PRODUÇÕES E SEUS PROGRAMAS ENSAIO E MPB ESPECIAL A MUSICA POPULAR BRASILEIRA ESTA ETERNIZADA GRAÇAS A GENIALIDADE DESTE QUE VIVEU PARA QUE OS MÚSICO,AUTORES E INTÉRPRETES FICASEM ETERNIZADOS.
Mais uma perda gigantesca para a nossa música e toda cultura nacional. Vá em paz Baixo!
Com tanto entrevistador querendo aparecer mais que o entrevistado,o programa do Faro é uma notória excessão.
Quanto ao show 'Trem azul",dizem que foi um dos melhores da Elis,pena que o álbum duplo que saiu é uma tragédia-sonora.
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