♪ EDITORIAL - Os números divulgados ontem, 12 de abril de 2016, pela Associação Brasileira de Produtores de Discos (ABPD) e pela Federação Internacional da Indústria Fonográfica (IFFI, em na sigla em inglês) apontam crescimento de 3,2% do mercado fonográfico mundial em 2015, no confronto com os dados de 2014. No Brasil, o crescimento foi ainda maior, de expressivos 10,15%, de acordo com dados da ABPD. Os serviços de streaming foram os responsáveis por essa alavanca da indústria do disco, sinalizando que o presente e o futuro do mercado da música já são mesmo definitivamente digitais. No Brasil, as vendas de CDs e DVDs totalizaram 39,4% das vendas do mercado fonográfico enquanto o comércio digital de música e discos - incluindo downloads pagos via lojas virtuais como o iTunes e audição em plataformas de streaming como Deezer e Spotify - dominou a indústria com os 60,6% restantes. No mercado fonográfico mundial, as vendas de CDs e DVDs geraram 47% da receita da indústria da música enquanto o comércio digital totalizou os 53% restantes. Esses números sinalizam certo alento para a indústria fonográfica, que volta a crescer em escala mundial, mas não resolvem questões que já se impõem relevantes. A maior delas diz respeito à remuneração dos cantores - donos das vozes, mas não das obras na grande maioria - e dos compositores, estes sequer creditados nas plataformas digitais de venda e audição de música. Os artistas - os criadores que alavancam a indústria da música - pouco ou nada lucram com o crescimento do mercado fonográfico, já que os rendimentos ficam concentrados nas plataformas digitais e nas gravadoras. É preciso fatiar o bolo de forma mais justa. Outra questão diz respeito à posse dos fonogramas. Quem compra um CD ou DVD adquire para sempre as gravações contidas naquele produto. Quem ouve música em plataformas de streaming fica sujeito aos acordos entre gravadoras e artistas. Atualmente, a obra de Marisa Monte se encontra disponível no Spotify, por exemplo. Mas o consumidor de música dessa plataforma jamais terá a garantia de que poderá ouvir os discos da cantora carioca daqui a cinco ou dez anos. Acordos e desacordos entre artistas, gravadoras e plataformas digitais de audição de músicas podem sentenciar a remoção da obra de determinado artista de um serviço de streaming. E, nesse caso, o consumidor perde o acesso a essa obra. De todo modo, as vendas de CDs e DVDs - que totalizaram 25 milhões de unidades no Brasil em 2015 - tendem a seguir em queda até se estabilizarem em determinado patamar. Contra todos os prognósticos pessimistas, o CD vai continuar vivo no mercado fonográfico mundial. Nem que seja pelo prazer tátil provocado pela compra de formatos físicos - o que justifica a revitalização do vinil na indústria da música e a recente onda de fabricação de cassetes. Mas isso tampouco justifica posturas arcaicas como a do Selo Sesc, que ignora completamente o mercado de música digital, dificultando o acesso a discos de artistas que têm álbuns editados pelo selo paulistano, casos de João Donato e Romulo Fróes, por exemplo. No resumo da ópera, o presente da música já é digital, mas o CD jamais vai desaparecer do mercado. Até porque ele garante ao ouvinte a posse definitiva de gravações - o que as plataformas de streaming não podem oferecer...
Guia jornalístico do mercado fonográfico brasileiro com resenhas de discos, críticas de shows e notícias diárias sobre futuros lançamentos de CDs e DVDs. Do pop à MPB. Do rock ao funk. Do axé ao jazz. Passando por samba, choro, sertanejo, soul, rap, blues, baião, música eletrônica e música erudita. Atualizado diariamente. É proibida a reprodução de qualquer texto ou foto deste site em veículo impresso ou digital - inclusive em redes sociais - sem a prévia autorização do editor Mauro Ferreira.
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14 comentários:
♪ EDITORIAL - Os números divulgados ontem, 12 de abril de 2016, pela Associação Brasileira de Produtores de Discos (ABPD) e pela Federação Internacional da Indústria Fonográfica (IFFI, em na sigla em inglês) apontam crescimento de 3,2% do mercado fonográfico mundial em 2015, no confronto com os dados de 2014. Os serviços de streaming foram os responsáveis por essa alavanca da indústria do disco, sinalizando que o presente e o futuro do mercado da música são definitivamente digitais. No Brasil, as vendas de CDs e DVDs totalizaram 39,4% das vendas do mercado fonográfico enquanto o comércio digital de música e discos - incluindo downloads pagos via lojas virtuais como o iTunes e audição em plataformas de streaming como Deezer e Spotify - dominou a indústria com os 60,6% restantes. No mercado fonográfico mundial, as vendas de CDs e DVDs geraram 47% da receita da indústria da música enquanto o comércio digital totalizou os 53% restantes. Esses números sinalizam certo alento para a indústria fonográfica, que volta a crescer em escala mundial, mas não resolvem questões que já se impõem relevantes. A maior delas diz respeito à remuneração dos cantores - donos das vozes, mas não das obras na grande maioria - e dos compositores, estes sequer creditados nas plataformas digitais de venda e audição de música. Os artistas - os criadores que alavancam a indústria da música - pouco ou nada lucram com o crescimento do mercado fonográfico, já que os rendimentos ficam concentrados nas plataformas digitais e nas gravadoras. É preciso fatiar o bolo de forma mais justa. Outra questão diz respeito à posse dos fonogramas. Quem compra um CD ou DVD adquire para sempre as gravações contidas naquele produto. Quem ouve música em plataformas de streaming fica sujeito aos acordos entre gravadoras e artistas. Atualmente, a obra de Marisa Monte se encontra disponível no Spotify, por exemplo. Mas o consumidor de música dessa plataforma jamais terá a garantia de que poderá ouvir os discos da cantora carioca daqui a cinco ou dez anos. Acordos e desacordos entre artistas, gravadoras e plataformas digitais de audição de músicas podem sentenciar a remoção da obra de determinado artista de um serviço de streaming. E, nesse caso, o consumidor perde o acesso a essa obra. De todo modo, as vendas de CDs e DVDs - que totalizaram 25 milhões de unidades no Brasil em 2015 - tendem a seguir em queda até se estabilizarem em determinado patamar. Contra todos os prognósticos pessimistas, o CD vai continuar vivo no mercado fonográfico mundial. Nem que seja pelo prazer tátil provocado pela compra de formatos físicos - o que justifica a revitalização do vinil na indústria da música e a recente onda de fabricação de cassetes. Mas isso tampouco justifica posturas arcaicas como a do Selo Sesc, que ignora completamente o mercado de música digital, dificultando o acesso a discos de artistas que têm álbuns editados pelo selo paulistano, casos de João Donato e Romulo Fróes, por exemplo. No resumo da ópera, o presente da música já é digital, mas o CD jamais vai desaparecer do mercado. Até porque ele garante ao ouvinte a posse definitiva de gravações - o que as plataformas de streaming não podem oferecer..
Perfeita sua colocação.
Vejo o streaming como uma forma de aluguel da música. Você paga a mensalidade e usufrui o catálogo disponível durante o período que desejar por um preço justo. Caso alguém tenha interesse em ter a posse definitiva de gravações, não necessariamente precisa comprar o cd físico, basta comprar o produto em lojas como o itunes.
Eu aprecio e gosto da tecnologia, mas gosto MUITO também do formato físico.
E o melhor formato físico que o Homem inventou (desde os primórdios) foi o CD. Tudo foi importante até chegarmos no CD, o vinil foi importante, a fita K7 também teve sua época, mas quando chegou o CD foi a maravilha dos Deuses!
Além do som puro e cristalino, é uma delícia folear o encarte dos nossos artistas preferidos. E quando colocamos todos os nossos cd's na estante ?? Aí que delícia olhar aquela estante !
Lembro de quando comprei os Box's da Gal, do Roberto Carlos, do Marcos Valle...e percebi sons que eu não escutava no vinil...No CD é um som completamente vivo e limpo. "Fatal" da Gal em CD...nossa que diferença!! Super limpo e aberto, sem chiados...ouvindo o CD me senti na platéia do show, lá em 1971 (risos).
Vou torcer para que as gravadoras e os artistas não 'matem' o CD, que exista sempre a opção de comprar a edição física.
Os serviços de streaming são muito bem vindos, mas a música no CD tem mais Vida :)
Concordo, Vitor. Mas, como o mercado digital cresce através do streaming, acho que vale a colocação da questão. Concordo, Mauro
Silva. Abs, MauroF
Muito boa a sua ótica Mauro!
Muito boa a sua ótica Mauro!
Não pago até agora nenhuma dessas plataformas. Também não baixo do itunes. Prefiro o cd. Enquanto esse existir essas outras formas não verão a cor do meu $.
Obrigado, Anderson. Abs, MauroF
Bacana a análise. Essa questão da exclusão repentina de músicas nos serviços de streaming era algo que eu não tinha considerado, e realmente pode ser um fator a mais pra que as pessoas prefiram a posse das músicas. Ainda assim, a tendência atual leva a uma consideração: será que o CD sobreviveria como produto de nicho, levando em conta que ele não tem a mesma atratividade do vinil?
Sem essa de ficar refém de serviços digitais, que colocam o que lhe interessam, do jeito que eles querem e quando querem. Prefiro folhear encartes, ver o selo do cd e coloca-lo pra tocar na hora que eu quiser e na ordem que eu quiser. Sem contar o som que é ótimo. Vou continuar com o cd e viva o cd.
O CD representa o auge.
Parabéns pelo editorial, Mauro.
As questões são pertinentes, principalmente com relação à remuneração dos artistas (músicos e compositores).
Eu, particularmente, não compro CD há mais de 3 anos, quando aderi ao streaming. Inicialmente no Rdio, e, agora, após o encerramento do Rdio, no Google Play Music. Existem vantagens e desvantagens no streaming. O acervo musical é gigantesco, e no meu caso, que ouço música do mundo inteiro, estou tendo acesso à dezenas de artistas que eram, antes, desconhecidos, por meio da interação com outros aficionados em música. Além disso, gosto da praticidade de ter o acervo em minhas mãos em qualquer buraco do planeta (trabalho, carro, viagem, etc etc etc). Só em não precisa entupir o porta-luvas do carro com CDs já é uma beleza.
A grande desvantagem, sem dúvida, é a quebra do contrato entre uma determinada gravadora, ou artista independente, com a plataforma de streaming, e a consequente perda do acesso ao material; ou mesmo o fechamento de uma plataforma, como ocorreu, recentemente, com o Rdio.
Como alternativa à ausência de disponibilidade de determinado trabalho no Google Play Music, eu compro a música digital pelo iTunes e uso o Google Play Music para fazer o streaming das músicas que foram adquirida no formato digital (a plataforma permite isso, mas o acesso é restrito ao usuário que fez o upload).
Minha mulher ainda me pergunta o que faremos com os quase 3 mil CDs que temos em casa. Estou enrolando... :-)
Abraços,
Luis
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