Título: Juntos vamos além
Artista: Biel
Gravadora: Warner Music
Cotação: * *
♪ Aos meros 21 anos, Biel - nome artístico do cantor e compositor paulista Gabriel Araújo Marins Rodrigues - encarna o típico caso de artista revelado via web e, depois, contratado por um grande gravadora (no caso, a Warner Music) para ter amplificada a projeção gerada nas redes sociais. Biel vem do universo do funk pop. Em Juntos vamos além, o recém-lançado primeiro álbum do artista, o artista enquadra o funk dentro dos padrões dos produtores Umberto Tavares e Mãozinha. Com uma voz sem qualquer atrativo especial, meramente eficaz, Biel registra repertório que combina músicas já previamente lançadas na web - como a sexualizada Boquinha (André Vieira e Wallace Viana), faixa com toque de rap formatada por Rick Bonadio com DJ Batata - com composições inéditas. Produzido em escala industrial, o repertório gera um disco egoico, hedonista e sexista. Biel tira onda de pegador. Aliás, o título de uma das 13 músicas é justamente Tô tirando onda (Biel, 2014). Nesse sentido, Demorô (Umberto Tavares e Jefferson Junior, 2015) - música que abre o álbum em remix de Leo Breanza - é uma espécie de cartão-de-visitas que dá o tom auto-elogioso do disco. Biel fala dele mesmo na terceira pessoa. Mas o fato é que as emoções, as batidas e o canto soam plastificados e repetitivos neste álbum em que Biel jamais vai além das fórmulas do funk pop e do R&B sintético. Morango com chocolate (Umberto Tavares e Jefferson Junior) parece requentar o Amor de chocolate de Naldo Benny. No repertório que esbanja testosterona e que ecoa um machismo que já vem desde os primórdios da música brasileira, Romeu e Julieta (Jefferson Junior, Umberto Tavares e Romeu R3) e Melhor assim (Jonathan Couto, Luan e Sarah Souza) - R&B urbano em que Biel forma casal com Ludmilla, padronizada funkeira do elenco da Warner Music - se diferenciam levemente dos outros temas por esboçar certo romantismo de tom sensual. Contudo, Juntos vamos além recoloca a mulher como objeto sexual que parece estar ali, na balada ou no baile, para ser conquistada e dar prazer aos jovens e egoicos machos. Nesse sentido, Anitta está à frente de Biel. Ela é que dá a decisão. No universo de Biel, a mulher retoma o papel de fêmea a ser conquistada e, depois, descartada. Não por acaso, o último verso ouvido no álbum - se respeitada a ordem das 13 músicas da edição em CD de Juntos vamos além - é "Ô mulher, quero ver se tu aguenta", de Pimenta (Biel, 2014), música alocada no fecho do álbum em remix produzido por Sérgio Santos. A ardência, no caso, é artificial. Contudo, verdade seja dita, Biel faz em músicas como Química (Umberto Tavares, Jefferson Junior e Romeu R3, 2015) - faixa previamente lançada em 27 de novembro de 2015 como primeiro single oficial do álbum e confirmada na trilha sonora da próxima novela das 19h da TV Globo, Haja coração - som em grossa sintonia com as emoções plastificadas de expressiva parcela da juventude do Brasil. Por isso, Biel é sucesso nas redes sociais.
4 comentários:
♪ Aos meros 21 anos, Biel - nome artístico do cantor e compositor paulista Gabriel Araújo Marins Rodrigues - encarna o típico caso de artista revelado via web e, depois, contratado por um grande gravadora (no caso, a Warner Music) para ter amplificada a projeção gerada nas redes sociais. Biel vem do universo do funk pop. Em Juntos vamos além, o recém-lançado primeiro álbum do artista, o artista enquadra o funk dentro dos padrões dos produtores Umberto Tavares e Mãozinha. Com uma voz sem qualquer atrativo especial, meramente eficaz, Biel registra repertório que combina músicas já previamente lançadas na web - como a sexualizada Boquinha (André Vieira e Wallace Viana), faixa com toque de rap formatada por Rick Bonadio com DJ Batata - com composições inéditas. Produzido em escala industrial, o repertório gera um disco egoico, hedonista e sexista. Biel tira onda de pegador. Aliás, o título de uma das 13 músicas é justamente Tô tirando onda (Biel, 2014). Nesse sentido, Demorô (Umberto Tavares e Jefferson Junior, 2015) - música que abre o álbum em remix de Leo Breanza - é uma espécie de cartão-de-visitas que dá o tom auto-elogioso do disco. Biel fala dele mesmo na terceira pessoa. Mas o fato é que as emoções, as batidas e o canto soam plastificados e repetitivos neste álbum em que Biel jamais vai além das fórmulas do funk pop e do R&B sintético. Morango com chocolate (Umberto Tavares e Jefferson Junior) parece requentar o Amor de chocolate de Naldo Benny. No repertório que esbanja testosterona e que ecoa um machismo que já vem desde os primórdios da música brasileira, Romeu e Julieta (Jefferson Junior, Umberto Tavares e Romeu R3) e Melhor assim (Jonathan Couto, Luan e Sarah Souza) - R&B urbano em que Biel forma casal com Ludmilla, padronizada funkeira do elenco da Warner Music - se diferenciam levemente dos outros temas por esboçar certo romantismo de tom sensual. Contudo, Juntos vamos além recoloca a mulher como objeto sexual que parece estar ali, na balada ou no baile, para ser conquistada e dar prazer aos jovens e egoicos machos. Nesse sentido, Anitta está à frente de Biel. Ela é que dá a decisão. No universo de Biel, a mulher retoma o papel de fêmea a ser conquistada e, depois, descartada. Não por acaso, o último verso ouvido no álbum - se respeitada a ordem das 13 músicas da edição em CD de Juntos vamos além - é "Ô mulher, quero ver se tu aguenta", de Pimenta (Biel, 2014), música alocada no fecho do álbum em remix produzido por Sérgio Santos. A ardência, no caso, é artificial. Contudo, verdade seja dita, Biel faz em músicas como Química (Umberto Tavares, Jefferson Junior e Romeu R3, 2015) - faixa previamente lançada em 27 de novembro de 2015 como primeiro single oficial do álbum e confirmada na trilha sonora da próxima novela das 19h da TV Globo, Haja coração - som em grossa sintonia com as emoções plastificadas de expressiva parcela da juventude do Brasil. Por isso, Biel é sucesso nas redes sociais.
Texto perfeito, foi direto ao ponto: "som em grossa sintonia com as emoções plastificadas de expressiva parcela da juventude do Brasil".
Delícia!
Não conheço nem nunca escutei (e do jeito que "adoro" funk, não pretendo), mas pelos comentários acima imaginei que fosse um tipo galãzinho e fui olhar outras fotos do menino do tio Goo, e essa capa não faz jus. Ele é muito mais bonitinho que nessa foto com cara de azia.
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