Resenha de álbum
Título: Rosa Passos ao vivo
Artista: Rosa Passos
Gravadora: Biscoito Fino
Cotação: * * * * 1/2
♪ Grande cantora que debutou no mercado fonográfico com Recriação (Chantecler, 1979), álbum inteiramente autoral lançado no ano em que a música brasileira viveu boom feminino, a baiana Rosa Passos não fez sucesso de imediato. Contudo, aos poucos, um público fiel e bem antenado foi seguindo os passos de Rosa, cantora hábil nas divisões inusitadas. Álbum lançado neste mês de maio de 2016 em edição da gravadora Biscoito Fino, Rosa Passos ao vivo - o primeiro registro de show da cantora - reitera as qualidades desta intérprete que nunca canta uma música do jeito que ela costuma ser cantada. O clichê aplicado a Rosa - o de ser espécie de João Gilberto de saias - tem lá razão de ser, e não pelo fato de os dois cantores dominarem a arte de cantar baixinho. Aliás, Rosa chega a sussurrar em determinadas passagens do samba Você vai ver (Antonio Carlos Jobim, 1980). Nesta inédita gravação ao vivo, captada no Uruguai em show feito pela cantora em 12 de setembro de 2014 no Teatro UAMA, na cidade de Carmelo, o canto inesperado de Rosa Passos faz surpresas na interpretação de 14 sucessos da música brasileira. A voz macia de Rosa é um instrumento que se afina com o toque dos músicos da banda formada por virtuoses como o baterista Celso de Almeida, o violonista Lula Galvão (arranjador do show), o baixista Paulo Paulelli e o pianista José Reinoso, cujo piano adorna o canto sussurrado de Rosa em Eu e a brisa (Johnny Alf, 1967). Rosa passos ao vivo é basicamente um disco de sambas, embora no roteiro do show uruguaio haja até um fox do repertório de Roberto Carlos, Emoções (Roberto Carlos e Erasmo Carlos, 1981), reconstruído por Rosa em clima cool. Com obra ideal para Rosa, Djavan é compositor recorrente no repertório do disco, assinando três das 14 músicas, porque o último álbum da artista, Samba dobrado - Canções de Djavan (Universal Music, 2013), foi todo dedicado ao cancioneiro autoral do artista alagoano. Curiosamente, A ilha (Djavan, 1980) - ora habitada pela cantora no tom do samba-jazz-canção - é música ausente do tributo. Já o samba Capim (Djavan, 1982) cresce no show com o suingue todo próprio da cantora, que também morde o samba Maçã (Djavan, 1987) com voraz apetite rítmico, explorando as síncopes do samba dobrado de Djavan. Cantora diplomada na escola da Bossa Nova, Rosa Passos fala o idioma do jazz e tem astuto senso rítmico. É por isso que, ao cantar o samba Olhos verdes (Vicente Paiva, 1950), a baiana remarca a cadência já bem marcada do sucesso da cantora Dalva de Oliveira (1917 - 1972). Com requebros e maneiras próprias, Rosa também recria Só danço samba (Antonio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes, 1962) - em inteligente diálogo com o toque acústico do baixo de Paulo Paulelli - e Meu bem meu mal (Caetano Veloso, 1981), música que canta em andamento demasiadamente acelerado, sem evidenciar a contento todos os contrastes expostos nos versos da letra. Rosa brilha especialmente nas músicas mais macias, como Verbos do amor (João Donato e Abel Silva) - (re)dividida pela cantora sem perda do sentido original da letra - e o interiorizado samba-canção Preciso aprender a só ser (Gilberto Gil, 1973), enquadrado em moldura rítmica típica do gênero. De Gilberto Gil, Rosa também canta Deixar você (1982) - veículo para o suingue do baixo de Paulo Paulelli - e a sinuosa Ladeira da preguiça (1973). O bolero Quando o amor acontece (João Bosco e Abel Silva, 1987) completa o irretocável repertório deste grandioso álbum ao vivo em que o inesperado canto de Rosa Passos ainda faz surpresas para ouvintes atentos.
♪ Grande cantora que debutou no mercado fonográfico com Recriação (Chantecler, 1979), álbum inteiramente autoral lançado no ano em que a música brasileira viveu boom feminino, a baiana Rosa Passos não fez sucesso de imediato. Contudo, aos poucos, um público fiel e bem antenado foi seguindo os passos de Rosa, cantora hábil nas divisões inusitadas. Álbum lançado neste mês de maio de 2016 em edição da gravadora Biscoito Fino, Rosa Passos ao vivo - o primeiro registro de show da cantora - reitera as qualidades desta intérprete que nunca canta uma música do jeito que ela costuma ser cantada. O clichê aplicado a Rosa - o de ser espécie de João Gilberto de saias - tem lá razão de ser, e não pelo fato de os dois cantores dominarem a arte de cantar baixinho. Aliás, Rosa chega a sussurrar em determinadas passagens do samba Você vai ver (Antonio Carlos Jobim, 1980). Nesta inédita gravação ao vivo, captada no Uruguai em show feito pela cantora em 12 de setembro de 2014 no Teatro UAMA, na cidade de Carmelo, o canto inesperado de Rosa Passos faz surpresas na interpretação de 14 sucessos da música brasileira. A voz macia de Rosa é um instrumento que se afina com o toque dos músicos da banda formada por virtuoses como o baterista Celso de Almeida, o violonista Lula Galvão (arranjador do show), o baixista Paulo Paulelli e o pianista José Reinoso, cujo piano adorna o canto sussurrado de Rosa em Eu e a brisa (Johnny Alf, 1967). Rosa passos ao vivo é basicamente um disco de sambas, embora no roteiro do show uruguaio haja até um fox do repertório de Roberto Carlos, Emoções (Roberto Carlos e Erasmo Carlos, 1981), reconstruído por Rosa em clima cool. Com obra ideal para Rosa, Djavan é compositor recorrente no repertório do disco, assinando três das 14 músicas, porque o último álbum da artista, Samba dobrado - Canções de Djavan (Universal Music, 2013), foi todo dedicado ao cancioneiro autoral do artista alagoano. Curiosamente, A ilha (Djavan, 1980) - ora habitada pela cantora no tom do samba-jazz-canção - é música ausente do tributo. Já o samba Capim (Djavan, 1982) cresce no show com o suingue todo próprio da cantora, que também morde o samba Maçã (Djavan, 1987) com voraz apetite rítmico, explorando as síncopes do samba dobrado de Djavan. Cantora diplomada na escola da Bossa Nova, Rosa Passos fala o idioma do jazz e tem astuto senso rítmico. É por isso que, ao cantar o samba Olhos verdes (Vicente Paiva, 1950), a baiana remarca a cadência já bem marcada do sucesso da cantora Dalva de Oliveira (1917 - 1972). Com requebros e maneiras próprias, Rosa também recria Só danço samba (Antonio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes, 1962) - em inteligente diálogo com o toque acústico do baixo de Paulo Paulelli - e Meu bem meu mal (Caetano Veloso, 1981), música que canta em andamento demasiadamente acelerado, sem evidenciar a contento todos os contrastes expostos nos versos da letra. Rosa brilha especialmente nas músicas mais macias, como Verbos do amor (João Donato e Abel Silva) - (re)dividida pela cantora sem perda do sentido original da letra - e o interiorizado samba-canção Preciso aprender a só ser (Gilberto Gil, 1973), enquadrado em moldura rítmica típica do gênero. De Gilberto Gil, Rosa também canta Deixar você (1982) - veículo para o suingue do baixo de Paulo Paulelli - e a sinuosa Ladeira da preguiça (1973). O bolero Quando o amor acontece (João Bosco e Abel Silva, 1987) completa o irretocável repertório deste grandioso disco ao vivo em que o inesperado canto de Rosa Passos ainda faz surpresas para ouvintes atentos.
ResponderExcluirAh Rosa é maravilhosa. Sou fã,ainda não escutei o disco mas mesmo assim assino em baixo.
ResponderExcluirEsse disco da grandiosa e formosa Rosa é tudo de bom. Repertório muito bem selecionado, escolhido a dedo. Rosa é um amor, uma dama da música popular brasileira.
ResponderExcluirNem tudo está perdido!
ResponderExcluirQue bálsamo para os nossos ouvidos!
Salve Rosa!
Alguém poderia ter a iniciativa de lançar o "Recriação" em cd,
ResponderExcluirRosa é um espetáculo. Outro cd imperdível.
ResponderExcluirQueremos DVD! Rosa merece!
ResponderExcluirTá lindíssimo. Morro de amor!
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