quarta-feira, 29 de junho de 2016

Caixa 'O rei do ritmo' dá o devido valor à obra nobre de Jackson do Pandeiro

Resenha de caixa de CDs
Título: Jackson do Pandeiro - O rei do ritmo
Artista: Jackson do Pandeiro
Gravadora: Universal Music
Cotação: * * * * *

Sete anos após Luiz Gonzaga (1912 - 1989) ter mostrado em outubro de 1946 como se dançava e fazia o baião, em gravação da música que compôs com o parceiro Humberto Teixeira (1916 - 1979), o cantor, compositor e ritmista paraibano José Gomes Filho (Alagoa Grande - PB, 31 de agosto de 1919 / Brasília - DF, 10 de julho de 1982) convidou a comadre Sebastiana para dançar e xaxar. O convite - feito em 1953 com o lançamento da gravação do então inédito coco Sebastiana (Rosil Cavalcanti) - foi o marco zero da obra fonográfica do artista que, naquela época, já tinha sido rebatizado no rádio como Jackson do Pandeiro. O Jack que foi tão brasileiro, como bem sabe Lenine. Um dos pilares da música da nação nordestina, esse José de Alagoa Grande (PB) - que foi muito mais do que um Zé da Paraíba - tem a parte mais relevante da obra fonográfica eternizada na caixa Jackson do Pandeiro - O rei do ritmo, lançada pela gravadora Universal Music neste mês de junho de 2016. Projeto idealizado por Alice Soares e concretizado com a produção executiva de Rodrigo Faour, autor do texto biográfico publicado no libreto da caixa, O rei do ritmo dá o devido valor à discografia de Jackson. Nada menos do que 235 fonogramas do artista estão condensados - devidamente remasterizados por Ricardo Garcia neste ano de 2016 - nos nove CDs da caixa, sendo que seis CDs são duplos. Estes discos oferecem a melhor amostra possível da arte de Jackson do Pandeiro, entronizado como o rei do ritmo pela habilidade de brincar com os tempos musicais, pela destreza no toque do instrumento acoplado ao nome artístico e pela divisão singular com que repartia cocos, rojões, emboladas, baiões, frevos e sambas. A caixa agrupa fonogramas gravados por Jackson de 1953 - ano em que o artista foi lançado no mercado fonográfico com o disco de 78 rotações por minuto que, além de Sebastiana, apresentou Forró em Limoeiro (Edgar Ferreira, 1953) - até 1981, ano do derradeiro álbum, Isso é que é forró! (Polydor, 1981). A propósito, a caixa embala reedições em CD somente de dois álbuns originais. Além de Isso é que é forró!, há também a reedição de Aqui tô eu, Jackson (Philips, 1970), álbum gravado pelo artista em período em que começava a superar período de ostracismo vivido na segunda metade da década de 1960 (a fase de 1966 a 1969 está coberta pela complementar caixa lançada em 2014 pelo Selo Discobertas). Contudo, o fato de trazer somente dois álbuns originais jamais desmerece o valor da caixa da Universal Music. Até porque o supra-sumo da obra-fonográfica de Jackson do Pandeiro foi editada de 1953 a 1958 pela extinta gravadora Copacabana - cujo acervo atualmente pertence à Universal Music - em arcaicos discos de 78 rotações por minuto. Estas gravações estão reunidas na caixa nos CDs Os primeiros forrós de Jackson do Pandeiro vol. 1 e Os primeiros forrós de Jackson do Pandeiro vol. 2 com as letras das músicas devidamente reproduzidas no encarte - o que aumenta ainda mais o valor documental da caixa. Menos conhecida, mas também importante do ponto de vista musical, a fase fonográfica vivida por Jackson na extinta gravadora Philips - de 1960 a 1965 - está recuperada na caixa nos três volumes dos CDs Jackson do Pandeiro nos anos 1960. Estes três CDs duplos agrupam as gravações dos nove álbuns gravados pelo artista na Philips nesse período em que o artista lançou músicas como Cantiga da perua (Jackson do Pandeiro e Elias Soares, 1960) e Como tem Zé na Paraíba (Manezinho Araújo e Catulo de Paula, 1962). Esses raros álbuns feitos por Jackson na Philips - muitos assinados com Almira Castilho (1924 - 2011), parceria do artista na música e na vida - até então nunca tinham sido editados no formato de CD. As capas desses nove álbuns - Cantando de Norte a Sul (1960), Melodia, ritmo e a personalidade de Jackson do Pandeiro (1961), Mais ritmo (1961), A alegria da casa (1962), ...É batucada! (1962), Forró do Zé Lagoa (1963), Tem jabaculê (1964), Coisas nossas (1965) e ...E vamos nós... (1965) - estão reproduzidas nas contracapas internas dos CDs. Completam a caixa duas coletâneas inéditas, Na base da chinela e Balança, moçada, que agregam gravações avulsas da discografia de Jackson do Pandeiro, oriunda de compactos e discos coletivos. Enfim, pela volume e pelo caráter fundamental da obra condensada com capricho e critério na caixa, o lançamento de Jackson do Pandeiro - O rei do ritmo se impõe como um dos acontecimentos mais importantes do mercado fonográfico brasileiro nos últimos anos. O rei do ritmo nunca vai perder a majestade, mas a obra nobre do artista precisava ser (re)posta em catálogo.

13 comentários:

  1. ♪ Sete anos após Luiz Gonzaga (1912 - 1989) ter mostrado em outubro de 1946 como se dançava e fazia o baião, em gravação da música que compôs com o parceiro Humberto Teixeira (1916 - 1979), o cantor, compositor e ritmista paraibano José Gomes Filho (Alagoa Grande - PB, 31 de agosto de 1919 / Brasília - DF, 10 de julho de 1982) convidou a comadre Sebastiana para dançar e xaxar. O convite - feito em 1953 com o lançamento da gravação do então inédito coco Sebastiana (Rosil Cavalcanti) - foi o marco zero da obra fonográfica do artista que, naquela época, já tinha sido rebatizado no rádio como Jackson do Pandeiro. O Jack que foi tão brasileiro, como bem sabe Lenine. Um dos pilares da música da nação nordestina, esse José de Alagoa Grande (PB) - que foi muito mais do que um Zé da Paraíba - tem a parte mais relevante da obra fonográfica eternizada na caixa Jackson do Pandeiro - O rei do ritmo, lançada pela gravadora Universal Music neste mês de junho de 2016. Projeto idealizado por Alice Soares e concretizado com a produção executiva de Rodrigo Faour, autor do texto biográfico publicado no libreto da caixa, O rei do ritmo dá o devido valor à discografia de Jackson. Nada menos do que 235 fonogramas do artista estão condensados - devidamente remasterizados por Ricardo Garcia neste ano de 2016 - nos nove CDs da caixa, sendo que seis CDs são duplos. Estes discos oferecem a melhor amostra possível da arte de Jackson do Pandeiro, entronizado como o rei do ritmo pela habilidade de brincar com os tempos musicais, pela destreza no toque do instrumento acoplado ao nome artístico e pela divisão singular com que repartia cocos, rojões, emboladas, baiões, frevos e sambas. A caixa agrupa fonogramas gravados por Jackson de 1953 - ano em que o artista foi lançado no mercado fonográfico com o disco de 78 rotações por minuto que, além de Sebastiana, apresentou Forró em Limoeiro (Edgar Ferreira, 1953) - até 1981, ano do derradeiro álbum, Isso é que é forró! (Polydor, 1981). A propósito, a caixa embala reedições em CD somente de dois álbuns originais. Além de Isso é que é forró!, há também a reedição de Aqui tô eu, Jackson (Philips, 1970), álbum gravado pelo artista em período em que começava a superar período de ostracismo vivido na segunda metade da década de 1960 (a fase de 1966 a 1969 está coberta pela complementar caixa lançada em 2014 pelo Selo Discobertas).

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  2. Contudo, o fato de trazer somente dois álbuns originais jamais desmerece o valor da caixa da Universal Music. Até porque o supra-sumo da obra-fonográfica de Jackson do Pandeiro foi editada de 1953 a 1958 pela extinta gravadora Copacabana - cujo acervo atualmente pertence à Universal Music - em arcaicos discos de 78 rotações por minuto. Estas gravações estão reunidas na caixa nos CDs Os primeiros forrós de Jackson do Pandeiro vol. 1 e Os primeiros forrós de Jackson do Pandeiro vol. 2 com as letras das músicas devidamente reproduzidas no encarte - o que aumenta ainda mais o valor documental da caixa. Menos conhecida, mas também importante do ponto de vista musical, a fase fonográfica vivida por Jackson na extinta gravadora Philips - de 1960 a 1965 - está recuperada na caixa nos três volumes dos CDs Jackson do Pandeiro nos anos 1960. Estes três CDs duplos agrupam as gravações dos nove álbuns gravados pelo artista na Philips nesse período em que o artista lançou músicas como Cantiga da perua (Jackson do Pandeiro e Elias Soares, 1960) e Como tem Zé na Paraíba (Manezinho Araújo e Catulo de Paula, 1962). Esses raros álbuns feitos por Jackson na Philips - muitos assinados com Almira Castilho (1924 - 2011), parceria do artista na música e na vida - até então nunca tinham sido editados no formato de CD. As capas desses nove álbuns - Cantando de Norte a Sul (1960), Melodia, ritmo e a personalidade de Jackson do Pandeiro (1961), Mais ritmo (1961), A alegria da casa (1962), ...É batucada! (1962), Forró do Zé Lagoa (1963), Tem jabaculê (1964), Coisas nossas (1965) e ...E vamos nós... (1965) - estão reproduzidas nas contracapas internas dos CDs. Completam a caixa duas coletâneas inéditas, Na base da chinela e Balança, moçada, que agregam gravações avulsas da discografia de Jackson do Pandeiro, oriunda de compactos e discos coletivos. Enfim, pela volume e pelo caráter fundamental da obra condensada com capricho e critério na caixa, o lançamento de Jackson do Pandeiro - O rei do ritmo se impõe como um dos acontecimentos mais importantes do mercado fonográfico brasileiro nos últimos anos. O rei do ritmo nunca vai perder a majestade, mas a obra nobre do artista precisava ser (re)posta em catálogo.

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  3. Maravilha!

    Mauro uma dúvida, os Cd's são em Mini-Lp como o Box do Paulinho da Viola ? Ou é em caixa acrílica ?

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  4. Ainda bem que existe a crítica pra analisar e teorizar sobre uma arte tão instintiva e espontânea como a de Jackson do Pandeiro.

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  5. Mauro Silva, os CDs são em embalagem acrílica, com encartes volumosos. Abs, MauroF

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  6. Obrigado pela confirmação Mauro!

    Realmente a caixinha acrílica é muito melhor, principalmente pela durabilidade dos nossos Cd's e facilita bem o manuseio. Pena que a caixa do Paulinho e do Paralamas do Sucesso não foram assim, mas isso é um pequeno detalhe.

    Parabéns à Universal, ao Rodrigo Faour e a todos envolvidos!

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  7. Jackson Pandeiro para as atuais e futuras gerações tomarem conhecimento, para ler, ouvir e perceber a grande influência em nossa musica de ontem de hoje e de sempre. Quem sabe no futuro um box de Paulo Diniz ilustre esquecido.

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  8. Foi o Faour? Faour, meu caro, passa da hora uma caixa da Rainha Beth Carvalho.
    Poderiam fazer o mesmo com o inesquecível Roberto Ribeiro!

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  9. Se Não Me Engano ficaram faltando 9 musicas da lista.

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  10. Caixa linda! Mais do que necessária de se ter!!!

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  11. Mauro, uma caixa já foi realizada da Universal, que é a do Jackson, agora é a vez de Dominguinhos.

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  12. Êta, pense numa notícia arretada! Espero que esta caixa não venha com a grande falha da lançada pela Discobertas, álbuns muito mal remasterizados (me arrependi de comprar), mas valeu por se tratar de uma obra com imenso valor histórico. No Aguardo desta da Universal.

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