sábado, 11 de junho de 2016

Com alegria, mas sem ousadia, Thiaguinho anima o pagode de '#vamoqvamo'

Resenha de álbum
Título: #vamoqvamo ao vivo
Artista: Thiaguinho
Gravadora: Som Livre
Cotação: * * 1/2

Há quatro anos, Thiaguinho lançou na web de forma extra-oficial, sem alarde, o primeiro disco pós-Exaltasamba, Acústico (Independente, 2012), espécie de ensaio do repertório registrado no DVD e CD ao vivo Ousadia & alegria (Som Livre, 2012), primeiro título oficial da carreira solo do artista, editado naquele mesmo ano de 2012 com distribuição nacional. De lá para cá, o cantor e compositor paulista arriscou ir (um pouco) além do pagode romântico no EP digital Mais e mais (Som Livre, 2013), recuou no álbum seguinte Outro dia, outra história (Som Livre, 2014) - o disco do contagiante pagode Caraca, muleke! (Thiaguinho e Gabriel Barriga, 2014) - e ousou mais no álbum indie Hey, mundo (FVA Music, 2015), trabalho em que fez incursões pela black music. #vamoqvamo - gravação ao vivo lançada em maio deste ano de 2016 pela gravadora Som Livre em edição digital e nos formatos de CD, DVD e de CD+DVD - é outro recuo do artista projetado como vocalista do grupo de pagode Exaltasamba, no qual permaneceu de 2003 a 2012. Logo após a oração feita pelos integrantes da produção antes do show gravado ao vivo em 20 de janeiro deste ano de 2016 no Nailia Beach Club, na cidade do Rio de Janeiro (RJ), o ouvinte escuta Thiaguinho falar no palco em "energia positiva para começar o pagode". Justiça seja feita: #vamoqvamo não tem ousadia, mas tem alegria. Tem mesmo essa "energia positiva" propagada pelo cantor e perceptível logo no lê lê lê do pagode que batiza a gravação, Vamo que vamo (Thiaguinho, Rodriguinho e Gabriel Barriga, 2016). Com carisma, Thiaguinho dá voz a pagodes levados em alto astral, casos de Cancún (Billy SP, Pezinho e Tiee, 2016) e de Ponto para os negrithin (Thiaguinho e Gabriel Barriga, 2015), duas das músicas inéditas inseridas em roteiro construído sem tom revisionista. Ambas são cantadas sob chuva de bolas de sabão, em efeito que acentua o clima festivo da gravação ao vivo. O repertório rebobina a alegria industrializada inclusive nos duetos feitos por Thiaguinho com Belo - em Pra gente ficar legal (Prateado e Luiz Cláudio Picolé, 2016) - e com Toni Garrido, convidado de Asas (Tato, 2000), incursão pagodeira pelo repertório do grupo de forró Falamansa. Outro convidado do DVD, Lucas Lucco preserva a vivacidade da gravação ao vivo quando entra em cena para dividir com Thiaguinho a interpretação do sambanejo universitário Palmas (Edu Valim, Renan Valim, Magno Sant'anna e Tierry Coringa e Lucas Lucco, 2016). Mesmo sem conter rasgos de inspiração melódica e poética, o repertório cantado por Thiaguinho em #vamoqvamo geralmente evita o chato chororô do pagode romântico. Nem mesmo o diálogo afetivo travado com a cantora Maria Rita em Desliga você (Eder Miguel e Cleverson Luiz, 2016) soa lacrimejante. Há até um jogo de cena. Os cantores iniciam o dueto de costas um para o outro, mas se aproximam à medida que o pagode avança, propondo o reencontro do casal separado. Com pouca variação rítmica, o show eternizado em #vamoqvamo soa linear, mas mantém o pique até o fim com a entrada de Péricles em Vê se me escuta (Rodrigo FR, 2015) - regravação de pagode lançado pelo Grupo Revelação no ano passado - e com o revival infalível de Caraca, muleke! no fecho do roteiro. Feita sob a direção musical de Rodriguinho e do próprio Thiaguinho, #vamoqvamo carece de ousadia, como já foi dito. Um maior rigor estilístico faria Thiaguinho realçar mais o tom sedutor de Marrom bombom (Délcio Luiz e Ronaldo Barcellos, 1995), sucesso do grupo Os Morenos. Contudo, se faltam reais ousadias, sobra alegria na segunda gravação audiovisual de show da carreira solo de Thiaguinho. 

2 comentários:

  1. ♪ Há quatro anos, Thiaguinho lançou na web de forma extra-oficial, sem alarde, o primeiro disco pós-Exaltasamba, Acústico (Independente, 2012), espécie de ensaio do repertório registrado no DVD e CD ao vivo Ousadia & alegria (Som Livre, 2012), primeiro título oficial da carreira solo do artista, editado naquele mesmo ano de 2012 com distribuição nacional. De lá para cá, o cantor e compositor paulista arriscou ir (um pouco) além do pagode romântico no EP digital Mais e mais (Som Livre, 2013), recuou no álbum seguinte Outro dia, outra história (Som Livre, 2014) - o disco do contagiante pagode Caraca, muleke! (Thiaguinho e Gabriel Barriga, 2014) - e ousou mais no álbum indie Hey, mundo (FVA Music, 2015), trabalho em que fez incursões pela black music. #vamoquevamo - gravação ao vivo lançada em maio deste ano de 2016 pela gravadora Som Livre em edição digital e nos formatos de CD, DVD e de CD+DVD - é outro recuo do artista projetado como vocalista do grupo de pagode Exaltasamba, no qual permaneceu de 2003 a 2012. Logo após a oração feita pelos integrantes da produção antes do show gravado ao vivo em 20 de janeiro deste ano de 2016 no Nailia Beach Club, na cidade do Rio de Janeiro (RJ), o ouvinte escuta Thiaguinho falar no palco em "energia positiva para começar o pagode". Justiça seja feita: #vamoquevamo não tem ousadia, mas tem alegria. Tem mesmo essa "energia positiva" propagada pelo cantor e perceptível logo no lê lê lê do pagode que batiza a gravação, Vamo que vamo (Thiaguinho, Rodriguinho e Gabriel Barriga, 2016). Com carisma, Thiaguinho dá voz a pagodes levados em alto astral, casos de Cancún (Billy SP, Pezinho e Tiee, 2016) e de Ponto para os negrithin (Thiaguinho e Gabriel Barriga, 2015), duas das músicas inéditas inseridas em roteiro construído sem tom revisionista. Ambas são cantadas sob chuva de bolas de sabão, em efeito que acentua o clima festivo da gravação ao vivo. O repertório rebobina a alegria industrializada inclusive nos duetos feitos por Thiaguinho com Belo - em Pra gente ficar legal (Prateado e Luiz Cláudio Picolé, 2016) - e com Toni Garrido, convidado de Asas (Tato, 2000), incursão pagodeira pelo repertório do grupo de forró Falamansa. Outro convidado do DVD, Lucas Lucco preserva a vivacidade da gravação ao vivo quando entra em cena para dividir com Thiaguinho a interpretação do sambanejo universitário Palmas (Edu Valim, Renan Valim, Magno Sant'anna e Tierry Coringa e Lucas Lucco, 2016). Mesmo sem conter rasgos de inspiração melódica e poética, o repertório cantado por Thiaguinho em #vamoquevamo geralmente evita o chato chororô do pagode romântico. Nem mesmo o diálogo afetivo travado com a cantora Maria Rita em Desliga você (Eder Miguel e Cleverson Luiz, 2016) soa lacrimejante. Há até um jogo de cena. Os cantores iniciam o dueto de costas um para o outro, mas se aproximam à medida que o pagode avança, propondo o reencontro do casal separado. Com pouca variação rítmica, o show eternizado em #vamoquevamo soa linear, mas mantém o pique até o fim com a entrada de Péricles em Vê se me escuta (Rodrigo FR, 2015) - regravação de pagode lançado pelo Grupo Revelação no ano passado - e com o revival infalível de Caraca, muleke! no fecho do roteiro. Feita sob a direção musical de Rodriguinho e do próprio Thiaguinho, #vamoquevamo carece de ousadia, como já dito. Um maior rigor estilístico faria Thiaguinho realçar mais o tom sedutor de Marrom bombom (Délcio Luiz e Ronaldo Barcellos, 1995), sucesso do grupo Os Morenos. Contudo, se falta ousadia, sobra alegria na segunda gravação audiovisual de show da carreira solo de Thiaguinho.

    ResponderExcluir

Este é um espaço democrático para a emissão de opiniões, sobretudo as divergentes. Contudo, qualquer comentário feito com agressividade ou ofensas - dirigidas a mim, aos artistas ou aos leitores do blog - será recusado. Grato pela participação, Mauro Ferreira

P.S.: Para comentar, é preciso ter um gmail ou qualquer outra conta do google.

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.