♪ Caracterizado já no subtítulo como "um romance musical", o primeiro livro do baixista, compositor, produtor musical carioca Gian Fabra - Baile das almas, recém-lançado pela editora Gryphus - vai trazer referências familiares para quem habitou o universo pop nas últimas décadas, sobretudo nos anos 1980. Ao contar a trajetória profissional e existencial de Artur Fantini, o escritor - debutante na literatura, mas já habituado a criar letras de músicas - cola tais referências ao longo da narrativa. A história é inteiramente fictícia. Mas não seria delírio detectar em Fantini traços de Renato Russo (1960 - 1996), já que - assim como o vocalista da banda brasiliense Legião Urbana - o protagonista de Baile das almas ganhou fama ao se destacar como poético letrista de uma banda. É de forma casual que Fantini ingressa como letrista e músico desta banda fictícia, Sinclair, cuja ascensão e queda tem eventuais semelhanças com o RPM, grupo paulistano de tecnopop que foi do céu ao inferno na segunda metade da década de 1980. Uma e outra - a banda da ficção e a banda da vida real - alcançam multidões com álbum de estúdio, caem nas frívolas tentações do sucesso e se veem pressionadas pela gravadora a sucatear o repertório em precoce disco ao vivo. Em Baile das almas, Fabra - integrante de bandas como Buana 4 (nos anos 1980) e Tantra (na década de 1990) - versa sobre um período em que a indústria fonográfica vendia milhões de discos e tinha todas as cartas do jogo nas próprias mãos manipuladoras. Mas o foco do livro reside sempre sobre Fantini. O universo pop é o cenário da história. É mostrando como o protagonista dança conforme a música que o escritor narra as aventuras do popstar às voltas com mulheres (e fantasmas e filhos) do passado e do presente. Estruturado em dez capítulos, ou faixas como propõe a edição, o romance salpica trechos de letras de músicas - traduzidos pelo autor em notas de rodapé quando escritos em língua estrangeira - ao longo das 268 páginas do livro. A história contada em Baile das almas até cai no clichê dos folhetins (sobretudo no desenlace típico de novela), mas geralmente transcorre leve e ágil, como uma boa canção radiofônica.
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♪ Caracterizado já no subtítulo como "um romance musical", o primeiro livro do baixista, compositor, produtor musical carioca Gian Fabra - Baile das almas, recém-lançado pela editora Gryphus - vai trazer referências familiares para quem habitou o universo pop nas últimas décadas, sobretudo nos anos 1980. Ao contar a trajetória profissional e existencial de Artur Fantini, o escritor - debutante na literatura, mas já habituado a criar letras de músicas - cola tais referências ao longo da narrativa. A história é inteiramente fictícia. Mas não seria delírio detectar em Fantini traços de Renato Russo (1960 - 1996), já que - assim como o vocalista da banda brasiliense Legião Urbana - o protagonista de Baile das almas ganhou fama ao se destacar como poético letrista de uma banda. É de forma casual que Fantini ingressa como letrista e músico desta banda fictícia, Sinclair, cuja ascensão e queda tem eventuais semelhanças com o RPM, grupo paulistano de tecnopop que foi do céu ao inferno na segunda metade da década de 1980. Uma e outra - a banda da ficção e a banda da vida real - alcançam multidões com álbum de estúdio, caem nas tentações do sucesso e se veem pressionadas pela gravadora a sucatear o repertório em precoce disco ao vivo. Em Baile das almas, Fabra - integrante de bandas como Buana 4 (nos anos 1980) e Tantra (na década de 1990) - versa sobre um período em que a indústria fonográfica vendia milhões de discos e tinha todas as cartas do jogo nas próprias mãos manipuladoras. Mas o foco do livro reside sempre sobre Fantini. O universo pop é o cenário da história. É mostrando como o protagonista dança conforme a música que o escritor narra as aventuras do popstar às voltas com mulheres (e fantasmas) do passado e do presente. Estruturado em dez capítulos, ou faixas como propõe a edição, o romance salpica trechos de letras de músicas - traduzidos pelo autor em notas de rodapé - ao longo das 268 páginas do livro. A história contada em Baile das almas por vezes cai no clichê, mas transcorre leve e ágil como uma boa canção radiofônica.
Arthur Fantini semelhante a Renato Russo?
Bem, fonte de inspiração não faltou: afinal, Fabra testemunhou a peça ao vivo, baixista de apoio que foi na Legião Urbana, na turnê de "O descobrimento do Brasil"...
Felipe dos Santos Souza
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